Love Kitsune escrita por BlackCat69


Capítulo 4
Capítulo: Punição, julgamento e testemunha


Notas iniciais do capítulo

Capítulo alterado no dia 30 de maio de 2021, às 17: 11



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O despertar do hanyou viera na alvorada. 

Deitado de peito para baixo, da mesma forma com a qual desmaiou, levou dois minutos até fazer um movimento maior do que o causado pela respiração.

Em um raio de lembranças, imagens lhe correram: Seu pai o proibindo de sair de casa, as crianças fugindo aterrorizadas, os meninos lhe atirando pedras e o urso imenso o perseguindo. 

Sentado, abraçou suas pernas. 

Suas orelhas desceram e sua cauda se tornou inanimada. 

Seus imensos azuis rotundos brilharam tristemente.

De modo repentino, as narinas se mexeram. 

Um cheiro diferente atingia seu apurado olfato. 

Fechou os olhos e ergueu o queixo. 

Com maior força, as narinas se alargavam e comprimiam.

Sua cauda iniciou leve balanço enquanto as suas orelhas se empinavam. 

Era um cheirinho bom, partia de seu próprio corpo. 

Seja lá o que fosse, trouxera à memória do meio yokai, a sonoridade melodiosa de uma voz. 

Uma pessoinha pequenininha e branquinha de olhos de lua se desenhou na mente do pequeno Namikaze. 

— Ela cuidou de Naruto. Naruto não sente mais dor. 

Ficando de pé, colocou os braços atrás das costas e suas mãos vasculharam-nas.

Tudo o que sentiu foi o seu quimono rasgado, nada de ferida.

Recordou:

— Naruto sentiu os dentes do urso.

Não.

Se não havia marca de dentes, então não aconteceu. 

Só podia ter sido um sonho.

Por que uma menina cuidaria dele?

Nenhuma criança teria compaixão por ele, elas nutriam apenas medo quando o viam, tivera sua prova. 

O que aconteceu foi que desmaiou de cansaço, e só imaginou que o urso lhe mordeu, mas conseguiu escapar dele.  

Seu quimono rasgou nos espinhos.

Era daquela forma que a mente do meio yokai trabalhava para convencê-lo de que nenhuma criança poderia entregá-lo uma boa ação.

Ele aceitara que seria odiado por qualquer um que não fosse seu pai.

E pensando no homem que ajudou a lhe por no mundo, prontificou-se a retornar para casa. 

— Otou-san perdoa o Naruto, perdoa o Naruto.

Desesperado, volveu-se ao caminho dos espinhos e se abaixou, engatinhou devagar para sair dali.

Encontrou o chapéu de seu pai, no objeto farejou o cheiro de urso, e estranhou.

Não se recordava do urso imenso ter alcançado seu chapéu, o animal era grande demais para caber naquele caminho moldado por vegetação espinhenta. 

Chegando do outro lado, suas lágrimas desceram, imaginando a preocupação de seu pai. 

Sem sinal de urso, sem barulho de gente o seguindo, de mansinho se moveu pela floresta e ao encontrar aquela arvore maior, subiu nela para avistar qual direção deveria seguir.  

Da copa avistou os elevados onde se situavam alguns dos campos de arroz, e desceu tendo ideia que percurso escolheria. 

Durante seu avanço, lagrimou mais.

Jamais deixaria sua casa novamente, seria o filho mais obediente do mundo. Seu pai estivera certo desde o início. 

 

~NH~

 

Avistando sua casa, Naruto acelerou sua corrida, pressionando o chapéu contra os cabelos, impedindo-o de cair.

Suas orelhas se mantinham descidas, todavia ele não se importava.

Abriu imenso sorriso almejando abraçar Minato. 

Não se importaria de ser castigado o resto do ano, ou pelo resto da vida. 

Contanto que ficasse perto de seu pai, seria um hanyou feliz.

Entraria pela porta lateral. 

Pisando na varanda, imobilizou-se.

