Apenas mais uma de amor escrita por PostModernGirl


Capítulo 13
O Rio e o Abismo


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo tem alguns diálogos inspirados no anime Another.



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Estavam todos extremamente tensos na equipe. Matsuda agora estava bem, mas havia feito uma enorme besteira, colocando não só a investigação, mas sua própria vida em risco. Com sua ânsia de demonstrar sua importância na investigação, Matsuda, que agora havia assumido o papel de agente de Misa Amane para vigiá-la, acabou invadindo a sede da Yotsuba e sendo pego pelos diretores da empresa. Para tentar salvar a vida do policial, L elaborou um plano criativo e arriscado para simular sua morte e protegê-lo de Kira.

Depois do susto, estavam todos reunidos novamente na sala de controle.

— Matsuda seu idiota! – L estava realmente chateado com ele.

— Por favor, Matsuda, não faça mais isso, nós realmente ficamos preocupados com você – disse Chiara, agora mais aliviada.

— Eu ouvi, ouvi bem quando eles disseram a palavra Kira! Kira está entre eles! – Matsuda parecia desesperado em mostrar que o seu ato impulsivo fora útil.

— Já falei com Watari. Nós vamos instalar câmeras de segurança na sala de reuniões da Yotsuba para saber o teor das reuniões – falou L calmamente, como sempre.

—________________

Naquela mesma noite, Chiara e L estavam tomando sorvete no sofá do apartamento dela. Estavam sentados lado a lado, mas ela estava com as pernas em cima dele e virada de frente pra ele. Ele estava sentado normalmente. Uma das mãos dela passeava sobre a mão dele, acariciando-o levemente, a outra, segurava uma colher de sorvete.

— Você já acredita na minha teoria dos Shinigamis?

— Como eu falei, é uma possibilidade.

— Você também diz que o fato de Light e Misa serem Kira é só uma possibilidade, mas na verdade, acredita totalmente nisso.

O detetive não respondeu. Apenas colocou mais calda no sorvete, que já estava esborrando de tanta calda.

— Por que você come tantos doces? – Ela pegou uma colher de sorvete do pote dele.

— Por que eu preciso de energia, que eu uso para pensar – respondeu ele, quase imediatamente, como se essa fosse uma resposta padrão.

— Não era essa a resposta que eu queria – insistiu a moça. Quando eles conversavam, eles sempre falavam mais dela, mas ela queria mesmo era saber mais dele Ainda havia tanta coisa que ela não sabia.

Na verdade, nem sequer o nome dele ela sabia. Tudo começou com uma repentina invasão dele no quarto dela e, de repente, ela estava se encontrando algumas madrugadas com aquele homem misterioso de quem pouco sabia. Eles também não definiram que relação era essa que tinham. Apenas queriam estar juntos e ficavam juntos. O resto eram convenções.

— Quando eu era pequeno, Watari me dava doces quando eu ficava triste – revelou por fim o detetive, com um olhar distante, como se estivesse assistindo a uma cena do passado.

— Você come doces quando está triste... Deve estar triste o tempo todo, então.

— Na verdade eu não sei se é tristeza. Eu não sinto nada, só um vazio. – Ele virou e olhou diretamente pra ela. - Eu sou uma pessoa vazia, Chiara.

Ela sentiu um aperto no coração ao ouvir essa frase. Percebeu o sofrimento dele ao dizer isso. Parecia que ele não dizia o que sentia nem mesmo pra si próprio, e quando ele conversava com ela, era como se conhecesse mais sobre si mesmo.

— Não tem nada de errado em ser vazio. As coisas vazias sempre buscam ser preenchidas de alguma forma, é o movimento natural das coisas. A grande questão é com o que você busca se preencher.

Ele estava surpreso com a sensibilidade dela. Ela sabia analisar as pessoas de forma profunda. L não conseguia imaginar como uma só pessoa podia abrigar tantas qualidades. Ela era tão incrível, não tinha como não reparar nela. Ele se perguntava o que ela havia visto nele.

— Você quer um exemplo? – Ela interrompeu os pensamentos dele. – Misa Amane é uma pessoa vazia. E a forma que ela escolheu de preencher esse vazio foi implorar o amor de um cara que ela venera mas não está nem aí pra ela. Isso a torna patética, porque o amor não deve ser implorado, ele tem que ser espontâneo e ninguém pode dar o que não tem.

— Você acha que eu estou tentando preencher o meu vazio vindo aqui?

— Eu também estou tentando preencher o meu, detetive – sussurrou ela, com um sorriso.

Ele adorava quando ela o chamava assim. Ninguém o chamava de detetive. E ele focara tanto nas qualidades dela que se esqueceu que ela também estava frágil. Também tinha o seu vazio, mas ao contrário dele, ela parecia encontrar motivos para ser alegre mesmo assim. Como ela conseguia encarar a vida daquela forma? Para ele, a rotina da vida era tão entediante. As pessoas eram entediantes, os lugares eram entediantes. A única coisa que realmente o empolgava era resolver crimes. Já ela parecia apaixonada por tudo o que fazia, por cada palavra que dizia, pelas pessoas em volta dela. Eles eram tão opostos.

— Porque você está aqui comigo agora – perguntou ele por fim.

— Por quê eu vejo amor em você. Por quê você tem um abismo no olhar que me faz sentir vontade de me atirar dentro e descobrir o que tem lá dentro. Sem nenhum medo do que eu possa encontrar. E você, por que está comigo agora?

— Você sabe o que significa o seu nome? Chiara significa clara. Torrente é como um turbilhão, um rio. Você é como um rio claro e agitado, Chiara, em que dá vontade de mergulhar. Mas eu sei que eu vou encontrar coisas bonitas lá dentro.

Os dois disseram isso olhando-se nos olhos. Ele com seus olhos preto-fosco fitando diretamente as íris verde-esmeralda dela. Era como se pudessem enxergar as almas um do outro através dos olhos. Não havia mais nada naquele momento, somente eles dois. Aproximaram-se lentamente, até sentirem a respiração quente um do outro e por fim beijaram-se lentamente, como que para estender ao máximo aquele momento de aproximação física. Depois do beijo, Chiara se apoiou no ombro dele e os cobriu com um pequeno cobertor.

—__________________

No dia seguinte, como o de costume, Chiara acordoou sozinha. Ela já estava acostumada e não se chateava com isso. Sabia que deveria respeitar os limites do detetive se quisesse se aproximar cada vez mais. A sua sensação era a de que estava conseguindo, baseando-se na noite anterior.

A ruiva escolheu uma blusa de alças largas verde militar – ela adorava essa cor – e uma calça cáqui. Como passou parte da noite acordada, alimentou Jezebel rapidamente, pegou uma caneca de café e foi com ela na mão até a sala de controle. Não queria se atrasar pois sabia que as câmeras já haviam sido instaladas na sala de reuniões da Yotsuba.

Ao abrir a porta da sala de controle, Chiara dá de cara com todos os policiais de costas pra ela e virados para os monitores, observando uma reunião. Ela observou também. Alguns homens em volta de uma mesa octogonal e... A caneca com café que estava na mão de Chiara caiu no chão espalhando o líquido e os cacos pela sala. Todos se viram assustados com o barulho.

— O que houve, Chiara? – perguntou o Sr. Yagami, preocupado.

Ela estava parada olhando para os monitores, atônita.

— O Shinigami... está lá.


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