O céu depois de nós escrita por F T


Capítulo 5
Cassiopeia


Notas iniciais do capítulo

Olá meus queridos. Aqui está mais um capítulo dedicado a Lady Luna Riddle pela linda recomendação, não tinha como não escrever esse capítulo para você que sempre me motivou a escrever. Sobre esse capítulo, ele atende ao pedido de um dos leitores, agradeço mesmo a sugestão e já adianto que não é preciso ter lido o livro "A quinta onda" para compreender a história.
Além disso esse é o penúltimo capítulo antes do fim desse primeiro Arco, então as revelações e os questionamentos sobre tudo isso vão começar bem fortes agora. Espero que gostem e que teorizem bastante sobre isso.
Então é isso, por favor comentem, por favor falem comigo, por favor digam se estão ou não gostando. Favoritem, recomendem e comentem por favor! Não me abandonem.
Boa leitura queridos.



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5. Cassiopeia: Significa/Faz referência ao local de uma supernova observada por Tycho Brahe em 1572, e a mais forte fonte de rádio no céu, sendo assim uma supernova.

Clara permanecia imóvel enclausurada naquele porão há meses. Não dizia nada há muito tempo, desde que a invasão começara e a Primeira Onda chegou as pessoas haviam começado a morrer. As mortes foram ainda piores durante a Segunda, a Terceira e a Quarta Onda. As vezes, Clara se perguntava quando eles viriam até o planeta Terra e destruiriam os poucos que sobraram. Foi quando ela notou que eles não precisariam ter esse trabalho afinal a humanidade, o pouco que sobrou, já estava perecendo.

Quando seus pais morreram Clara teve certeza que não duraria muito tempo na casa fortificada, tendo apenas alimentos estocados. Agora, já achava que havia sobrevivido por tempo demais. A Segunda Onda levou toda sua família.

Primeira Onda: escuridão - fim da eletricidade.

Segunda Onda :destruição - maremotos, terremotos, tsunamis.

Terceira Onda: contaminação - doença espalhada pelos pássaros.

Quarta Onda: invasão - pessoas que pareciam humanas mas que eram de fatos alienígenas.

Agora ela tinha de sair, sair daquela casa que a manteve segura por aquele tempo. Ela teria de deixar o porão, usar a metralhadora que seu pai havia obtido e enfrentar os possiveis saqueadores que talvez ainda estivessem vivos. Parecia um plano ruim quando se avistava a perspectiva completa, contudo era também o único plano que poderia ser realizado. Clara retirou a barricada da porta e a luz do dia a atingiu com absoluta força. Fazia meses que não avistava o sol, fazia meses que não deixava a própria casa. Olhou ao redor, colocou a mochila nas costas e se perguntou sobre o próprio noivo. Ele estaria morto como todos os outros? Haveria algum amigo ainda vivo? Por que os alienígenas queriam apenas a Terra e não a humanidade? Seriam os humanos o único problema daquele planeta?

Clara arrumou a mochila nos ombros mais um vez, trancou a porta tentando não prestar atenção nas marcas deixadas pelos saqueadores que por dias tentaram tomar a casa. Começou a caminhar pela rua na qual havia vivido durante toda sua infância, desejou profundamente caminhar até a rua vizinha onde teria visto a casa que estava comprando com o noivo; contudo não o fez por medo do que poderia encontrar. A rua estava deserta, haviam marcas de violência e luta por toda parte e os corpos estavam empilhados…atingidos pela doença espalhada pelos pássaros. Ao caminhar pelas ruas desertas, segurando a metralhadora e com lágrimas nos olhos teve profundas duvidas se sobreviver a tudo aquilo era mesmo sorte.

Clara adentrou o antigo mercado do bairro, havia sido quase que completamente saqueado, mas sempre sobraria algo. Ficou feliz ao encontrar doces, enlatados e especialmente água. Nada nunca importa mais do que água, afinal já havia perdido muito peso e poderia ficar algum tempo sem comer, mas a água por toda parte estava envenenada. Sobrou muito pouco para beber, os rios limpos estavam muito distantes da cidade.