Entregou atenção a um cheiro o qual não pertencia ao seu pai.

Receoso, empurrou a porta de correr. 

Quem se fazia presente, parado no centro do cômodo, era Hiruzen Sarutobi. 

Hiruzen visitava a casa de Minato apenas no final de cada ano, acompanhado de Koharu Utatane e de Homura Mitokado. 

Nas visitas, eles conversavam com Minato, objetivando escutarem o que o Namikaze tinha para falar sobre o filho. 

Naruto ficava ao lado do pai, quieto, ao tempo em que o camponês-artesão relatava às visitas sobre a rotina de pai e filho que levaram no decorrer do ano.

Após o final do relato de Minato, os idosos observavam a imagem do meio yokai por um tempo, e se despediam formalmente. 

O que o hanyou entendia era que estava sendo avaliado. Então aqueles idosos não eram amigos, eles faziam apenas o trabalho deles, tal como o homem que vinha cobrar o arroz do seu pai. 

— Jii-san?

O hanyou chamou, aproximando-se do Sarutobi que o observava seriamente.

Os olhos enrugados fitaram as mãozinhas de unhas longas apertarem o chapéu cônico.

Os dedos do pequeno se abriram, o chapéu caiu no piso.

A atenção do meio yokai se afastou do velho de quimono branco, observava ao redor. 

Havia paus e pedras espalhados no chão, muita terra divergida.

O papel translúcido da parede da porta frontal da morada exibia vários rasgos.

A mesa baixa partida ao meio.

As prateleiras caídas, os recipientes e potes nos quais o pai guardava nelas, sumiram. 

As caixas de roupas também se ausentavam.

Destruição seguida de roubo. 

— O que aconteceu com a casa do otou-san? — perguntou choroso. — Cadê otou-san?

— Ele está em segurança, Naruto. No momento, ele descansa. —Hiruzen colocava os braços para trás das costas meio curvas. Fechando os olhos, em uma expressão lamentosa, revelou: — Sua casa foi atacada.

— Atacada... qu... quem destruiu a casa do otou-san? Naruto vai mordê-lo, vai fazer a pessoa má pagar!

— Naruto, tem que me responder algo importante primeiro. 

As orelhas de raposa ficaram em pé, na expectativa, em troca de pôr seus dentes na pessoa má, responderia tudo o que o velho quisesse. 

— Você atacou algumas crianças da aldeia?

O meio yokai entreabriu a boca, em poucos segundos esquecera o que aconteceu no dia anterior, e retornando a pensar no problema no qual se enfiou, agora fazia a ligação. 

Aqueles adultos não o encontraram então eles foram a sua casa e fizeram aquela maldade. 

— Naruto não fez nada, Naruto tentou fazer amigos, mas atiraram pedras no Naruto! Elas correram assustadas... — fechou as mãozinhas na frente do peito, soltando algumas gotas de lágrimas. — Adultos ruins, as crianças pediram ajuda pra eles, e eles descontaram na casa do otou-san! A casa que otou-san construiu com suor e carinho!

— Eu acredito em você, Naruto. — Hiruzen falou, pousou a mão direita no ombro do meio yokai. 

O hanyou fitou o mais velho, surpreso. 

— Jii-san... acredita no Naruto.

— Sim, por enquanto você só precisa saber disso. Não lhe farei nada de ruim, e não permitirei que façam algo com você ou com seu pai, está bem?

As palavras do velho transmitiram confusão ao pequeno que nunca recebera um ato de carinho do mesmo. 

O hanyou deu espaço para o nervosismo aumentar:

— Naruto quer ver o otou-san! 

O Sarutobi percebeu que ele não conseguiria se acalmar enquanto não visse o pai. Segurou a mão dele:

— Vamos vê-lo.

As sobrancelhas loiras se elevaram, estranhando o contato próximo. Primeiro o velho lhe tocou no ombro, e agora na mão?

Por qual motivo?

