O Livro de Eileen escrita por MundodaLua


Capítulo 8
Estada no Hospital


Notas iniciais do capítulo

Capítulo mais calmo e engraçado (pelo menos eu tentei fazer ficar engraçado), pra dar tempo de respirar antes dos problemas recomeçarem...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/686215/chapter/8

Eileen acordou confusa, sozinha, com raios de sol atravessando uma cortina ao seu lado e atingindo seus olhos de forma agressiva. Tentou erguer-se, mas logo se arrependeu, seu antebraço queimou de dor, ela, então, deu-se conta de que estava presa a uma bolsa de soro. Uma máquina bipava ao ritmo de seus batimentos cardíacos, e ao virar o rosto para o lado contrário ao do sol, observou que sobre um criado-mudo repousava seu livro, e ela momentaneamente teve certeza de que ninguém o trouxera até ali, ele tinha simplesmente aparecido, tinha vindo atrás dela.

As lembranças logo começaram a retornar. Mal podia acreditar no que fizera, embora não tivesse ficado consciente tempo o bastante para ver se nada mais além do galpão fora destruído. Ela conseguira direcionar o feitiço, pelo menos naquele instante, e isso já era suficiente para deixá-la tranquila, uma vez que agora ela se sentia mais segura de que não acabaria machucando os novos amigos sem querer. E foi enquanto pensava nisso que um deles apareceu, Sam adentrou o quarto de hospital, positivamente surpreso por vê-la acordada, logo atrás dele vinha Dean.

— Como você está se sentindo? - Perguntou, tomando um dos assentos de visitantes, olhando para ela com uma feliz intensidade.

— Bem. - Disse apenas, observando as caras de descrença de ambos – Tão bem quanto uma pessoa que tomou uma surra poderia se sentir, mas bem. Tirando talvez pelo meu estômago, parece que brincaram de pular corda com ele. - Os irmãos riram aliviados pela demonstração de humor, e ela também tentou rir, mas logo descobriu que isso fazia a dor piorar.

— Vai com calma ai, Murdock. - Dean falou, a preocupação de outrora amenizada. Por um momento enquanto a levavam até o hospital, ele realmente achou que ela não resistiria, mas no fim ele estava certo, a menina era mesmo durona.

— Quanto tempo eu estou aqui? - Perguntou, enquanto se ajeitava cuidadosamente para poder se sentar.

— Dez dias. - Sam falou, e a menina soltou um assobio.

— Dez dias? E vocês ficaram aqui o tempo todo? - Os dois acenaram que sim.

— Depois do que você fez pelo Sam, e por mim também, nem que nós tivéssemos que esperar um mês. - Aquelas palavras suavizaram as caretas de dor de Eileen, que sorriu terna, mas, ao mesmo tempo, a fizeram sentir-se culpada.

— Vocês não precisavam, eu sei que tem coisas mais importantes com que se preocupar e…

— Tá brincando? - Foi a vez de Sam expressar sua gratidão – Você tinha noção do que ia acontecer, e mesmo assim desintegrou um galpão pra nos ajudar, você poderia literalmente ter morrido, e chegou bem perto disso. - Eileen arqueou as sobrancelhas.

— Quando nós chegamos com você aqui o médico ficou bem assustado. - Dean começou – Ele disse que nunca tinha visto nada como aquilo antes. Você estava em um grau de desidratação do qual nenhum humano conseguiria sair vivo. Seu corpo entrou em choque, e você ficou em uma espécie de estado de coma. Ele não nos deu esperança nenhuma, e disse que era só uma questão de tempo até você não aguentar mais, mas… - E nesse momento ele sorriu – Ele obviamente não sabia do fato de que você não – Deu ênfase no “não” - é humana. Depois de alguns dias, embora você não tenha acordado, já começava a mostrar sinais de melhora. 

Eileen franziu o cenho, tendo que pensar pela primeira vez no fato de não ser humana. Ela não tivera muito tempo para refletir sobre aquilo, mas ela de fato sentia que algo havia mudado nela, apesar da frágil condição em que se encontrara, nunca se sentiu tão forte. – Bem, não é como se o livro não tivesse me alertado. - Começou – Pelo menos agora nós sabemos os efeitos colaterais de, como diz o ditado, “dar um passo maior do que a perna”. Eu posso de fato não ser humana em essência, mas esse corpo é, e fazer o feitiço consumiu ele. Embora eu acredite que, quanto mais eu praticar, mais eu venha a me acostumar.

— Eu não acho uma boa ideia realizar aquela magia de novo, pelo menos não até você estar cem por cento recuperada. - Sam alertou, sua afeição pela garota agora estava consolidada, a mesma afeição que sentia por Castiel ou que sentira por Charlie - É melhor esperar, ver como seu corpo reage de agora para frente, e somente usar o livro de novo em ambientes e condições controladas.

— Você fala como se ela fosse um experimento. - Dean soltou, e Eileen teve que estrangular o riso de novo, Sam apenas olhou feio para o irmão – Mas eu concordo, nada mais de destruir propriedade alheia.

— Mas e a Inanna, eu nem pude ver o que aconteceu com ela.

— Ela fugiu, o que não me surpreende, ela deve ter entrado em pânico quando sentiu a energia que você liberou. - Dean disse – Se ela já ficou impressionada com o que sentiu só por você destruir a cama, imagina toda uma estrutura como era aquela.

— Ela não fez nada com você? - Se dirigiu a Sam.

— Nada além de encher meus ouvidos com uma conversa sobre como Dean era o homem dos sonhos dela.

