O Livro de Eileen escrita por MundodaLua


Capítulo 9
Crowley Faz Uma Visita


Notas iniciais do capítulo

E ai galera, tudo bem com vocês nesse dia maravilhoso? Espero que sim...
Boa leitura :D :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/686215/chapter/9

Após sete dias experimentando o mais profundo ócio, com as veias já não aguentando mais serem furadas repetidas vezes, para que fossem feito incontáveis exames, evitando a todo o custo o médico que até o último dia insistiu que ela estava mentindo, Eileen finalmente recebera alta. Mas apesar de todo o tempo deitada, da comida horrível e das noites mal dormidas por conta dos sonhos cada vez mais frequentes e nítidos, era Dean quem parecia mais feliz por ir embora. O rapaz não perdeu tempo ao empurrar a cadeira de rodas em que obrigaram Eileen a sentar, mesmo com todos os protestos e insistência de que ela poderia sim, andar até a porta. No fim das contas o doutor ficou sem sua resposta, e o pessoal da enfermaria que já estava em peso apaixonada por Dean, perdera seu ponto de contemplação.

— Eu juro pelo que você quiser – Começou Eileen, com um meio sorriso no rosto – Aquele enfermeiro nunca mais vai se recuperar da paixão dele por você. - O mais velho apenas sorria convencido. E foi nesse clima ameno que os dois esperaram por Sam vir buscá-los.

— Como você está? - O mais novo perguntou assim que pôs os olhos nela.

— Bem, faminta, querendo deitar numa cama e ouvir Sex Pistols até dormir. - Dean arqueou a sobrancelha surpreso ante aquela nova informação – O que foi, só porque eu não tenho cara de quem ouve punk, não quer dizer que eu de fato não ouça. Você achou o documento?

— Sim. Mas acho melhor conversarmos sobre isso quando a gente chegar. - Eileen não entendeu o motivo da seriedade de Sam, mas não contra argumentou. O mais novo a ajudou a entrar no carro e riu dos resmungos que ela soltou sobre “não a tratarem como um bebê”.

A viagem de volta foi tranquila, o mais velho e Eileen contaram a Sam como passaram a última semana, e o mais novo se viu gargalhando pela primeira vez em muito tempo enquanto a menina contava a história do enfermeiro apaixonado. Para os irmãos, por todo aquele tempo que passaram acompanhando a melhora de Eileen, era quase com se os problemas anteriores houvessem sumido, pelo montante de dezessete dias não pensaram na Escuridão ou em Lúcifer, mas agora que o estado de preocupação se fora, o peso dos problemas começaria a voltar, e eles teriam, eventualmente, que contar tudo aquilo à garota.

— Bem, isso foi tudo que aconteceu, eu acho. - Eileen finalizou sua narrativa, e o carro caiu no silêncio, que só teria sido maior se não fosse pelo rádio, onde a música Dancing Days começava a tocar. Para a surpresa dos irmãos, Eileen começou a cantar baixo, seguindo a letra e dando leves batidas na própria perna acompanhando o ritmo. Logo, Dean também estava cantando, e não demorou muito para que Sam os acompanhasse. Logo os três cantavam alto, divertidos, aproveitando os últimos momentos de descompromissada tranquilidade antes que tudo voltasse ao normal.

— Quem diria que você gosta de Led Zeppelin. - Dean parecia quase orgulhoso de Eileen, e ela apenas sorriu.

Já era noite quando eles chegaram, e uma dúvida cruzou a mente de Sam:

— Eileen! - Começou, chamando a atenção da menina – Seus pais, você falou com eles antes de vir nos procurar.

— Sim, é claro que sim. Eu inventei que tinham me convidado para uma viagem acadêmica, e que eu ficaria fora por uns dois meses. Mas mesmo se eu não tivesse falado nada – E nesse momento ela suspirou cansada, enquanto entravam no bunker – Eles não eram lá muito ligados como pais. Não vou dizer que não me criaram direito, porque eles criaram, mas eles também nunca foram de ficar em cima e de querer saber tudo que eu e minha irmã fazíamos.

— Não seria melhor ligar pra eles? - O mais novo continuou, e sua expressão séria sugeria que ele não aceitaria um simples não.

A menina pegou seu celular e sumiu bunker a dentro, deixando os irmãos sozinhos na sala principal.

— Eu achei os papéis. - Sam anunciou com intensa seriedade. Deu uma rápida olhada em direção ao corredor pelo qual Eileen sumira, e voltou a encarar o irmão, sem dar continuidade ao que dizia.

— E…? - Dean perguntou impaciente, toda aquela hesitação não poderia significar nada bom.

— Demorou algum tempo, eu tive que pesquisar fundo nos arquivos, mas eu finalmente encontrei e… - Ele pegou um livro de capa de couro com aspecto de anos de idade e entregou para Dean, que tão logo o abriu pareceu perplexo com o que encontrou.