Sua mente se confundia outra vez.

Reservou-se calado, no momento não tinha interesse nenhum em conversar com o Sarutobi, queria apenas rever seu pai. 

Ao passarem pela porta destruída, o loirinho olhou por cima do ombro, vendo mais uma vez o triste cenário que ficou o seu lar.

Pagou um preço caro por desobedecer. 

Uma tenda havia sido armada a vinte e cinco metros da casa, quatro guardas a vigiavam.

Não eram guardas do exército do daimyo, e sim da própria aldeia, a serviço de Hiruzen. 

Os guardas da aldeia se organizavam em grupos, cada grupo obedecia exclusivamente à ordem de um membro do quarteto de anciões. 

Nenhum guarda dirigiu olhar ao pequeno Namikaze, mantiveram-se em posição de vigia, sérios. 

Naruto sorriu ao sentir o cheiro de seu pai, sem temer a presença dos guardas, adentrou a tenda. Ficou tão feliz que não percebeu outro cheiro, o de sangue. 

O Namikaze se deitava em cima de um cobertor de cânhamo. 

Uma faixa acobertava grande parte da cabeça, tapando o olho direito, o tecido expunha manchas de sangue secas, o nariz estava quebrado e o lábio superior, inchado.

— Otou-san...

O mundo do hanyou desabava.

Paralisado, escutava o Sarutobi que parou atrás de si:

— Eu sinto muito não chegar a tempo. A aldeia estava agitada, quando eu descobri o motivo, era tarde demais. As pessoas cercaram seu pai antes mesmo de ele chegar em casa. Enviei meus homens para tentar impedir a multidão furiosa, conseguiram salvar Minato, mas a casa... já estava toda destruída e roubada. — Suspirou, lamentando. — Alguns foram pegos, outros escaparam antes mesmo de os guardas chegarem, mas estou trabalhando para coletar os nomes de todos os envolvidos.

Dos olhos arregalados do hanyou, finíssimas lágrimas saíam e suas sobrancelhas logo desceram nos cantos centrais abaixo da testa, abrindo sua cara de cólera, sentia seu sangue ferver.  

— Naruto... vingará o otou-san...

Os orbes azuis assumiam cor vermelha, ela se apagava, mas no segundo seguinte retornava, e seguiu esse ritmo. 

Aquele mundo não merecia seu pai, se fosse para continuar vivendo daquele jeito, seria melhor que os dois partissem para sempre da aldeia, não precisavam de mais ninguém, apenas um do outro. 

— NARUTO MATARÁ TODOS QUE MACHUCARAM O OTOU-SAN!

A aura vermelha se tornou notável, fazendo o Sarutobi recuar um passo.

Os guardas logo se puseram na abertura da tenda.

— Para trás, Sarutobi-meishu! — um dos guardas gritou. Tomaria a frente para enfrentar o meio yokai. 

— Não.... Naruto...

Minato murmurou, o sono lhe pesava, sua cabeça doía, todavia escutava a voz de seu filho. 

A audição de raposa captou as palavras.

— Pessoas más... pessoas más vão pagar.... — Naruto falou diminuindo a voz. — Deixe-me ir otou-san...eu vou fazer todos que o machucaram se arrependerem. 

— Não...eu quero você comigo...

As pálpebras do olho esquerdo tremeram, seguidamente, abriram-se. Sua visão ficou embaçada no início, ao se definir, visualizou a imagem de seu filho, não se assustara com o poder ondulando em torno do hanyou.

Nem os olhos vermelhos criaram temor no camponês-artesão. Tudo o que via era o filho que amava, e sentia felicidade em ver que Naruto estava a salvo.

— Que bom que está intacto, filho. Deixe-me abraçá-lo. — Estendeu um braço, sua voz estava frágil. — Fique comigo, por favor. 

O vermelho deixou de aparecer sobre a cor azul das íris de Naruto, e a energia sinistra se reduzira até sumir completamente. 

