Tempo Ruim escrita por helenabenett, Lyra Parry


Capítulo 4
Como não se apaixonar?


Notas iniciais do capítulo

Uma desafio para vocês: encontrem as referências!



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 Sábado, 14:00, casa da Magali

No dia seguinte, lá estava Cascão na porta da casa de Maga no horário que ela ia pra academia.

 – Ei, não disse que você podia vir hoje – disse ela, provocando. – De fato, nem disse que podia vir.

— Quem cala consente, Magrela – ele nem se importou. Estava muito à vontade, e animado também. Afinal, ele sempre gostara de esportes. – Agora, vamos.

— Não é pra você tentar entrar na turma avançada, como eu estou. Não quero nenhum daqueles grandalhões chutando seu traseiro, ok?

— Ei, espera, você não treina só com mulheres? Não tem nenhuma turma especial pra elas?

— É claro que não, senão não seria luta de verdade, seria? No inicio os caras pegavam leve comigo, agora a coisa não é mais assim – ela apontou para um enorme roxo em seu braço. — Mas não é nada violento, se é isso que está pensando. E machuca um pouco, por causa de determinado golpes. Se eu não fosse uma má perdedora, nunca teria nenhum roxo. Quando alguém te imobiliza, a luta acaba. Mas eu nunca me deixo vencer, só por isso fico desse jeito – disse a menina, rindo. – Mas você, senhor Cascão, ou fica só olhando ou fica na turma dos iniciantes.

— Ah, por favor, se você consegue, eu consigo.

— Quer saber, talvez você tenha razão. Entra na turma avançada. Vai ser ótimo ver você levando uma surra, seu bobão.

Todos na academia conheciam Maga. A primeira hora dela geralmente era gasta no jiu-jítsu. Depois de um leve aquecimento, ela foi para o centro do tatame e o professor escolheu um rapaz grande e forte para uma experimentação.

— Para vocês, iniciantes, daremos uma pequena demonstração – começou o mestre. – Magali pesa uns sessenta quilos. – Quando a garota fez uma cara feia, ele se corrigiu. – Ou cinquenta. Hm... Já o nosso participante aqui pesa em torno de noventa quilos e tem uns vinte centímetros a mais que ela. Mas estamos aqui pra provar que tamanho não é documento. Luan tem uma semana de experiência. Maga tem nove. Mostra o que você sabe, Maga.

Cascão ficou com bastante medo ao ver o tamanho do rapaz indo para cima de Maga. Chegou mesmo a levantar para ir ajuda-la. Mas o brutamontes estava no chão depois de apenas três minutos de luta. Ele ficou impressionado com a amiga. Ela ainda pegou na mão do grandalhão derrotado e deu um beijinho delicado em sua face. Todos riram e voltaram ao treinamento, inclusive Cas.

Magali foi tomar um copinho de agua, depois do treino de boxe. Ela ainda estava rindo dos papeis ridículos que Cas estava fazendo. Ele achava realmente que estavam num joguinho? Mas ele levava jeito, era forte e habilidoso. Dali a algumas semanas, ele seria incomparavelmente melhor do que ela era hoje. Pelo menos era isso que ela achava, e que o professor dizia constantemente para o frustrado Sujinho. Envolvida nesses pensamentos, acabou esbarrando em um homem forte a sua frente:

— Luke... – disse Maga, confusa. – Desculpa.

— Magali! Que bom te ver! –  disse o rapaz, corando imediatamente. –  Você não respondeu a minha mensagem ontem.

— Não sabia o que responder... – falou Maga, friamente.

— Desculpa, eu acho que estou indo rápido demais. É por que realmente, eu gostei muito de você. Desde a primeira vez que te vi aqui –  disse Luke, ofegante.

A garota riu.

— Calminha, parceiro. Não precisa ficar nervosinho perto de mim, eu não...

Cascão só ouviu aquela parte. E pensou de algum modo que o rapaz estivesse brigando com a gulosinha. Colocou um ombro entre os dois e falou, agressivamente:

— O que tá rolando aqui, Maga? Esse cara tá te atormentando?

Luke ficou atordoado, e depois com raiva.

— Mesmo que tivesse, quem é que ia me impedir? Aposto que a Maga se defende muito melhor sozinha do que você conseguiria fazer por ela.

Cascão ficou bastante irritado, e Maga entrou no meio. Lembrou-se da noite anterior, e sentiu-se ao mesmo tempo ofendida e lisonjeada. Ofendida por ele achar que ela não conseguiria se defender, depois de tudo o que viu, e lisonjeada por ele se preocupar tanto com ela. Mas Maga amava o Sujinho, então a lisonja prevaleceu.

