Young Gods - Interativa escrita por honeychurch


Capítulo 2
Capítulo 01


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelas ótimas fichas que vocês me mandaram :)
Nos próximos capítulos eu pretendo colocar mais de um personagem, bjos e espero que vocês gostem.



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 p e n t o s 

A porta foi aberta por um escravo, os homens que queriam comprar seus navios entraram, e Meopalis tomou fôlego para mais uma negociação. Havia muito tempo que ele não discutia o preço de coisa alguma que fosse, e temia que não se lembrasse de como identificar os decisivos momentos em que se deve dizer sim ou não, e isso, ele temia, poderia afundar sua vida financeira para águas ainda mais profundas. Em primeiro lugar Meoplais sabia que devia demonstrar confiança e clareza de idéias, que não moveria um dedo até que suas condições fossem aceitas, e principalmente que aqueles navios seriam embarcações que os próprios deuses invejariam.

Seus compradores tinham ido conhecer cada um dos barcos junto do administrador de Meopalis.

Eles foram atrás de defeitos que me façam abaixar o preço, e agora eu devo confrontá-los. Mas eles riem, o que pretendem com esses risos?”

Meopalis convidou os dois risonhos a se sentarem, o homem alto e bem vestido, e também a mocinha que vinha pendurada no braço dele.

— Conheceu então meus preciosos barcos senhor? É bem verdade que me enche de dor me desfazer deles, e às vezes penso em desistir da ideia toda e continuar com essas belas jóias. Mas o senhor vê? Já estou velho para navegar,e sem vigor para comandar, e essa gente do mar exige um punho firme, talvez como o do senhor. Ah! Me perdoe, eu vejo que estou falando mais do que deveria, vamos tratar direto no assunto. Me diga, o que achou dos navios?

No meio de sua fala o rosto do comprador se escureceu, e o sorriso vistoso morreu. O que ele poderia ter dito de tão errado, talvez os elogios que fazia ao seu próprio produto se mostrassem já um sinal de desespero?

— O senhor não irá tratar comigo.

A frase saiu sólida e breve dos lábios agora cerrados do homem. Meopolis estava confuso, e seu – até então – comprador sério como uma rocha, por isso se fez o silêncio típico de situações inconvenientes, até que finalmente a jovem senhora soltasse um risinho e erguesse a pequena mão.

— Vossa excelência deverá tratar comigo, se lhe aprouver é claro.

Meopalis só fez ficar mais confuso, para então se sentir ultrajado.

— Mas o que é isso? Eu aparento ser algum imbecil para você? Acha que vou ficar aqui discutindo o valor dos meu navios com uma... garota?

Ele não olhou para a menina, e sim para o homem. Aquele pedacinho de criatura, aquela mulher, era um insulto a sua honra, e ele não gostaria de tratá-la como uma igual.

— Ninguém espera que você faça coisa alguma, o senhor tem o direito de escolher para quem quer vender. Mas é claro, eu não preciso tanto assim dos seus navios, é o senhor que parece precisar de dinheiro.

E dizendo isso ela sorriu olhando para o rasgo na túnica do homem – que ele devia ter achado capaz de disfarçar – e depois para a mancha no tapete de Myr que parecia ter sido o local onde uma escultura repousara por anos até que fosse retirada e vendida.

Meopalis sentiu o gosto de seu orgulho na boca, e foi obrigado a engoli-lo. Ele nunca pensou que viveria o suficiente para ser ofendido por uma fedelha.

— Ah me perdoe, que indelicado da minha parte não me apresentar – A garota continuou, e Meopalis a odiou ainda mais quando viu o quanto ela se divertia com a situação – Esse é Oreos, ele compõe minha guarda pessoal, e eu tenho o prazer de ser Selenya dos Zarconys.

Agora ele tinha ainda outro motivo para odiá-la. Os Zarconys eram, e sempre foram detestáveis criaturas que se pavoneavam pelo mundo como legítimos descendentes dos antigos Valirianos. E por que? Por causa de um par de olhos violetas? Qualquer prostitua de Lys os tinha.

Ele pegou sua pena, e raivosamente arranhou números em um pedaço de papel como se arranhasse o rosto da própria vadia Zarconys.

— Esse é o meu valor.

Disse empurrando o papel para ela, que por sua vez deu uma olhada rápida e o devolveu.

— Quero comprar três navios, e não trinta unicórnios.

— O valor não irá mudar.

— Então, infelizmente, eu não tenho mais o que fazer aqui.

— Ou talvez eu aceite três quartos desse valor.

— Três quartos, pelo navio com remos, e velas novas.

— Mas o que? Se quer que eu custeie velas e remos novos, então irá pagar o valor inicial

— Ótimo, dou metade do valor pelos navios. Coloquemos o resto de lado

— Façamos assim, três quartos do valor pelos navios com os remos.

— Três quartos pelos navios com as velas novas! Pode ficar com os remos.

Meopalis mordeu o lábios superior e contorceu os dedos, mas no final foi obrigado a aceitar a proposta.

