Posso te Contar Um Segredo? escrita por Mateus Sales


Capítulo 3
Tempestade perfeita


Notas iniciais do capítulo

Juntamente de mensagens anônimas, grandes confusão surgem. Agora as mentirosas terão de lidar com um perseguidor que, mal sabem elas, trará bastante medo e angústia. Boa leitura!



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Depois de sair correndo da aula, Aria pulou até o refeitório e encontrou Emily sentada sozinha num dos bancos. Ela chegou perto, reproduziu um pequeno “olá” e começou a desempacotar sua mochila, que estava completamente desarrumada — resultado de um dia inteiro pensando num simples cara que havia beijado. Emily continuou comendo um sanduíche que Aria achou feio, enquanto a menor resolveu chamar Spencer para sentar com elas.

— Tudo bem, meninas? — Spence perguntou, enquanto depositava sua bandeja sobre a mesa.

— Sim — falou Aria. — Gente, por que a Hanna está tão diferente?

— Depois que você saiu de Rosewood, a Hanna mudou muito, querida — Spencer disse, caçoando.

— É... Hanna continua a mesma pessoa, mas ela construiu um muro enorme com Mona. — Emily falou, segurando um pedaço do sanduíche.

— Um muro forte, mas quebrável — comentou Spencer, enjoada.

— Nossa, que estranho — disse Aria, olhando para seu Motorola de modelo antigo. A mensagem que Aria havia recebido ainda continuava lá, como ela havia deixado. — Nunca pensei que Hanna poderia mudar tanto assim. Ainda mais com a Mona ao lado! Ela sempre falou tanto da Mona!

— O mudo gira e gira e gira, amor — caçoou Spencer, mordendo uma maçã extremamente vermelha.

Em seguida, elas não conversaram muito — não tinha muito o que conversar após o desaparecimento de Alison —, só foram interrompidas por duas vozes agudas e bastante femininas.

— Olá, queridas — Mona Vanderwaal disse, apoiando o cotovelo no ombro de Spencer. — Oi, Aria, que bom que você voltou!

— Oi, meninas — Hanna falou, sorrindo largamente.

— Oi — Emily, Spencer e Aria falaram em uníssono.

Um estranho silêncio instalou-se entre as garotas, e Mona — é claro — resolveu quebrá-lo, comentando:

— Vocês, garotas, poderiam aparecer na festa que darei daqui a dois dias! — Ela gritou, captando a atenção de todas.

Mona ficou olhando para elas, na expectativa.

— Vou pensar, eu e minha mãe ainda estamos desempacotando as caixas da viagem, então... — Aria falou, segurando a nuca com cuidado.

— Eu posso ir, não tenho nada para fazer — Emily falou, e Spencer olhou para ela e pensou um pouco.

— É, eu também vou — Spence afirmou. — Mas, por favor, não coloque muitas coisas relacionadas à maquiagens e roupas estilosas!

— Tudo bem, Spence — Mona falou, agarrando-a para um abraço. — Nos encontramos no Country Club na quinta-feira, então?

Emily e Spencer assentiram, enquanto Aria observava tudo.

— Até mais, Aria! — Hanna falou, puxando um pouco o cabelo dela e relembrando suas mechas rosas.

Aria sorriu e olhou para Spencer.

— Não é como se ela fosse outra pessoa — afirmou.

— Nós não dissemos isso — Spencer falou, levantando-se ao mesmo tempo que Emily.

Aria releu a mensagem de texto e, dessa vez, resolveu preocupar-se.

Talvez ele saia com alunas o tempo todo. Muitos professores fazem isso. Pergunte ao seu pai! —A.

Como era possível alguém ter visto ela e Ezra beijando-se? E mais, saber do segredo de seu pai, Byron? Do último, apenas Alison sabia. E Alison estava desaparecida.

Depois de deixar a escola, mais tarde naquela segunda-feira, Spencer dirigiu até a casa dos Hastings e, em frente ao celeiro da família, Melissa beijava alguém. Ao perceber que a irmã beijava Wren, Spencer corou. Não a via beijando ninguém desde anos atrás, quando ela violentamente beijou Ian Thomas, antigo namorado dela.

— Olá — Spence falou, assustando Melissa e Wren. — Tudo bem?

— Sim — Melissa falou, gargalhando. — Spence, eu adorei o que você fez com o celeiro. Ficou incrível!

Spencer de imediato se assustou. Melissa não era de dar elogios. Muito menos para a própria irmã.

— É — Spencer disse, segurando as próprias mãos —, eu trabalhei duro durante toda as férias de verão para morar aí.

— Papai não te contou? — Melissa questionou, sorrindo falso.

— O quê?

