Para Sempre escrita por Srta Taques
Notas iniciais do capítulo
Oláaaa,cheguei com um capítulo bem especial, espero que gostem.
Rebeca Agnes.
Acordei por volta das seis horas da manhã. Fiquei sentada na cama, e levantei os braços para cima, me espreguiçando. A Manuela estava dormindo num sono bem profundo!
Levantei-me e me ajoelhei ao lado da cama dela e passei as mãos pelos seus cabelos, ela tinha um sono pesado. É estranho, pois antes do sequestro ela acordava facilmente e hoje custa para ela acordar.
— Rebeca, o café já está na mesa! — Minha mãe entrou no quarto.
— Já vou, mãe. — Sorri, velando o sono da Manu. Pus a mão sobre sua testa. Ela continuava febril. — Me vê um remédio para a febre? Acho que está na segunda gaveta da cômoda da sala. De gotinha por favor.
— Você não vai acordá-la?
— Não... Ela está com febre, melhor deixá-la descansar .
Ela saiu e trouxe em uma bandeja o remédio, uma colher e um copo com água. Coloquei na colher as gotas e aproximei da boca da Manu, abrindo delicadamente.
— Filha, abre a boca, por favor... — Ela abriu lentamente e eu coloquei o remédio. — Engole, Manu. — Ela engoliu e eu pus em sua boca o copo e derramei em sua boca. — Pronto...
Tomei café da manhã e tomei banho. Sequei os cabelos e fiz babyliss nas pontas. Usava um vestido preto e branco, com um cinto e babados pretos em baixo. Entrei no quarto novamente. Manu ainda estava dormindo, mas desta vez estava sem as cobertas. Deve ter se virado e deixado caído a coberta. Coloquei a minha bolsa em minha cama e juntei a coberta e a tapei, e lhe dei um beijo na testa e saí do quarto, fechando a porta.
Minha mãe já tinha saído, então fechei a porta, e deixei o café na mesa. A Manu iria acordar com fome...
Cheguei a confecção e comecei a trabalhar, quando vejo a Clara e o Luiz saírem de uma sala discutindo. Conversei um pouco com a Clara, era a terceira vez que chegava e ela estava brigando com o Luiz. Olhei para ela, que estava um pouco estressada e olhei em seus olhos.
— Clara. As brigas entre você e o Luiz estão bem frequentes. As crianças podem se assustar, e sofrerem ainda mais.
— Eu sei Rê, mas o que era para ser algo do trabalho, ele vem e coloca a família no meio... Assim fica difícil de dizer que é uma briguinha para o Matheus e para a Dóris.
— Se omitir alguma coisa, vai ser mais difícil delas entenderam! Quando eu rompi com o Otávio, a Manuela custou a entender. Ficou me acusando, a gente brigou várias vezes, o clima em casa estava muito difícil.
— A diferença é que o Otávio não é pai da Manuela. — Disse secando as lágrimas. — Desculpa, não quis ofender.
— Não tem nada. — Olhei para baixo, e depois olhei para Clara. — Mas foi por isso mesmo! Depois que o Maurício me abandonou, com aquele barrigão, eu não tive envolvimento com nenhum outro homem. Por medo sabe. Ai o Otávio apareceu, mudou a minha vida, a da Manu... E ela acreditou que o Otávio fosse fazer o papel de pai que ela não teve. — Sorri. — Filhos são preciosos. Quanto menos sofrimento, melhor.
Nos abraçamos e voltamos ao trabalho. Minutos depois, ouço um barulho estranho. De uma batida. Senti uma pontada no meu coração, e levantei assustada.
— O que foi esse barulho? — Pergunto nervosa.
— Uma menina foi atropelada!!! — Ouço o grito do lado de fora.
Então corro para fora do confecção e perto da praça vejo uma pequena roda de pessoas.
— O que tá acontecendo aqui? — Pergunto, entrando na roda. — MANUELA!!!
Me ajoelho e tento tocar nela, mas as pessoas gritam para que eu não faça isso. A Clara chegou depois e ficou ao meu lado e me abraçou. Pegou no bolso do seu casaco o celular e discou três dígitos e chamou a ambulância.
