Dark Inside escrita por Weretroxeane


Capítulo 5
Panic Attack




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  Senti as gotas geladas em minhas costas, o que fez que eu a curvasse por um momento. Logo a água ficou quente, o que fez com que todos os meus muculos relaxassem. Eu não acredito que estou tomando banho quente novamente.
  O shampoo cheirava a morangos e o sabonete tinha frescor de leite. Pela primeira vez em muito tempo meu cabelo sentiu o efeito do condicionador, ele já estava bem mais desembaraçado. Fiquei por mais um tempo debaixo do chuveiro sentindo a água no meu rosto, mas logo desliguei, não queria abusar da hospitalidade de Alexandria, de Deanna.
  Quando sai do box, enrolada na toalha, me vesti com a roupa que uma menina havia nos entregado, era um calça jeans justa do tipo que você não usaria em um apocalipse zumbi pelo fato de quase não entrar e uma camiseta branca de manga, estava escrito algo do tipo "eu amo os EUA".
  Saí do banheiro dando de cara com o corredor,  havia umas cinco portas além do banheiro, descobri que uma delas era outro banheiro quando Carl saiu secando o cabelo com a toalha.
  Ele olhou de relance para mim, mas não falou nada, o que me fez pensar que ele realmente havia entendido que eu não queria ele perto de mim, quer dizer... nada, apenas, eu só não queria que ele se afastasse tão rapido.
  Desci as escadas, havia uns sacos de dormir espalhados pelo chão, nossas mochilas estavam todas em um canto separado.
 
  – Cadê o Rick? – perguntei para Sophia assim que acabei de descer as escadas. Ela apontou para a direção onde estava o Rick – Quase não o reconheci – ela riu.
  – É, ele está bem diferente – seu olhar estava completamente cravado em um ponto distante, ela pensava em outra coisa desconexa com o assunto que eu falava com ela.
  – Oque foi? – perguntei, depois de alguns segundos ela finalmente olhou para mim.
  – Oque? – eu franzi as sobrancelhas. Ela ficou esperando a minha resposta, mas eu esperava a dela primeiro.
  – Está tudo bem? – ela assentiu.
  – É só que é muito bom para ser real.  – eu respirei fundo.
  – Não devemos perder a esperança certo? Aqui é seguro, ninguém vai se machucar – ela sorriu e logo depois semicerrou os olhos. Oh não, eu conhecia aquela expressão. 
  – Então porque ainda evita o Carl?
  – Shhh! – coloquei a mão na boca dela – Você não sabe do que ta falando. – ela riu, ela sabia, eu sabia também. Ela estava certa. Porque eu estava dizendo para ela fazer algo se eu mesma não fazia? – Vai dormir – dei um tapa em sua cabeça.
  – Ai!

 

 

 

[...]

 

 

 

  Ron era legal. Eu havia acabado de conhece-lo, Rick disse que uma mulher que ele tinha conhecido queria apresentar o filho para o Carl, e eu estava junto — eu estava tentando falar com Carl, o que vem falhando a cada tentativa. Nós andavámos um do lado do outro enquanto Ron tentava puxar conversa, eu até conversaria com ele, se eu não estive imersa em tantos pensamentos.

 

  Entramos em sua casa, não era muito diferente da que estávamos, só que a casa de Ron havia fotografias e quadros com sua família, a maioria deles antes do apocalipse. 

 

  Subimos e fomos até onde eu julguei ser seu quarto, havia uma menina deitada em sua cama e outro garoto fazendo alguma coisa que eu não quis saber o que era.

 

  Estar em todo aquele clima de normalidade me deixava entediada. Cruzei os braços, mudando o peso do corpo de um pé para o outro. Ron havia falado sobre escola, eu pensei que nunca voltaria para a escola, e nem queria. Ouvi ele falar sobre video-game fez meu coração acelerar, não por felicidade, eu estava ficando com falta de ar. 

 

  Eu saí sem dar nenhuma explicação, quase tropecei na escada pela visão turva, esbarrei em um dos quadros, sem parar para repor em cima do aparador da sala.

 

  Quando cheguei lá fora eu quis correr, parecia tudo igual, as casas, as pessoas andando na rua com sua sacolas de compras, as mulheres falando sobre o que preparariam para os seus maridos no jantar, e os homens sobre a comida que as mulheres faziam, tudo aquilo era muito normal. 

 

  Corri até os muros que nos separavam da realidade. Comecei a escala-lo, eu estava meio tonta, me desequilibrei o que resultou numa quase queda. Logo que cheguei no topo eu pulei, o muro devia medir um pouco mais de três ou quatros metros, senti meu tornozelo doer muito, uma dor aguda, mas logo parou de doer, aquilo ficaria enxado depois.

 

  Me recompus, eu já estava na floresta. Ainda estava bem perto dos muros, eu não queria me perder, tinha que voltar para Sophia, para Carl e para o resto do grupo. Minha respiração foi voltando ao normal. 

 

  — O que aconteceu? — me assustei com a sua voz atrás de mim, ele havia me seguido? Eu respirei fundo.

 

  — Parece — comecei, me virei olhando para ele, Carl tinha um olhar preocupado no rosto — Que eu tenho claustrofobia á normalidade — ele riu, eu ri também, mas de certo modo eu estava com vontade de chorar.

 

  — Eu sei, é tudo muito estranho — eu assenti. Eu deveria estar feliz em estar em Alexandria, mas eu tinha uma sensação estranha, talvez eu já tenha me acostumado com o mundo do jeito que ele está, era muito pessimismo pensar assim.

 

  — Eles são fracos — me sentei, usando um tronco como apoio para as minhas costas, ele hesitou em se sentar do meu lado, mas assim o fez. — Eu não quero que Sophia seja como eles — ele soltou um riso nasalado. Do que ele estava rindo? O olhei com os olhos semicerrados.

 

  — Que foi? — ele perguntou com um sorriso que me dava vontade de sorrir, eu foi o que eu fiz.

 

  — Você! — eu o acusei — Fica rindo de mim, porque?

 

  — Você! — ele repetiu o mesmo ato que o meu — não consegue se preocupar com você mesma! Quase morreu e está aí, se preocupando com a sua irmã — de algum jeito, isso me fez lembrar do que Sophia havia me falado noite passada, afastei aquilo da minha cabeça, estava bom ser apenas amiga de Carl, por enquanto.

 

  — Vamos! Não queremos perder a festa, não é mesmo? — me levantei, limpando as folhas secas da minha calça, logo depois vi Carl estendendo a mão para que eu o ajudasse a levantar — Folgado — disse, mas mesmo assim ajudei.

 

 
 
 
  


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