— Isso tá escrito em enochiano. - Sam apenas acenou que sim – Como os homens das letras não reconheceram a escrita?

— Anjos não eram muito de dar as caras na época em que a sociedade surgiu, não me admira que nenhum deles soubesse. Até aquele ponto da história anjos eram só mais uma parte da mitologia cristã. Nós só reconhecemos por que nós convivemos com o Cas, se não nem mesmo nós saberíamos.

— Você consegue traduzir?

— Não, pelo menos não rapidamente. Eu levaria muito tempo, o ideal seria se… - Ele não terminou, não precisava, Dean sabia muito bem o que ele diria.

— Cas seria útil agora. - O mais velho disse apenas, e Sam só o observou, também sentindo a dor da lembrança do amigo.

— Nós poderíamos arrumar outro anjo pra ler isso, mas eu duvido que qualquer um deles iria se voluntariar pra ajudar.

— Talvez Crowley possa ler. - E nesse momento o celular de Dean vibrou, uma nova mensagem havia chegado. Sem falar palavra, ele apenas virou a tela em direção a Sam, no visor podia-se ler: “Preciso falar com você, E murdock st. Traga o alce também” - Eis a nossa chance de perguntar.

— O que será que ele quer?

— Provavelmente achou alguma coisa sobre a Amara. - Disse, já indo em direção a porta, mas se deteve – Temos que dizer alguma coisa para Eileen.

— O que tem eu? - A garota tinha conversado longamente com os pais, deixando claro que a viagem se estendera e que não deveriam esperá-la pelos próximos seis meses, felizmente, como de costume, eles não perguntaram muito. Chegara a sala principal a tempo de ouvir Dean dizer seu nome.

— Nós recebemos uma mensagem, temos que sair. - Sam falou.

— Eu não posso ir junto?

— Dessa vez não. - Foi a vez de Dean falar, ele com certeza não queria que o demônio descobrisse sobre a garota, mas como sabia que seria quase impossível escondê-la, ele adiaria aquele encontro o máximo que pudesse – Não precisa preparar nada pra comer, nós vamos comprar no caminho de volta.

Eileen não disse nada, apenas deu de ombros e acenou com a mão um adeus. Não que ela tivesse qualquer receio de ficar sozinha, mas não gostava de ser deixada no escuro, e pelas expressões dos irmãos, nem mesmo se ela insistisse muito em perguntar, nada sairia deles. Resolveu então que colocaria em prática seu plano de deitar na cama e ouvir música, era só o que restava para ela aquela noite.

Em não mais que meia hora eles haviam chegado a rua que Crowley indicara, e nela acharam um prédio abandonado, onde eles apostaram todas as fichas, era o local que eles deveriam ir. Descobriram rapidamente que estavam certos, assim que cruzaram algumas tábuas de madeira antiga, adentraram um amplo salão praticamente vazio, apenas com a figura do demônio para preenchê-lo.

— Olá rapazes. - Disse, o costumeiro sorriso cínico cruzando seus lábios – Eu fui informado de que vocês tiraram férias por um tempo. - O tom provocativo deixava claro que parte do que acontecera ele já sabia.

— O que você quer? - Dean perguntou, tentando desviar o assunto.

— Eu quero saber se vocês acham que eu sou idiota. - O sorriso havia sumido, substituído por uma expressão séria – Eu não sei o que diabos vocês encontraram com essa tal garota que vocês estão ajudando, mas se por algum momento vocês acharam que poderiam esconder, acharam errado. - A voz começara a se alterar – Com certeza é algo como uma “mão de Deus”, mas vocês usaram mais de uma vez. E, a porra do poder brilha igual a um cassino em Las Vegas.

— Brilha? - Sam pareceu perplexo.

— É claro que vocês idiotas não conseguiriam perceber, mas esse objeto emana um poder fortíssimo quando é usado. E eu quero saber o que é.

— E porque nós iríamos te contar? - Foi a vez de Dean dizer.

— Assim você me magoa esquilo. Eu achei que nós fossemos um time.

— Corta essa Crowley. Se você quer mesmo ser útil, nós precisamos de alguém que saiba ler enochiano.

— Então é seu dia de sorte. - O tom de petulância se aprofundara - O que vocês precisam traduzir?

— Esse livro. - Disse, entregando o volume para Crowley que o abriu e observou por algum tempo.

— Ótimo, eu traduzo… - Ele deu uma pausa, deixando claro que viria uma condição a seguir – Se vocês me disserem que diabos de arma vocês conseguiram com um poder como o que eu senti.

— Fora de questão. - Dean sentenciou – Você traduz e ponto.

O demônio pareceu ofendido – É assim que vai ser então, eu vou ter que descobrir por mim mesmo. - Encarou o mais velho com especial ênfase – Eu vou traduzir, só pra lembrar quem é o amigo de vocês aqui.

— Que seja. E já que nós estamos aqui, você sabe alguma coisa sobre a Amara?