Assim que a ambulância chegou, os paramédicos desceram com uma maca e ajeitaram Manuela nela, a Clara chegou me dando a bolsa e um beijo no rosto.
— Já avisei o Otávio. Ele vai encontrá-la no hospital com um médico que é amigo dele. — Disse. — Vai com Deus!
Entrei na parte de trás da ambulância e fitei a Manu com os olhos. Tive uma sensação tão estranha de repente, e comecei a chorar. Simplesmente não conseguia parar de chorar.
— Vai ficar tudo bem, Manu... Eu prometo.
Chegamos ao hospital. Os paramédicos retiraram a Manu primeiro e eu saí depois. Eu segui os médicos, mas me barraram antes de entrar na sala.
— Você não pode entrar aqui, senhora.
— Mas eu sou a mãe!
— Desculpa senhora, aqui é a ala de emergência. Aguarde aqui fora, por favor. Daqui a pouco um médico irá conversar com você. — A enfermeira disse e fechou a porta.
Enquanto isso, fiz a ficha da Manuela e o Otávio chegou atrás de mim, colocando seu braço sobre os meus ombros. Havia um homem com ele também. Acho que era o amigo dele.
— Como você está? — Otávio perguntou.
— Mais de meia hora aqui e ninguém veio me falar nada!
— É assim mesmo. — O homem que acompanhava Otávio disse. — Meu nome é Raul. Sou médico também.
— Rebeca... — Lhe dei a mão e entreguei a ficha para uma secretária. — Se eu pudesse fazer algo pra evitar tudo isso...
— O que realmente aconteceu? — Raul perguntou.
— Não sei. Eu só vi a Manuela caída no chão, desacordada... Mas pelo que disseram, ela estava caminhando pela praça e atravessou uma rua. E nessa rua, ela viu um carro, que acelerou e ela tentou correr. Só que o carro foi mais rápido. — Disse, tentando conter as lágrimas.
— Então não foi um acidente em si. Foi uma tentativa de homicídio.
— Ai credo! Quem tentaria matar a minha filha?!
Ele me olhou, e depois mudou o olhar para um ponto fixo e disse o nome de uma pessoa, mas eu não pude ouvir pois ele falou muito baixo.
— Quem?
— Ninguém. — Deu dois toques em meu ombro. — Vou ver como ela está, com licença.
Isabela Junqueira.
Eu abri os olhos lentamente. Vi um local branco. Fechei os olhos e vi uma pessoa embaçada, e pisquei várias vezes.
— Isa?! — Era a voz do tio Raul. — É você, Isa?!
— Aham. — Respondi, deitada na cama. — O que aconteceu? O que eu to fazendo aqui? Eu não quero ficar aqui! — Disse, tentando me levantar.
— Calma! — Ele me segurou de forma delicada. — Você foi atropelada, vai ficar aqui até o final do dia e já recebe alta.
— A Regina... Ela queria me matar!
— Mas isso vai acabar logo, eu prometo.
— A entrevista que a Manuela deu hoje... — Disse, mas eu não consegui terminar.
— É sobre isso que eu queria falar com você. Uma pessoa que você conhece viu. E descobriu tudo.
— Quem?! — Meu coração quase pulou pela boca de tanto nervosismo. — Não me diz que é a...
— Não, sou eu! — Otávio entrou no quarto. — A Rebeca não desconfia de nada. Pelo menos por enquanto. — Riu.
— Que ótimo. Quer dizer, é melhor ela saber quando a Manuela estiver em segurança. E a Regina presa, de preferência
— Eu gostaria de ajudar você.
— Tudo bem... — Olhei para os dois. — E a Rebeca? Por que ainda não veio me ver?
— Ela já vai vir.
Alguns minutos depois, ouvi passos se aproximando e virei para o lado e fechei os olhos. Senti uma mão pegar em minha mão, e a mesma pessoa começou a falar. Era a Rebeca.
Em sua voz, dava para perceber que havia chorado antes. Ela acariciou os meus cabelos... O tempo que eu seria amada por alguém e ter a experiência de ter uma mãe estava se acabando. Mas a Manu ia ficar muito feliz de ficar com a mãe dela de novo...
