Tempo Ruim escrita por helenabenett, Lyra Parry


Capítulo 24
Mais do que palavras


Notas iniciais do capítulo

Às vezes não basta se desculpar ou dizer "eu te amo". Cascão e Magali finalmente entenderão isso.



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More than words

Is all you have to do to make it real

Then you wouldn't have to say

That you love me

'Cause I'd already know

More than words – Extreme

 

Há um ditado que diz que sempre teremos o dia seguinte. Mas Cássio gostaria que esse dia não chegasse.

Desprezado, humilhado e arrasado – foi assim que Magali o deixou. Ele abriu seu coração para ela, pediu desculpas, disse que a amava, e em troca recebeu apenas um olhar frio e distante. Depois disso, todo o amor que um dia sentira pela moça se transformou em raiva e amargura. Ele esperava que, com o fim das aulas, não precisasse mais vê-la. Havia decidido que iria para outro colégio, outra cidade, outro planeta se pudesse – contanto que nunca mais tivesse que falar com Maga outra vez.

Denise e Tikara perceberam a mudança, mas nenhum dos dois tocou no assunto: sabiam que quando ele ficava amuado o melhor era deixa-lo em paz. A companhia dos novos amigos era a única coisa que o mantinha de pé. Estar com a blogueira e o japa fazia com que Cas se esquecesse da turminha e preenchia seus dias com novidades e papos interessantes sobre a vida, o universo e tudo o mais. Cascão até achava que estava ficando mais inteligente – opinião compartilhada por sua mãe e seu pai. Tikara e Denise liam bastante, filosofavam mais ainda e estavam sempre de olho em cada novidade tecnológica que surgisse para incrementar o canal da garota. Aos poucos – e para aprovação de Maria – Cássio foi se interessando pelos passatempos dos colegas. O hábito da leitura, aliado à sua nova rotina de estudo individual e exercícios, operou milagres em suas notas que nenhum professor antes conseguira alcançar.

Mesmo assim, ainda havia dias sombrios em que tudo o que Cas gostaria de fazer era continuar correndo, sem precisar voltar para casa. Denise tinha razão: ele tinha virado uma espécie de Forrest Gump moderno, sempre correndo sem nunca chegar ao destino. A cada dia Cas se aventurava mais e mais longe na prática do parkour, explorando todo o bairro e também a vizinhança. Às vezes passava a manhã inteira fora, voltando apenas quando o corpo pedia clemência. Mas não importava o quanto corresse, nunca conseguia fugir da dor que o perseguia onde quer que fosse.

Finalmente, no entanto, chegou o penúltimo dia de aula.

Como em todos os outros dias em que precisou ir à aula, Cascão chegou minutos antes dos portões se fecharem e saiu o mais rápido que pôde. Também como sempre, ele ignorou Magali e Cebola. Mas aquela manhã foi um pouco diferente: ao entrar na sala Cas viu que Mônica, Magali e Cebolinha estavam sentados nas mesas do fundo conversando – e os três se calaram assim que ele chegou. O sujinho lançou um olhar confuso para Mônica, mas antes que a dentuça pudesse explicar a situação a professora entrou na sala e a prova teve início.

Tão logo terminou de escrever as respostas, Cascão deixou a sala e voltou para casa. Em um silêncio concentrado ele comeu seu almoço, descansou e começou estudar para a prova do dia seguinte. Após um tempo ele percebeu que não conseguia se concentrar e decidiu sair para correr, na esperança de afastar os pensamentos confusos. Mas enquanto vestia suas roupas de parkour e calçava o tênis ele ouviu vozes na sala. Saiu para ver o que era e acabou encontrando as últimas pessoas que esperava ver.

Mônica, Magali e Cebola estavam sentados no sofá da sala bebendo um refresco que sua mãe havia acabado de servir. Assim que ele entrou no cômodo os três se levantaram, sobressaltados.

