Ex Umbris ad Lucem escrita por Ariri


Capítulo 3
Um novo despertar


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o segundo capítulo. Espero que gostem. Beijões e vejo vocês no final.



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“- Você prometeu! - chorando, olhei em seus olhos azuis e vi que ele se controlava.

— Não insista Selene. - ele desviou o olhar - Nunca daria certo. É melhor assim. - vi uma lágrima escorrer em seu rosto.

— Eu vejo que está mentindo! Não negue! Sente o mesmo que eu! Prometeu que cuidaria de mim e ficaria ao meu lado!

Ele aproximou-se e acariciou minha bochecha.

— E é exatamente por isso que não posso continuar.

E ele se foi. E uma parte de mim se partiu enquanto o via sair por aquela porta.”

 

Acordei e olhei ao meu redor. Eu estava em um quarto claro, toda encoberta em uma coberta quente e grossa em uma cama branca. Parecia estar em um hospital. Andei um pouco e me enrolei no cobertor, por causa do frio. Mesmo morando há anos aqui, ainda não me acostumei com o frio de forma completa.

“Agora, hora de tentar descobrir e o que aconteceu.”

A voz dentro de mim falou. E eu fiz. Eu estava sozinha, então abri a porta e espiei lá fora. Tudo deserto com apenas um homem loiro cochilando na cadeira perto da porta. Sorri e saí apressada entrando na primeira porta que vi.

— Oi Sel. – Levantei o rosto completamente assustada – Como você está? – Era a Val.

— Quer me matar de susto Valentina?

— Obviamente que não. – Ela deu um sorriso cínico e me aproximei da cama dela – Pelo visto, já escapou do seu quarto. Quando se entra em um quarto de hospital, deve-se continuar lá até que um enfermeiro ou médico entre para ver como você está.

— Eu sei disso. – Falei enquanto me jogava na cama ao lado dela e a forçava a chegar para o lado.

— Então que diabos você está fazendo aqui? – Me olhou irritada e eu suspirei dando de ombros. Ela revirou os olhos e fez o mesmo. – Quer um pouco? – Me amostrou a bandeja do outro lado da cama e minha barriga roncou. – Acho que quer. – Rimos juntas e ficamos quietas enquanto comíamos juntas.

— O que aconteceu?

— Não faço idéia. A última coisa de que me lembro é de você com os olhos brancos e no ar. O médico veio aqui e... Desculpa. Médico não. – Levantei as sobrancelhas – Curandeiro. Ah, me espere terminar. Enfim, o curandeiro passou aqui e disse que eu estou bem, estava adormecida há, hum, 36 horas e isso foi há umas três horas atrás. Então, ele me contou que depois do almoço alguns agentes do ministério virão aqui conversar comigo já que sou a única consciente. – Ela se calou por uns instantes e quando me preparei para falar, ela simplesmente colocou a mão na minha boca e após uns instantes retomou – Perguntei de vocês e ele disse “a pequena está dormindo e perfeitamente bem. Já acordou, comeu e está brincando com outras crianças no playground. Sua amiga ainda está dormindo e achamos que está bem também, teremos certeza quando ela acordar. Seu amigo está em uma ala separada, recebendo um tratamento diferente, mas bem.” Eu obviamente não acreditei em nem uma palavra, mas achei melhor continuar aqui por enquanto, já que eu poderia saber algumas coisas quando essas pessoas do ministério chegar. Disse que a ministra também pode vir.

— Não temos ministra. Temos ministro. No masculino.

— Também não entendi. Então – Levantou da cama e se espreguiçou. Ela estava com um pijama estampado de vassouras. Estranho – Vamos dar uma volta? Atrás de sua irmã e do Alex?

— Vamos. – levantei e reparei no que vestia. Um pijama mais normal. A blusa vermelha e a calça estampada com tortas. Estava descalça, mas Val me deu um par de pantufas enquanto calçava outro. – Não é estranho sair assim?

— Nop. Estamos em um hospital, isso deve ser completamente normal. – Assenti e saímos do quarto.

