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Sam estava sentado na cama. O Winchester havia vestido apenas a cueca para caso de alguem entrar no quarto. Em seu intimo ele queria que este alguem fosse Lúcifer.
Quando o loiro saiu do quarto, a única coisa que Sam pode pensar foi no quanto estupido ele fora de se entregar assim para um completo desconhecido. Ao menos era oque a lógica dizia. Que Lúcifer era um desconhecido.
Porem dentro de Sam, em uma parte escura e esquecida de sua mente ele sabia que o loiro para qual ele se entrara de corpo e alma não era tão desconhecido assim.
Ao pensar nisso o Winchester sentiu a familiar pontada de reconhecimento atingir seu cérebro e desta vez ele não recuou. Ele não poderia se sentir pior do que ja estava se sentindo agora.
Forçou a mente. A dor veio como das outras vezes, mas desta vez havia algo mais. O reconhecimento estava mais e mais forte e Sam não queria parar, mesmo que doesse ate sua alma, ele não podia mais parar.
Então seu subconciente repassou cada toque, cada palavra dita, cada carícia que eles trocam essa manha.
E algo mais.
As memórias começaram a passar na frente dos olhos de Sam como se fossem um filme antigo e em alta velocidade. Tudo que ele conseguia captar eram sons, vozes , ecos, cores, texturas.
Sentiu primeiro como se algo o tivesse invadido por completo. Controlado todo seu ser e todos seus movimentos. E pior. Ele gostava.
  
"Você sabe que esta sentindo. Prazer. Você sabe que gosta, Sam."
" Você é minha vadiazinha. Em todos os sentidos do termo."

Sam agarrou o cobertor com força e cerrou os dentes. Isso realmente estava doendo. Muito. Mas ele queria saber mais. Aquela voz era a mesma voz rouca e arrastada de Lúcifer. Oque diabos era aquilo?

" Por que eu? "
" Porque é você Sam. Sempre teve de ser você. "

A respiração do moreno estava ofegante. Uma linha fina de suor se formava em sua testa novamente e por Deus, ele queria parar.
Mas as memórias não davam trégua.

" Eu nunca mentirei para você, Sam. Eu nunca o enganarei. "

" Não era Deus falando com você, Sam. Era eu. Foi sempre, apenas eu. "

Um pequeno gemido de dor saiu involuntariamente da boca de Sam e suas pernas começaram a tremer compulsivamente. O moreno podia jurar que podia escutar seu coração batendo em seus ouvidos, deixando-o surdo de dor.

" Sam Winchester. Esta é sua vida. "

" Você precisa de meu consentimento. "
" É claro, eu sou um anjo. "

Sem conseguir sustentar o próprio peso do corpo em cima da cama, as pernas de Sam falharam e ele caiu no chão com um baque surdo e alto. Agora não eram mais apenas gemidos de dor e sim alguns gemidos altos que clamavam por ajuda, mas mesmo assim as memorias confusas não paravam de passar, tudos se misturando e formando sons horrendos e imagens difusas.

Sangue. Correntes. Facas. Gritos. Dor.
" Preparado para outra sessão, Sammy?"
" Não. Por favor, não não não..."

Alguem adentrou no quarto e a visão conturbada de Sam não reconheceu a pessoa ate sentir o toque familiar e a voz preocupada. Era a ultima e a única coisa que ele queria agora.
Lucifer estava ali, ajoelhado no quarto gritando o nome de Sam, altamente preocupado.
Sam queria responder, queria gritar para que o loiro fosse embora e ao mesmo tempo queria que o outro o abracasse e fizesse isso tudo passar. Mas mesmo com a presença de Lúcifer ali, as memórias não paravam. Agora eram mais recentes.

"-Luci...- Sam tentou falar, porem, o arcanjo sentou-se em cima do membro de Sam, segurando seus braços com apenas uma mão.
–Nervoso, Prince? "

–SAM! -Berrou o arcanjo preocupado vendo o Winchester se encolhar em seus bracos, arranhando-os como se os quisesse longe mas ao mesmo tempo não se afastando.
O arcanjo não sabia oque fazer. Não sabia como parar a dor que seu menino estava sentindo. Deixou o Winchester arranhar seu braço e o trouxe mais para perto, abraçando-o.