— Filho, veja quem está aqui! – anunciou Dona Lurdinha, contentíssima. – Faz tanto tempo que vocês não se reúnem, estou fazendo biscoitos para comemorar. Fique aqui com seus amigos enquanto eu cuido do forno, está bem? – sem esperar pela resposta, a mãe de Cássio escapou para a cozinha, deixando-o a sós com os amigos.

Mônica foi a primeira a falar:

— Cascão, desculpa a gente vir assim, sem avisar, mas...

— O que é que vocês estão fazendo aqui? – rugiu ele, indignado.

— Calma aí, a gente só veio conversar – respondeu Cebola.

— Nossa última conversa não foi o bastante pra você? Posso te dar outra amostra grátis dela – ameaçou ele.

— Não fale assim, Cascão – censurou Mônica. – Ele só quer ajudar.

— Eu não tenho nada pra falar com nenhum de vocês. Saiam daqui agora, antes que a minha mãe volte!

— Nós não vamos sair – teimou Cebolinha. – Qual é, cara, será que dá pra escutar a gente?

— Vocês não quiseram me ouvir quando eu pedi. Por que eu deveria agir diferente?

— Cascão, por favor... – implorou Magali.

Ouvir a voz dela foi a gota d’água para o sujinho:

— CHEGA!!! – gritou o rapaz, assustando os amigos e também Dona Lurdinha. Para desespero dos quatro Cascão marchou porta afora, visivelmente enraivecido.

Cássio correu a tarde inteira, tentando colocar a maior distância possível entre ele e os amigos. Sentindo-se traído pela milésima vez, o rapaz não fez esforço algum para conter as lágrimas. Correu, correu, e correu, até que um temporal de novembro o encontrou no caminho, obrigando-o a parar quando ficou encharcado.

Mesmo molhado até os ossos, Cascão não queria voltar pra casa de jeito nenhum. Exausto física e psicologicamente, ele procurou abrigo sob a marquise da sorveteria da pracinha. Ficou sentado no chão gelado observando os pingos de chuva caírem do céu numa velocidade espantosa, tentando ignorar o medo que crescia dentro dele a cada rajada de vento e o frio que o fazia tremer de cima a baixo. Em algum momento seus olhos pesaram e ele adormeceu, batendo o queixo. Nos seus sonhos, ouviu a voz de sua mãe chamando por ele.

***

— CÁSSIO! Meu Deus do céu, o que aconteceu?!

O sujinho acordou, confuso, a tempo de ver Dona Lurdinha se ajoelhar diante dele coberta por um guarda– chuva segurado por seu pai. A chuva diminuíra consideravelmente, tornando-se um mero pinga-pinga.

— Mãe? – ele respondeu com uma vozinha baixa e rouca. – Como vocês me encont... – a frase foi interrompida por um acesso de espirros, e desse momento em diante ele não conseguiu mais dizer uma palavra sequer. Vendo seu estado deplorável, Seu Antenor o ajudou a chegar até o carro enquanto a mãe lhe deu uma toalha seca e um cobertor quentinho que para ele foram como um pedaço do céu. Chegando em casa, Cascão foi surpreendido pela visão de seus três velhos amigos sentados no sofá em uma espera aflita.

— Até que enfim você voltou! – disse Mônica. – Que susto você deu na gente!

— Onde você se enfiou? Está tudo bem? – perguntou Cebolinha, olhando assustado para o parceiro.

Magali não disse nada – e nem poderia. O rosto da magrela estava inchado e vermelho de tanto chorar. Mas seus olhos diziam tudo o que os lábios não foram capazes de expressar em palavras: alívio, felicidade e preocupação estavam estampados em suas brilhantes íris amarelas quando ela se aproximou de Cássio e se atirou em seus braços, aos soluços. Comovido, o sujinho a abraçou de volta com ternura.

— Está tudo bem, magrela – ele sussurrou no ouvido de Magali enquanto afagava seus cabelos negros. – Não vai ser uma chuvinha como essa que vai me derrubar.

