You're the only one escrita por Mrs Hiddleston


Capítulo 2
The redheaded witch


Notas iniciais do capítulo

Heyy pessoal, tudo bom? Me desculpem pela demora, é que rolou umas coisas aqui em casa e só consegui postar agora.
Dedico este capítulo às três lindonas que comentaram no primeiro capítulo:
Eduarda Eshley, Bia Sidle Evil Grissom Fanfics e miss volturi.
Enfim, beijos e boa leitura
p.s.: a tradução do título é "A bruxa ruiva"



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O vilarejo de Elmer era um dos menos povoados da região, com aproximadamente duzentos habitantes. O motivo de tão pouca gente se dava simplesmente ao fato de que aquele era o vilarejo que ficava mais distante da capital.

Sendo assim, não houve dúvidas para Arthur e Eliza quando resolveram se mudar. Aquele era o lugar perfeito! Sim, sim. A enorme distância entre o lugar e a capital seria prejudicial aos negócios de Arthur, mas desde que Eliza estivesse onde se sentia segura, para ele era mais que o suficiente.

E assim foi. Eles se mudaram para um chalé próximo a um lago e logo já conheciam quase todos da vila. O padeiro, viúvo e com dois filhos, era seu vizinho, além do primeiro a se apresentar. A costureira, casada e à espera de um filho, ofereceu-lhes uma de suas melhores colchas, afinal, era inverno e cortar lenha seria um trabalho árduo, principalmente àquela hora do dia. Daí vieram o sapateiro, o médico e o carpinteiro, a professora, a dona da estalagem, o fazendeiro e até mesmo a jovem francesa desempregada, que logo lhes perguntou se precisavam de uma arrumadeira.

Porém, dentre todos esses, havia também aqueles que não gostavam nada da chegada do casal e nem se preocuparam em dizer olá. “Uma mulher ruiva na vila! Onde já se viu?”, era o que diziam. Também diziam: “É uma bruxa! Precisamos denunciá-la às autoridades!” E os insultos não paravam por aí, mas alguns eram tão pesados que prefiro nem repetir aqui.

No dia seguinte ao da chegado do casal, 0s dois decidiram passear pelo bosque localizado nos arredores do vilarejo. Era um lugar bastante calmo, preenchido por pinheiros verdejantes, várias árvores frutíferas baixas e outras incrivelmente altas. Havia também alguns animais silvestres que, assim como eles, davam sua caminhada matinal.

— Eliza — disse Arthur, quebrando o agradável silêncio que se instalara naquele belíssimo cenário.

— Sim? — respondeu ela, olhando para ele com curiosidade. Ah, como conseguia ficar mais encantadora a cada dia? Era o que ele se perguntava.

— Você sabe que hoje à tarde eu vou para a capital, certo? O navio deve chegar ao porto por volta do meio-dia, eu preciso estar lá. É uma entrega especial.

— Mas já? Mal chegamos e já vai viajar? — ela parou de andar, se colocando na frente dele.

Ele olhou para ela com ternura. Quanto amor um olhar apenas pode conter?

— Você sabe, se eu pudesse, nem hesitaria em ficar aqui com você.

— Eu sei... — sussurrou ela, abaixando a cabeça e cruzando os braços, como se abraçasse a si própria.

Então, ele acariciou sua bochecha, fazendo com ela olhasse diretamente para ele novamente.

— Eu volto logo, não precisa se preocupar.

Então... um beijo. Um daqueles bem calmos e apaixonados, que fazia o coração de ambos derreter que nem manteiga. Infelizmente, o último.

Após a despedida na entrada da vila, Eliza voltou para casa pelo caminho mais longo. A solidão instalada em seu peito não era nada agradável, mas... ele já havia viajada antes, um monte, um milhão de vezes. Então só por que agora ela se sentia assim, tão terrivelmente triste?

De qualquer forma, não era como se ela fosse a única pessoa no mundo. Afinal, eles haviam contratado a jovem francesa, que a essa hora já devia estar no chalé.

Porém, quanto mais se aproximava de casa, mais claramente Eliza conseguia ver as seis figuras de uniforme militar na porta, conversando com a francesa, que tentava ao máximo se fazer de desentendida, sem muito sucesso.

De repente, um dos soldados virou o rosto, cansado daquela conversa sem rumo. Porém, ao fazer isso ele conseguiu avistar Eliza, que ficou petrificada até o momento em que ele gritou aos companheiros:

— Ali! Ali está ela!

Então ela correu o mais rápido possível. Correu em direção ao bosque, sem olhar para trás nenhum segundo sequer. Passou pelas mesmas árvores pela quais havia passado apenas uma hora atrás, junto de Arthur. Mas então seus músculos começaram a fraquejar, cedendo mais e mais à tentação de simplesmente desistir e parar de correr. Porque, no fim das contas, ela era uma dama, assim não sendo feita para percorrer distâncias tão grandes como essa.

