- Bom dia Lorckie! – cantarolei alegremente, sentando ao lado do meu irmão na mesa da Corvinal no café da manhã.

- ‘dia, maninha. Qual o motivo da alegria repentina? – é claro que Lorcan perceberia que eu estava diferente, afinal, eu sempre acordo com um péssimo humor e sonolenta. E é por isso que eu tinha uma resposta na ponta da língua:

- Nada de mais, só tive sonhos bons. – eu disse – Hey, cadê o meu pudim?

- Aqui. E aqui está seu suco de laranja e sua maçã. – ele me passou tudo, e eu sorri agradecida.

- Você é o melhor irmão do mundo!!! – exclamei e o abracei.

- Assim eu fico com ciúmes. – ouvi uma voz atrás de nós e me virei. Lysander fez uma cara de falsa raiva e depois sorriu. Eu me levantei e o abracei também. Depois rindo, comentei:

- Cara, ter irmãos gêmeos requer muita atenção! – e nenhum dos dois se agüentou, rindo também.

- Você é muito engraçadinha, maninha. – Lysander disse irônico. Eu bati no seu braço.

- Sou sim! E sou muito linda também. – balancei meu cabelo e fiz cara de convencida.

- Concordo plenamente com você. – meu sorriso congelou no rosto e eu corei sem querer, olhei para o ser esculpido por Deus que fez esse comentário.

- Hey cara! Não se esquece que é da minha irmã que você está falando.  – disse Lysander, de repente sério. Malfoy só sorriu, levantando as mãos em sinal de rendição.

- Foi só um elogio. – disse simplesmente.

- Acho bom. – Lorcan apoiou nosso irmão e passou os braços em torno dos meus ombros, protetor. Eu sorri debochada para Scorpius.

Ele fingiu não ouvir e se virou para Lysander.

- Temos aula de Poções com a Grifinória agora, vamos? – chamou.

- Sim, mas cadê o Albus?

- Encontrou com a Rose enquanto passávamos pela mesa dela e eles foram juntos para a aula. – Scorpius rolou os olhos.

- Ah. Então vamos logo. Tchau pequena, até depois mano.  – ele se despediu com um beijo no topo da minha cabeça e deu dois tapinhas na costa do Lorcan, em seguida se virou e saiu do Salão Principal com Scorpius, que ao passar na porta, se virou e sorriu aquele sorriso para mim. Abaixei a cabeça rapidamente e ignorei (tentei). Comi rapidamente meu pudim e bebi a metade do meu suco, aula começaria logo e eu estava atrasada.

***

Mais tarde quando as aulas já haviam terminado, eu andava despreocupada pelo corredor do segundo andar com Lizzie, enquanto conversávamos sobre a nova linha de produtos da Bruxa Maravilha quando fui abordada.

- ... Eles melhoraram a formula e acrescentaram mais opções de cores... – Lizzie falava entusiasmada e eu ouvia mais animada ainda. Ouvi um pigarro e o ignorei. Em seguida ouvi outro, seguido da voz de Scorpius.

- Interrompo?

- N-não, imagina... – gaguejou Elisabeth toda besta, o admirando. Há-há, era só o que me faltava! Minha melhor amiga é afim do meu... Er, nada. Ele não é nada pra mim! Pare de colocar coisas na sua cabeça, Louise Scamander!

- Na verdade, está sim. Mas como eu sei que você não vai sair daqui até falar o que quer, diga de uma vez!

- Não seja grosseira, Scamander. – ele me censurou sarcástico. – É sobre o Nicko.

Rapidamente mudei minha expressão para uma preocupada.

- O que houve com meu gato? – pedi nervosa.

- Não aconteceu nada com ele! – riu o Malfoy – Só preciso que você venha comigo. Você não se importa, não é, McGold? – dirigiu a pergunta à minha amiga.

- Claro que não! – disse rapidamente uma Lizzie sorridente. Olhei de cara feia pra ela que deu de ombros e gesticulou um “xô” para mim. Bufei e lancei um dos meus piores olhares a Scorpius, que tinha um sorriso torto no rosto.

Ele colocou a mão na minha costa, me guiando, e eu deixei fazê-lo. Estava meio que aproveitando o momento e sorrindo aos olhares que as garotas invejosas me lançavam. Com esse pensamento, ri, e Malfoy me olhou de soslaio, confuso.

- Do que você está rindo? – perguntou, claramente confuso e me olhando de um jeito estranho. Deve pensar que eu sou louca! Ri mais.