— Eu e Wren vamos morar no celeiro — Melissa falou. Quando Spencer entendeu a frase, deu-se conta do que realmente estava acontecendo. Melissa havia a elogiado por ter roubado o celeiro dela. — Você vai ter que esperar mais no quarto.

— Eu não acredito! — Spencer explodiu, dando passos exagerados até a irmã. — Eu suei para reformar o celeiro! Estudei para atividades extracurriculares! Fiz tudo o possível para ficar com o celeiro e você faz isso? — Spencer olhou nos olhos na irmã e Wren ficou assustado e meio que sorrindo também. Spencer desviou o olhar quando, sem querer, ela ficou encantada pelo sorriso do garoto.

— Não importa — Melissa disse. — Nós vamos morar aqui.

Desnorteada, Spencer caminhou até a casa e, quando atravessou as portas de vidro, tirou o casaco e olhou através da janela. Melissa e Wren beijavam-se novamente. Spencer tinha um plano na cabeça. E ela o colocaria em prática.

Quando chegou ao quarto e trocou o traje pesado da escola por um vestido meio apertado, Spencer visualizou a tela do smartphone acendendo. Ela havia recebido uma mensagem de texto anônima. Curiosa, clicou em ABRIR.

Parece que alguém está gostando do namorado da irmã — novamente. Pobre Spencer... vive na sombra da M. Mas tenha cuidado com seus atos, mentirosa, pois tudo que vai volta. —A.

Spencer jogou o celular na cama, aborrecida. Quando o pegou novamente, releu a mensagem. “A,” quem é A? Quando percebeu do que realmente se tratava, Spencer correu até o jardim frontal da residência. Olhou para todos os lados. Saiu da casa. Olhou para a frente da casa dos DiLaurentis, em seguida, para a casa Cavanaugh e depois para os Vanderwaal. Ninguém. Como alguém poderia saber de uma coisa dessas? Ainda mais, saber que Spencer beijou Ian Thomas, ex-namorado de Melissa, quando eles ainda estavam namorando?

Enquanto saia do quarto, Emily ouviu sua mãe gritando. Correndo, ela avistou uma gota de sangue no tapete da sala — o que a deixou ainda mais nervosa.

— Mãe?! — gritou, olhando para todos os lados.

— Aqui, Emily!

Emily correu até o quintal e viu Pam, lavando as mãos.

— Cortei meu dedo, querida — Pam falou. Emily, ao ouvir a notícia simples, relaxou um pouco mais e liberou a tensão. — Que horror!

— Quando papai chega? — Emily perguntou, recostando-se na parede cinzenta.

— Próxima semana — Pam falou, cortando uma cebola ao meio. — Ele disse que está na última “missão” — ela fez aspas — e logo chegará.

Emily sorriu em resposta e, quando já estava pronta para sair, Pam gritou por seu nome — mais uma vez.

— Preciso que você leve isso — Pam pegou uma cesta recheada de frutas, doces e legumes — para a nova família da vizinhança.

— Nova família? — Emily quis saber, incógnita.

— Sim, querida. Os St. Germain estão morando na antiga casa dos DiLaurentis.

Ao ouvir o sobrenome de Alison, Emily estremeceu. Durante o período após o acontecido com Alison, ela sempre preferiu não comentar sobre nada com ninguém, ainda mais quando sua amizade com Hanna e as outras simplesmente evaporou.

— Tudo bem, eu levo.

Hanna aplicou uma nova camada de seu brilho labial avermelhado. Ela estava completamente fabulosa com o novo vestido que havia ganhado de sua mãe.

— Mãe, o que está cozinhando? — Hanna questionou quando viu Ashley em frente ao fogão.

— Suas panquecas favoritas, querida — Sra. Marin falou, pondo mais uma panqueca sobre a torre de panquecas que ela havia construído num prato.

— Mas estamos no almoço! — Hanna hesitou, mas pegou uma panqueca já fria e mordeu um pedaço enorme da massa.

— Qual o problema? Nós somos diferentes, podemos variar um pouco.

Hanna riu e, meia hora depois, quando percebeu, havia comido mais da metade das panquecas e seu brilho labial havia desaparecido. Hanna já se sentia mais gorda, estranha, não-fashion, desacelerada, perdedora.

— Já volto — Hanna falou, pulando como um coelhinho.

Quando chegou ao banheiro, Hanna olhou-se no espelho e pensou: “Não posso mais voltar a ser uma perdedora como antes.” Dando uma última olhada em si mesmo, Hanna recebeu uma mensagem de texto, mas resolver ler depois.

Chegando perto do vaso sanitário, Hanna abaixou a cabeça e com o dedo indicador direito fez o que sempre fazia. O que sempre fez. O que fez para ser Hanna, ser fabulosa, ser popular.

