Tempo Ruim escrita por helenabenett, Lyra Parry


Capítulo 23
De todas as mentiras


Notas iniciais do capítulo

Depois que a conversa de Cascão e Magali levou seu relacionamento por água abaixo, Mônica procura de todas as formas encontrar um jeito de fazer seus amigos se entenderem. Mesmo que para isso ela precise da ajuda de Cebola.



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One time before I go whisper it slow

Of all the lies I heard

“I love you” was my favourite

All the lies – Alok ft. Felix Jaehn & The Vamps

 

Mônica

Ainda estava cedo para a aula, porém Mônica se levantou mesmo assim. Sua conversa com Cascão a deixara chocada e inquieta, precisava fazer alguma coisa para remediar aquela situação criada pelo Cebolinha. “Ai, tem que ser sempre o Cebolinha!”, ela suspirou. Desde a infância Cebola não os deixava em paz por um minuto sequer, armando uma traquinagem atrás da outra. Mas dessa vez ele tinha ido longe demais e precisava de uma lição.

Impaciente como era, a dona da rua chegou o mais cedo que pôde à escola e ficou esperando seu alvo chegar. Não demorou muito, porque Cebolinha era bastante pontual. Assim que o viu Mônica correu até ele, dizendo:

— Precisamos conversar.

— Bom dia pra você também! – ironizou Cebola. – O que foi agora?

— Aqui não – ordenou ela, enquanto agarrava o braço de Cebolinha e arrastava o amigo para longe das outras pessoas, sobretudo de Magali. Mônica não sabia mentir muito bem, e não queria falar com Magali sobre tudo o que descobrira. Não ainda.

— O que tá acontecendo, Mônica? – perguntou o garoto. – Por que você está tão estranha?

A dentucinha parou no corredor ainda vazio que levava à sala dos professores, onde nenhum aluno poderia perturbá-los. Ela soltou Cebola bruscamente e, sem dar tempo para ele respirar, o colocou – literalmente – contra a parede.

— Só vou perguntar uma vez, Cebolinha: o que é que você tem a ver com a história da Magali e do Cascão?

— Eu já te disse, não foi? – respondeu ele, cinicamente. – O Cascão me contou que planejava ficar com as duas, eu não podia deixar isso acontecer. A Magali é nossa amiga.

— Engraçado você dizer isso, porque a Cascuda jura de pés juntos que ela e o Cascão não tem nada já faz tempo.

— É claro que ela ia dizer isso, Mônica – ele revirou os olhos – ela está com vergonha. Uma traição é coisa difícil de aturar.

— Você tem razão – falou a dentuça, estreitando os olhos e apontando o dedo para o nariz de Cebolinha. – E a pior traição que existe é apunhalar os amigos pelas costas.

Cebola fingiu que não estava entendendo e a dona da rua fez questão de explicar:

— Eu sei do seu plano infalível pra me separar do DC, seu maníaco egoísta, e também sei que fez a mesma coisa com o Cascão e a Magali. Não adianta inventar nenhuma historinha porque não acredito em nada que saia dessa sua boca mentirosa. E se não quiser que eu acabe com a sua raça aqui e agora e nunca mais olhe na sua cara, é melhor pôr esse seu cérebro maligno pra funcionar e pensar em um jeito de consertar essa bagunça.

— Mônica, eu não sei o que o Cascão te falou, mas... – Cebola tentou protestar, mas a dentuça o interrompeu:

— Como você sabe que falei com o Cascão? Ele não vem à escola há semanas!

Cebolinha ficou pálido e mudo: fora descuidado. Caíra na armadilha.

O tapa de Mônica veio mais rápido do que seu pensamento. Com o rosto ardendo e desprovido de qualquer cinismo e dissimulação, ele encarou a menina. Apesar da raiva, tudo o que havia nos olhos dela era tristeza e decepção.

— Você é um covarde – sussurrou Mônica, entredentes. – E é por isso que nós dois nunca vamos ficar juntos. – Ela o olhou de cima abaixo, e sentenciou: – Eu tenho nojo de você!

— Mônica, por favor... – Cebolinha pegou em sua mão, suplicante: – Eu não queria... Me perdoa! Eu não posso perder você de novo!

— Você já perdeu.

A dentuça se esquivou de Cebola e girou nos calcanhares, abandonando-o. Assim que ele sumiu de vista, Mônica abraçou Sansão e se entregou às lágrimas.

***

Assim que a aula terminou, Mônica saiu correndo em direção à casa de Cascão.

— O que está fazendo aqui, Mô? – perguntou o sujinho assim que a viu parada na porta.

— Eu falei com o Cebolinha hoje – ela baixou o rosto e encarou o chão. – Foi horrível, Cascão! Acho que nunca mais vou poder confiar nele outra vez.

