O céu depois de nós escrita por F T


Capítulo 6
Eva e o jardim das delícias terrenas


Notas iniciais do capítulo

FIM DO PRIMEIRO ARCO

Olá meus queridos. Aqui está um capítulo cheio de revelações, cheio de loucuras e que justifica muito do porque o capítulo anterior teve de acontecer. Exatamente por ser tão revelador ele encerra o primeiro arco da nossa história. Além disso, peço para que comentem e peço para que levantem as múltiplas questões que deveriam ficar na mente de vocês após o lerem. Por favor favoritem, por favor recomendem a fic. É realmente muito importante que falem comigo e deem um apoio para a história. Sabemos que as fics com o Twelve não são muito populares (infelizmente), então precisamos unir forças para que nenhum leitor ou autor desista.
Comentem, favoritem e recomendem então por favor.
Espero que gostem desse capítulo cheio de filosofia, loucura e coisas importantes.
Boa leitura queridos.

P.S. Link da música apresentada no início e que eu gostaria muito que ouvissem enquanto leem, realmente fará toda a diferença. Assim que acabar a música é só repetir o vídeo até terem concluído a leitura.

https://www.youtube.com/watch?v=fJ9rUzIMcZQ



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6. Eva: Significa "a que vive", "a vivente", "a que tem vida" ou "cheia de vida".

Isso é a vida real?
Isso é só fantasia?
Pego num desmoronamento
Sem escapatória da realidade

Abra seus olhos
Olhe para os céus e veja
Eu sou só um pobre garoto
Eu não preciso de compaixão
Porque eu fácil venho, fácil vou
E possuo altos e baixos
De qualquer jeito o vento sopra
Nada realmente importa para mim, para mim

Mamãe, acabei de matar um homem
Coloquei uma arma contra sua cabeça
Puxei o gatilho, agora ele está morto
Mamãe, a vida acabou de começar
Mas agora eu joguei tudo isso fora
Não foi minha intenção te fazer chorar
Se eu não estiver de volta a esta hora amanhã
Continue, continue
Como se nada realmente importasse
Tarde demais, chegou minha hora
Sinto arrepios em minha espinha
Meu corpo está doendo todo o tempo
Adeus a todos, eu tenho que ir
Tenho que deixar todos vocês para trás e encarar a verdade
Eu não quero morrer
Às vezes eu desejo nunca ter nascido!

Então você acha que pode me apedrejar e cuspir em meu olho?
Então você acha que pode me amar e me deixar morrer?
Oh, amor! Você não pode fazer isso comigo, amor!
Só tenho que sair
Só tenho que sair logo daqui

(Tradução Livre da música - Bohemian Rhapsody (Queen)

 

Clara despertou. Estava na cama de um hotel, apenas uma visitante na cidade de Nova York e a mulher suspirou profundamente abrindo o armário e colocando uma longa saia bege, uma camisa branca e um colete. Tentou sorrir, mas não conseguia após King Kong. Não sabia mais como sorrir depois de assistir o animal gigantesco ser abatido em meio a cidade. Ela era uma das biólogas responsáveis e sabia que veria o corpo mais tarde. Clara era o tipo de bióloga que chamam de “Assassina Profissional”. Por que? Porque ela abatia os animais que não podiam mais viver, animais que viviam em uma dor tão continua e intensa que fazia a morte parecer um ato de misericórdia.

A cidade ainda perecia devastada e as tempestades nunca paravam. As vezes tudo parecia prestes a desabar com a chuva continua que perdurou por toda a noite e ela se arrependia imensamente por ter abandonado a India e viajado até Nova York. A garota prendeu o cabelo para trás e foi até o criado-mudo ao lado da cama e bebeu água. Algo fez sua mão tremer e o copo caiu em sua camisa deixando toda a roupa molhada. Clara suspirou profundamente, abriu os botões da camisa e lançou o colete na cama.

