Kyle abre uma brecha minúscula da porta e sai do quarto.
–Não me diga que você está com uma garota aí dentro. - ouço Matt dizer.
Levanto-me da cama. Minhas pernas estão um pouco bambas e meu coração está custando a voltar ao ritmo normal. Encosto meu ouvido contra a porta fechada e me concentro para tentar escutar algo. Para minha sorte Matt fala muito alto.
–Quem é? Por que você não quer falar, cara? - Matt ri.
–Matthew se manda, caralho! - ouço a voz impaciente de Kyle.
Ouço novamente a risada de Matt e depois não ouço mais nada além de murmúrios que não consigo entender. Depois de alguns segundos a porta se abre e eu dou um passo pra trás. Kyle olha para mim atrás da porta.
–Desculpa. Ele já foi. Me lembre de trocar a fechadura da porta pra ele parar de entrar aqui sem minha permissão.
–Ele tem a chave do seu apartamento? - pergunto franzindo o cenho.
Kyle suspira e assente. Se aproxima de mim e fala no meu ouvido.
–Acho que temos que terminar alguma coisa.
Fecho os olhos enquanto ele beija abaixo da minha orelha e vai descendo até o pescoço. Seus lábios estão quentes e molhados me arrepiando. Suspiro e ele me conduz até a cama me fazendo deitar novamente.
–Está mais calma agora ou ainda acha que vai infartar?
Estreito os olhos e antes que eu possa lhe dar um empurrão com o pé, ele o segura.
–Você não está sendo boazinha, Alice. - ele estala a língua e balança a cabeça fingindo reprovação. - Acho que não vou terminar o que eu tinha começado.
Reviro os olhos e ele me deita na cama e se deita em cima de mim.
–Sua sorte é que eu quero muito te chupar.
Arregalo os olhos e sinto meu rosto esquentar.
–Alguém ficou vermelhinha. - ele se levanta da cama.
Cubro o rosto com a mão.
–Vai se ferrar  - eu digo.
Ouço sua risada. Meu coração já está batendo desenfreado novamente, mas dessa vez é ansiedade. Kyle volta para cima da cama de joelhos e pega a venda preta e coloca nos meus olhos novamente. Sinto seus lábios nos meus e depois seu peso abandona o colchão. Me pergunto como aquelas palavras sujas ficam interessantes na boca dele. É terrível pensar assim.
Mais uma vez me sobressalto ao sentir sua língua quente e úmida acariciando meu clitóris. Mordo o lábio inferior e encolho os dedos dos pés enquanto sinto aquela cócega agora familiar. Mas mesmo agora conhecendo a sensação, é algo totalmente novo, não tem nada igual.
–Você está gostando disso, não é? - ouço Kyle dizer.
–Talvez se eu... Fizesse uma massagem você gostaria mais.
Sinto seus dedos acariciando para cima e para baixo e depois sua língua volta a me lamber e chupar enquanto seus dedos massageiam meu clitóris lentamente sem parar.
Um gemido involuntário sai da minha boca enquanto eu agarro o lençol embaixo de mim com as mãos. Os dedos de Kyle continuam a massagear com mais rapidez dessa vez.
–Você está muito molhada, Alice. - Kyle diz. - Caramba.
Minha respiração está audível e ofegante, estou sentindo aquele calor crescer dentro de mim novamente, subindo dos pes até a cabeça, incendiando todo o meu corpo. Estou suando.
De repente Kyle agarra minhas coxas e as segura enquanto sua língua me chupa com mais força.
Minhas pernas tentam se contorcer, mas ele está segurando minhas coxas, isso faz com que meu corpo comece a tremer com espasmos. Primeiro minhas pernas, sinto uma pressão no meu abdômen descendo até meu sexo e quando chega lá, parece que sinto um aperto muito grande, os músculos lá embaixo se contraindo, depois uma explosão; uma sensação gostosa e relaxante. Mesmo mordendo meu lábio inferior com muita força, os gemidos saem como grunhidos baixos.
Sinto minhas pernas relaxarem e então a venda é tirada dos meus olhos. Minha visão está um pouco embaçada. Estou sonolenta, com certeza poderia dormir agora mesmo. Meu coração ainda não voltou ao normal e ainda estou ofegante.
–Primeiro orgasmo. -Kyle diz e sorri. - Gostou?
Fecho os olhos e suspiro. Ouço-o sorrir.
–Quer mais um?
Abro meus olhos cansados. A ideia é interessante.
–Acho que não aguento. - dou uma risadinha e ele também.
Encosta seus lábios nos meus, sua língua explorando minha boca. Seu beijo está salgado.
–Você tem um gosto bom. - ele sussurra no meu ouvido.
Não sei muito bem o que aquilo quer dizer. Não sei como isso pode ter um gosto bom, mas a sensação é ótima.
Suspiro.
–Obrigada.
Ele se deita ao meu lado.
–Está com tanto sono assim?
Faço que sim com a cabeça. Meu corpo inteiro está mole, relaxado e meus cabelos estão grudando na minha testa e na nuca.
–Acho que vou deixar você dormir um pouco então. Ou você ainda quer ir embora?
–Não. - falo e sorrio.
Kyle sorri e me puxa para perto de seu peito. Encosto minha cabeça contra sua pele e fecho os olhos. Agora eu sei o porquê as pessoas dormem depois do sexo nos filmes.
***
Não sei por quanto tempo eu dormi, mas acordei com o barulho alto de um trovão. Meus ouvidos captam o barulho da chuva forte caindo - de novo. Sento-me na cama vazia se não fosse por mim e olho para o quarto desorganizado de Kyle. Acho que o quarto de todos os caras devem ser assim, menos o de Sean, mas isso porque minha mãe vivia pegando no pé dele para manter suas coisas organizadas.
Olho para o lençol bagunçado e me lembro do que Kyle fez. Aquilo fora... Incrível e só de pensar faz meu rosto arder porque não posso deixar de sentir vergonha. Eu vi um lado dele que nunca tinha visto. Suas palavras me provocando e sentir suas mãos segurando minhas pernas... Sinto meus músculos se contraírem lá embaixo e contorço as pernas. Vi um lado meu que também não conhecia. Não imaginava que poderia gostar de algo assim. Nos filmes parece ser tão... Nojento! Mas talvez seja porque você está vendo pessoas lamberem as outras e não você.
Levanto-me da cama e abro a porta do quarto. Não vejo Kyle em lugar nenhum.
–Kyle. - chamo.
Ninguém responde. Franzo o cenho ao ver a porta do banheiro entreaberta.
Meu coração palpita quando vejo o garoto de cabelos vermelhos sentado no chão com o celular na mão olhando para a parede branca a sua frente. Seu rosto está molhado e seus olhos estão um pouco vermelhos.
Minhas mãos estão tremendo.
–Kyle, o que foi? - pergunto me abaixando ao seu lado segurando seu braço.
Ele olha para mim sem dizer nada. É difícil sustentar seu olhar desse jeito.