Para Sempre escrita por Srta Taques


Capítulo 5
Capítulo 5 — A verdade sempre aparece.


Notas iniciais do capítulo

Oláaaa,cheguei com um capítulo bem especial, espero que gostem.



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Rebeca Agnes.

 

Acordei por volta das seis horas da manhã. Fiquei sentada na cama, e levantei os braços para cima, me espreguiçando. A Manuela estava dormindo num sono bem profundo!

Levantei-me e me ajoelhei ao lado da cama dela e passei as mãos pelos seus cabelos, ela tinha um sono pesado. É estranho, pois antes do sequestro ela acordava facilmente e hoje custa para ela acordar.

— Rebeca, o café já está na mesa! — Minha mãe entrou no quarto.

— Já vou, mãe. — Sorri, velando o sono da Manu. Pus a mão sobre sua testa. Ela continuava febril. — Me vê um remédio para a febre? Acho que está na segunda gaveta da cômoda da sala. De gotinha por favor.

— Você não vai acordá-la?

— Não... Ela está com febre, melhor deixá-la descansar .

Ela saiu e trouxe em uma bandeja o remédio, uma colher e um copo com água. Coloquei na colher as gotas e aproximei da boca da Manu, abrindo delicadamente.

— Filha, abre a boca, por favor... — Ela abriu lentamente e eu coloquei o remédio. — Engole, Manu. — Ela engoliu e eu pus em sua boca o copo e derramei em sua boca. — Pronto...

Tomei café da manhã e tomei banho. Sequei os cabelos e fiz babyliss nas pontas. Usava um vestido preto e branco, com um cinto e babados pretos em baixo. Entrei no quarto novamente. Manu ainda estava dormindo, mas desta vez estava sem as cobertas. Deve ter se virado e deixado caído a coberta. Coloquei a minha bolsa em minha cama e juntei a coberta e a tapei, e lhe dei um beijo na testa e saí do quarto, fechando a porta.

Minha mãe já tinha saído, então fechei a porta, e deixei o café na mesa. A Manu iria acordar com fome...

Cheguei a confecção e comecei a trabalhar, quando vejo a Clara e o Luiz saírem de uma sala discutindo. Conversei um pouco com a Clara, era a terceira vez que chegava e ela estava brigando com o Luiz. Olhei para ela, que estava um pouco estressada e olhei em seus olhos.

— Clara. As brigas entre você e o Luiz estão bem frequentes. As crianças podem se assustar, e sofrerem ainda mais.

— Eu sei Rê, mas o que era para ser algo do trabalho, ele vem e coloca a família no meio... Assim fica difícil de dizer que é uma briguinha para o Matheus e para a Dóris.

— Se omitir alguma coisa, vai ser mais difícil delas entenderam! Quando eu rompi com o Otávio, a Manuela custou a entender. Ficou me acusando, a gente brigou várias vezes, o clima em casa estava muito difícil.

— A diferença é que o Otávio não é pai da Manuela. — Disse secando as lágrimas. — Desculpa, não quis ofender.

— Não tem nada. — Olhei para baixo, e depois olhei para Clara. — Mas foi por isso mesmo! Depois que o Maurício me abandonou, com aquele barrigão, eu não tive envolvimento com nenhum outro homem. Por medo sabe. Ai o Otávio apareceu, mudou a minha vida, a da Manu... E ela acreditou que o Otávio fosse fazer o papel de pai que ela não teve. — Sorri. — Filhos são preciosos. Quanto menos sofrimento, melhor.

Nos abraçamos e voltamos ao trabalho. Minutos depois, ouço um barulho estranho. De uma batida. Senti uma pontada no meu coração, e levantei assustada.

— O que foi esse barulho? — Pergunto nervosa.

— Uma menina foi atropelada!!! — Ouço o grito do lado de fora.

Então corro para fora do confecção e perto da praça vejo uma pequena roda de pessoas.

— O que tá acontecendo aqui? — Pergunto, entrando na roda. — MANUELA!!!

Me ajoelho e tento tocar nela, mas as pessoas gritam para que eu não faça isso. A Clara chegou depois e ficou ao meu lado e me abraçou. Pegou no bolso do seu casaco o celular e discou três dígitos e chamou a ambulância.