— Conheço essa sensação – falou Cássio, sombriamente. Vendo o sofrimento da amiga, no entanto, ele colocou o braço sobre seus ombros e a confortou: – Vamos lá, gorducha, não deixa o careca perturbar você. É assim que ele sempre consegue o que quer.

Mônica se animou um pouco e secou as lágrimas que se formaram em seus olhos. Em seguida ela tentou convencer Cascão a dar uma nova chance para Magali.

— Ela não quer falar comigo – disse ele, cruzando os braços. – Não vou ficar correndo atrás. Pra mim já deu.

— Por favor, Cascão, eu sei que ela ainda gosta de você! – insistiu a dona da rua. – Foi tudo um grande mal-entendido que o Cebolinha causou. Se eu conseguir convencer a Maga, você promete que vai tentar?

 – Eu não sei, Mônica... Me deixa pensar, tá bom?

— Tudo bem, mas pensa rápido! As aulas já estão terminando. Não espere muito.

Mônica voltou para casa o mais rápido que pôde. Mal havia entrado em seu quarto quando o celular a notificou de uma nova mensagem do amigo:

 “Acho que eu tenho uma ideia, mas vou precisar da sua ajuda”.

***

A última semana de aulas chegou voando. Magali e Mônica conversaram sobre o que iriam fazer para comemorar, e a dona da rua perguntou se Maga se sentiria confortável se eles fizessem uma comemoração com a turminha, pelos velhos tempos. A comilona se animou, mas quando ela sugeriu que convidassem Cebola também, Mônica evitou o assunto. Não queria vê-lo nem pintado de ouro.

Naquele mesmo dia, para a surpresa de Maga – mas não de Mônica – Cascão apareceu na escola para as provas finais. Percebendo que Magali ficou abalada ao vê-lo, Mônica sentiu que talvez ainda houvesse esperança para Cascão e sua amiga. A dentuça a sorriu consigo mesma e entrou na sala junto com Maga.

Antes que a prova começasse, aproveitando que a magrela tinha ido ao banheiro, Mônica foi até Cascão e perguntou a ele:

— Você trouxe?

— É claro – o sujinho entregou para ela a caixinha de veludo por debaixo da mesa. Discretamente, Mônica colocou o conteúdo na bolsa de Magali e voltou para seu lugar.

“Agora é só torcer”, pensou a dentucinha.

No outro dia, Mônica ficou esperando Magali procura-la para contar sobre o presente de Cascão, mas a magrela nem sequer mencionou o assunto. Ela tentou obter alguma informação de Cássio, mas o rapaz não quis saber de papo. Mô se sentiu mal: as coisas pareciam ainda piores do que estavam antes.

Sem saída, ela recorreu à única pessoa que poderia ajuda-la naquela situação.

— DC, será que você pode me ajudar com uma coisa?

— O que seria? – perguntou o rapaz, curioso. Mônica fora até a casa dele depois da aula para estudar para a prova de matemática do dia seguinte. Depois que já tinham estudado e namorado bastante, a dentucinha, sem ter com quem desabafar sobre suas preocupações, se refugiou no abraço do namorado.

— Na verdade eu tô precisando de um conselho.

— A dona da rua pedindo conselhos? – DC ergueu uma sobrancelha, fingindo incredulidade. – Só pode ser o fim do mundo! Quem está invadindo seus domínios?

— Deixe de ser bobo – ela riu. Adorava o jeito engraçado e sarcástico de DC, embora às vezes ele a fizesse se lembrar de outro garoto sarcástico... – Só quero ajudar uma amiga, mas não sei como.

— Você já conversou com ela?

— Bom, não diretamente, mas...

— Espera aí, gata – interrompeu DC. – Não dá pra ajudar uma pessoa se você nem sabe do que ela precisa.

Mônica refletiu por um momento.

— É mais complicado do que isso, DC – disse ela. – Eu queria que duas pessoas, dois amigos que estão brigados, fizessem as pazes. Mas eles não conseguem conversar um com o outro. Tentei aproximar os dois, mas parece que só piorei as coisas.

— Então o que eles estão precisando é de um mediador.

— Um o quê?

— Um mediador é uma pessoa que ajuda a resolver conflitos em situações onde os envolvidos não conseguem se entender por conta própria – explicou DC. – É tipo um juiz em um jogo: tem que ser neutro, calmo e racional.

— Mas eu não sou nenhuma dessas coisas – Mônica suspirou, arrancando uma risada do namorado.

— Por acaso essas duas pessoas de quem você tá falando não têm nenhum amigo em comum além de você? – ele perguntou. – Alguém que tenha essas qualidades que eu mencionei, e que você disse que não tem?

