Meu crush é um zumbi escrita por GayEmer


Capítulo 8
"Se me atacá, eu vou atacá"


Notas iniciais do capítulo

E para acabar com esse hiatus eu lhes ofereço um novo capitulo.
Gente, me perdoem pela demora, é que são tantos problemas nessa vida, que eu já nem sei quem sou. Mas não vou ficar aqui falando das minhas tretas.
Boa leitura.

Ps: estamos chegando no final :( só pra avisar que o capítulo 10 será o último.



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Em um coliseu formado por pessoas, duas gladiadoras se preparam para a luta — como meu conhecimento em relação a gladiadores e batalhas na Grécia antiga não são lá grande coisa, vou narrar esse confronto de forma mais moderna.
A galera em volta, boa parte desconhecidos pra mim, se reúne em um círculo criando um ringue para Kate e Clara, que se preparam para arrancar a pele uma da outra com suas garras recém polidas na manicure.
Empolgados, a plateia grita instigando ambas a fazerem coisas como:
— Dá na cara dela, Clara.
— Arranca o aplique dessa puta.
— Briga. Briga. Briga.
— Não deixava, hen.
E por aí vai.
Acho que eu deveria me impor também, mostrar um pouco de incentivo, mas o fato de eu estar segurando a mochila de Kate e seu casaco, já é incentivo o suficiente pra mim.
O primeiro round se trata de intimidar o oponente, ter sangue nos olhos, fulminar o adversário com sua visão de calor e faze-lo recuar. Elas fazem isso muito bem, duvido que alguma delas recue.
Os cabelos de Kate estão presos em um rabo de cavalo, enquanto os de Clara estão soltos ao vento frio que atravessa o pátio. Eu consideraria isso uma desvantagem para Clara pois assim fica mais fácil puxa-la pelos cabelos e dar um soco em seu nariz.
Um soco bem dado e merecido.
Mas sou contra a violência física, sempre cuidei dos meus conflitos usando palavras, sou à favor da agressão verbal.
E é nisso que o segundo round se baseia.
Gaguejou perdeu, você não pode vacilar, sua língua deve estar tão afiada quanto venenosa. Seja rápido em suas respostas, e principalmente; seja cruel.
As palavras atravessam o ar como balas, um tiroteio de insultos e suposições sobre a vida sexual de ambas— no caso de Kate, ela é inexistente, mas Clara não sabe disso, ninguém sabe; exceto eu.
A tensão aumenta quando seus corpos se aproximam, Kate é mais alta e magra, enquanto Clara é mais baixa e encorpada. Por um momento tenho a sensação de que um soco de Clara quebraria cada osso no corpo de Kate, porém me lembro de que ela não é tão frágil quanto parece e recuo, me contendo para não ajuda-la.
Parece que ninguém respira, um silêncio gélido paira no ar antecedendo gritos eufóricos, quando em um rápido e atrapalhado movimento, Kate desfere um soco no rosto de Clara.
Ambas gritam de dor, e se afastam uma da outra.
Kate dispara palavrões e mais palavrões enquanto balança a mão no ar. Clara massageia o rosto resmungando em alemão com um sotaque carregado; com certeza são palavrões.
A audiência parece decepcionada, eu estaria. O círculo se abre e a plateia vai se espalhando pelo pátio, não há nada mais para ver.
Fim do terceiro round, empate técnico.
— Vocês deviam ir pra enfermaria. — Ele surge do nada, devia estar aqui o tempo todo escondido entre os espectadores.
Olho pelo canto do olho ele ajudar Clara com suas coisas, ontem ele me deu um buquê de rosas, hoje não recebo ao menos um bom dia. É melhor assim; eu acho.
— Vamos. — Digo a Kate — Não está quebrada, para de graça.
— Tá doendo. — Ela choraminga.
Pego a sua mão ferida, os nós dos dedos estão vermelhos, mas é só isso, não foi nada grave.
Dou um beijo em seus dedos ossudos.
— Um beijinho que sara.
— Idiota.
Daniel está subindo a escada com Clara que ainda massageia seu rosto, faço questão de andar devagar para manter uma distância segura entre as amazonas aqui.
