Desvios escrita por Sayumi Ota


Capítulo 5
Capítulo 4 - Confiança


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente! Espero que gostem do capítulo, uma ótima leitura! Feliz páscoa e ovos de chocolate para vocês.



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Magali olhava para ela mesma na frente do espelho. Seu vestido azul exibia sua bela silhueta sem exageros. Soltou o cabelo e encarou-se, procurando defeitos. Esta noite ela convenceria Quim para saírem, porque não aguentava mais ter de dividir o namorado com a padaria, além de não ser uma divisão justa.

Ela não se importava nem se eles apenas ficassem na casa um do outro. Tudo o que ela queria era ter um tempo a sós com Quim, sem nada da padaria envolvido. Magali não passou a última semana inteira ajudando-o com a padoca de graça. Ele teria que estar mais livre, mesmo o lugar estando aberto domingo à noite.

De repente, a cabine parecia pequena de mais, e Magali sentiu-se sufocada. Será que o Quim tinha parado de gostar dela como antes? Nunca o garoto trabalhou tanto como agora. Além de tudo ela estava preocupada com a saúde dele, alguém que trabalhasse daquele jeito poderia ficar doente.

E então sentiu-se egoísta. Quim nunca reclamava quando ela saía com seus amigos.

Ela encarou o espelho. A garota de cabelos negros escorridos, com um vestido azul elegantes, e sapatilhas pretas a analisava. Por que ela estava tão preocupada assim? Foram as três vezes que Quim terminou com ela que a faziam sentir-se insegura? [Lembra? Foram nas TMJs 45, 67 e 89].

Magali cerrou os punhos. Não, aquela não era ela. Magá conversaria com Quim sobre o porquê do rapaz ficar atolado com serviço.

Ela arrancou a etiqueta do vestido e correu para o caixa pagar. Quim estava escondendo algo dela. E Magali iria descobrir.

As visitas de Magali na padaria eram normais. Mesmo o pai de Quim não gostando dela, a moça não perdia uma oportunidade para ver seu namorado, nem que fosse só para dizer oi. Desta vez, no entanto, a aparição dela assustou Quim. Ele a olhou, surpreso. Ela estava linda, não, ela era linda, mas estava ainda melhor. Não fosse, obviamente, a expressão que fazia. Os olhos o encaravam com desconfiança, enquanto ela mordia os lábios e suas sobrancelhas se curvavam em desaprovação.

— Você está linda, Magá – murmurou Quim. Ele agradeceu mentalmente pela padaria quase não ter homens naquele horário. Algumas vezes era insuportável aturar todos os rapazes “apreciando a paisagem”. – Você vai sair?

Magali parou de morder os lábios e cruzou os braços da maneira que pôde, já que carregava uma sacola de uma loja. Ela ficou mais próxima ao balcão de doces, que era onde Quim estava. Porém, em momento nenhum ela reparou nos cajuzinhos recém feitos, o que, Quim admitia, era assustador.

— O que está acontecendo, Quim? – sussurrou ela.

Sutilmente, Quim olhou ao redor da padaria. As mesinhas redondas estavam desocupadas em sua maioria, enquanto outras apresentavam pratos dos mais variados tipos. Grande parte das pessoas eram garotas, e a outra parte era composta de famílias com crianças. Um bebê começou a chorar.

— Eu estou trabalhando, Magá, como você pode ver. Eu sinto muito, queria sair com você também – respondeu ele.

Magali revirou os olhos. Quim engoliu a seco. O que ele tinha feito? Tinha esquecido o aniversário de namoro dos dois? Não, não, ainda não era fevereiro. O que aconteceu?

— Quim, o que está acontecendo? O que foi? Por que você não quer conversar comigo? – Ela baixou os olhos para as mãos de Quim, que estavam em cima do balcão, e ponderou se poderia colocar as suas junto às dele. Por fim, não chegou perto. – Eu sei que está acontecendo algo. O que é? – Ela abaixou a voz e se abraçou. – Eu estou preocupada.