A garota ainda vestia suas calças e suas botas quando se aproximou do espelho e viu a própria imagem. A mulher precisou tomar fôlego porque em seu braço havia uma grande mensagem, escrita em carne viva, que dizia apenas: “Garota Impossível”. Clara tocou aquelas palavras com a expressão assustada e então fechou os olhos antes de sentir o impacto das memórias que voltavam em torrentes. Ela estava em uma nova história, a história de King Kong. Mais um enredo quase no fim visto que o gorila já estava morto.

—Eu sou Clara Oswald e eu preciso salvar o Doctor, eu preciso encontra-lo - Garantiu Clara para si mesma correndo até o armário, vestindo outra camisa e recolocando o colete.

A garota abriu a porta do quarto e um grande tremor começou impedindo que ela caminhasse. A tempestade estava cada vez mais severa e mais furiosa, era possível sentir o risco de inundação e as luzes piscavam claramente indicando o perigo que aquela chuva representaria. Os funcionários começavam a percorrer os corredores pedindo que todos deixassem seus aposentos e que evacuassem para o saguão. Clara tentou acompanhar o fluxo, mas a impossibilidade de andar a fez se sentar segurando as próprias pernas na frente do quarto de hotel enquanto todos os outros saíam, assim que houvesse espaço ela acompanharia todos os outros e encontraria o Doutor.

Clara Oswald não estava sozinha porque sentada na frente da porta do quarto vizinho havia uma mulher loira de cabelos levemente ondulados que segurava as próprias pernas. Ela se vestia como uma garçonete e tinha lábios absolutamente vermelhos. Clara por um segundo pensou que se pudesse a beijaria, decidiu afastar esse pensamento. A garota desconhecida sorriu levemente para aquela que involuntariamente se sentava do mesmo modo que ela. Estavam frente a frente.

—Meu nome é Clara - Disse para a garota logo a frente vestida de branco - Qual o seu nome?

—Astrid - Respondeu a mulher um sorriso tranquilo, finalmente as pessoas começavam a deixar o corredor e tudo ficava mais silencioso; logo a frente havia uma grande fila rumo ao saguão. - O que você está fazendo aqui? Digo, está aqui para negócios ou por prazer?

—Bem…eu diria que para negócios - Respondeu Clara voltando a sentir a apreensão.

—E do que se trata seus negócios? - Questionou Astrid agora voltando a falar em um tom de voz ameno.

—Sou…uma Assassina Profissional - Explicou Clara agora com enorme tristeza.

Astrid riu levemente e retirou os sapatos com alguma indiferença como se estivesse decidida a não deixar o local. Clara encarou confusa a mulher diante dela, todos estavam deixando os corredores e agora que o local estava cada vez mais próximo de ser liberado não havia porque retirarem os sapatos. Elas iriam descer rumo ao saguão onde com alguma sorte ainda teria energia elétrica.

—As pessoas aqui estão todas loucas - Concluiu Astrid encarando as próprias mãos - Elas fazem isso…

—Isso o que? - Questionou Clara estreitando os olhos. - O que faz aqui Astrid?

—Eu estou morta, assim como todos os outros aqui. Inclusive você - Garantiu Astrid como se isso fosse óbvio - Mas é muito mais fácil fazer toda essa loucura e fingir que são alguma coisa, que fazem parte de algo e que não chegou ao fim…todos desempenham um papel até mesmo o de “Assassino Profissional”.

—Mortos? - Clara agora duvidava da mulher diante dela.

—Oh…eu sinto muito - Astrid demonstrou preocupação, ela se aproximou de Clara Oswald se sentando ao lado da garota - Todos aqui morreram, todos aqui estão mortos. Não há outra forma de se chegar até essas criaturas, até essas invenções…

—Está dizendo que quando morremos é isso que vem depois? - Os olhos de Clara estavam incrédulos.

—Sim, para todos que morreram inacabados. Aqueles que se mataram, aqueles que se sacrificaram…para aqueles que partiram antes do tempo. - Explicou Astrid - Todos estão esperando pelo tempo de suas vidas aqui…vivendo os anos que não foram vividos.