"Floresta. Sam corria por entre as arvores com seu coração a mil. Palhaços. Eles o seguiam e estavam alcançando-o. Pegou uma barra de ferro e esperou pela morte iminente. Ate que seus olhos encontraram os cristalinos de Lúcifer e ele soube que estava a salvo.
  -Você esta a salvo agora, Prince. "

–L... Lúcifer... - Sam gemeu o nome do mais velho com dor e acima de tudo com desespero. Ele agora não tinha total consciência de quem Lúcifer era para ele, mas sabia que era seu porto seguro. E SA só queria se sentir seguro.

" - Por que me salvou ontem?
  Lúcifer suspirou olhando no fundo dos olhos de Sam.
   - Pois eu ainda não achei uma nova vadia. "

" - Mas quanto a você - Lucifer continuou tentando ignorar a dor que se alastrava por seu peito - Quanto a você eu me arrependo de tudo, desde o primeiro dia. Eu apenas não percebia o quanto você era especial, Sammy. "

E então parou. Tudo parou. As imagens e sons foram aos poucos parando e todas as memorias voltaram a seu lugar de origem. Sam estava ali. Ele estava de volta.
E ele se lembrava de tudo.

A dor também começou a cessar lentamente. Depois de mais alguns segundos no colo de Lúcifer, Sam se levantou. Ele ainda estava sentado no chão quando encarou o loiro a sua frente que agora ele sabia ser Lúcifer, e sentiu sua face corar lentamente APIs as lembranças da manha voltarem a sua mente como uma enxurrada.
–Sam? - Chamou o arcanjo um tanto vacilante.
–Lúcifer. - Disse Sam sem conseguir mais sustentar o olhar do loiro, desviando os globos verdes para o chão.
Lúcifer percebeu que o homem sentado ali a sua frente era Sam. O seu Sam, não aquele sem memoria.
Sem conseguir se controlar, mesmo sabendo que não deveria ao menos ter voltado ao quarto, Lucifer levantou a mao segurando o queixo de Sam com delicadeza e levantando-o, fazendo o Winchester olhar diretamente para ele.
–Lucif... - Tentou dizer Sam, porem foi interrompido pelos lábios macios do loiro que se grudaram aos dele com urgência.
Sem conseguir resistir ao beijo do outro, Sam segurou a gola da camisa que Lúcifer agora vestia, trazendo-o para mais perto de si e aprofundando o beijo deixando a lingua de Lucifer invadir sua boca e suas línguas se juntarem em um encontro frenético e necessitado.
Misturas de sentimentos estavam ali.
Lucifer sabia que aquela deveria ser a ultima vez, na verdade ele deveria ter acabado com toda aquela história assim que seu coração disparou pela primeira vez ao ver Sam, mas o moreno era como uma droga. E o arcanjo estava altamente viciado na droga chamada Sam Campbell Winchester.
O Winchester mais novo estava plenamente consciente de que aquilo era profundamente errado e não deveria durar mais um segundo sequer. Sabia que aquele era Lucifer. O diabo. O arcanjo caído que causara a maior parte da miséria de sua vida e mesmo assim Sam não conseguia deixar de ama-lo.
Sim, o moreno amava o arcanjo, e se antes havia alguma dúvida nisso, qualquer vestígio dela sumira assim que Sam recuperara as memorias de Lucifer. As boas e as ruins. E mesmo assim não conseguiu odiar o loiro por um segundo sequer.
Quando tudo aquilo ja estava saindo do controle de qualquer um dos dois, Lucifer se afastou bruscamnete de Sam e se levantou. O Winchester continou sentado no chão, sem encarar o arcanjo.
O plano de Lucifer era levantar-se e sair do quarto o mais rápido possível, mas não conseguiu mover um músculo sequer ao ver o moreno sentado no chão completamente devastado.
–Pode ir. - Disse Sam num fiapo de voz. Tudo dentro do Winchester queria berrar para que o arcanjo não desistisse dele, não o deixasse. Mas ele não teve coragem de dizer isso em voz alta. Então oque disse foi o contrário do que queria.- Isso não esta certo, de qualquer jeito teria que parar.
O arcanjo queria apenas poder concordar com aquelas palavras mas uma parte de si caiu completamente ao escutar o winchester adimitir aquilo daquele jeito.
Lúcifer bufou e se abaixou um pouco, pegando Sam pelo braço com sua tipica força divina e pousando-o na cama. Sam olhou para ele completamente devastado.
A respiracao de Lucifer saiu tremida e ele disse com a voz rouca.
–Sinto muito, Sam.
Apenas um beijo na testa de Sam foi deixado antes do arcanjo deixar de vez o cômodo, sabendo que nunca mais deveria se deixar cair em tentação por seus próprios sentimentos.