Então, ouço a porta abrir novamente.
— Doutor Roberto! Quanto tempo! — Acho que pela entonação da voz ela sorriu. — Você trabalha aqui?
— Faço plantão aqui em dois dias, mas trabalho em outro hospital. Soube que você estava aqui, então queria fazer uma surpresa! E a menina, qual o nome dela?
— Manuela!
— Lindo nome.E a outra menina?
Nesse momento, várias perguntas invadiram a minha mente. Esse médico sabia que a Rebeca estava grávida?
— Outra menina? Como assim?
— É. Você... — Ele ia falar alguma coisa, mas desistiu. — Você só teve UMA menina?
— Sim. Mas sabe, você ia fazer o meu parto, né... E eu sentia que eram duas meninas. Todo mundo que olhava a minha barriga diziam que seriam gêmeas! Eu estava muito feliz! Só que na hora de nascer, só veio ela. O médico que fez o parto e a enfermeira afirmaram que era só uma criança... As vezes, eu tenho a sensação que a Manu está tão próxima de mim, e ao mesmo tempo tão longe... Ah, se eu tivesse essa outra menina...
— Eu jurava que eram gêmeas! — O homem que estava com ela disse.
— Eu também... As pessoas insistiam em dizer que eu não conseguiria criar duas meninas, que ia dar muito trabalho, que não teria condições. No fim, acabou que eu só tive a Manuela e tudo não deve ter passado de impressão. Mas se eu tivesse duas... Eu passaria fome, mas elas teriam tudo do bom e do melhor! — Senti as mãos dela passarem pelo meu cabelo. — Vou deixá-la descansar. Vamos?
— Sim. — O médico respondeu e eles saíram.
Eu virei novamente, dessa vez ficando reta e olhei para o teto. Minha mão fazia voltas no peito. Sentia as batidas do meu coração. Estavam um pouco aceleradas. Então me levantei e dobrei as pernas em perna de índio. Eu não tinha força para levantar da cama, então fiquei desse jeito mesmo.
— Então é verdade! Aquela mulher, a Regina, mentiu pra mim! A Rebeca não me abandonou... Porque nunca soube que teve gêmeas! Ah, mas se eu pego a Regina... QUE RAIVA! A Regina fez da minha vida e da Manuela um inferno! Mas eu faço muito pior! QUE RAIVA! QUE RAIVA! — Meu olhar raivoso se misturava com as lágrimas que desciam deles.
Então, vejo a maçaneta da porta virar para o lado e a porta se abre. Era a Rebeca.
— Manu? O que foi, filha? Você está nervosa... Aconteceu alguma coisa? Alguém entrou aqui?!
— Não mãezinha. — Sorri e desfiz minha expressão de raiva. — Eu te amo, sabia? — Abri os braços e ela me deu um abraço. E fechei-os lentamente. Escorei minha cabeça em seu ombro e a tristeza bateu novamente.
Mesmo que ela quisesse muito ter gêmeas. Eu estava enganando-a. Eu não era a Manuela, e ela estava em perigo, e digamos que de certa forma, eu não fazia nada para ajudá-la. E se ela ficar brava comigo? Se ela não aceitar o meu jeito de ser? Droga! Eu não aguentava mais. Era plena segunda-feira e o show seria apenas no sábado.
Manuela Agnes.
Mais um ensaio acabava de iniciar. A Regina estava lá, observando cada detalhe do ensaio. E eu cada vez mais retraída. Ela tinha saído de manhã para resolver uns problemas, como ela disse ao Ofélio e só me encontrou a tarde, na gravadora, muito nervosa. Parecia que tinha feito algo errado.
— Muito bem galerinha. — Vicente abriu a porta onde ensaiávamos. — Vou dar uma palavra com a Regina e o Geraldo. Assim que voltarmos, continuamos o ensaio.
— Ok. — Todos responderam em coro, menos eu.
— Isabela, você anda tão estranha. — Priscila virou o rosto para o lado e depois para o outro, como se estivesse alongando seu pescoço. — Tão quieta, o que está acontecendo.