Andamos até o quarto seguinte e abrimos para ver se achávamos a Isa. Vazio. Continuamos a andar e várias pessoas nos observavam. Ignorei e me lembrei de minha gata. Eu pegaria a Isa, acharíamos o Alex e iríamos para casa. Eu lembrava o suficiente de tudo para saber que minha mãe não estava aqui.

— Senhora, poderia-me dizer onde fica o playground? – Val parou uma mulher de cabelo castanho – Minha sobrinha saiu correndo para lá, mas temos de ir. – A mulher franziu a sobrancelha, mas falou.

— Ele fica ali – apontou para frente. – É só seguir em frente e virar à direita.

— Muito obrigado senhora. – íamos andando, mas ela falou novamente.

— São pacientes?

— Somos. Essa é minha irmã mais nova. Sofremos um acidente doméstico, ah terrível. Explodimos o fogão! Pode acreditar nisso? – Val deu um sorriso e eu ri do teatro dela – Minha irmã aqui na verdade. Ela é um desastre em tudo isso. Aí liberaram a gente e temos que pegar nossa sobrinha, caso contrário a mãe dela acaba com a gente quando chegar aqui. – A mulher continuou com a sobrancelha franzida, mas vimos um homem acenar para ela de onde vínhamos. Ela acenou para nós e saiu.

— Você é descarada. Agora me diga como iremos sair daqui nesse frio, apenas de pijamas?

— Ora, arranjaremos roupas. E isso é o mínimo. – Parou e vi o playground. Olhamos-nos e saímos em direção contrárias ao redor do parque. – Isabela!

— Isabela! – Gritei e continuei chamando minha pequena.

Então a vi, sentada em um balanço chorando e conversando com outra menina ruiva. A chamei e ela levantou os olhos assustadas até me ver. Saí correndo na direção dela e feliz, vi que ela estava com uma roupa bem quentinha. Ela também veio correndo e pulou em meu colo enquanto eu a envolvia em um abraço.

— Oh meu amor. É tão bom vê-la.

— Também Sel. – Ela ficou de frente e apertou minhas bochechas.

— Eu estava peocupada chatonilda. Não me deixe assim de novo, ta bom? – Bateu na minha cabeça e eu ri entre lágrimas.

— Está bem meu anjo. Agora vamos para casa, sim?

— Mas ela não pode ir para casa. – A menina ruiva falou com a mão na cintura. – Meu pai me fez pometer que ficaria aqui com ela, e cuidando dela.

— Eu sou a mãe dela. Eu levá-la para...

— O quarto dela. – Valentina chegou falando. – Vamos levá-la ao quarto para que ela possa almoçar. Está bem? – A menina assentiu

— Tchau Isa.

— Tchau Lily. – observei a menina se afastar aos pulos e saí apressada com a Val.

— Eu perguntei onde o Alex está e soube que ele está lá em cima, subindo as escadas e dará direto ao quarto 101. – rapidamente subimos as escadas.

— Não íamos para o meu quarto? – Isa falou tentando acompanhar nossos passos.

— Íamos amor. Mas agora vamos até o tio Alex, puxar a orelha dele e vamos para nossa casa. Já estamos liberadas. – ela não falou mais nada e logo paramos em frente à porta 101. – Val. Tente escutar se tem alguém aí dentro. – Ela assentiu e logo colou a orelha na porta, negando e abrimos a porta.

Lá estava, meu amigo, dormindo em uma cama grande. Com vários ferimentos, sujo e com a respiração pesada. Valentina saiu correndo em direção a ele e o beijou na testa. Controlei-me para não chorar na frente de minha irmã até escutar passos.

— Val! Rápido, venha! – puxei as duas e nos jogamos debaixo da cama, enquanto puxava os lençóis de um lado para baixo e ela puxava do outro.

Fiz o sinal de silêncio para Isa e ela concordou tapando a boca. Logo escutamos a porta abrir e vários passos. Deduzi que era mais de uma pessoa e rapidamente tive minha confirmação ao ver vários pés ao nosso redor.

