Por Eduarda:

Passei a noite em claro pensando como seria minha vida agora e na atitude de Lucas.
Desde o dia que caiu realmente a ficha que iria me casar, essa era minha maior preocupação, ter que me entregar sem querer. Minha mãe sempre me falou que não teria escolha, se meu marido quisesse teria que fazer, mas mesmo sabendo disso, decidi falar que não queria e ele me surpreendeu.
Quando amanheceu me levantei com o pensamento que Lucas já estaria na empresa de seu pai, então fui tomar meu café de pijama mesmo.
Quando entrei na cozinha encontrei um Lucas com o cabelo todo bagunçado, ainda de pijama. Quando me viu seu olhar me observou de cima em baixo e com certeza fiquei vermelha.
—Não precisa ficar com vergonha.- falou com um sorriso tímido.
—Pensei que já estava na empresa.
—Bom, tecnicamente estou de lua de mel. Senta aí.
—Quanto tempo?
—Uma semana, você quer fazer alguma coisa especial?
—Acho que não.
—O que vai fazer depois do café?
—Acho que vou dormi mais um pouco, por que?
—Estava pensando em te chamar para caminhar comigo. Sempre faço isso antes do café, mas hoje acordei um pouco mais tarde.
—Eu gosto de caminhar, mas minha mãe sempre falava que se você soubesse que eu estava na rua sozinha, acharia ruim.
—O que?
—Pois é, eu fui privada de várias coisas. De acordo com minha mãe aquele era o seus desejos.
—Eu nunca falei nada, nem sabia quem você era, não te proibiria de fazer nada.
—Não?
—Lógico que não. Caramba, nosso pais vivem em qual século em?
—Também queria saber.- falei sorrindo.
—Por que casou comigo?
—Não tive escolha.
—Como assim?
—Meus pais me obrigaram a casar. Ou eu casava ou eles me internavam em uma clínica psiquiátrica.
—Eles podem fazer isso?
—Podem, já fizeram com minha irmã mais velha.
—Você quer o divórcio?
—Oi?
—Não quero que você fique aqui contra sua vontade.
—Não posso. Sei que se eu voltar eles me internam.- falei com a cabeça baixa- e nossos pais nunca admitiriam isso.
—Verdade. Bom, já que é assim. Saiba que você está livre pra fazer o que quiser, não vou te prender aqui dentro dessa casa. Sei que a gente não se ama, mas podemos viver bem um com o outro, o que você acha? Amigos?- apertei sua mão sorrindo, pela primeira vez estava me sentindo livre para ser quem sou de verdade.
—Amigos. Sério? Posso fazer o que quiser, sair quando quiser?
—Pode. Mas queria te pedir uma coisa. Sei que só somos casados no papel, mas queria te pedir para não ficar com outros, pelo menos não em público.
—Não se preocupe, não vou te “trair.”- falei rindo.
—Obrigado. Nem eu a você.- não sei porque, mas isso me fez sorrir.
—Vai querer ir caminhar?
—Proposta boa, mas não dormi muito bem a noite. Que tal uma piscina hoje à tarde?
—Acho melhor praia, estou com saudades, mas de você quiser podemos ficar na piscina.
—Vamos a praia, depois ficamos na piscina, o que acha?
—Ok, vou caminhar. Quando for a hora do almoço eu te chamo pra gente almoçar juntos fora, pode ser?
—Pode sim.

Horas depois...
—Pronta?
—Pronta! Onde vamos almoçar?
—Bom, acho que um leve churrasco não faz mal a ninguém. O que você acha?-ele me pergunta sorrindo.
—Acho melhor não, você não vai querer ter uma esposa barriguda, vai?- ele olhou com olhar confuso e não consegui me controlar, comecei a rir.- to brincado, sou apaixonada por churrasco, não negaria nunca.
—Você me confundi.- falou sorrindo.-você é diferente.
—Isso é bom?
—Muito.
Fomos para um restaurante à beira da praia, acho que nunca tinha ido lá. Acho que exagerei um pouco, pois nunca me senti tão cheia na vida.
—Cabe uma sobremesa ainda?
—Creio que não, mas se for de chocolate sim.- falei rindo.
—Meu Deus, me casai com uma gulosa.
—Nem é tanto, eu só amo chocante e todo o resto.
—Como você tem esse corpo?
—Minha mãe, acho que você já deve ter percebido que ela é bem controladora né?-ele concorda que sim.- então, isso era uma de várias coisas que ela me controlava. Mas devo agradecer ela nessa parte, não quero ser uma pessoa obesa, gosto muito de me exercitar.
—Acho que casei sem querer com a pessoa certa.- ele falou olhando nos meus olhos, abaixei a cabeça e dei um pequeno sorriso. Com certeza estava vermelha. Às vezes eu me pergunto como ele consegue me fazer sorrir do nada.
—Dois gordos.- falei rindo.
—Se você for caminhar comigo todos os dias, podemos não ser.
—Vou pensar no seu caso.
—Nem vem, eu sei que você gosta.- falou rindo.
—Borá pro mar?
—Borá, gordinha.
—Gordinha?
—Não acredito, você me chamou de gordinha?- ele apenas gargalhou e saiu correndo em direção ao mar.- entra logo, baleia não afoga.- ele me gritou.
—Isso vai ter troco, palhaço.- tirei minha roupa e entrei dentro do mar.
—Falei que baleia não afogava.- falou fazendo casquinhas em mim.
—Queria saber quem te deu essa liberdade toda pra falar assim comigo.
—Eu.
—Você?
—Lógico, se você não sabe, não posso fazer nada.
—Saber do que?
—Querida, eu sou o Batmam.- falou colocando as mãos ma cintura me fazendo gargalha.
—Palhaço.
—Como ousa chamar o Batmam de palhaço? Não irei admitir isso.- falou me pegando do colo e me fazendo cócegas.
Ficamos lá por horas, um implicando, brincando com o outro. Às vezes parecia que a gente se conhecia a anos. Creio que encontrei um amigo, uma pessoa à qual posso conversa, me diverti e quem sabe me apaixonar, nós dois temos a vida inteira para descobrirmos um ao outro. Só espero não sofrer, espero que ele não me decepcione, que sejamos realmente amigos.
Ele estando ao meu lado, me fazendo rir, me fazendo feliz, basta para mim e espero que possa fazê-lo feliz também. Estamos apenas no começo, a muita coisa para acontecer em nossas vidas ainda. Mas o que me interessa agora é o presente, os momentos a qual estou vivendo no agora. O amanhã ainda está tão longe, pena que as horas passam tão rápido quando estou ao lado dele.