Diziam que o mundo todo estava desse modo, não havia nenhuma maneira de ser diferente. Ela guardou todos os mantimentos na mochila, segurou a metralhadora e abriu a porta da mercearia prestes a deixar os local. Foi então que algo ou alguém puxou sua mochila violentamente a jogando para baixo. Clara sentiu a metralhadora escapando de suas mãos, sentiu a aflição do toque desconhecido e seus braços se balançaram como quem tenta alcançar um inimigo invisível. Clara estava sendo arrastada e isso a desesperou profundamente porque não conseguia ver o rosto de seu agressor.

—Clara!Clara! - O homem que a havia jogado para baixo e que a arrastara para um canto escuro agora dizia o nome dela.

Finalmente Clara se virou na direção dele parando de lutar. Ela conhecia John Smith perfeitamente bem: ele era o pai de seu noivo. Os olhos dele pareciam diferentes, a apreensão parecia guardar um segredo e algo na sua tentativa destemida parecia errada em meio a um cenário no qual não havia esperança.

—Senhor Smith! - Exclamou Clara incapaz de saber se sentia ou não felicidade pelo pobre e velho homem. - O senhor sobreviveu.

—Não Clara, eu não sou o Senhor Smith - Assegurou ele com a voz cheia de imposição. - Eu sou o Doctor.

—Sim, você é. Eu sei como tudo isso pode ser terrível e sei que várias pessoas morreram. - Começou Clara falando de modo paciente - Mas o Senhor ainda se chama John Smith…não há nenhum doutor aqui.

—Clara…você é impossível, precisa se lembrar do quão impossível sempre foi - Começou ele segurando os ombros dela e ainda falando aos sussurros - A garota que nasce, morre e nasce de novo.

Clara fechou os olhos, sentiu as mãos daquele homem que deveria ser pouco conhecido. Abriu os olhos novamente como Clara Oswald e o encarou no mínimo perplexa, ele havia sido capaz de se lembrar sozinho. O Doutor já não estava mais preso as ilusões, contudo Clara permanecia desempenhando um papel que jamais fora seu. Permanecia alheia ao que de fato é real e ao que pertence a um cenário montado para engana-los. Eles haviam perdido da última vez e agora o Doctor parecia permanentemente decidido a vencer, agora eles teriam de se lembrar assim que tudo começasse.

—Como conseguiu se lembrar? - Clara não sabia porque também sussurrava.

—Eu escrevi - O homem mostrou o próprio braço.

Clara Oswald segurou as mãos dele e viu que na parte interna do braço estava escrita uma frase em carne viva, uma frase escrita com uma faca para que não pudesse ser tirada dele. A frase dizia: Corra, Corra e seja o Doctor. Ele havia usado a própria pele como um lembrete e provavelmente havia sangrado muito quando realizou a inscrição. Clara teria notado algo assim, não teria?

—Quando fez isso? - Questionou Clara com os olhos preocupados. - Como sabia que duraria por tanto tempo?

—Logo após você sair daquele quarto quando estávamos com Sherlock Holmes - Explicou ele com o olhar distante voltando a atenção para o lado de fora.

—Então por que não se lembrou da última vez no planeta alienígena? - Questionou Clara estreitando os olhos desconfiada.

—Roupas de astronauta, não pude ver o que estava escrito no meu próprio braço - Respondeu o Doctor.

—Então eu devo escrever também - Garantiu Clara pegando um pedaço de vidro espalhado no chão, haviam vários cacos disponíveis e ela escolheu um grande o bastante para que pudesse segurar.

—Clara, você não precisa fazer isso - Explicou o Doctor agora voltando os olhos preocupados para a garota.

—Então faça - Pediu Clara entregando o pedaço de vidro para o Doctor.

O Senhor do Tempo negou com a cabeça e voltou a olhar para o lado de fora. Sim, de fato havia um forte motivo para continuarem conversando aos sussurros em uma extremidade estratégica do mercado permanecendo de joelhos no chão cheio de marcas do arrombamento.

—Há um atirador do lado de fora, por isso não deixei que saísse - Explicou o Doctor fazendo Clara se abaixar quando ela fez menção de erguer a cabeça. - Eu não conheço essa história, diga como vai acabar.

—Eles são chamados de “Silenciadores”, são alienígenas ocupando corpos de humanos no que eles chamam de A Quarta Onda - Explicou Clara tentando se lembrar de como o livro acabava - Os Silenciadores matam humanos... eu não me lembro como a história acaba!