— Elas não estão aqui Hermione. – ouvi uma voz masculina forte.

— Será que já foram? – outra pessoa falou e eu já tinha escutado aquela voz.

— Não sairiam sem ele. Tenho certeza. Só devem estar perdidas. – ela suspirou – Mandem procurá-las pelo hospital, mas não soem o alarme. Manteremos tudo calmo para que não se assustem. Elas não podem sair, pois se saírem estarão perdidas e não poderemos protegê-las. Já tivemos que lançar feitiços de proteção demais nesse hospital.

“Feitiços?” – Val sussurrou para mim e eu dei de ombros. Observei minha irmã pegar no sono e a aconcheguei melhor. Vi uma pessoa sair do quarto.

— Você não pode me dar ordens. Sou seu marido. – escutei um suspiro. – Elas estão bem, não saíram daqui ainda e vamos achá-las. Vamos cuidar delas. Elas estão bem, e nosso garoto também está ficando bem. As memórias já estavam escapando quando terminamos, mas deu para saber de muita coisa. Por que não vai para casa ficar com as crianças?

— Não são mais crianças Rony. Já estão bem grandinhos e podem se cuidar sozinhos. Esses daqui não. Uma é orfã que todos descreveram como a mais rebelde do orfanato – dei um olhar incisivo para Val e ele sorriu dando de ombros – O outro foi adotado por pais bruxos, não queria nem lembrar que eles existiam, pensamos que estava morto e agora está realmente entre a vida e a morte. Meu filho está entre a vida e a morte Rony! – “Filho?” sussurramos juntas com os olhos arregalados – E ela. – sabia que era a meu respeito e fiquei tensa – Ela é simplesmente uma incógnita para todos nós. Ela destruiu o ministério em dez minutos, causou um terremoto que foi sentido até nos arredores da cidade, matou vários comensais e quase morreu. E a pequena? Como posso simplesmente dizer a ela que não tem mais mãe, que a irmã está quase morrendo e corre extremo perigo? Como posso dizer isso a eles Rony?! – Não me segurei e gemi alto. Comecei a chorar e a Val me abraçou. Tudo ficou em silêncio e de repente senti me puxarem. Comecei a gritar e me debater, mas a pessoa simplesmente me abraçou forte e eu não consegui me mexer. Não desisti e o mordi.

— Sota ela! Sota ela agora seu feio! – vi minha irmã puxando minha perna e o homem me largou. Peguei minha irmã no colo e corri para a porta. – Val mana – Me lembrei e voltei para arrastá-la, mas ela estava segurando a mão de Alex, que surpreendentemente, estava acordado. Estaquei.

— Por favor – a mulher de cabelos castanhos que paramos no corredor estava a nossa frente. Ela deu um passo em minha direção e me afastei – Por favor, não vá. Só estamos cuidando de vocês para que tudo fique bem. Se sair, não poderemos te ajudar.

Ignorei-a e deixei Isa na cadeira ao lado da cama e segurei a mão de meu amigo.

— Como você está irmão?

— Estou melhor agora. – ele deu um sorriso, mas fez uma careta de dor logo depois – Bem melhor agora que sei que mal acordaram e já fizeram confusão. Isso é tão típico de vocês. – riu e nós sorrimos juntos. Val beijou a mão dele e eu acabei chorando. – Ei, não chore. Está tudo bem. Vamos ficar bem. Tudo foi só um pequeno aborrecimento.

— Alexandre, não se esforce. – O homem ruivo falou e eu o reconheci.

— Tudo bem pai.

— Eu te conheço. – falei.

— Sim. Eu tentei te ajudar, mas você me jogou para o outro lado do mundo. – Ele sorriu e eu relaxei.

— Desculpa por isso. Não sabia o que estava fazendo. E desculpa pela mordida aí.

— Para com isso! – escutei a voz de Val e nos viramos rapidamente para ela – Como assim pai? Você disse que não tem pais! – Alex fechou os olhos e o vi ficar triste.

