Sem mais comentários, L se afastou de Raito e foi até a máquina, abrindo e tirando uma espécie de bule do interior, e colocando momentaneamente sobre o balcão. Pegou no interior de um dos armários suspensos, duas canecas pretas, e em seguida, despejou o chocolate fumegante nestas. Após jogar alguns marshmallows e quadradinhos de chocolate, entregou a xícara a Raito, e andou até a porta. Deteve-se antes de chegar aos corredores. Enquanto isso, Raito apenas permaneceu estático e confuso, sem nada, absolutamente nada passando por sua cabeça.

– Raito-kun...

– O que? – Disse como quem volta à realidade.

– Como... As coisas hoje estão tranquilas... E estão todos de folga... Vamos descansar um pouco também...

– Como assim...?

– Eu tava pensando... – Disse ele ainda de costas, mas agora fitando Raito de soslaio, coçando a cabeça – Um filme...

– Eu... – Raito olhou para o lado, pegando a caneca e andando até o garoto – Por mim tudo bem...

L voltou a andar, em direção à sala onde havia um telão. Um dos poucos lugares divertidos de lá. Entraram e sentaram lado a lado no sofá vermelho de veludo, confortável e quente. Raito pegou o controle e começou a procurar um filme no pay-per-view. L o fez parar ao ver um filme cujo nome não aparecia. Era sobre um detetive que buscava um Serial Killer que antes de matar alguém, fotografava essa pessoa e mandava a foto ao detetive, e lhe dava 24 horas para encontrar esta pessoa, ou ele a mataria. Um pouco irônico, mas eles assistiram. Ryuuzaki estava absorto em pensamentos. Achava divertido o pega-pega no filme, achando graça em pensar que era sua relação com Kira. Em seus devaneios jogou o corpo para o lado, apoiando a cabeça sobre o ombro de Raito. Os dois ficaram quietos. L, sem saber se voltava ou se arranjava alguma péssima desculpa, e Raito, sem entender nada. O garoto de cabelos castanhos claro sorriu e disse com ar de brincadeira, embora tivesse a voz ligeiramente trêmula.

– Né Ryuuzaki... Quem é gay agora?

– Acho que nós dois, Raito-kun.

L ergueu o rosto num impulso repentino. Seus lábios tocaram os de Raito. Não sabia o que fazer agora. Era como se o tempo houvesse parado, para ambos. Raito podia sentir os lábios macios de Ryuuzaki contra os próprios, embora isso fosse absurdamente estranho. Afinal, eles eram homens. Havia beijado o inimigo. Conseguiu ser pior que o ‘quase’ beijar o inimigo. Mas não era tão ruim quanto havia imaginado que fosse. Havia imaginado?! Ryuuzaki estava quase tão confuso quanto ele, mas com pensamentos um tanto quanto piores. Não seria o uke da relação de modo algum. Relação?! Não estava em seu normal. Sua sanidade se esvaia, fato. Maldito Kira. Dane-se. Raito segurou L pelos braços e o puxou contra si. O corpo do detetive ficou sobre o do jovem Kira. O beijo, antes simples, agora era algo um pouco mais intenso. A língua do Yagami invadiu aos poucos a boca de L, enquanto suas mãos percorreram seu corpo sem pressa, parando em sua cintura, e apertando-a ao mesmo tempo em que colocava o corpo dele contra o próprio com mais pressão.

Ryuuzaki se sentia confuso. Não se relacionou com ninguém durante toda sua vida. Raito era a primeira pessoa que chegava tão longe. Tão perto. Era algo novo para ele, por isso era deveras divertido. Sua mão pálida tocava o pescoço do Yagami, deslizando as unhas pela superfície da pele quente de Raito. Sem perceber, havia sido virado. Agora tinha Raito sobre si, com o olhar incomum. Algo próximo a um olhar de desejo. Raito se aproximou de seu rosto, embora houvesse desviado para seu pescoço. Seus lábios tocaram a curva do início do ombro pálido de L, dando beijos sutis e lentos. Subiu um pouco, até a metade do pescoço, onde sua língua, ainda com o gosto da boca de L, se arrastou lentamente, acompanhando um arrepio delicioso que atravessou o corpo do detetive por completo. Apenas parou ao chegar à orelha dele, mordendo-a e puxando um pouco. Seus lábios deslizaram pela face de Ryuuzaki, dando em seus lábios um breve beijo, e indo ao outro lado de seu pescoço, ainda virgem perante suas carícias. Outro beijo no pescoço dele, seguido de uma mordida lenta. Seus dentes se arrastavam em sua pele morna, à medida que a mão de Raito subia pelo corpo de L, e passava a arranhar seu pescoço.