— É CLARO! – exclamou a dentuça. – Como não pensei nisso antes? Obrigada, meu amor, você é um gênio!

Mônica deu um beijinho estalado no rosto de DC e disparou porta afora, enquanto digitava uma mensagem de texto para Cebolinha.

***

Cebola

O careca mal podia acreditar no que acabara de ler: Mônica pediu – ou melhor, exigiu – que ele falasse com Cascão e Magali ainda naquela tarde. A dentuça fora enfática: ele tinha que reunir os dois e pedir desculpas para ambos, cara a cara.

“E como ela espera que eu faça isso se nenhum deles fala comigo?”, se perguntou o careca. As últimas conversas que havia tido com Cas e Maga ainda estavam frescas em sua memória, e nenhuma delas tinha acabado bem. Não que estivesse preocupado com isso na época: Cebola pensou que não faria diferença ter a inimizade do casal, uma vez que Mônica tivesse voltado para ele. Mas ela não voltou e seus dois únicos amigos passaram a odiá-lo. “Belo plano”, falou Cebolinha para si mesmo.

O garoto nunca havia imaginado que a solidão doesse tanto; desde que sua artimanha desfizera a turminha ele não tinha mais com quem conversar ou se distrair. Tentou se convencer de que havia feito a coisa certa, que Magali e Cascão mereceram a vingança e que tinha valido a pena devolver na mesma moeda o que lhe fizeram, mas no fundo ele se sentia vazio e culpado.

Incapaz de olhar nos olhos de seus antigos amigos sem sentir vergonha, Cebola passava todo o tempo em que não estava na escola brincando com Floquinho ou isolado em seu quarto jogando RPGs na internet, onde ninguém o conhecia e nem sabia o que ele tinha feito.

Mas sua consciência sabia. E ultimamente ela não o deixava em paz nem por um minuto: bastava fechar os olhos e lá estavam o olhar gelado de Magali, o ódio de Cascão e as lágrimas de Mônica – as palavras dela, e a aversão que a dentucinha demonstrou sentir por ele, arrancaram de seu espírito qualquer esperança de que pudessem ficar juntos de novo. Ele mesmo não fora capaz de se perdoar pelo mal que causou, como poderia esperar que os outros o perdoassem? Mesmo assim, Mônica insistiu. Nas palavras dela, Cebolinha devia isso a todos eles. Palavras duras que só poderiam ter vindo da líder da turminha.

Determinado a resolver as coisas o melhor que pudesse, Cebola desligou o videogame, vestiu uma camisa xadrez verde sobre a camiseta velha e saiu em disparada em sua bicicleta.

***

A casa de Magali ficava bem perto.

Cebola se espantou por ter feito o trajeto em tão poucos minutos. Passar por aquelas ruas era algo tão natural quanto respirar, e ele fez isso sem nem perceber. Só ficou nervoso quando parou diante do quintal de Maga, onde Mingau, o gato dela, brincava preguiçosamente com as flores do canteiro. Engolindo em seco o rapaz empertigou-se, ajeitou a bicicleta em um canto e tocou a campainha.

Assim que a figura de Magali surgiu na soleira, Cebola teve um susto: não esperava que ela fosse atender à porta, nem que estivesse usando roupas de ginástica. Ouvira falar que Maga agora praticava esportes, mas nunca a tinha visto no traje de academia. De certa forma as roupas largadas e frouxas combinavam com ela. Maga tinha uma beleza natural que, quanto mais ela tentava esconder, mais evidente se tornava. Ele entendia muito bem porque Cascão tinha se apaixonado por ela: era difícil ignorar a intensidade e o mistério daqueles olhos amarelos. Naquele instante, no entanto, tudo o que o olhar de Magali expressava era surpresa.

— Cebolinha? É você mesmo? – a moça parecia estar vendo uma miragem. Cebola pigarreou e respondeu:

— Sei que sou a última pessoa que você esperava ver, mas eu queria conversar.

— Acho que você já disse tudo o que tinha para me dizer – devolveu ela, asperamente.

— Pode me odiar o quanto quiser, Magali – ele revirou os olhos. – Mas não faça o mesmo com o Cascão, porque ele não merece.

— Vocês dois são farinha do mesmo saco – vociferou ela. – Francamente, não estou com paciência para seus joguinhos. Se manda daqui!

— Ainda não – falou Cebola, colocando os pés na soleira para impedir que Magali fechasse a porta. Ela não era a única que sabia ser teimosa.

— Então desembucha de uma vez e me deixa em paz – suspirou a moça.

— Eu quero te pedir desculpas, Maga – disse ele – por tudo o que te falei naquela noite e também pelo que fiz antes disso.

