Ex Umbris ad Lucem escrita por Ariri


Capítulo 4
Um difícil recomeço


Notas iniciais do capítulo

Ei pessoal! Como estão? Espero que gostem. Beijão



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— Estamos aqui neste dia para celebrar a vida de Ana Luíza Ad Lucem, mãe dedicada, amiga, falecida há duas semanas no atentado à muralha de Southampton...

Respire. Pense em sua irmã. Respire novamente.

— Estamos aqui com você. – escutei a voz baixa de Valentina, minha amiga.

Vestida em um vestido marrom sóbrio , é a primeira vez que está no mesmo ambiente que Alexandre desde o hospital embora ainda não tenham se falado. Alex estava completamente recuperado, e era possível ver a tristeza em seus olhos. No entanto, ele apenas apertava minha mão. Um em cada lado e Isa em meu colo.

Após partirmos pelo pó de flu, chegamos à Mansão Malfoy. Luna Malfoy estava lá esperando por nós com um simples sorriso e de braços abertos. Isa rapidamente se apegou a ela. O senhor Malfoy me levou até um quarto preparado para mim, em que eu cansada de tudo, me deitei  na cama para dormir, sendo mais tarde acordada por minha irmã que fugira para minha cama.

No outro dia, providências tinham que ser tomadas. E eu deveria resolver. Fui com o Sr. Malfoy à minha casa, onde pegamos Violet, minha gata e arrumamos nossas coisas. Levou dois dias para pegarmos tudo, e então me lembrei de que deveria noticiar sobre a morte de minha mãe. O corpo havia sido recolhido pela polícia trouxa britânica e não poderiam liberar sem um maior responsável, e o Draco ainda não era meu tutor legal, mais um problema. Assim que disseram isso, fui levada pelo conselho tutelar e Draco notificado a rapidamente entregar minha irmã. Ele teve que ir até o Brasil encontrar uma tia-avó distante e trazê-la para cuidar do funeral de minha mãe, além de ter que pedir a todos os possíveis parentes uma assinatura para que desistissem de minha guarda. Nesse processo, descobrimos que meu pai ainda tinha responsabilidade para com Isabela, e viajou até aqui para nos ver.

Flash Back On

— Selene, sei que sua mãe odiaria ter que te obrigar a isso, mas infelizmente, nós somos obrigados a te obrigar – Mary, colega de trabalho e amiga de minha mãe nos conduziu pelo corredor em direção à sala de visitas – Mas será bom para você. Para vocês.

Eu apenas assenti enquanto a porta abria e aquele homem  de terno que pelo sangue é meu pai, se apresentava diante de mim. A semelhança entre nós dois era incrível. Ele é negro, alto e bonito. Teria o que? Menos de 40 ainda? Embora eu “café com leite”, parda, nossos olhos, nossas bocas, o mesmo sinal, a mesma marca e o mesmo ponto preto no olho. Ele ficou em silêncio enquanto nós duas éramos encaminhadas até um banco. Então se aproximou lentamente e sentou-se à nossa frente.

— Eu sei. Eu sei que você provavelmente deve me odiar. – ele começou – Sei que sumi de sua vida, de suas vidas, mas eu era imaturo. Não sabia o que fazia e tinha vergonha demais de procurá-las. Mas ao saber... ao saber que agora são sozinhas, eu não poderia...

— Não estamos sozinhas. – o interrompi. Ele me encarou e permaneceu assim.

— Nena? – Isa puxou meu braço ao me chamar. Virei-me para ela sorrindo.

— Oi estrelinha.

— Quem é esse homem Nena? – eu suspirei fundo e segurei as lágrimas.

— Eu sou seu pai pequena. – Ele falou de repente enquanto eu o fuzilava com o olhar. Ele chorava. – Sou seu pai e agora vou cuidar de vocês.

— Cê não é meu papai. Eu não tenho papai. – a Isa respondeu cruzando os braços dando um susto nele – A Nena me explicou na escola porque eu ser diferente das outras crianças. Ela queria tanto mas tanto uma nova irmãzinha que mim apareceu de repente na barriga da mamãe e a mamãe foi ficando enorme e enorme igual uma melancia e até eu ficar tão apertada lá, que chutei a porta da barriga e cair no colo da Nena. Então a Nena começou cuidar de eu. – sorri largo assim como ela deu um sorriso convencido e eu comecei a rir. – Que foi Nena? Errei na história?