— Bem. Eu não tenho de certa forma. – contorceu-se e levantou a cama sentando – Esses são meus pais adotivos. Pais de qualquer jeito. Encontraram-me no acidente de carro quando eu tinha três anos e me levaram até a casa deles, me adotaram e me criaram. Eu saí de casa há três anos após uma briga. – Val retirou a mão dele, mas ele a segurou forte puxando de volta – Mãe, pai, essa é minha mulher, Valentina. Val, esses são meus pais. Ronald Abílio Weasley, auror e minha mãe, Hermione Jean Weasley, ministra da magia. – Ele tossiu e então eu vi a expressão de dor dele e de Val. Afastei-me um pouco e escutei a porta abrir.

— Muito prazer. – os dois disseram juntos embora eu visse uma estranha expressão neles.

— Você mentiu para mim. Você me disse que não tinha pais, que era só no mundo como eu. Fingiu que me entendia! Para quê? Para conseguir me ter?!

— Se fosse só para te ter Valentina, POR QUE DIABOS EU ESTARIA CASADO COM VOCÊ ATÉ HOJE?!

— Por quê? Vou te dizer o porquê. Porque eu estava grávida, eu estava grávida e você achou que era o certo a fazer, e depois não teve coragem de terminar comigo! – olhei de relance e agradeci aos céus que minha pequena estava dormindo. Andei para trás e me encostei-me à parede ao lado do Sr e Sra. Weasley. – Onde eu estava com a cabeça? Um rapaz vindo atrás de mim, e contando histórias lindas de como era igual a mim. EU FUI UMA BOBA! – escutei Alexandre bufando

— É sério, Valentina? Não quer mudar suas palavras? Eu não casei com você por conta de uma gravidez e sim porque te amo.

— Mudarei sim as minhas palavras. Eu vou sair daqui. – A Sra. Weasley se mexeu – Não se preocupe. Voltarei para meu quarto. – Ela foi andando e fui atrás dela – Não Sel, irei sozinha. Quer eu leve a Isa?

— Quero sim. – Ela pegou minha irmã no colo e saiu sendo seguida por alguém. Eu cortei o silêncio pouco tempo depois – Não se preocupe Alex. Sabe como ela é. Daqui a pouco você vai lá e ela te beija e vocês fazem as pazes. – ele suspirou e eu sorri para ele.

— Então. Você é casado? Não mandou nem uma carta avisando? – A mulher falou cruzando os braços – Por exemplo, “Mãe, pai, vou me casar. Por acaso, eu ainda estou vivo. Amo vocês.” Não precisava nem nos convidar.

— Então, é que foi uma cerimônia privada. Eu, Valentina, Selene, Carl e Isabela de daminha de honra. E é claro, o juiz.

— Garoto, essa é a cerimônia dos sonhos. – Sr. Weasley falou e eu ri.

— Rony. Não ria.

— E aí garoto! – Outro homem falou de repente e eu me assustei virando e percebendo que tinha umas quatro pessoas no quarto. – Parabéns pelo casamento! – o homem de olhos verdes, cabelos negros rebeldes e com uma cicatriz na testa apertou a mão de Alex. – Então Malfoy, não vai cumprimentar o garoto?

— Parabéns Weasley. – um homem com cabelo loiro platinado falou, com uma voz seca, mas logo me olhou e deu um sorriso gentil.

— Obrigado tio, obrigado padrinho.

— Por que não se senta garota? – o homem loiro falou e todos os olhos se voltaram para mim. Rapidamente me sentei ao lado de Alex. – Então. Podemos conversar agora?

— Agora não Draco. – a mulher, Hermione falou. E então abraçou Alex bem forte saindo rápido rindo quando ele deu um gemido de dor. Ela chorava e sorria – Desculpe-me. Estou feliz que esteja bem.

— Obrigado mãe.