Em poucas palavras, Cebola explicou para ela como havia elaborado seu plano infalível e os motivos que o levaram a fazer o que fez. Magali ouviu em silêncio, mas era óbvio que em seu interior ela estava enfrentando o maior dos tormentos. Cebolinha podia vislumbrar a dor e o desespero em seu olhar por trás da expressão impassível, mas a menina não demonstrou qualquer reação. Quando o careca terminou seu relato, Magali disse apenas:

— Eu já sabia de tudo isso. Só não acreditava que era verdade.

— É claro que não – riu o garoto, amargamente. – Você sempre espera o pior das pessoas, não é? Por isso foi tão fácil te convencer que era a segunda opção, quando obviamente não havia outra garota no mundo para o Cascão além de você. Nunca houve.

— Isso não é da sua conta – sibilou a moça.

— Você é tão carente e medrosa que prefere se esconder atrás dos seus livros e dessas luvas de boxe idiotas do que aceitar a verdade – continuou Cebolinha, ignorando a advertência. – Acha mais fácil fingir que era tudo mentira porque assim seu mundinho perfeito vai continuar de pé e você nunca vai se machucar. Você é a primeira pessoa que conheço que prefere ser enganada do que amada, porque não acredita que merece qualquer porção de amor.

O ódio de Magali crescia a cada segundo, mas Cebolinha continuou a tripudiar, rindo da cara dela:

— Olha só pra você vestida desse jeito, com essa roupa horrorosa, tentando esconder de si mesma a sua beleza para se convencer de que é feia e indesejável! O seu amor próprio é tão frágil que qualquer coisa que eu dissesse o destruiria. Mas tenho que dizer que você me decepcionou, Magali: sua inteligência só serve mesmo para os livros. Te enganar foi tão fácil que quase não valeu o esforço. Eu esperava bem mais de você.

Finalmente o garoto se calou, esperando uma reação explosiva: um tapa, um xingamento, um empurrão... Porém nada disso aconteceu. Magali estava muda e quieta como uma estátua, paralisada na mesma posição. O único sinal de que ainda estava consciente era o tremor que a sacudia da cabeça aos pés. Triunfante, Cebolinha concluiu seu discurso mordaz:

— Nem coragem para reagir à altura você tem. É lamentável. Você é a única adversária que eu já tive, ou pelo menos pensei que tivesse – ele suspirou. – Minha única adversária... e minha única amiga, também.

As últimas palavras tiraram Magali do transe:

— Ainda se considera meu amigo depois de todas as barbaridades que acabou de dizer?

— Só um amigo te diria tudo o que você precisa ouvir na sua cara, sem medo da resposta – ele sorriu, e desta vez não havia cinismo em seu gesto. – É como eu disse: você pode me odiar para o resto da vida, Maga, tanto faz pra mim. Mas não perca a chance de amar e ser amada por orgulho ferido. Eu perdi e sei o quanto dói. Não cometa o mesmo erro que eu. Acredite, o arrependimento vai consumir você e te destruir por dentro.

— Então você aprendeu a amá-la depois de tudo? – perguntou Magali, com sinceridade.

— Sempre amei – ele respondeu, sentindo as lágrimas brotarem em seus olhos. – Mas as minhas chances se foram para sempre. Então corra atrás da sua, Maga, enquanto ainda tem uma.

Estranhamente aliviado, Cebolinha deu as costas e foi andando, feliz por ter cumprido o que considerava a parte mais difícil do dever. Mas Magali o interpelou no caminho:

— Espere – pediu ela, segurando-o pelo ombro. – Eu fiz o que fiz para proteger a Mônica, não para te magoar, Cebolinha.

— Eu sei – disse o garoto. – Agora eu sei. Você e o Cascão são amigos de verdade. Me desculpe, Maga.

— Aceito suas desculpas com uma condição.

— Qual? – perguntou ele com curiosidade, virando-se para olhar a amiga nos olhos.

— Eu encontrei Dona Lurdinha faz algum tempo e ela disse que o Cascão estava sentindo falta dos amigos. Falei para ela que a gente faria uma visita qualquer dia, mas nunca tive coragem de convidar vocês. Acho que seria bom se fôssemos nós três até a casa dele para comemorar o fim das aulas, como a gente sempre faz. Pelos velhos tempos.

— Será que a Mônica vai aceitar? Ela não estava falando com o Cascão, pelo que eu sei.

— Foi ela mesma quem deu a ideia da comemoração.

— Então é só me dizer o dia. Preciso ir agora, Magali. Não disse pra minha mãe que ia sair, e minha irmã vai me matar se eu deixar as louças pra ela lavar de novo.

— Está bem – riu Magali. – Você não muda mesmo, não é?

Cebolinha piscou para ela e foi embora.


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