Passou-se uma semana desde que Cascuda e Cascão discutiram. Ela nem o olhava quando ambos estavam na escola, e Cascão não tinha voltado atrás. Desta vez, ele não ia ficar se sentindo mal por mais uma neura da garota.

Ele também não conseguiu mais falar com Magá, que por sinal estava ocupada ajudando Quim com algumas coisas. Ele não dava a mínima para o trabalho que os dois tinham de fazer, só que seria bom dar uma relaxada, como no dia que todos foram ao cinema.

Por mais que ele soubesse que o namoro de Magali e Quim não era perfeito, bem, eles estavam melhores que Cascão e Cascuda. Bem melhores. E Magali ficava admirando o professor Rubens, o que era uma injustiça, pois se ele tivesse alguém para olhar, Cascuda até que poderia ter ciúmes.

No final, não adiantava ficar pensando nisso. Então ele pensou no que deveria fazer para Cascuda desculpá-lo – apesar de, obviamente, ele não ter feito nada – sem que ele tivesse de pedir desculpas. Ah, claro, sem que ele tivesse de parar de ver Magá.

Remexendo-se em sua cama, pronto para dormir só com sua cueca samba-canção branca, Cascão criou um grupo no WhatsApp* para dar uma sugestão. Adicionou Magali, Mônica e Cebola. Rapidamente, mandou uma breve mensagem:

“Galera, tava pensando se vocês queriam vir aqui em casa assistir a nova temporada de Jogos Mortíferos” – E enviou. Lendo a mensagem, percebeu o quanto ele estava ridículo desta vez. Sem Cascuda, ele sentia muita solidão, o que era estranho, pois ele sempre foi acostumado a não ter um namoro “pegajoso”, e até quando ela terminara com ele, foi mais fácil. É claro que, naquela época, Magá o ajudou.

Ele riu, se ele voltasse no tempo, na época sem a Cascuda, e avisasse ao ele do passado que Mônica e o Careca não ficariam juntos, não, que ela ficaria com Do Contra, seu eu do passado provavelmente daria boas gargalhadas, além de achar incrível a história de viagem no tempo.

E se ele contasse que voltaria logo com Cascuda, o seu eu provavelmente ficaria na dúvida. Espera, o que ele estava pensando?

Se tudo funcionasse como nas histórias do Cosmo-guerreiro ou do Capitão Pitoco, sua vida seria mais fácil.

Cascão bateu a cabeça no travesseiro macio. Ele estava fazendo draminha? Logo ele? É, era definitivo, andar demais com Cebola trazia efeitos colaterais [Cê: Ei, essa eu ouvi].

Ergueu-se da cama e pegou uma HQ para ler. Não ia ficar fazendo nada enquanto esperava os outros. Mal leu metade dela quando seu celular apitou. Ele desbloqueou e clicou no aplicativo. Abriu a conversa do grupo.

Magá: É verdade! Quando começa?

Feliz, Cascão digitou: Domingo q vem.

Mônica: Acho que n vai dar pra ir. Tenho q ver o DC.

Careca: Domingo eh o dia que ele marcou o trabalho.

Magá: Cas, não sei se vai dar.

Mônica: N pode ser. Eu n aceito ele fazer isso comigo. Só pode ter sido ideia sua.

Careca: Minha? Eu n mandei vc arrumar um namorado louco.

Magá: Eu marquei de sair com o Quim, por que não fazemos algo outro dia?

Mônica: Ele n é louco!

Cascão suspirou. Ele achava que seus amigos podiam ajudá-lo, que Magá iria desgrudar um pouco de Quim, e que Cebola e Mônica tinham se acertado. Parece que alguém estava enganado.

Antes que Cascão pudesse enviar qualquer outra mensagem, para aceitar a ideia de marcar outro dia, alguém o chamou em privado. Ele não evitou a ansiedade quando leu a mensagem de Cascuda:

“Nós precisamos conversar”