— Parece que o Dani escolheu um lado.
— Ele não escolheu um lado. Ele sabia que eu ajudaria você, mas e ela? Quem faria alguma coisa?
— Foda-se ela.
— Ela já foi sua amiga, o que aconteceu entre vocês?
— Divórcio. Os pais dela se divorciaram, minha mãe era a advogada da mãe dela. Você sabe como a minha mãe é boa.
— A mãe dela ganhou no acordo?
— Foi injusto, a mãe dela que transava com o cara do escritório, mas mesmo assim ela ficou com a maior parte dos bens. Eu acho que também odiaria a filha da mulher que fodeu com a vida do meu pai. Enfim, ela me odeia, eu odeio ela, é uma relação que funciona.
Dou de ombros, por mais que goste de Kate e deteste Clara, isso é problema delas, não meu, por isso não digo que essa picuinha é idiota e que elas deviam parar com isso.
Para chegar a enfermaria subimos a escada para entrar no prédio da escola, ao invés de seguir pelo corredor principal dobramos para a direita passando em frente à sala do diretor, e logo em seguida está a porta para a enfermaria.
Bato na porta antes de abria-la. Daniel e Clara estão sentados na fileira de cadeiras encostada na parede. Há três lugares vazios, dois ao lado de Clara e um ao lado de Daniel.
Para servir de barricada me sento ao lado de Clara e Kate se senta ao meu lado.
A enfermeira, Morna — como ela gosta da água para o banho? Morna — está cuidando de um garoto que parece ter torcido o tornozelo. Morna é ruiva — não farei mais piadinhas, mas há um bom material aqui — ela é uma Z de 90 anos de idade, contudo aparenta estar chegando aos 40.
Morna é um lembrete de que um relacionamento entre um humano e um Z é inviável. Você ainda amaria uma pessoa cujo o corpo estivesse caindo aos pedaços, enquanto o seu ainda está no começo do processo?
O garoto reclama quando tem que descer da maca, o plástico que protege o tecido faz uma barulho engraçado quando ele levanta.
— Não fui eu. — Daniel diz.
— Quem tem a mão amarela que foi. — Mostro a palma da minha mão, vermelha e suada.
Sinto o cotovelo de Kate na minha costela e paro de rir.
— Coloque gelo quando chegar em casa e lembre-se de dormir com o pé para o alto. Um travesseiro irá resolver.
O garoto sai mancando batendo a porta ao sair, Morna se aproxima nos examinando de cima à baixo, ao final de sua inspeção ela pergunta:
— Devo relatar algo ao diretor?
Elas respondem em uníssono:
— Não.
— Tudo bem então, quem vai primeiro?
— Ela vai. — Kate responde.
O rosto de Clara está inchado e seu lábio inferior cortado, agora que vejo de perto o estrago parece ter sido maior.
— Eu não preciso da sua piedade. Vai você primeiro.
— Tá, então eu vou.
Kate se levanta e segue Morna para o outro lado da sala.
— Espera, eu que vou. — Clara avança rápido e esbarra em Kate.
— Venham logo as duas e parem com isso. Minha cabeça está pegando fogo, então não gritem.
Escuto um risinho ao meu lado.
— Pegando fogo. — Ele ri.
— Em chamas. — Sussurro.
Pigarreio e pego meu celular. De repente me sinto constrangido.
O silêncio habitual preenche o espaço entre nós, espero que ele diga algo idiota como sempre faz, ou me venha com alguma de suas perguntas, mas ele não faz isso.
Talvez eu devesse cumprir esse papel hoje, talvez eu devesse perguntar qual é a dele, o que ele quer, porém essas são perguntas que eu deveria fazer pra mim mesmo.
— Não comi nenhum chocolate. Kate comeu todos. — Digo.
— Eram dos bons.
— Perdi uma boa oportunidade. — Suspiro encarando a luz fluorescente no teto.
— Outras virão.
— Não tenho tanta certeza, esses chocolates eram especiais, "dos bons", como você disse.
Ouço Kate gritar um "porra isso dói", Clara ri e grita em seguida. Coitada de Morna e sua cabeça em chamas.


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Notas finais do capítulo

Mal feito.
Feito.



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