—Você luta contra alienígenas, impede invasões e lê sobre alienígenas e invasões? - O Doctor parecia profundamente perplexo e usava uma de suas expressões mais julgadoras.

—Temos de sair daqui - Garantiu Clara Oswald notando que havia abandonado a metralhadora no momento no qual compreendeu o que era de verdade - Os silenciadores nunca vão embora.

—Não acha tudo isso muito estranho Clara? - Questionou o Doctor arqueando as sobrancelhas.

—Sempre jogados em histórias que já foram vividas. As vezes nos lembramos de quem somos, mas nunca nos lembramos de como derrotar nossos inimigos…digo como deixar esse mundo de sonhos, como sair dessa fantasia. - Explicou o Doctor como quem tem uma teoria.

—Você disse que o plano de saída estava em curso - Relembrou Clara com segurança. - A não ser que…não tenha saída.

—Eu não posso testar minha teoria aqui, não há quase nenhuma pessoa aqui - Garantiu o Doctor como se pensasse em voz alta.

O Doctor se colocou de pé abriu a porta e parecia preparado para enfrentar o Silenciador, ao menos preparado o suficientemente para morrer e encontrar respostas em outro enredo. Clara permaneceu imóvel por um instante, colocou o caco de vidro, que ainda segurava, no bolso do casaco e segurou a mão do Doctor. Ficaram imóveis por um instante antes de sairem, assim que seus pés tocaram o lado de fora o Silenciador começou a atirar.

O Doctor correu para se esconder atrás de um carro, Clara se abaixou e rolou para baixo de um carro. Os tiros pararam por um instante e então recomeçaram; o Doctor se movia a cada tiro; sempre ágil o bastante para encontrar outro carro onde pudesse se esconder já Clara permanecia imóvel tentando inutilmente controlar a própria respiração. Ela estava rendida e a entrega seria a pior maneira de morrer. Ela tinha que ajuda-lo, tinha que salvar o Doutor.

Clara Oswald deixou seu esconderijo e no mesmo momento o Doctor caminhou na direção dela com o olhar que dizia “Se esconda, não deixe a história acabar tão cedo para você”, foi nesse singelo segundo de distração que o tiro chegou e acertou o Doctor.

O Silenciador o executou pelas costas e ele caiu no asfalto. Caiu com as costas expostas e então o segundo tiro atingiu o peito de Clara Oswald. O tiro fora tão rápido que ela não havia tido tempo de olhar o corpo do Senhor do Tempo no asfalto.

Ela caiu esfacelada no chão ao lado do Doctor, seus corpos em sentidos contrários mas os rostos frente a frente. Apenas meio metro o separavam e ambos ainda respiravam enquanto sentiam a vida se esvaindo.

Clara Oswald reuniu todas as forças restantes, pegou o vidro que permanecia no seu casaco e o segurou com as mãos tremulas. Escreveu com o vidro em carne viva e com o sangue que era derramado um recado para que pudesse se lembrar mais rápido da próxima vez “Garota Impossível”. O fez com suas últimas forças, usando o próprio braço assim como o Doctor e quando finalmente terminou sentença ela tinha os olhos inertes, mortos e abertos focalizados no mesmo local no qual havia escrito o lembrete.

O Doctor olhou para os olhos abertos de Clara por um instante e então sua atenção se voltou para o céu e sobre como não havia nenhuma estrela porque ainda era dia. Desejava poder ver as constelações, inclusive aquela chamada Cassiopeia. Desejou profundamente que fossem as estrelas a serem vistas, contudo no próximo instante tudo ficou luminoso e cada coisa voltou a se desmontar. Estavam sendo mandados para um novo lugar, para uma nova aventura impossível. Talvez na próxima onda das infinitas ondas que poderiam vir houvesse ao menos uma estrela no céu.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Para quem não sabe o nome da protagonista de "A Quinta Onda" é Cassiopeia ou simplesmente Cassie por isso o título do capítulo. O que estão achando? Gostaram?
Preciso de sugestões de uma história que se passe em local urbano, mas que não seja futurística. Por favor ajudem com sugestões.
Beijos queridos.

P.S. Muitas pessoas me perguntaram se a protagonista de INTERESTELAR se chama mesmo Murphy e sim é o nome dela no filme e ela salva a Terra e a humanidade.