E quando ela não tinha mais domínio do próprio corpo, aconteceu. Ela caiu no chão do bosque, completamente exausta e vulnerável.

— Capitão Gonçalves! Como foi de viagem?

— Seu Arthur, não esperava encontrar o senhor por aqui.

— Ah, mas como eu não viria? O Esmeralda passou por mais de trinta países, sem contar que é meu navio de carga mais importante. Fui praticamente obrigado a vir.

— Bom, então façamos que sua viagem tenha valido a pena. Venha, vou lhe mostrar o que trouxemos.

A viagem de volta para a vila de Elmer foi bastante tranquila, mas toda essa tranquilidade se desfez no momento em que Arthur viu a jovem francesa na entrada do lugar, aflita.

Quando ela finalmente o viu, fez sinal para que parasse e foi correndo até a carruagem. O que teria acontecido?

— Seu Arthur, o senhor precisa vir, rápido! — disse ela, puxando-o pelo braço para fora da carruagem.

— O que foi, Célestine? O que foi que aconteceu?

— Vão queimar Eliza na praça da igreja. Temos que ir, talvez ainda haja tempo!

As palavras o atingiram como um tiro. Eliza... queimar... praça da igreja... tempo...

Então ele começou a correr o mais rápido que seus pés permitiam. Chegou à praça e viu a enorme multidão que havia se formado ali, provavelmente todos os habitantes estavam presentes. Então ela o viu, no fundo, atrás de todos.

— Arthur! — gritou a ruiva, o mais alto que conseguiu. Estava amarrada num tronco de madeira e mal podia se mover.

— Eliza! — gritou ele, sem saber ao certo o que fazer.

— E que fique registrado que a morte desta jovem se deve ao simples fato de que ela é uma bruxa! — vociferou um dos soldados, aquele que segurava uma tocha.

— E que prova você tem? — gritou Arthur, mais alto que a multidão. Não era bem o que ele queria dizer, mas quando viu já havia dito.

— Prova? Você quer uma prova, é? Olhe para o cabelo dela, é a única prova de que precisa! — essa parte o padre dirigiu especialmente para Arthur, então para a multidão: — Olhem! Olhem para o cabelo dela! Uma enviada do Satã está bem na frente de vocês, não conseguem ver?!

— E o que há de tão errado no cabelo dela? A cor dele não define nada, essa mulher não faria mal nem a uma mosca!

Algumas pessoas tiveram a ousadia de gritar junto com ele, concordando. Enquanto outras ficaram do lado do padre e daquele que estavam prestes a queimá-la.

Então o velho padre, com aproximadamente 60 anos chegou bem perto de Arthur e sussurrou para ele:

— Queime no inferno.

Aquilo deixou o loiro perplexo, à medida que o ancião se afastava com um sorriso triunfante.

— Queimem!

E com a ordem dada, o soldado que segurava a tocha, deixou-a cair aos pés de Eliza. A ruiva começou a soluçar de tanto chorar, enquanto o fogo subia para o seu corpo. Era isso. Era o fim para ela.

Arthur tentou ir até ela, talvez ainda houvesse como soltá-la. Mas algo o segurou, embora ele, não tivesse mais cabeça para prestar atenção no que. Seria a multidão? Os soldados? Célestine? Ou talvez, quem sabe, ele mesmo?

Quando a execução acabou e nada restara de Eliza além de cinzas, Célestine o levou para casa. Ele não relutou, nem por um segundo. Era como se não controlasse mais o próprio corpo e se não fosse pela jovem francesa, teria continuado ali na praça, sem se importar com o resto do mundo.

Quando chegaram à porta do chalé, ela soltou seus ombros e esperou qualquer reação do homem. Mas quando ele nada disse, ela tomou a iniciativa:

— Precisa de alguma coisa, seu Arthur? Se quiser posso fazer um chá ou...

— Chá não vai resolver nada, Célestine.

Ela assentiu lentamente, absorvendo o clima tenso e como ele devia estar se sentindo naquele momento. Verdade. Naquele momento, mais do que nunca, chá não passava de água com gosto. Nada além disso.

— Vou me retirar então — disse ela com a maior cautela possível. — Vejo o senhor amanhã. Boa noite.

— Boa noite.

Então ele foi até o quarto no andar de cima. Estava bem certo do que iria fazer. Ao chegar lá, abriu o baú com seus pertences pessoais e não demorou muito para encontrar a adaga que ganhara de seu pai aos treze anos.

Era uma adaga simples até, feita para caçar. Com uma lâmina prata comprida feita especificamente para perfurar carne. Era exatamente o que ele precisava.

— Alguns acreditam que ao fazer isso eu posso ir pro Inferno. Mas essa é a questão: sem você aqui, eu já estou no Inferno. Então... que diferença faz?

E com essas últimas palavras ele enfiou a adaga na própria barriga, tendo Eliza como seu último pensamento.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado (ou talvez não :-:). De qualquer forma é o que temos para hoje, bjs e até o próximo capítulo!