— É, o centésimo homem dos sonhos dela. - Eileen disse sugestiva, deixando-se sentir a dor de rir, sendo acompanhada por Sam, e assistindo Dean carranquear – Quanto tempo mais eu vou ter que ficar aqui? - Perguntou por fim, estava acordada ali por não mais do que quinze minutos, e já se sentia entediada de ficar deitada.

— Até eu entender o que aconteceu com você. - Disse uma voz desconhecida, que revelou-se ser a de seu médico – Seus tios disseram que te encontraram assim atrás de um bar… - Nesse momento ela virou a cabeça de forma dramática para os dois, arregalando os olhos sem que o médico percebesse, ele estava focado em uma prancheta com seu histórico de tratamento— Nós fizemos testes, mas nada de drogas ou álcool no seu sangue. Nenhum alimento estranho ingerido, nenhum caso anterior de desidratação severa, isso segundo seus tios. Você pode me explicar o que aconteceu?

— Eu explicaria se eu pudesse. - Ela soltou apenas, sem saber bem que desculpa usar – Eu só me lembro de passar mal. - Disse por fim, a verdade jamais seria uma opção ali, não havia possibilidade alguma dele acreditar.

O doutor a olhou de forma significativa, certo de que ela estava escondendo alguma coisa, o que ela de fato estava, mas as possibilidades que cruzavam a mente do médico eram algo como uma nova droga indetectável pelos testes modernos, ou algum abuso ocorrido em casa. Não era possível que ela simplesmente houvesse “passado mal” e entrado em um estado de desidratação como aquele. Talvez demasiada exposição ao Sol, longa privação de água ou alimentos, trabalho pesado por longo período de tempo, quem sabe todos esses fatores juntos.

— Você sabe que isso não vai me convencer não é?

— Eu não sei mais o que eu poderia dizer.

— A verdade seria um bom começo. - Nesse momento ele correu os olhos até os irmãos, buscando ali qualquer traço de intimidação que a estivesse impedindo de falar, mas eles só pareciam preocupados com ela.

— E eu já disse, eu só lembro de passar mal, mas agora eu me sinto bem, pronta pra voltar pra casa. - Pontuou a frase com um sorriso.

— Não por enquanto, você vai sair do soro, mas vai ter que ficar em uma dieta especial por mais algum tempo para o seu corpo voltar ao ritmo normal de ingestão de alimentos. Vai ter que esperar mais uma semana até poder voltar. - E antes que ela começasse a protestar ele continuou – Mais tarde eu venho fazer outra visita, até lá tente lembrar o que aconteceu, sua condição era muito grave, eu preciso entender o que causou um estado tão severo de desidratação. Eu com certeza apanharia de muitos dos meus professores se eles me ouvissem dizer isso, mas sua recuperação foi como um milagre. - Dito isso, ele saiu.

— Vocês disseram que são meus tios? - Ela começou em um tom de falsa indignação – E que me acharam em um bar?

Os dois apenas deram de ombros – Foi a melhor história em que nós conseguimos pensar. E não é como se isso fizesse alguma diferença.

— Eu quase morri. - Ela soltou por fim, pensativa por uns segundos, mas então voltando os olhos para os irmãos – Mas foi bem legal, não foi? - A lembrança das paredes se desfazendo tomou conta de sua mente, e ela se sentiu imbatível, ainda mais com a informação de que sobrevivera em condições onde humanos normais teriam morrido.

Sam e Dean se entreolharam, eles tinham que admitir, que dentre todas as criaturas mágicas que eles conheceram até aquele momento, Eileen era a que tinha o poder mais assustador, mas que, ao mesmo tempo, era a única que eles tinham certeza de que jamais precisariam lutar contra, mesmo que a princípio Dean tenha sentido um grande receio, principalmente quando Sam relacionara Eileen a Amara, e agora ele via claramente que a menina seria um grande triunfo contra a Escuridão, e isso causava sentimentos conflitantes para o Winchester mais velho, que ligado a irmã de Deus, via as coisas de forma dúbia.

— É, foi. - Sam disse por fim, e eles caíram no silêncio por algum tempo.

— Talvez vocês devessem voltar, achar aquele documento sobre o qual o sr. Smith falou.

Eles deliberaram sobre o assunto por algum tempo, e ficou decidido que Sam iria, já que ele estava mais familiarizado com os documentos do lugar, ou, pelo menos, essa foi a desculpa que Dean usou. O mais velho ficaria, e quem sabe os dois juntos pudessem pensar em alguma história convincente caso o médico insistisse em saber o que aconteceu.

Assim Eileen se despediu de Sam, dando o melhor abraço que conseguiram dadas as condições, ela e Dean então descobriram que a TV no hospital tinha canais a cabo, e o plano de pensar em uma desculpa foi substituído por uma maratona dos filmes “Hora do Pesadelo”.

— Me admira que você ainda veja graça em filmes de terror. - Eileen comentou, assim que os créditos iniciais do segundo filme da série começaram.

— Esses são monstros com os quais eu nunca vou precisar lidar. - Ele disse apenas, havia acomodado as duas poltronas do quarto ao lado da cama, e enquanto Eileen desfrutava de uma sopa rala e sem sal, o mais velho comia salgadinho que tinha achado em uma máquina ali perto.

E assim os dois se calaram, assistindo Freddy correr atrás dos mocinhos, ambos mais relaxados do que jamais estiveram em todo aquele tempo desde que se conheceram.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sim, capítulo tranquilinho, só pra explicar o que acontece quando ela usa muito do poder sem estar preparada, e porque eu achei que ficaria meigo numa medida legal...
Se gostou me deixe saber, faça essa escritora feliz :D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Livro de Eileen" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.