— Otou-san... — Murmurou choroso. 

Hiruzen fez sinal para os guardas abaixarem as armas.

Os homens de olhares receosos obedeceram ao Sarutobi. 

Lagrimando, Naruto se deitou sobre o peito do pai. 

O pequeno sentiu as mãos do Namikaze agraciarem suas costas.

Hiruzen se retirou e não precisou dizer nada para que os guardas também saíssem da tenda.

Naruto passou a chorar de forma escandalosa, seu nariz escorria e os soluços atropelavam sua voz. 

Mesmo com o filho naquele estado, o camponês-artesão sentia o coração tranquilo. Ambos estavam vivos, ambos estavam juntos. E era tudo o que importava.

 

~NH~

 

O próprio Sarutobi limpara a casa dos Namikazes, e partiu após isso. 

Deixara o cobertor de cânhamo com eles, visto que as camas de palha foram desfeitas. 

E enviou um de seus homens para pôr uma tigela de sopa na porta da casa. Uma vez na manhã e outra na noite. 

 

~NH~

Dois dias depois

~NH~

 

Os horários de serviço no campo de Minato eram ocupados por cinco camponeses os quais se envolveram na invasão da casa do Namikaze. 

Fazia parte da punição deles. 

Além de cumprirem hora na área de Minato, retornariam para trabalhar na parte deles. 

Sairiam do campo apenas ao anoitecer.

A morada ainda estava com a parede da frente rasgada em alguns lugares.

Em contrapartida, alguns objetos haviam sido recuperados. Recipientes para pôr água e as cestas de roupas.

Naruto se tornou uma bela babá do pai. O ajudava a se alimentar, a se vestir e a se banhar. Afastava-se do homem apenas quando fazia suas necessidades fora de casa. Mas logo tratava de voltar. 

De manhã, Hiruzen apareceu na companhia de uma dupla de guardas, foi recebido de modo indiferente pelo meio yokai.

Naruto avisou que o pai ainda dormia e se afastou. Passou pelas cortinas remendadas e se deitou ao ladinho do Namikaze. 

Quando o artesão-camponês acordou, o Sarutobi continuava na casa. Aproximou-se dos dois. 

— Sei que não está apto para me receber, Minato. — Hiruzen falou, antes que o Namikaze tentasse se erguer do cobertor de cânhamo. — Meus homens conseguiram mais nomes dos envolvidos. Acredito que daqui a uma semana já tenha recuperado tudo o que perdeu. 

— Isso é bom…

Minato dissera, uma leve dor martelava em sua cabeça. 

O meio yokai alheio, subiu no peito do Namikaze. Deitando sua cabeça de lado, amassava sua bochecha contra o peito dele.

Hiruzen avisou:

— Minato, eu deixarei guardas vigiando sua porta hoje. 

— Não precisa se inc...

— É um julgamento, Minato. — O Sarutobi se adiantou em explicar. — Estão esperando por Naruto.

Minato se guardou mudo durante poucos segundos. Falou:

— Entendo... por favor, dei-me um tempo para me arrum...

— Fique descansando, não está em condições de sair de casa, eu levarei Naruto. Prometo que nada acontecerá a ele. 

Reflexivo, Minato fitou a face do Sarutobi. 

— Naruto não vai! — o hanyou abraçou o corpo do pai com maior força. — Naruto ficará com o otou-san!

O camponês-artesão pousou uma mão aberta nos cabelos loiros, e outra nas costas do pequeno. Firmou seu olhar, no grave olhar do Sarutobi.

— Ficará tudo bem. — Hiruzen reforçou. — Eu garanto. 

Minato reconheceu o olhar confiante do Sarutobi, o velho se expunha daquele jeito quando segurava a certeza de algo. 

— Naruto, vá com o senhor Hiruzen.

— Mas... mas...

— Por favor, me obedeça.

Minato não precisou falar mais nada. 

O loiro mesmo descontente, assentiu, seria um filho obediente.