— Não, desde que ela foi ataca pelos anjos ninguém ouviu nada sobre ela. Deve estar se recuperando do golpe.

— Por quanto tempo?

— Como é que eu vou saber? - Disse por fim, e os irmãos deram de ombros. Quando os dois estavam começando a sair, Crowley recomeçou:

— Sabe Dean, é isso que eu odeio em você. - E começou a chegar mais perto – Sobre você também alce – E cada vez mais próximo ele veio – Vocês vivem me subestimando. - E nesse momento ele tocou o braço dos dois e pronunciou as seguintes palavras: “auai malaga”. Num instante eles estavam em um prédio abandonado, no outro eles estavam de volta ao bunker – Então… Onde está a nossa garota?

— Mas o que…? - Os irmãos estavam chocados, eles tinham por certo que aquela era uma área totalmente segura.

— Oh, isso? Feitiço antigo, mamãe me ensinou há algum tempo, eu só precisava de uma oportunidade pra usar. Bem, basicamente o que eu fiz foi entrar como convidado, e meio que “desliguei” todas as armadilhas por, pelo menos, uma meia hora. - Disse se encaminhando até uma cadeira – Vamos conversar. - Sentou-se pesadamente.

Antes que Dean ou Sam pudessem dizer qualquer coisa Eileen apareceu na entrada do corredor, como daquele ângulo avistou somente aos irmãos, veio em direção a eles.

— Compraram alguma coisa, eu estou morrendo de… - Nesse momento a menina viu Crowley - Hei! Oi! - Virou-se para os irmãos – Quem é ele?

— Oh querida, eu sou um velho amigo dos Winchesters, certo rapazes?

— Não! - Dean começou – Errado, e você vai sair daqui agora mesmo.

— Vamos lá Dean, eu só quero conversar com essa adorável menina.

— O que você quer conversar comigo?

— Eles se recusam a me contar sobre algo que eles acharam, algo poderoso que pode vir a ser muito útil no futuro. Eu achei que talvez você soubesse o que é, seria uma boa menina e me contaria.

Nesse momento ela olhou para os irmãos, viu em seus olhares a súplica para que ela não revelasse qualquer informação.

— E por que eu diria? - Observou enquanto o sorriso do homem a sua frente aumentava.

— Você não sabe não é mesmo? - Ele encarou os Winchesters com divertida satisfação – É claro que não, por que eles contariam. - Se levantou, indo até ela – Você provavelmente nem sabe o que eu sou.

— Já chega dessa conversa Crowley, vai embora enquanto você pode.

— Não, não – Eileen disse – Eu quero saber, o que é você?

— Eileen… - A menina estendeu sua mão em sinal de que ele se calasse, o que deixou o mais velho perplexo.

— Eu sou um demônio.

— Um demônio? - Eileen deixou seu deboche soar na voz.

— E não qualquer demônio, eu sou o rei do inferno.

— É claro que sim… - E então ela voltou-se bruscamente para os irmãos – É sério isso? - E para seu espanto viu os dois acenarem positivamente – Ele é um demônio, tipo Constantine demônios, tipo Pazuzu demônio? - E novamente eles confirmaram – Ah, ótimo demônios, com certeza. Maravilhoso! E o que mais agora? Anjos também, quem sabe o apocalipse.

— Por favor, de novo não. - Crowley disse em falso tom injuriado, deixando Eileen cheia de novas perguntas – Mas agora vamos ao que interessa. - E sem mais palavra ele pousou a mão sobre a cabeça de Eileen, e antes que os irmãos pudessem impedir, Crowley já cambaleava para trás, olhando em direção a menina abismado, a mão que tocara a garota formigando assim como as novas imagens em sua mente, que roubara das lembranças dela – Não pode ser… - Se afastou um pouco mais – Ela… É ela… Como… Como é possível.

— Crowley! Vá embora, agora! - Dean gritou.

— Eu vou, e eu vou traduzir seu texto estúpido, mas quando eu voltar eu quero saber… Eu quero conversar melhor com ela. Ela é nossa chance, vocês não veem isso, ela é a nossa salvação…

— Crowley! - Foi a vez de Sam se exaltar.

O demônio olhou com severidade para os dois, arqueou as sobrancelhas em uma pergunta muda que os irmãos entenderam bem. “Vocês vão continuar omitindo isso dela?” ele pareceu dizer, e nem Sam, nem Dean puderam encará-lo, era vergonhoso demais saber que Crowley estava certo_ Essa conversa não terminou. - E dizendo isso, ele sumiu, deixando Eileen em um estado de grande estarrecimento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A música que eles cantaram: https://www.youtube.com/watch?v=jYKzwp-ZN1s
Pazuzu acho que todo mundo sabe é o demônio de "O Exorcista", mas caso alguém não saiba tá dito.
Se gostaram, comentem



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Livro de Eileen" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.