 – Cas, não precisa se preocupar. É o Luke, lembra? Do Shopping? Vai indo pegar nossas coisas, hoje eu cansei. Não vou treinar mais. Duas horas está bom pra mim.

O rapaz detestou deixa-la lá. Mas era melhor sair. Se começasse uma briga ali, sua amiga dificilmente iria lhe perdoar.

— Não leva a mal – ela se desculpou pelo amigo. –  Ele é muito protetor.

— Protetor até demais – Luke ainda não tinha superado a afronta. – É seu namorado, Magali?

— N-Não – ela gaguejou. – É só um amigo querido. Nos conhecemos desde que nascemos. Ele sempre cuidou de mim, só isso.

— Talvez pra você, ele seja só um amigo. Mas pra ele, você é a namorada.

— Não fale besteiras, Luke. Ele já tem namorada.

— Desculpa, Maga. Não quero me intrometer. Que tal se a gente saísse amanhã a noite? Poderíamos ir a um bom restaurante...

— Vamos embora, Magali – disse um apressado Cascão, surgido do nada.

— A gente se fala depois, Luke. E combina tudo certinho – ela deu um beijinho no rosto do rapaz, e ele a abraçou.

No caminho de volta, Magali se esforçou para tirar mais que duas palavras da boca de Cascão. Ele parecia absorvido nos próprios pensamentos. Ela chegou a levar a hipótese que Luke havia lançado como sendo verdadeira. Mas descartou. Ele havia tido uma oportunidade com ela uma vez, mas por fim havia decidido voltar com a Cascuda. Ela voltou com o Quim, mas no fundo ficara frustrada com a escolha que ele tinha feito. Ela preferia ter sido escolhida, é claro. Mas acabou achadno que era o melhor para os dois.

Como seria se estivessem juntos? Ela seria outra pessoa, certamente. Nunca teria se interessado por lutas, para inicio de conversa. Provavelmente seus amigos teriam ficado com raiva dela, mas logo perdoariam. Afinal, já haviam perdoado o Quim, que a havia traído. E as meninas já andavam com Sarah para um lado e para o outro. Eram adolescentes, e não muito sensíveis. Tirando a Mô, ninguém na turma era lá muito rancoroso. E nem de longe sensível como ela. A impressão passaria rápido, talvez rápido demais. Mas não para ela, e talvez não pra sua melhor amiga. Será que namorar o Cascão valeria isso? Ela olhou para o rapaz ao seu lado. Ele tinha ficado tão bonito. Os dentes perfeitos, aquele sorriso de malandro. Aquele corpo sarado e moreno. Além de ser o mais alto da turma. E o melhor é que ele tinha charme, aqueles modos descuidados tinham lá seus encantos. Pelo menos pra ela. “Cala a boca, Magali, isso nunca vai acontecer! Pare de admirá-lo”. Mas, olhando para o rosto sério do amigo, ela não se conteve.

— Cas... se você não quiser, eu não saio com o Luke. Se você acha que ele é tão ruim assim, eu dou um fora nele agora. Afinal, eu confio muito em você.

— Não, Maga. – Ele pareceu surpreso com o que ela dissera. – Fica tranquila, foi só um mal entendido. – Ele se arrependeu assim que pronunciou essas palavras. Por que ele tinha que ser sempre o bonzinho? Ele não queria Maga perto daquele babaca. Mas ele não diria isso para ela. Por que a verdade é que ele não queria vê-la perto de nenhum outro homem. Mas e daí? Ele queria que ela ficasse sozinha pra sempre ou será que...

— Está tudo bem, Cas? – ele percebeu que tinha ficado introspectivo de novo.

— Sim, é só que eu e a Cascuda estamos brigando muito ultimamente...

— Ah... Por que?

— Não sei, faz algum tempo que ela anda meio esquisita. Enciumada e...

— Eu acho melhor eu ir andando – ela o interrompeu. As coisas estavam tomando um rumo que ela não tinha planejado. –  Até mais, Cascão.

— Mas... a sua casa fica pro outro lado.

— Vou pra casa da Mô.

— A casa da Mônica é longe, eu te levo lá.

— Não. Obrigada. – Quando viu a decepção no rosto do garoto disse: – Tenho um pepino pra resolver, foi mal.


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Notas finais do capítulo

22/02/2016
Capítulo revisado. Continuem avisando se encontrarem erros de sintaxe, ortografia e outros.
PS: vamos parar de postar de madrugada, porque sempre estamos com sono nesse horário, por isso os textos saem assim, sem cuidado com a formatação. Vamos retribuir o carinho que nos dão com um trabalho de qualidade.



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