- Não, é só que... Isso é bem esquisito sabe? Andar ao seu lado, quero dizer. Com todas essas garotas bobas se roendo de inveja. – a mão que estava na minha costa e parecia de alguma forma casta, deslizou para o lado e me trouxe mais para perto dele. Isso não foi nenhum pouco casto.

- Você gosta? – sim, sim, sim!, eu queria dizer e depois virar e beijá-lo loucamente enquanto ele passaria suas mãos pelo meu corpo... Pisquei, essa fantasia era nova e muito mais quente que as outras que eu tenho às vezes. Mas é claro que eu não disse “sim”, por mais que Merlin soubesse que tudo que eu queria naquele momento era dizer aquelas três letrinhas positivas.

- Não, não quero! E não abusa, Malfoy.

- Como quiser, madame. – ele se afastou de mim o suficiente e piscou mais uma vez para mim. E involuntariamente, eu sorri.

Scorpius me levou para o terceiro andar, um andar muito suspeito porque er a praticamente deserto. Olhei acusatoriamente para Scorpius, que apenas me lançou um de seus sorrisos, o que ele mais usava comigo.

- Certo, onde você disse que o Nicko está mesmo? – perguntei enquanto andávamos.

- Eu não disse. – riu.

- Malfoy! – parei, irritada. – É sério, onde está meu gato?

- Calminha, Scamander. Eu só disse que não tinha dito onde seu gato estava  e não que nós não íamos nos encontrar com ele.

Rolei os olhos exasperada.

- Vem – ele chamou e sem cerimônia me puxou pelo braço, abrindo uma das portas do corredor deserto. Adentrando a sala, deduzi que era uma sala de aula nunca usada, pois tinha muita poeira (mais que o comum) e tinha mesas, cadeiras e uma lousa. Nicko estava ali deitado numa caminha que eu nunca tinha visto antes e que com toda certeza era dele, localizada em cima da mesa do professor. A caminha era verde escura e dourada, logo, tinha sido um presentinho de Scorpius.

Quando Nicko viu Malfoy, ronronou algo.

- Fala sério, esse gato ta cada vez mais folgado. – eu disse bufando, Scorpius riu e acrescentou todo metido:

- O que fazer se eu sou irresistível até para os gatos?

- HÁ HÁ. Você se acha garoto.

- Eu tenho motivo, não tenho? – ele levantou uma sobrancelha, sua voz baixa.

Pisquei bobamente duas vezes, mas logo refiz meu semblante.

- É claro, ô irresistível Malfoy – debochei. – Vem Nicko, a mamãe ta com saudade! – eu chamei, fazendo voz de bebê, ignorando o sonserino.

O peguei no colo e quando ia abrir a porta para sair, Scorpius me parou. Virei devagar, tentando me manter calma. Porque, primeiro: Malfoy me estressava e segundo: se ele continuasse com essas “investidas” eu ia acabar cedendo... Qual é, ele é o Scorpius e eu não sou idiota né? Bom, talvez eu seja.

- Pode soltar a porta, querido?

- Não. – ele respondeu e quando eu ia abrir a boca para protestar, ele rapidamente disse: - A menos que me agradeça por cuidar do seu gato. E da forma que eu quero ser agradecido. – terminou com um sorriso maléfico cheio de segundas intenções.

- Agradecer? BEBEU UMA GARRAFA DE WHISKY DE FOGO NUM GOLE SÓ, IMBECIL?! VOCÊ QUE QUIS FICAR COM O GATO, EU NÃO PEDI NADINHA! – e lá se foi minha calma. Com a minha explosão, o gato medroso pulou do meu colo e se escondeu embaixo da mesa.

- Qual é Lola, eu sei que você quer o mesmo que eu... Por que a gente não acaba logo com todo esse estresse e parte logo pra parte que você cede?

Parei. Meu rosto ficou vermelho e eu estava fula da vida. Ele achava mesmo que eu ia me deixar levar pra depois ele me largar, me trocando por umazinha qualquer? Não, não. Eu não caio nessa. De jeito nenhum! Era melhor Scorpius Malfoy aprender a ser rejeitado, era exatamente isso que eu ia fazer.

Ele pareceu perceber o meu estado de espírito, que se estivesse melhor, teria rido da cara que ele fez. Acho que eu o assustei sem nem usar palavras. Ponto pra Lola!

Saí de lá sem levar o Nicko. Que ele ficasse com o gato até lá; e era bom que ele cuidasse bem do meu bebê.