— Não meu anjo. Você acertou tudo – a puxei para perto e a enchi de beijos – A gente só esqueceu uma parte. Quem ajudou a colocar você na barriga da mãe, foi esse homem. Por isso ele é seu pai. – Isa continuou de braços cruzados e fez uma cara de suspeita.

— Sim. – Ele falou. – E eu estou tão feliz de conhecer você. Você é uma menina muito linda. Vocês duas são lindas.

— Eu sei que eu sou linda. Sou a criança mais linda de todas. Mas a Nena diz que eu não posso me importar com isso. Que o que é mais importante do que tudo tudo é a nossa cabeça. Então se quer me alegrar, tem que dizer que eu sou espertinha, como a mamãe que está no céu sempre falava. Senão, a Nena vai brigar com tu.

— Eu entendi. Você realmente é muito esperta. Mal posso esperar para conhecer você toda e te apresentar minha casa. Ela tem piscina.

— Apresentar a casa? – perguntei.

— Sim. Já mandei preparar quartos para vocês. A vida melhorou para mim nos últimos anos. Vocês duas terão um quarto para cada. Vocês estão de férias, então só precisarão começar as aulas no próximo ano, terão bastante tempo para se acostumar ao Brasil novamente. – Percebi a Isa olhando curiosa para mim. Ela me conhecia e conhecia mais ainda meu tom de voz.

— Desculpa. Mas acredito que haja algum engano. Não vamos para o Brasil de forma alguma. – ela encolheu os ombros e olhou para nosso pai, enquanto ele desfazia o sorriso.

— É claro que vai. Estou aqui para levá-las comigo.

— Você acha mesmo que vou largar meus amigos, minha escola, minha vida aqui por um pai que me abandonou e nunca se importou comigo? Nem por minha mãe eu faria isso.

— Acontece que você não tem escolha. Eu sou o único que vocês tem. Você se acostumará a uma situação nova. Olha para Isabela.  Está falando português mas com sotaque britânico, confundindo as colocações. Ela precisa ir.

— Não vamos. Já temos um tutor. Um tutor muito bom que já está cuidando de tudo para nós.

— Um tutor que depende de minha assinatura para pegá-las. E eu não darei.

— Sinto muito mas você já assinou um documento de abdicação de direitos paternos. Você não tem mais direito algum conosco. – Ele ficou mudo. – Agora se me dá licença, temos que voltar – me levantei e peguei Isa no colo.

— Eu assinei o seu documento. O dela eu não assinei. Eu tenho a guarda dela agora. – paralisei e virei-me devagar assustada. Isa estava começando a tremer.

— Você não pode nos separar. Fui eu quem cuidei dela quando você destruiu minha mãe e nos abandonou. Você não tem o direito de fazer isso! – gritei e todos estavam olhando para nós.

— Eu não quero separá-las, e é por isso que quero que vá comigo.

— Mas você só pode estar louco! – Soltei Isa e ela rapidamente se escondeu atrás de minhas pernas – Eu não vou, ela não vai. Nossa vida é aqui.  – começou a chover – Você não a levará. – escutei um estrondo e senti um tremor abaixo de mim, sabia que era por minha conta mas não conseguia me acalmar.

— Eu sou seu pai.

— Você é um covarde que nunca pensou nas consequências do seus atos e esqueceu que tinha filhas até que fosse conveniente para você. – escutei um estampido e de repente estavam me segurando.

— O que está acontecendo? – ele perguntou.

— Selene. – me virei e vi Draco em minha frente. – Acalme-se. Ninguém irá separar vocês. Entre e deixe-me conversar com esse senhor. – eu tremia  e queria aquele homem sofrendo. – Entre. Arrume suas coisas. Consegui uma permissão provisória. Luna estará esperando por vocês para levá-las.

— Não pode fazer isso!