— Faça tudo o que o senhor Hiruzen mandar, entendido?

Naruto fez um bico, mas ajeitou a boca depois de quatro segundos, engoliu a vontade de chorar e assentiu ao pai, saindo de cima do homem, fitou o Sarutobi.

— Nós participaremos de uma reunião importante, Naruto. — Avisou Hiruzen. — É essencial que você se mantenha calmo e não deixe as emoções lhe dominarem, consegue me entender? 

O hanyou virou o rosto ao pai que o assentiu. Retornou a fitar o velho.

— Jii-san se refere a vingança? 

— Sim...

— Otou-san conversou com Naruto. E Naruto não vai atrás de bater nas pessoas más.

Minato sorriu. 

O Sarutobi se aliviou.

O pequeno Namikaze se esforçava em ser um filho obediente.

Por uma parte era triste, pois a necessidade de não desobedecer viera por conta do trauma. 

 

~NH~

 

Naruto percebeu que o Sarutobi o guiou longe do centro da aldeia.

Andaram por um caminho mais longo, pelo qual nenhum aldeão os viu. 

Naruto um dia tanto almejou conhecer a aldeia, e naquele momento estando nela, só queria ir embora. 

Chegaram na maior casa de Konoha. 

Havia dois guardas na entrada. 

Não era de conhecimento dos habitantes que teria um julgamento naquele dia. Assim evitaria aglomeração na entrada da habitação dos anciões.

O povo de Konoha achava injusta a procura pelos envolvidos na invasão da casa e agressão ao Namikaze.

Desacreditavam na inocência do filho do artesão-camponês.

Se o meio yokai não feriu as crianças, ao menos intencionava, assim os aldeões pensavam.

O Sarutobi entrou com o hanyou. 

Orientou-o sobre a posição que deveria sentar. 

O meio yokai obediente, sentou de joelhos sobre um tecido dobrado postado no chão. Sentava de frente aos velhos. 

Reconheceu Homura e Koharu.

Hiruzen sentou ao lado deles.

Havia mais um velho, mas aquele o pequeno Namikaze nunca tinha visto antes.

— Naruto Uzumaki Namikaze. — O Sarutobi os apresentou. — Danzou Shimura.

— Uzumaki. 

Danzou repetiu rouco, desacreditado no dia em que presenciaria uma reunião com alguém sustentando o sobrenome de uma yokai. 

— Podemos começar? — o Sarutobi perguntou, ignorando a inconformidade sutil do Shimura.

Homura e Koharu ficaram de acordo, Danzou se absteve de falar algo.

Hiruzen deu inicio:

— Conversei com Naruto, ele disse que tentou se amigar com algumas crianças, mas elas se assustaram, algumas atiraram pedras nele e saíram correndo, a confusão nasceu aí.

— Nenhuma das crianças estava ferida, cabe com o que ele lhe disse. — Homura confirmou, estando bem informado. 

— E quanto ao menino da família Akimichi? — Danzou perguntou. — Ele foi atacado no joelho, não foi?

Homura procurou em suas anotações em um pergaminho. Encontrou algo:

— Chouji Akimichi... aqui está, a informação colhida é a de que ele ralou o joelho no momento da fuga, não que o hanyou o atacou.

Danzou argumentou: 

— Ele devia estar com medo, por isso não acusou o hanyou.

— Bem, se ele mudar o depoimento, mudaremos a anotação. — Homura findou.

O Shimura enrijeceu o maxilar. 

— Naruto Uzumaki Namikaze. — Koharu chamou-o.

Os azuis pousaram na Utatane.

— Poderia nos dizer o porquê resolveu sair? Sempre vamos a sua casa no final do ano para escutar Minato falar sobre você, e nenhum desses relatos cabe você saindo de casa.

O meio yokai olhou para o Hiruzen, buscando ter certeza se podia responder. 

O Sarutobi fez uma afirmativa com o movimento de cabeça.

