Depois de tomar um banho, deitei-me na cama e esperei enquanto Kyle tomava o dele. A água quente tinha feito maravilhas em meu corpo. Enquanto eu estava deitada, eu examinava minha pele marcada por Kyle. O chupão no pescoço não dava para esconder, a não ser se eu deixasse meu cabelo solto. Meus seios também estavam marcados. Ele gostava de deixar marcas, mas eu não podia deixá-las expostas de jeito nenhum.
Kyle sai do banheiro e vem deitar do meu lado. Ele está vestindo apenas uma cueca vermelha box. O corpo dele era muito bonito e me fazia corar.
–Eu devo dizer que acho super esquisito você levar uma cueca na mochila.
–Você nunca sabe quando vai precisar.
Estreito os olhos.
–Ah é? Por que? Você tem dormido em muitas camas por aí?
Ele se deita ao meu lado e ri.
–Ah sim, claro. Como se eu quisesse deitar na cama de outras.
Reprimo um sorriso. Ouvir aquilo me deixa feliz. Deito minha cabeça no travesseiro e fito seus olhos verdes. Ele está deitado de frente para mim, me olhando.
–Sean sabe que estamos... Tipo juntos?
Nós estamos tipo juntos? - me pergunto. Meu coração dispara com aquelas palavras.
–Ainda não falei com ele depois que ele foi embora. - respondo.
–Ah. - ele diz. - Vocês sempre se deram bem assim?
Sorrio.
–Sim. Teve uma vez só que brigamos muito feio em uma viagem para a Disney porque ele queria ir em um brinquedo e eu queria tomar chá com as princesas. - dou risada quando Kyle finge que vai vomitar. - Bom, nós discutimos e ele saiu de perto de mim e se perdeu. Eu lembro que morri de medo de nunca mais ver ele. E quando minha mãe achou ele, eu até chorei.
Sorrio com a lembrança.
–Vocês têm uma irmandade legal. - Kyle diz - Se eu tivesse uma irmã, também ia proteger ela.
Dou risada.
–Aposto que sim. É ótimo ter irmão mais velho. Se algum idiota me magoar, Sean pode quebrar a cara do indivíduo.
Kyle estreita os olhos.
–Entendi o recado.
Dou risada.
–Ótimo.
–Eu nunca vou te magoar por querer.
Nós ficamos em silêncio nos olhando. Ele analisa meu rosto atentamente e eu me perco na sua promessa tão precisa. Ouvir aquilo me desarma e faz meu coração palpitar por um momento.
–Que bom ouvir isso. -sussurro com a voz rouca.
Kyle coloca uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e se inclina para me beijar.
Enquanto ele me beija, não consigo deixar de reviver suas palavras em minha mente.
***
No dia seguinte, Kyle acorda primeiro do que eu e fica descobrindo-me enquanto luto com a minha preguiça de levantar da cama. Posso ver o céu cinzento pela janela. As luzes dos prédios já não brilham mais. É hora de levantar.
Levanto-me mal humorada da cama e vou para o banheiro escovar os dentes. Não me incomodo em fechar a porta. Enquanto escovo os dentes, Kyle para na porta do banheiro de braços cruzados. Ele está com a roupa de ontem e seu casaco jeans está aberto. Por baixo está sua camisa branca que geralmente eu uso,já que a cinza estava suja.
–Bom dia. - ele diz.
Continuo a escovar os dentes.
–Não sabia que você era mau humorada de manhã.
Reviro os olhos e me curvo na pia. Abro a torneira e levo água até a boca para fazer bochecho. Quando termino, seco a boca na toalha de rosto rosa e digo:
–Digamos que não estou a fim de sair da minha cama quentinha hoje. E odeio que fiquem me descobrindo. Sinceramente Kyle, essa é a pior maneira de acordar alguém.
Ele sorri e eu não acho graça alguma. Meu mau humor está no nível máximo. Sei que ele está achando a maior graça.
Passo por ele na porta do banheiro e vou até a cozinha. Abro a geladeira e tiro de lá a garrafa de leite. Coloco metade de um caneco para ferver no fogão.
–Nossa, que mau humor hein boneca. - ele diz colocando as mãos na minha cintura enterrando o nariz no meu pescoço.
Permaneço de braços cruzados. Não posso deixar ele me distrair, mesmo que suas mãos em si me tocando já seja uma grande distração.
–Tem panela no fogo, Kyle. - eu o repreendo.
–E daí? - ele pergunta me dando mordiscadas no lóbulo da orelha.
Sinto meu corpo todo se arrepiar e fecho meus olhos.
–Para. - digo com a voz fraca me traindo.
Ele continua e sinto sua mão deslizar para dentro do meu short cinza e da minha calcinha.
–Tem certeza que quer que eu pare?
Solto um gemido baixo e ele me vira para ele. Pega minhas pernas e as entrelaça entre sua cintura. Me coloca em cima da pia e tira meu short e minha calcinha.