— Acho que chegamos a um bom acordo para ambos não é mesmo? – Selenya disse com um sorriso – Agora acho que o senhor só precisa de pano para as velas.

— A não ser que você conheça outro jeito de se fazer velas.

— Não, infelizmente não. Mas, oh! Que coincidência, minha família comercializa tecidos também.

O jantar era mais uma vez servido ao som dos risos da família. Naquela noite as gêmeas contavam uma a travessura da outra, e riam tanto das pequenas maldades infantis que cometiam que era uma alívio ainda não terem começado a comer, porque caso contrário já teriam se engasgado.

— E então Tyen colocou pimenta no vinho do magistrado, e ele ficou tão vermelho quanto um joelho ralado. Até que ele fizesse bem assim

Tryna bebeu de seu cálice de água até que suas bochechas estivessem cheias, para então com um biquinho espirrar todo o líquido de sua boca na irmã que riu ao ficar toda molhada.

— Tyen, Tryna! Jamais na mesa!

Selenya tentou repreender as irmãs mas não foi capaz de omitir o divertimento.

— Mas sabem o que Tryna fez? – Tyen perguntou secando o rosto com um guardanapo – Ela colocou os talheres do magistrado em um braseiro, e depois os tirou de lá com uma pinça de cozinha para devolve-los a mesa. Quando o magistrado os pegou soltou o urro de um boi sendo morto, e jogou-os para o alto com tanta força que ficaram presos no teto! Mas depois eles caíram, bem em cima da Tryna.

E Tyen enfiou um garfo no penteado de Tryna, de maneira que a irmã não conseguiria tirar sozinha, por isso ficaram uma molhada, e a outra com um garfo na cabelo quando o peixe era servido no prato de cada um dos patrões.

— E eu estava me perguntando por que o Magistrado Allan nunca mais quis vir nessa casa.

Rheos falou sem dar real importância ao assunto, ele era péssimo com disciplina, e afinal tinha sido apenas uma brincadeira contra um homem extremamente desagradável. Ao invés de continuar com broncas ele tratou de arrancar a cabeça do pequeno peixe diante dele.

— Sabe comer assim, com as mãos, me lembra de quando fomos a Westeros. São todos tão estranhos aqueles Westerosis, vocês se lembram de como só os nobres comiam com garfos? E em alguns casos apenas em ocasiões especiais!

— Tryna devia virar Westerosi já que ela não pode mais usar o garfo!

Tyen disse explodindo em risos da própria piada, para então Tryna lhe dar outro banho como vingança.

Rheos olhou para as mais novas com um ar de reprovação, mas sem dizer uma palavra, ao invés disso ele se voltou para Selenya que desfazia seu peixe com a ponta dos dedos.

— Você não acha irmã, que aqueles Westerosis precisam de um toque de sofisticação?

— Westeros precisa muito mais do que um toque.

— Sim, ao contrário de Essos. O império Valiriano foi o berço da sofisticação, e que privilégio estarmos onde estamos.

Seu irmão costumava de tempos em tempos selecionar uma parte do jantar para elogiar o saudoso império Valiriano. Quando isso acontecia não era essencial que ninguém mais falasse nada, por isso Selenya pensou que poderia se preocupar apenas em evitar as espinhas de seu peixe, mas então seu irmão começou a lhe perguntar coisas e mais coisas a respeito de outras famílias que também reivindicavam a descendência Valiriana. Ela respondeu com toda a boa vontade a cada pergunta, aparentemente, sem sentido, até que ele começasse a focar apenas nos rapazes das ditas famílias. Selenya começou a temer em que mar aquele rio iria desaguar, e para evitar qualquer discussão com seu querido irmão, ela achou melhor colocar seu guardanapo na mesa e dizer que acabara de sentir um mal-estar súbito.

Minutos depois a doce Vivian viria até os seus aposentos, onde ela estava jogada na cama.

— Ele quer me casar, não é? Quer escolher algum conveniente rapaz e me amarrar. Mas por que? É como se Rheos me punisse. Eu não tenho sido o suficiente?

A esposa de seu irmão veio sentar-se na cama ao lado dela, e tocou suas mãos com um gesto acolhedor.

— Ele jamais, a obrigaria a nada, e muito menos agiria contra a sua felicidade, tudo o que Rheos faz ele faz pensando no seu bem. Mas se quer o meu conselho, vou lhe dizer o que disse a ele. Você não tem que se casar agora, e nem tem mais motivos para continuar com essa vida sem intervalos. Você é uma bela moça Selenya, e merece ser elogiada, e adorada. Se encha de sedas e jóias, brinque, jogue, cante, você merece um descanso, você merece uma juventude.

— O que está sugerindo? Férias?

— E por que não? Pegue seus três novos navios e navegue com eles para tão longe quanto achar necessário. Longe dos jovens de descendência Valiriana, longe das intenções de Rheos, e longe das suas responsabilidades.


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Notas finais do capítulo

Essa parte da Selenya ficou maior do que eu esperava, mas essa família me pareceu tão fofa, eu só queria mostrar um pouquinho da dinâmica deles :')
Espero que vocês gostem, e que eu tenho feito justiça a Selenya ♥︎