— Nada Priscila. — Botei meu queixo no microfone e minas mãos no suporte do microfone. — Me deixa...
— Tá bom... — Ela saiu e sentou-se em um banco e ficou mexendo no teclado.
— Manu. — Joaquim se aproximou de mim e segurou em minha mão. Senti um calorzinho... — Não é pra te deixar mais péssima ainda, mas olha essa notícia aqui. — Ele me entregou o seu celular. Deslizei a tela e consegui ler.
VILAREJO DOS SONHOS
Vocalista da banda "Manuela e seus Amigos" é atropelada; saiba o estado de saúde da cantora.
A cantora Manuela Agnes, de 14 anos, foi atropelada na manhã desta segunda-feira, no Vilarejo. Segundo fontes confiáveis, a garota estava atravessando uma rua quando ocorreu o acidente.
A mãe da artista, Rebeca, informa que o ocorrido não foi um mero acidente e que pode ter sido uma tentativa de homicídio. Não há indícios da responsável pelo crime, que segue foragida.
A cantora passa bem e deve receber alta ainda hoje. O próximo show da banda será daqui três semanas, no Vilarejo.
— Mais essa agora...
— Não se preocupe. Vai ficar tudo bem!
— Do que você tá falando, Joaquim? — Perguntei curiosa.
— É-er... — O Vicente voltou. — Depois a gente se fala, Isa. — Disse olhando para Priscila, que nos observava.
— Você sempre foge dos assuntos. E sempre inventa uma desculpa! — Disse irritada. — Vamos continuar esse ensaio logo.
Continuamos o ensaio e eu tentei ao máximo evitar falar com o Joaquim. Estava cansada disso tudo. Ele ainda namora com a Priscila — um namoro falso, mas que não deixa de ser um namoro. — e diz que gosta de mim e que está conseguindo fazer a Priscila me ver como uma pessoa normal, e não uma concorrente.
Concorrente eu nunca fui.
De uns dias para cá, ele anda me excluindo das conversas, junto com a Priscila. Não que eu precisava estar com eles, mas de uma hora para outra eles começaram a sorrir quando me vissem e dizer que "tudo ficará bem." Isso me enche de esperança... Mas do que eles estão falando realmente? Só eles sabem, exceto a Priscila, que eu não sou a Isabela. Sabem quanta saudades eu sinto da minha família e do Vilarejo.
E se não for o que estou pensando? Eu realmente sou a menina mais azarada do mundo, depois da Priscila, porque ela diz ser a primeira.
Falando nela... Ela parou de ser grossa comigo. Não que ela fosse um anjo de pessoa, mas ela vinha com umas patadas e indiretas. Principalmente no inicio desse namoro falso. Se mostrava demais! Mas depois de quase dois anos, parece ter cansado. Até porque, onde eu sei, o Joaquim só "posa" ao lado dela em eventos e shows. Ele tenta ser o mais afastado dela para não magoá-la. Se bem que, quem ele está magoando sou eu.
O ensaio acabou e eu saí logo do estúdio. Nem me despedi direito. O Joaquim veio atrás de mim e segurou fortemente meu braço. Então me virei assustada, e chorando, como de costume.
— ME SOLTA! — Gritei.
— Tá bom, desculpa. — Ele me soltou e fez carinho no meu braço — Só fiz isso para você não sair voando. Me escuta primeiro, Manu!
— O que você vai dizer agora? Que a Isa vai ficar bem? Que... que... que... — Eu estava tão nervosa que esqueci o que ia dizer. — Esquece.
— Eu não posso te falar, pode ser arriscado!
— "Arriscado". Como sempre né... Você sabe o quanto eu sofro com a Regina. Que a saudades da minha família é maior que a vontade que eu tenho da banda fazer sucesso. E você, Joaquim. Parece nem ligar. Simplesmente parou de falar comigo como se NADA estivesse acontecendo. A Regina conseguiu tirar tudo de mim... Principalmente você.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Gostaram? Bom domingo para vocês e comentem por favor!! Até o próximo bjosss