— Não pensou em convidar seu melhor amigo para ser seu padrinho de casamento? – Um garoto, não, um homem parecido com o da cicatriz falou. Ele se aproximou e deu um abraço em Alex. O encarei e logo ele me olhou de volta. Deu um sorriso torto, se ajoelhou em minha frente e beijou minha mão. Logo a tirei e fechei a cara. – Meu nome é James Severo Potter. E o seu nome é?

— Selene Ad Lucem.

— Nome diferente.

— Também acho. – Virei o rosto e parei de olhá-lo. Sentia algo estranho dentro de mim. Uma comichão. Olhei para ele e dei um sorriso discreto ao ver o quanto ele era lindo.

— Então! - Alex falou e todos riram menos eu – meus padrinhos foram a Selene e o Carl. Sinto muito. Mas o Carl também era meu amigo sabe?

— Era? Você chamou alguém que era seu amigo para ser seu padrinho? Diga-me que ele morreu. É bom ele ter morrido ao invés de chamar alguém que ERA seu amigo para ser seu padrinho. – Embora tenha ficado quieta, contorci levemente a boca e fiquei tensa. O Alex percebeu e segurou minha mão.

— Não. Só deixou de ser meu amigo. – sorriu – E essa é minha irmã, Selene. A fugitiva indômita que não se importa e nunca se importou com a própria segurança. – revirei os olhos. – Caius. Venha para mais perto cara.

Então ele se aproximou e eu o reconheci. O loiro de olhos como gelo que me salvou. O fitei e meu coração acelerou quando ele também me olhou. Eu sentia que o conhecia de algum lugar, mas não sabia de onde. Olhar nos olhos dele fazia com que eu me sentisse cheia, e logo parecia que eu conhecia até seu segredo mais profundo. Ele desviou o olhar e eu também. Então tomei coragem para dizer-lhe:

— Obrigado. – Todos estacaram e ele me olhou novamente. Sorriu e respondeu:

— Não precisa. Eu não faria outra coisa. – senti que todos nos olhavam e logo Alex intercedeu por mim.

— Como está garoto?

— Até parece que você não é um garoto. – Ele riu e passou as mãos no cabelo. – A questão é como você está. Deu bastante trabalho para quem largou a escola.

— Estou bem. Vou sobreviver. Minha irmã aqui me salvou.

— Eu não te salvei.

— Salvou sim Selene. Todos estariam mortos se não fosse por você.

— Acho que é hora de aproveitar a deixa. – Hermione falou – Escutamos do Alexandre o que aconteceu Selene, mas preciso escutar de você. - todos me encararam e me senti desconfortável.

— Eu não sei o que aconteceu. Esperava que você me contasse.

Ela suspirou e de repente várias cadeiras apareceram e todos se sentaram.

— Não sabemos o que aconteceu. Após o almoço, recebemos vários chamados de ataques por toda a Inglaterra e rapidamente me mexi, deixando meu marido no ministério para ajudar. – Ela apontou para o Ronald – Então, vocês aparecem em uma bolha, e vários aurores correm para me chamar. O Draco estava lá com as crianças e me contou quando cheguei. Pudemos ver que você estava exaltada, gritando e de repente tudo começou a ser destruído, a queimar e o chão tremeu. Rony tentou te alcançar, mas você o repeliu. Até que o Alex disse que o Caius poderia te alcançar. Foi o que ele fez. Tudo se acalmou e você desmaiou. Mandei vários aurores para Southampton onde encontraram vários mortos e tudo destruído. Além é claro, de vários trouxas feridos e confusos. Não há nenhum sinal de quem os atacou. Eu fiz o máximo para cuidar de vocês. Procurei-te nos registros bruxos de todo o mundo e não a achei. Não há uma única pessoa no meu ministério que não esteja encarregada de alguma parte em descobrir o que aconteceu. Meu sogro encontrou um registro seu como imigrante da Inglaterra, chegada aqui há 9 anos. Recebemos uma carta do Brasil, onde a encontraram no registro trouxa também, e ao mandar alguns investigadores até lá, eles acharam um documento perdido sobre seu registro de nascida trouxa com magia, mas por algum motivo, não há nem indício seu na escola de bruxaria de lá ou qualquer outra.