Assim que a ambulância chegou, os paramédicos desceram com uma maca e ajeitaram Manuela nela, a Clara chegou me dando a bolsa e um beijo no rosto.

— Já avisei o Otávio. Ele vai encontrá-la no hospital com um médico que é amigo dele. — Disse. — Vai com Deus!

Entrei na parte de trás da ambulância e fitei a Manu com os olhos. Tive uma sensação tão estranha de repente, e comecei a chorar. Simplesmente não conseguia parar de chorar.

— Vai ficar tudo bem, Manu... Eu prometo.

Chegamos ao hospital. Os paramédicos retiraram a Manu primeiro e eu saí depois. Eu segui os médicos, mas me barraram antes de entrar na sala.

— Você não pode entrar aqui, senhora.

— Mas eu sou a mãe!

— Desculpa senhora, aqui é a ala de emergência. Aguarde aqui fora, por favor. Daqui a pouco um médico irá conversar com você. — A enfermeira disse e fechou a porta.

Enquanto isso, fiz a ficha da Manuela e o Otávio chegou atrás de mim, colocando seu braço sobre os meus ombros. Havia um homem com ele também. Acho que era o amigo dele.

— Como você está? — Otávio perguntou.

— Mais de meia hora aqui e ninguém veio me falar nada!

— É assim mesmo. —  O homem que acompanhava Otávio disse. — Meu nome é Raul. Sou médico também.

— Rebeca... — Lhe dei a mão e entreguei a ficha para uma secretária. — Se eu pudesse fazer algo pra evitar tudo isso...

— O que realmente aconteceu? — Raul perguntou.

— Não sei. Eu só vi a Manuela caída no chão, desacordada... Mas pelo que disseram, ela estava caminhando pela praça e atravessou uma rua. E nessa rua, ela viu um carro, que acelerou e ela tentou correr. Só que o carro foi mais rápido. — Disse, tentando conter as lágrimas.

— Então não foi um acidente em si. Foi uma tentativa de homicídio.

— Ai credo! Quem tentaria matar a minha filha?!

Ele me olhou, e depois mudou o olhar para um ponto fixo e disse o nome de uma pessoa, mas eu não pude ouvir pois ele falou muito baixo.

— Quem?

— Ninguém. — Deu dois toques em meu ombro. — Vou ver como ela está, com licença.

Isabela Junqueira.

 

Eu abri os olhos lentamente. Vi um local branco. Fechei os olhos e vi uma pessoa embaçada, e pisquei várias vezes.

— Isa?! — Era a voz do tio Raul. — É você, Isa?!

— Aham. — Respondi, deitada na cama. — O que aconteceu? O que eu to fazendo aqui? Eu não quero ficar aqui! — Disse, tentando me levantar.

— Calma! — Ele me segurou de forma delicada. — Você foi atropelada, vai ficar aqui até o final do dia e já recebe alta.

— A Regina... Ela queria me matar!

— Mas isso vai acabar logo, eu prometo.

— A entrevista que a Manuela deu hoje... — Disse, mas eu não consegui terminar.

— É sobre isso que eu queria falar com você. Uma pessoa que você conhece viu. E descobriu tudo.

— Quem?! — Meu coração quase pulou pela boca de tanto nervosismo. — Não me diz que é a...

— Não, sou eu! — Otávio entrou no quarto. — A Rebeca não desconfia de nada. Pelo menos por enquanto. — Riu.

— Que ótimo. Quer dizer, é melhor ela saber quando a Manuela estiver em segurança. E a Regina presa, de preferência

— Eu gostaria de ajudar você.

— Tudo bem... — Olhei para os dois. — E a Rebeca? Por que ainda não veio me ver?

— Ela já vai vir.

Alguns minutos depois, ouvi passos se aproximando e virei para o lado e fechei os olhos. Senti uma mão pegar em minha mão, e a mesma pessoa começou a falar. Era a Rebeca.