Minutos depois, após tomar um banho, arrumar os cabelos loiros, reestruturar a face com maquiagem e escolher uma roupa linda do guarda-roupa, Hanna resolveu ler o conteúdo da mensagem de texto que havia recebido, agora duas mensagems.

Ah, Hannakins, pobre Hanna Baleia. Eu espero que você tenha uma longa vida como rainha da escola, pois eu sei seu sujo segredinho e estou pronta para contar, basta você dizer sim. —A.

Hanna leu e releu o texto. Uma enorme pressão instalou-se em seu corpo, que agora já tremia, sentindo algo que sabia ao certo dizer o quê. Hanna poderia ser muitas coisas, exceto uma perdedora. Ela não iria deixar isso acontecer.

Quando lembrou da segunda mensagem de texto, Hanna retornou ao aplicativo de mensagens. Sua tensão foi aliviada quando ela percebeu que era uma mensagem de Spencer.

Hanna, corre até minha casa, preciso te contar algo.

A loira não pensou duas vezes. Mona estava durante uma reunião de família e Hanna não podia contar sobre a mensagem para ela, o jeito era conversar com Spencer, ou talvez com Emily ou Aria — vulgo suas antigas amigas.

Após apertar no botão da campainha já conhecida, Emily avistou uma adolescente de cabelos volumosos abrindo a porta dos DiLaurentis — ou St. Germain.

— Oi! — falou a garota, com uma voz doce e, ao mesmo tempo, engraçada. — Você deve ser a filha da Pam Fields! Ela me falou que te mandaria entregar uma cesta.

— Sim — Emily falou, meio constrangida com o humor da garota. — Sou Emily Fields.

— Legal! Eu sou Maya. — Maya pegou a cesta e abraçou Emily repentinamente.

Emily sorriu de leve e ficou ainda mais assustada — e, por que não, obcecada — com o quanto Maya era “estranha”, e Emily gostou disso.

— Olha, pode ser abuso, mas você pode me ajudar com essas caixas? — Maya apontou para umas caixas de papelão que estavam sobre o gramado.

— É abuso — Emily falou. Maya de repente parou de sorrir. — Mas vou te ajudar.

Maya num instante voltou a sorrir e mostrou a casa para Emily — Emily até poderia já conhecer o lugar, mas queria só ver a outra falando e falando sobre os cômodos e sobre seu quarto.

— Eu conhecia a família que morava aqui — Emily revelou.

Quando Maya percebeu que mostrou toda a casa para nada, ela olhou loucamente insana para Emily.

— Eu não acredito que você me fez te mostrar tudo! — gritou Maya, séria. Emily olhou envergonhada para a garota, que, de repente, começou a rir. — Desculpas! Eu gosto das suas reações. Eu tô só brincando.

Emily sorriu. Maya sorriu. Elas se olharam por um milésimo de segundo.

— Então, você é Emily, umas das amigas da garota desaparecida — Maya falou, abrindo uma gaveta da cômoda azul-bebê.

— Sim — disse Emily, sentando na borda da cama de Maya.

— Eu posso não falar disso se você quiser — Maya falava enquanto caminhava até próximo de Emily.

Quando ela estava se aproximando, tropeçou no tapete ainda enrolado que estava no chão. Emily, num movimento rápido, impediu a queda de Maya, segurando-a nos braços. As duas ficaram se olhando por um instante e, depois, Emily beijou Maya. Um beijo calmo e lento. Emily percebeu um cheiro/gosto de chiclete de banana enquanto beijava a garota. Ela também pensava no quanto era incrível beijá-la.

Quando terminaram, Maya se ajeitou e olhou para Emily rapidamente. Ela sorriu.

Ao perceber o que havia acabado de acontecer, Emily assustou-se e inventou que iria para a casa de sua amiga, Spencer, e também disse que precisava ir urgente. De início, Maya pensou que era algo sério, mas depois caiu na real, percebendo que Emily estava fugindo dela/da situação.

Emily correu até o jardim e parou quando recebeu uma mensagem de texto.

Estou vendo que você achou outra pessoa para beijar! —A.

Ela, instantaneamente, lembrou-se de certo dia quando ela e Alison estavam na praia. De repente, Emily havia beijado Alison, que, mais tarde, disse que aquilo era errado. Emily nunca mais pensou no assunto novamente, até começou a namorar Ben Coogan. Mas, agora, ela havia beijado uma garota novamente. E a mensagem? Quem a havia mandado? Quem estava observando Maya e Emily? Quem sabia do segredo dela com Alison?

Quando se lembrou que tinha que ir até a casa de Spencer, viu o carro de Hanna se aproximando também. O dia será longo, pensou Emily e correu até a casa dos Hastings, enquanto Hanna já estava falando com Spencer.


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