Observando a idosa, o meio yokai respondeu-a:

— Naruto assumiu a forma humana, otou-san explicou que é parte da habilidade de kitsune. Otou-san proibiu Naruto de sair de casa mesmo sendo um menino humano. Naruto esperou otou-san ir trabalhar e depois saiu escondido. — Sua voz ficou chorosa no final, era doloroso reviver aquele dia.

Tudo podia ter sido diferente, caso obedecesse.

Danzou acusou:

— Um meio yokai capaz de assumir forma humana. Aposto que é parte da habilidade dele expressar sentimentos humanos. É tudo falso então. 

O hanyou percebia a acidez daquele idoso. Defendeu-se dele: 

— O que Naruto sente é real. Naruto ama o otou-san.

— Nos concentremos na situação. — Hiruzen pediu antes que o Shimura tecesse outro péssimo comentário.

Koharu fez sinal para tomar a vez:

— Naruto Uzumaki Namikaze. Onde esteve depois que as crianças correram?

O menor teve um brilho melancólico a emergir nas íris. Respondeu-a:

— Na floresta, escondendo-se dos adultos que o procuravam, enfurecidos. As crianças pediram ajuda pra eles.

— Então você ficou escondido até o amanhecer? — Homura quem perguntou.

— Sim.... Naruto ficou com medo de retornar pelo mesmo caminho. Andou na floresta e foi perseguido por um urso….

A imagem da pessoinha com olhos de lua, chegou-lhe na lembrança. 

Ficou mudo. 

Pensando se devia mencioná-la.

Achou melhor não... foi apenas imaginação. 

Ela não era real.

— Naruto desmaiou depois de fugir de um urso. Acordou de manhãzinha.

— Irresponsabilidade. — Danzou interveio. — Ele poderia ter esclarecido o mal entendido, mas preferiu fugir. Não estava desmaiado coisa nenhuma. Ficou se divertindo, assistindo a confusão no alto de alguma árvore.

O Hiruzen veio em defesa do pequeno Namikaze: 

— As pessoas iam parar para escutá-lo, Danzou? Como ele pode se divertir com o pai sendo agredido?

— Ele sabe que vocês são próximos de Minato, tanto que você enviou guardas para protegê-lo. — Encarou o meio yokai. De seu olho expandia ódio e nojo pelo filho do artesão-camponês. — Repito, ele não tem emoções humanas, assim como ele assume uma falsa forma humana, ele também exibe falsas expressões humanas! Por isso ele pouco ligou se Minato seria salvo a tempo ou não pelos guardas. 

Naruto espremeu o seu quimono, suas unhas atravessaram o tecido. Rangeu os dentes pontudos.

Hiruzen falou imediatamente:

— Ontem chegou para mim uma testemunha, ela está na espera. 

Bateu uma palma. 

Koharu e Homura expressaram curiosidade.

Danzou estranhou. 

Naruto respirava de modo profundo, tentando manter a calma. 

Um dos guardas do lado de fora, abriu a porta. Ele sequer entrou na casa, apenas recebeu o sinal do Sarutobi e se retirou. 

Um silêncio tomou conta do local.

Naruto obteve controle de sua raiva despertada por Danzou.

Em dois minutos, a porta foi aberta outra vez. 

Um cheiro.

Um cheiro familiar chegou ao nariz do hanyou.

Sua cauda se ergueu em um abano leve. 

As orelhas se empinaram e balançaram. 

Quem entrou no cômodo foi um pinguinho de gente branquinho e todo tímido. 

Naruto virou a cabeça fitando a recém chegada.

A menina usava um quimono cor nuvem que a deixava mais branca.

Timidamente, ela se colocou ao lado do hanyou e se curvou perante os anciões. 

Do modo decorado, ela se apresentou a eles em ritmo lento, evitando se atrapalhar:

— Hinata-Hyuuga-herdeira-primogênita-do-líder-do-clã-Hyuuga-se-apresentando-como-testemunha. 

 


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