Em sua voz, dava para perceber que havia chorado antes. Ela acariciou os meus cabelos... O tempo que eu seria amada por alguém e ter a experiência de ter uma mãe estava se acabando. Mas a Manu ia ficar muito feliz de ficar com a mãe dela de novo...

Então, ouço a porta abrir novamente.

— Doutor Roberto! Quanto tempo! — Acho que pela entonação da voz ela sorriu. — Você trabalha aqui?

— Faço plantão aqui em dois dias, mas trabalho em outro hospital. Soube que você estava aqui, então queria fazer uma surpresa! E a menina,  qual o nome dela?

— Manuela!

— Lindo nome.E a outra menina?

Nesse momento, várias perguntas invadiram a minha mente. Esse médico sabia que a Rebeca estava grávida?

— Outra menina? Como assim?

— É. Você... — Ele ia falar alguma coisa, mas desistiu. — Você só teve UMA menina?

— Sim. Mas sabe, você ia fazer o meu parto, né... E eu sentia que eram duas meninas. Todo mundo que olhava a minha barriga diziam que seriam gêmeas! Eu estava muito feliz! Só que na hora de nascer, só veio ela. O médico que fez o parto e a enfermeira afirmaram que era só uma criança... As vezes, eu tenho a sensação que a Manu está tão próxima de mim, e ao mesmo tempo tão longe... Ah, se eu tivesse essa outra menina...

— Eu jurava que eram gêmeas! — O homem que estava com ela disse.

— Eu também... As pessoas insistiam em dizer que eu não conseguiria criar duas meninas, que ia dar muito trabalho, que não teria condições. No fim, acabou que eu só tive a Manuela e tudo não deve ter passado de impressão. Mas se eu tivesse duas... Eu passaria fome, mas elas teriam tudo do bom e do melhor! — Senti as mãos dela passarem pelo meu cabelo. — Vou deixá-la descansar. Vamos?

— Sim. — O médico respondeu e eles saíram.

Eu virei novamente, dessa vez ficando reta e olhei para o teto. Minha mão fazia voltas no peito. Sentia as batidas do meu coração. Estavam um pouco aceleradas. Então me levantei e dobrei as pernas em perna de índio. Eu não tinha força para levantar da cama, então fiquei desse jeito mesmo.

— Então é verdade! Aquela mulher, a Regina, mentiu pra mim! A Rebeca não me abandonou... Porque nunca soube que teve gêmeas! Ah, mas se eu pego a Regina... QUE RAIVA! A Regina fez da minha vida e da Manuela um inferno! Mas eu faço muito pior! QUE RAIVA! QUE RAIVA! — Meu olhar raivoso se misturava com as lágrimas que desciam deles.

Então, vejo a maçaneta da porta virar para o lado e a porta se abre. Era a Rebeca.

— Manu? O que foi, filha? Você está nervosa... Aconteceu alguma coisa? Alguém entrou aqui?!

— Não mãezinha. — Sorri e desfiz minha expressão de raiva. — Eu te amo, sabia? — Abri os braços e ela me deu um abraço. E fechei-os lentamente. Escorei minha cabeça em seu ombro e a tristeza bateu novamente.

Mesmo que ela quisesse muito ter gêmeas. Eu estava enganando-a. Eu não era a Manuela, e ela estava em perigo, e digamos que de certa forma, eu não fazia nada para ajudá-la. E se ela ficar brava comigo? Se ela não aceitar o meu jeito de ser? Droga! Eu não aguentava mais. Era plena segunda-feira e o show seria apenas no sábado.

Manuela Agnes.

 

Mais um ensaio acabava de iniciar.  A Regina estava lá, observando cada detalhe do ensaio. E eu cada vez mais retraída. Ela tinha saído de manhã para resolver uns problemas, como ela disse ao Ofélio e só me encontrou a tarde, na gravadora, muito nervosa. Parecia que tinha feito algo errado.

— Muito bem galerinha. — Vicente abriu a porta onde ensaiávamos. — Vou dar uma palavra com a Regina e o Geraldo. Assim que voltarmos, continuamos o ensaio.

— Ok. — Todos responderam em coro, menos eu.