— Eu posso fazer o que eu quiser pelo bem de uma jovem que não só acabou de perder a mãe, como ainda está ferida. Vá Selene.

Eu puxei Isa e fui para o quarto. Luna ficou brincando com Isa enquanto eu arrumava tudo até irmos para a mansão. Enquanto nós conversávamos e ela contava sobre as aventuras dos filhos, que estavam em uma viagem rápida. Logo Draco chegou e se sentou conosco

— E então?

— Se vocês simplesmente fossem nascidas bruxas, seria simples. Mas temos de lidar com o fato dele não ser bruxo e estar decidido com isso.

— Então eu terei que ir? – perguntei com medo da resposta

— Você não pode ir. Sua irmã terá que ir sozinha.

— NÃO! – Levantei-me gritando.

— Selene. Não podemos deixar você desprotegida em um lugar em que não terão nenhuma consciência do que você é. Já temos planos para você e de qualquer forma, você teria que ir para Hogwarts, ficar longe de sua irmã.

 - É diferente.

—Não. Não é. Posso conseguir uma permissão especial de rede de flu para você visitá-la sempre que puder. Não podemos deixar você ir. Sua irmã terá que ir.

Terá que ir. Sozinha

Flashback off

Após duas semanas, tudo finalmente foi acertado e com uma ajuda de Hermione Granger Weasley, eu era uma protegida de Draco Malfoy. Mas hoje também é o dia em que minha irmã terá que ir.

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— Ficará tudo bem querida. – falei pegando uma Isabela chorona no colo, enquanto caminhávamos no aeroporto. – É o melhor para você e eu poderei te visitar sempre que você quiser. É só você me mandar uma carta, e eu virei te visitar. O senhor Draco deixará uma coruja perto da sua casa. Então quando você quiser mandar a carta, é só chamá-la assim ó: Portia! E ela vai aparecer na sua janela. E você manda a carta. Entendeu?

— Entendi Nena. Mas não quero ficar longe de você. Lá é quente que nem o inferno. – a olhei feio – Desculpe. O Alex falou. – suspirei - Quem vai me contar histórias para dormir? – tente não chorar – Quem vai me abraçar e beijar meu nariz? – se controle – Quem vai me dizer que eu sou perfeita do meu jeito antes de ir pra escolinha? – respirei fundo e a coloquei no chão, ajoelhando-me na frente dela. – Eu ficarei sem ninguém que me amava.

— Meu anjo. Lá não é tão quente assim. Eu escreverei histórias para você todos os dias, e você pode pedir ao pai para ler para você. Eu vou te abraçar – a abracei forte – e te beijar no nariz – beijei seu nariz – e morder também – comecei a morder seu corpo todo e ela começou a rir. – e você poderá para sempre lembrar de mim assim. – Acariciei seu rosto – Sempre vai lembrar de mim assim, e quando você começar a esquecer, eu vou te ver e fazer tudo de novo.

Ela sorriu e me abraçou forte. Seu voo começou a ser chamado e eu suspirei fundo mais uma vez.

— Você é linda, espertinha e inteligente. Você é perfeita exatamente do jeito que é. Nunca mude quem você é. Você não ficará sem ninguém, eu estou aqui e sempre estarei. Sempre te amarei. E a mãe também está aqui – toquei nossos corações -. Sem falar que a Violet vai com você.

— Vai?! – Ela arregalou os olhos – Ela é sua! – Peguei a gaiola e entreguei a ela.

— Ela era minha. Agora ela vai com você e vai cuidar de você. Certo?

— Certo. – ela limpou as lágrimas, abraçou a gaiola e sorriu. – Eu te amo mana. Você é minha mãe dois. – sorri.

— Também te amo meu anjo.

Meu pai chamou e ela foi na direção dele com a gaiola nos braços. Acenou de longe e entrou na sala de embarque. Desisti de me controlar e comecei a chorar alto. Caí em prantos no chão até sentir dois abraços fortes.

— Estamos aqui. – Escutei a voz de Valentina.

— Estaremos sempre aqui por você. – Alex falou.

Então em seus braços, descansei e fui amparada.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Dá um alôzinho aqui embaixo para me dizer o que acharam!



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