***
Saio com Kyle do apartamento. Ele me deixa em frente a academia de ballet. De lá, ele vai para a NYU. Eu o desejo boa aula e ele sorri.
–Está mais bem humorada depois do café da manhã, não é?
Reviro os olhos e sorrio.
–Tchau seu pervertido.
–Eu sou pervertido? - ele pergunta e sorri. Fecha os olhos e diz: - Ai Kyle, isso. - e começa a gemer.
Lhe dou um empurrão e sinto minhas bochechas queimarem. Ele olha para mim e sorri. Segura meu rosto e pergunta:
–Como você pode ser tão tímida assim algumas horas? Seu rosto está pegando fogo.
Fecho os olhos.
–Você é um idiota. Você vai transar com uma boneca inflável agora.
Ele ri baixinho.
–Não tem graça, elas não falam meu nome como você. - ele encosta sua testa na minha e fecha os olhos. -Adoro quando você fala meu nome, boneca. É um tesão. - ele me beija e morde meu lábio inferior.
Olho para ele e sorrio tímida.
–Te vejo hoje á noite?
Concordo com a cabeça e abro a porta do carro.
–Tchau.
–Tchau. - ele responde e eu fecho a porta. Fico vendo o carro se afastar.
Minhas mãos estão extremamente geladas e não consigo movimentar meus dedos. Meus pés, apesar de estar com uma meia grossa e dentro de uma bota, estão congelando. Nem mesmo o sobretudo cinza parece estar dando conta daquele frio intenso que estava assolando Nova York esses últimos dias.
Entro na academia de ballet para ter mais um dia de treino. Tirar a roupa e vestir um Tutu com certeza será uma tarefa desanimadora, embora não seja tão frio do lado de dentro.
***
Chloé tentou me fazer milhares de perguntas sobre o que Kyle havia dito. Não escondi o fato de ele a ter chamado de fofoqueira e até ri enquanto falava isso. Ela por outro lado pareceu não achar a menor graça. Eu apenas disse que ele tinha me contado a história toda e estava tudo bem.
Enquanto eu ia para o Dangerous Woman com as mãos enfiadas nos bolsos do sobretudo,eu pensava em toda a história que Kyle havia me contado na noite anterior. Era uma história triste. Ele havia sofrido muito e eu sentia muito por ele. Mas, como ele dissera, eu não podia sofrer pelos outros e a verdade é que eu sempre fui assim. Eu ficava feliz por ver que ele havia superado tantos obstáculos em sua vida, que ele tinha achado um propósto e se agarrado nele para parar de usar drogas e sair sa depressão. Gostava ainda mais da sua tatuagem. Além do desenho, seu significado em si era lindo.
Quando chego no Dangerous Woman, as meninas estão sentadas nas banquetas e todas elas se viram para olhar para mim quando me veem entrando. Sam faz o mesmo e acho no mesmo instante que ele e elas estavam falando de mim antes de eu chegar.
–Oi. - digo cautelosa.
– E aí boneca, como tá? - Sam fala.
–Bem. -respondo ainda com a mesma cautela. -O que está acontecendo aqui?
–Bom,nós estávamos aqui comemorando a notícia que a Violet decidiu vazar daqui. Graças a você! -Debbie diz.
Arregalo os olhos quando me aproximo o suficiente do balcão.
–O que? Como assim graças a mim?
–É que ela não aguentou de inveja quando você botou os pés e esse corpo maravilhoso lá em cima e vazou. -Sam sorri forçadamente.
Franzo o cenho.
–Então, nós estávamos comemorando o fato de ela ter se demitido e agora você vai tomar o lugar dela!
Me sento em uma banqueta vazia.
–Como é? - pergunto pasma e olho para o grupo de meninas que me olha sorrindo e ansiosas.
–Ah qual é, aceita vai! Você arrasou aquele dia, foi maravilhosa! E,além de tudo,poderíamos mudar os números. Você podia cantar algumas músicas, compor e nós criamos números novos!
É muita informação para mim.
–Pessoal, eu... eu me sinto lisonjeada mas, eu não sei se é uma boa ideia.
Sam bate a mão no balcão. Olho para seus olhos azuis.
–Ah, por favor,Alice! O que foi? Por que não? Por causa do cabelo de fogo?
–Não! - exclamo defendendo-me. Na verdade nem tinha parado para pensar no que Kyle acharia disso. Na verdade eu já sabia. - Olha, não sei. Só estou surpresa.
Passo a mão pelo rabo-de-cavalo e suspiro.
–Bom, hoje você vai abrir o show de qualquer jeito. -uma das meninas diz. -Se você quiser uns dias para pensar, tudo bem. Mas não demora muito pra dar a resposta porque nós precisamos achar alguém para substituir aquela rata.
Concordo com a cabeça um pouco atordoada.
–Tudo bem.
Pego meu avental dobrado em cima do balcão e saio para guardar a bolsa no camarim das meninas. Olho para meu reflexo. Será que é uma boa ideia?