Imediatamente o peso da culpa o torturou ainda mais. Ele sentia muita tristeza por esconder algo dessa imensidão da sua namorada, e com certeza, ela não o perdoaria fácil. Entretanto, o que ele podia fazer?

— C-como assim, Magá? – Quim sentia seu corpo gelar.

— Não minta, Joaquim – Magali murmurou. O Joaquim mais inesperado é o mais mortífero. Ela quase nunca o chamava assim. – Você é um péssimo mentiroso. Como eu posso te ajudar? Fala, por favor.

Quim queria abraçá-la, e contar tudo, além de pedir desculpas. Porém, ele decidiu guardar este segredo consigo, era uma promessa. Ele não queria ver Magali decepcionada. Com receio, levou sua mão até o rosto de Magali, que parou de olhá-lo.

— Magá, eu não posso falar nada agora – Ele sussurrou o mais baixo que pôde. Os olhos dela encontraram os seus rapidamente. Então ele estava escondendo algo. Ela não estava enganada. – Não é nada realmente importante agora, mas pode vir a ser, e se acontecer isto, eu vou te contar, você vai ser a primeira.

Com raiva, Magali afastou a mão de Quim, e em seguida, deu alguns passos para longe do balcão.

— Eu achava que... eu achava que você confiasse em mim, Quim – balbuciou.

— Eu confio, Magá. Eu só não quero te decepcionar – falou ele.

— Pois adivinha? Você já está fazendo isso – Magali gritou. Ela tapou a boca com as mãos, e virou a cabeça lentamente. Todos a encaravam. Sua vista foi ficando embaçada, e ela começou a correr para fora da padaria, para longe de Quim.

Quim colocou o avental no balcão e foi atrás dela, antes que seu pai surgisse para impedi-lo. Ela estava quase atravessando a rua, quando ele a alcançou, e puxou-a para longe dos carros. Magali tentou se esquivar do abraço de Quim, e esperneava. O garoto nunca tinha a visto agir daquela maneira. A sensação de culpa veio de novo, e a vontade de se entregar aumentou, porém ele era mais forte.

— Magá, eu não vou te soltar até você se acalmar – Ele falou. Imediatamente ela parou de se debater e de bater os pés no chão.

— Me solta – pediu.

— Magá – Ele a soltou, mas apenas para virá-la e fazer com que ela olhasse nos olhos dele. O rosto de Magali estava molhado e seus olhos estavam vermelhos. – Eu sei que isso não é a melhor coisa a se fazer, e também sei que não é justo com você, mas eu preciso gostar de mim. E o que estou fazendo vai me ajudar a alcançar isto. Por isso, eu preciso de sua ajuda – A expressão de Magali suavizou. – Eu preciso que você aceite esta condição. Se eu conseguir o que eu estou tentando, ou não, eu vou contar para você. E eu prometo te recompensar, então deixa eu ficar com isso só para mim, pelo menos por enquanto?

Ele soltou os ombros de sua namorada e esperou que ela chorasse mais, ou fugisse, quem sabe até começasse a socá-lo, porém, Magali o abraçou.

— Tudo bem. Quando estiver pronto. – Para Magali, não era fácil. Quim havia mesmo perdido a confiança nela? E o que ele estava fazendo?

Quando Quim a envolveu em seus braços, ela respirou fundo. Precisava acreditar que tudo ficaria bem. Sim, ficaria bem. Ela só precisava acreditar nele. A tarefa, no entanto, não se mostraria ser tão simples assim.


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Notas finais do capítulo

Olá de novo! Primeiro eu queria agradecer à nandinha berry, Bia e helenabenett por comentarem! Fiquei muito feliz com os comentários de vocês! Muito obrigada mesmo!
Gente, eu estou morrendo porque não consegui encaixar até agora o DC nessa história. Eu o acho super divertido, e não conseguir colocá-lo me deixa louca. Vou tentar dar um jeito nisso.
Espero que tenham gostado e uma feliz páscoa! Vejo vocês!



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