— Você está falando coisas que não entendo. Trouxas? Auror? Tudo queimou? Só me conte a verdade. Não amenize as coisas para mim. Posso lidar com isso. – a vi olhar para Alex atônita e ele negar.

— Eu não imaginava que você não saberia de nada. – ela suspirou – Nós somos bruxos. Nós todos aqui, inclusive você. Uma bruxa muito boa.

Comecei a rir e levantei.

— Por favor. Fale-me logo a merda da verdade.

— Eu falei querida. Lembre de tudo. Acha mesmo que tudo aquilo foi normal? Não tem nada de estranho?

Realmente me lembrei, mas pensei que fosse parte de alucinações, sonhos. Alexandre segurou minha mão e assentiu.

— É verdade Sel. Eu jamais imaginaria que você e a Valentina seriam. Mas é verdade.

— Você é uma bruxa, nascida de trouxas e por algum motivo não entrou nos nossos registros. Tenho uma suspeita, mas nada concreto. Você deveria ter recebido uma carta aos onze anos, mas não recebeu. Deveria ir para Hogwarts e estudar magia e ser uma bruxa em desenvolvimento. E de alguma forma, tudo isso ficou contido em você. Alex disse que você sempre teve alguns sonhos e inclusive sonhou, previu que o aconteceria nas muralhas. Imagino que era uma forma de escape, de última manifestação da sua magia. E agora tentaremos remediar isso. Você precisa controlar sua magia, aprender a usá-la e viver uma vida normal. Você e sua amiga. Acredito que tudo ficará bem e você precisa acreditar em nós. Acreditar que a manteremos segura.

Fiquei em silêncio por um tempo e então falei:

— E minha irmã?

— Não sabemos. É capaz de ela ser uma bruxa também. De ser como você. Mas não temos como ter certeza agora.

— O que vamos fazer? Nossa mãe está... – respirei fundo – está morta. Não tenho pai. Quer dizer, tenho, mas ele não se importa com minha existência e provavelmente já nos esqueceu. Não deve nem saber da Isa. Não temos ninguém. – Ela se aproximou e segurou minha mão.

— O certo seria te entregar ao seu pai, mas achamos um documento em que ele abdicava dos direitos paternos. Logo, nós iremos cuidar de vocês. Draco se prontificou a levar você e sua irmã para a casa dele e por sabermos que ele é um ótimo bruxo, assim como Luna, além do fato de Caius ter sido o único que conseguiu te ajudar, chegamos à conclusão de esta é a melhor opção.

— Mione...

— Não Harry, está tudo bem. Acredito que é a melhor opção. Alex vai ficar lá em casa e acredito que a Valentina também, certo?

— Não. – Alexandre falou e não entendi – Eu a conheço e você também a conhece Sel. Sabe que ela não vai querer.

— Bem, ela pode ficar lá em casa um tempo. – O cicatrizado falou – Draco já vai acolher as duas e acho que não terá espaço para mais ninguém. Eu derrotei Voldemort, posso muito bem cuidar dessa garota.

— Por que não podemos ficar juntas? – perguntei

— É melhor não. – Draco falou – Eu vou cuidar de você. – o olhei e acreditei nele. – Irei te ensinar algumas coisas básicas sobre magia. Tenho mais tempo do que qualquer outro aqui.

— Exatamente. – Hermione falou.

— Existe um problema – Alex falou e suspirou – A Val, está grávida.

— NÃO! DE NOVO NÃO! – Levantei rapidamente e bati nele – Camisinha existe para quê seu desgraçado? Anti-concepcional? Será que nenhum de vocês pensou em se prevenir nem por um instante enquanto faziam seu furunfa?

— Devo concordar com ela Alexandre. – Ronald falou – Mas espera. Você disse que quando se casou ela estava grávida. Como assim de novo?

— O bebê nasceu morto. Faz um ano. Só aconteceu de novo, está bem Selene? Nós somos duas pessoas que se amam ardentemente e quando uma pessoa ama a outra, isso acontece e ficam juntas para o que der e vier. – levei um choque e me sentei – Desculpa. Desculpa Sel. – ele levantou sob os protestos dos outros e me abraçou – Sou um idiota abestado.