— Isabela, você anda tão estranha. — Priscila virou o rosto para o lado e depois para o outro, como se estivesse alongando seu pescoço. — Tão quieta, o que está acontecendo.

— Nada Priscila. — Botei meu queixo no microfone e minas mãos no suporte do microfone. — Me deixa...

— Tá bom... — Ela saiu e sentou-se em um banco e ficou mexendo no teclado.

— Manu. — Joaquim se aproximou de mim e segurou em minha mão. Senti um calorzinho... — Não é pra te deixar mais péssima ainda, mas olha essa notícia aqui. — Ele me entregou o seu celular. Deslizei a tela e consegui ler.

VILAREJO DOS SONHOS

Vocalista da banda "Manuela e seus Amigos" é atropelada; saiba o estado de saúde da cantora.

 

A cantora Manuela Agnes, de 14 anos, foi atropelada na manhã desta segunda-feira, no Vilarejo. Segundo fontes confiáveis, a garota estava atravessando uma rua quando ocorreu o acidente.

A mãe da artista, Rebeca, informa que o ocorrido não foi um mero acidente e que pode ter sido uma tentativa de homicídio. Não há indícios da responsável pelo crime, que segue foragida.

A cantora passa bem e deve receber alta ainda hoje. O próximo show da banda será daqui três semanas, no Vilarejo.

— Mais essa agora...

— Não se preocupe. Vai ficar tudo bem!

— Do que você tá falando, Joaquim? — Perguntei curiosa.

— É-er... — O Vicente voltou. — Depois a gente se fala, Isa. — Disse olhando para Priscila, que nos observava.

— Você sempre foge dos assuntos. E sempre inventa uma desculpa! — Disse irritada. — Vamos continuar esse ensaio logo.

Continuamos o ensaio e eu tentei ao máximo evitar falar com o Joaquim. Estava cansada disso tudo. Ele ainda namora com a Priscila — um namoro falso, mas que não deixa de ser um namoro. — e diz que gosta de mim e que está conseguindo fazer a Priscila me ver como uma pessoa normal, e não uma concorrente.

Concorrente eu nunca fui.

De uns dias para cá, ele anda me excluindo das conversas, junto com a Priscila. Não que eu precisava estar com eles, mas de uma hora para outra eles começaram a sorrir quando me vissem e dizer que "tudo ficará bem." Isso me enche de esperança... Mas do que eles estão falando realmente? Só eles sabem, exceto a Priscila, que eu não sou a Isabela. Sabem quanta saudades eu sinto da minha família e do Vilarejo.

E se não for o que estou pensando? Eu realmente sou a menina mais azarada do mundo, depois da Priscila, porque ela diz ser a primeira.

Falando nela... Ela parou de ser grossa comigo. Não que ela fosse um anjo de pessoa, mas ela vinha com umas patadas e indiretas. Principalmente no inicio desse namoro falso. Se mostrava demais! Mas depois de quase dois anos, parece ter cansado. Até porque, onde eu sei, o Joaquim só "posa" ao lado dela em eventos e shows. Ele tenta ser o mais afastado dela para não magoá-la. Se bem que, quem ele está magoando sou eu.

O ensaio acabou e eu saí logo do estúdio. Nem me despedi direito. O Joaquim veio atrás de mim e segurou fortemente meu braço. Então me virei assustada, e chorando, como de costume.

— ME SOLTA! — Gritei.

— Tá bom, desculpa. —  Ele me soltou e fez carinho no meu braço —  Só fiz isso para você não sair voando. Me escuta primeiro, Manu!

— O que você vai dizer agora? Que a Isa vai ficar bem? Que... que... que... — Eu estava tão nervosa que esqueci o que ia dizer. — Esquece.

— Eu não posso te falar, pode ser arriscado!

— "Arriscado". Como sempre né... Você sabe o quanto eu sofro com a Regina. Que a saudades da minha família é maior que a vontade que eu tenho da banda fazer sucesso. E você, Joaquim. Parece nem ligar. Simplesmente parou de falar comigo como se NADA estivesse acontecendo. A Regina conseguiu tirar tudo de mim... Principalmente você.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Bom domingo para vocês e comentem por favor!! Até o próximo bjosss



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