- Que cara é essa, Louise? – perguntou Lorcan quando eu passei por ele pela escada.

- A minha cara. A única que eu tenho! – eu falei raivosa esperando que ele entendesse que eu não queria papo. Mas é claro que ele foi atrás de mim. Ô Deus, as vezes eu queria que meu irmão fosse daqueles que não ta nem aí pra “irmãzinha”, por que eu tinha que ter um irmão atencioso?! Talvez porque o outro fosse exatamente como eu queria, ou seja, o oposto. Na maioria das vezes. Um deles tinha que ser assim!

- Lorckie, se você ainda não percebeu, eu quero ficar sozinha. Pode ser? – resmunguei, virando para o lado oposto que eu pretendia ir (que era o meu quarto) e indo para a biblioteca.

- Não. – dude, é a segunda vez só hoje que me dizem “não”. To me revoltando, já. Jura?, uma vozinha disse na minha cabeça. Ai meu Merlin, até voz eu to ouvindo agora!

- É sério, seu cabeçudo insistente. Me deixa sozinha, beleza? – eu pedi, massageando as têmporas e fechei os olhos, esperei um tempo e não ouvi nada. Abri os olhos esperando estar sozinha, mas tudo que eu vi foi Lorcan ainda parado na minha frente, com os braços cruzados. Bufei irritada, mas rendida. Ele percebeu e sorriu um pouco.

- Vai me falar o que ta acontecendo agora?

- Não. Vou só ignorar você. – eu disse com um sorriso sarcástico e virei o rosto.

- Você não consegue. – ele só pra variar, insistiu. Ignorei de novo. – Eu tenho uma coisa interessante para te contar.

Rapidamente voltei meu rosto para direção dele, que riu abertamente.

- Idiota!

- Hey, não sou idiota; você é. Você sempre cai nessa. – ele disse rindo.

- Tanto faz. Mas isso não muda nada, Lorcan. Eu já disse que não vou te falar.

- É o Scorpius, né? – ele disse quietamente e eu gelei. Não tinha mais vestígio nenhum de um riso no seu rosto. Ele estava sério.

- S-Scorpius? Da onde você tirou isso, Lorckie? – eu tentei disfarçar, mas puts, ele me pegou desprevenida. Eu gaguejei.

Agora foi a vez dele bufar.

- Eu conheço você, Louise. E eu conheço o Scorpius também, ele é meu amigo e você a minha irmãzinha. Como não poderia?! – ele falou, meio frustrado. Mordi o lábio inferior, meio insegura do que viria a seguir.

- Não sei do que você está falando, mano. Acho que ta vendo mais coisa do que realmente existe. Quero dizer, eu e o Malfoy? HAHAHA – eu ri forçada e ele me olhou categoricamente com uma cara que só ele (bom, e talvez o Lysander) conseguia fazer.

Suspirei. – Okay, okay. Eu meio que tenho uma quedinha por ele desde o Primeiro Ano como a maior parte das garotas de Hogwarts. E daí? Não é exatamente surpresa.

Ele continuou me olhando daquele jeito.

- Okay, talvez não seja uma quedinha. Mais um tombo. Mas não faz tanta diferença assim, faz?

Ele não parou de me olhar.

- Dude, é sério! Não rolou nada. Juro. Você acha mesmo que se tivesse acontecido algo eu estaria aqui?!

Agora ele acreditou!

- Certo, você tem razão. Mas Lola, eu realmente não—

- Eu sei. Você vai dizer que eu vou me magoar muito, e que ele não é exatamente o tipo de cara que namora. Eu sei tudo isso ok? Você acha que eu não sei?! Isso é muito difícil para mim. E ele ainda piora as coisas com todo aquele sex appeal, me provocando e... – parei, percebendo com quem eu estava falando. E fiquei mais vermelha que o cabelo dos Weasley.

Ele me olhou com pena, divertimento e repreensão. Tudo ao mesmo tempo.

- Ok, isso foi mais do que eu queria saber. – ele disse. Eu ri constrangida e baixei os olhos.

- Desculpe. – murmurei.

- Hey pequena, não tem por que pedir desculpas. Eu sou seu irmão, você pode contar comigo para quase tudo, menos quando for falar de um garoto principalmente se ele for meu amigo. AÍ é demais para mim.

- Não é isso! – eu ri – Desculpa por ser grossa, você só queria me ajudar.

- Está perdoada. – ele piscou, já se virando para ir embora.

- Lorckie, - chamei segurando seu braço,  ele parou sem se virar. – Não conta nada pro Lysander, tudo bem? Ele não ia ser tão compreensivo como você foi.

Lorcan virou seu rosto e me encarou, mas assentiu.

- Ta certo. Não vou contar pra ele. Mas olha, to de olho em você mocinha. – ele sorriu, eu soltei seu braço e ele foi embora.

Lorcan agora iria me vigiar, e eu não sabia se isso era uma coisa boa ou ruim. Mas sentia que estava prestes a descobrir.

***

Já comentei que – ao contrário da minha mãe – eu sempre fui péssima em Adivinhação? Hoje teríamos um “teste” e eu me saí muito mal nele. Fugi o mais rápido possível da torre quando acabei o teste, querendo morrer e me xingando por não entender nada que aquela mulher maluca falava.

Pensei que meu dia não deveria ser pior que isso. Como eu estava errada!

- Lola, Lolita, Lolazinha! – ouvi cantarolarem e rosnei.

- Elisabeth Mariah McGold, você sabe que eu odeio quando me chamam de Lolazinha! Lolita ainda passa, mas pelas calças e meias de Merlin! Lolazinha é o Ó.

- Shhhh. Se você prometer nunca mais gritar meu nome inteiro para Hogwarts toda ouvir, eu prometo não te chamar mais de Lolazinha.

- Você vai fazer o juramento?

- Deixa de leseira, sua poia! É claro que não. – ela rolou os olhos.

- Ah, então não vale. – fiz biquinho  e nós rimos.

- Você não devia brincar com coisas sérias, Louise. – Lizzie resolveu me dar sermão. Minha vez de rolar os olhos.

- Tanto faz. Vamos subir? Tudo que eu quero é minha caminha quente e fofa e esmagar o Nicko... – parei.

- Que foi?

- O Nicko! Estou com saudades do meu bebê peludo!

- Ele ainda ta com o Malfoy? – ela perguntou, já toda engraçadinha. Bufei meio irritada. Ciúmes?! Não, jamaaaais.

- Sim. Eu gritei com ele há dois dias e fiquei com tanta raiva que deixei meu bebê com ele.

- Gritou com ele, por que?! – Lizzie estava curiosa, é claro que ela estava, mas por trás disso, pude ver que estava meio resignada. Só o que me faltava brigar com ela por causa dele.

- Simples: porque ele é um idiota! – virei e saí, indo sozinha até a torre da Corvinal. Não estava mais afim de discutir, já estava demais por hoje. Mas é claro, nada é como eu quero.

Estava chegando a grande porta com uma águia na frente, tão familiar. Sorri ao pensar em qual seria o enigma que eu teria que resolver, mas o sorriso durou pouco, pois bem diante de mim, estava meu sonho e pesadelo particular.

Beijando outra.

Logo ali, à menos de 2 metros de distância. E eu quis morrer de novo.

Continua...