—Mas eles não podem ser vividos na realidade, então são vividos na ficção - Completou Clara engolindo em seco com os olhos cheios de lágrimas. - Como você morreu Astrid?

—Eu morri para salvar um planeta, para deter um vilão…mas eu morri principalmente pelo homem que teria me dado o universo. Ele se chamava Doctor e espero que ele nunca chegue até aqui - Respondeu Astrid segurando a mão de Clara Oswald.

***

O Doctor havia decidido ficar no próprio quarto de hotel para evitar a multidão que caminhava até o saguão do hotel devido a enorme tempestade que se abatera. Havia acordado minutos antes como John Smith, apenas um negociante que esteve frente a frente com King Kong, mas acabou por se lembrar de sua verdadeira história quando viu a inscrição no braço. Clara teria se lembrado também? Por que ele odiava tão profundamente hotéis? Por que todo esse barulho em sua mente parecia muito pior do que uma tempestade?

Os corredores finalmente pareciam silenciosos, ele estava vestindo com um smoking principalmente porque essa era a única roupa que havia no armário e talvez isso já dissesse muito sobre a personalidade daquela versão de John Smith. Ele abriu a porta, contudo quando estava prestes a sair teve a estranha sensação que havia algo atrás de si, ainda assim deixou o aposento. Caminhou pelo corredor e decidiu usar a escada dos funcionários. Desceu três lances até chegar ao local da piscina.

O hotel era claramente luxuoso e a área de lazer estava absolutamente vazia.

O Doctor voltou os olhos por um segundo para a piscina límpida e enorme que havia em céu aberto nas dependências do hotel. Foi nesse curto momento que uma garota repentinamente surgiu correndo em direção a piscina e pulou em um grande estrondo na água antes absolutamente parada mesmo em meio a tempestade que assolava o hotel.

O Doctor deu alguns passos, se aproximou da piscina incrédulo e após algum tempo notou que a criança não voltaria a emergir. Ele mergulhou por aquela garotinha. Mergulhou porque mesmo tudo aquilo sendo fantasia ele não poderia ignorar um afogamento, ele não poderia permitir que uma criança se afogasse. Através da água límpida da piscina ele encontrou um dos braços da menina e viu seu pequeno corpo desmaiado e a puxou, contudo cada vez que ele puxava o braço dela para cima e estavam mais perto de emergir o Senhor do Tempo notava que o peso se tornava maior. Quando ele finalmente fez o último movimento a colocando para fora da água não se tratava mais de uma menina e sim de uma mulher. A mulher abriu os olhos diante dele.
Ambos permaneciam na piscina, frente a frente e apenas com as cabeças emergindo da água.

Contudo, não era uma mulher comum, não era um rosto desconhecido.

Era um lobo.

O grande e terrível Lobo Mau.

—Eu sabia que viria - Afirmou Rose Tyler com um sorriso - Sinto muito te-lo assustado.

—Rose? Como pode estar aqui? - O Doctor ainda a encarava

—Estamos mortos - Respondeu a garota loira seriamente e então abriu um amplo sorriso - Essa é sua morte Doutor e todos nós fomos convidados.

Essa era então a realidade? A realidade seria a morte? Quantos haviam partido, quantos estariam a salvo? Todos haviam se juntado a ele? A vida não havia acabado de começar? Talvez já fosse tempo de chegar ao fim, talvez fosse tempo de abandonar todos para morrer. Não era um sonho, nunca fora um sonho. O tempo chegou, o tempo sempre atinge todos.

Mas não é hora de ir, mas é hora de encarar a verdade.
Porque o Doctor não quer morrer e ele não morreria, nenhum de seus rostos morreria. Aquilo era sua morte e todos os outros estavam convidados a correrem ao lado de um Doutor.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Gostaram do capítulo? Gostaram do fim desse arco? O que estão achando da fic e o que esperam? Sugestões? Beijos meus queridos e por favor comentem, favoritem e recomendem.