— Tudo bem. Eu estou com fome. Tem algum refeitório aqui?

— Tem sim. Quer que eu te leve até lá? – Caius falou.

— Com certeza. – Me levantei e o segui pela porta, sentindo todos os olhares em mim enquanto saía.

Caminhamos em silêncio até chegar ao dito refeitório. Eu sentei enquanto ele pegava meu almoço e logo comíamos por um tempo em um silêncio confortante.

— Então? Por que ele se desculpou de você? – suspirei e respondi

— Basicamente porque o ex melhor amigo dele disse que me amava, eu acreditei o amar, ficamos juntos, me entreguei a ele achando que seria para sempre, sabe? Aí, depois de um tempo, ele ficou com uma vadia que ele já conhecia. Mas continuou me ligando sabe? Falando comigo, querendo voltar a ser meu amigo. Eu pensei estar grávida, contei a ele, ele disse que ficaria comigo. A vadia dele foi atrás de mim, me surrou, acabou comigo e no hospital descobri que graças a Deus era alarme falso. Ele ficou comigo por uma semana, depois foi embora e voltou para ela. – acabei de falar e percebi o quanto falei merda. Nunca desabafei com ninguém assim.

— Ah. Por isso que sua amiga falou aquelas coisas para ele.

— Exatamente. – sorri. – Alex jamais faria algo assim. Foi assim que nos tornamos amigos. Ela estava toda alegre, sabe? Por causa do bebê. Os dois estavam. Ela tentava ser menos feliz, mas eu não suportava estar perto dela. Ele diminuiu e ficou ao meu lado. Acabou com a raça do Carl e me apoiou. Quando o Carl voltou, dizendo que me amava, ele me segurou, o mandou embora e me consolou. Ele estava de luto, mas continuou ao meu lado.

Ele sorriu e ficamos calados. Passeamos um pouco pelo lugar, até que ele parou e ficou na minha frente.

— Ele é um idiota. Não merece seu choro. Não deixarei que isso aconteça novamente com você. – sorri e segurei a mão que me ofereceu.

Continuamos caminhando e ele me contou sobre a escola de bruxaria e me mostrou algumas coisas legais com a varinha dele. Contou-me que logo eu iria até o Beco Diagonal, que é tipo um shopping bruxo e lá compraria a minha varinha. Fomos até a portaria e havia várias pessoas ali. Um serzinho pulou no meu colo.

— Mana! O Sr.Draco vai pegar a Violet! Disse que não vai sair de lá até pegar a Vi. – Sorri e fui até eles. Ele sorria para mim.

— Vamos? Está liberada. – Colocou seu sobretudo sobre mim e percebi que ainda estava de pijama. Olhei para o lado e vi a Val cabisbaixa. Ela estava de roupas normais. Fui até ela e a abracei.

— Ficará tudo bem. – Ela me abraçou de volta – Sabe que o Alex te ama acima de tudo neste mundo.

— Eu sei. Ficarei bem, só preciso de um tempo para pensar. – A abracei mais forte.

— Quer que eu vá com você?

— Não. Vou ficar bem sozinha. Já pensei o bastante sobre isso, mas preciso pensar sobre o Alex. Deixá-lo de castigo, sabe? Não era a hora adequada mesmo. Tomarei mais cuidado da próxima vez. – nos afastamos e ela piscou para mim.

Despedimo-nos e a vi desaparecer na lareira junto ao cicatrizado e o James. Segurei a mão de Isa e logo foi nossa vez. Tínhamos que dizer Mansão Malfoy e ela poderia ir comigo, bem abraçada. Foi o que fiz e logo estávamos em uma sala branca e azul, com uma mulher loira de olhos azuis a sorrir para mim de braços abertos.


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Notas finais do capítulo

Gostou? Dá um alôzinho aqui embaixo e me diz o que achou.
Beijões



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