— Tá brincando, né? – interrompeu Cebola, cortando totalmente o clima. – Aquilo foi uma tempestade das grandes!

Mônica deu uma cotovelada nas costelas de Cebolinha e murmurou “se toca!”. Amuado, o careca ficou em silêncio.

— Meninos – disse Dona Lurdinha – Cássio precisa descansar agora. Antenor vai levar vocês em casa.

— Eu posso voltar mais tarde? – implorou Magali, ainda nos braços de Cascão. – Sei que tenho anotada a receita de um chá da Tia Nena que cura qualquer gripe!

— Chá? Imagina, estou ótimo! – afirmou Cascão, sendo acometido por outro acesso de espirros logo em seguida.

— Vá já para o banho! – ordenou Dona Lurdinha. – Senão vai precisar de bem mais que um chá.

Cascão beijou Magali na testa, se despediu de Mônica e Cebola e foi correndo para o banheiro. Depois do banho a mãe lhe deu biscoitos e leite e ele dormiu feito uma pedra até a hora do jantar, quando foi despertado pelo cheiro da fantástica sopa de legumes de Dona Lurdinha. Para sua surpresa, no entanto, não era a mãe quem trazia a bandeja com a sopa – era Maga.

— Você parece bem melhor agora – ela sorriu, sentando-se na cama ao seu lado.

— Ainda vou assim por um tempo – ele disse, indicando sua voz fraca e rouca. – E acho que vou ficar de recuperação em Geografia, porque não vou poder fazer a prova amanhã. Mas por outro lado, eu nunca pensei que ficaria feliz por ter tantas meias: elas estão sendo bem úteis agora.

Magali riu da piada e em seguida perguntou:

— Você teve febre?

— Um pouco, mais cedo. Mas a minha mãe me deu remédios, não precisa se preocupar.

— Eu trouxe os ingredientes para sua mãe fazer o chá: gengibre, mel e limão.

— Parece que você está tentando me envenenar – ele sorriu. Em seguida teve que parar de falar, pois começou a tossir.

— É melhor você parar de desmerecer a receita da Tia Nena e comer sua sopa – determinou Magali. Ela pegou uma colher generosa e aproximou da boca de Cascão, que assoprou e engoliu.

— Não era minha mãe quem deveria fazer isso? – ele perguntou depois de um tempo.

— Sim, mas eu estava tão preocupada que...

Magali não concluiu a frase. Cascão buscou as mãozinhas dela e as colocou entre as suas gentilmente.

— Me desculpe por ter fugido, Maga, eu fui um babaca.

— Eu poderia dizer a mesma coisa, não é? – disse a menina, tristemente. – Fiquei com tanto medo de ser enganada de novo que não acreditei em você.

— O que te fez mudar de ideia?

— Acho que no fundo eu sempre soube a verdade. E digamos que o Cebolinha sabe ser convincente quando quer.

— O que aquele cretino te disse? – perguntou Cascão, com raiva.

— Não fale dele assim, ele está arrependido do mal que nos causou. Foi pra isso que nós três viemos aqui hoje, Cas: para te pedir desculpas.

— Não dá pra acreditar que você perdoou o Cebola antes de me perdoar, Maga – ele empurrou o prato de sopa para o lado e virou o rosto. – Por que você teve que falar com ele pra acreditar em mim? Será que tudo o que eu disse e fiz não teve valor? Você me condenou por um erro não intencional, mas bastou uma conversa com o careca para voltar a ser amiga dele depois de tudo o que ele fez!

Magali deixou as lágrimas rolarem por seu rosto, em silêncio. Em seguida se levantou e disse:

— Você tem toda razão, Cas. O que eu fiz foi horrível. Mas será que podemos pelo menos ser amigos?

— Eu não posso ser seu amigo, Magali, porque amo você – sentenciou ele. – Mas se você não confiar em mim, nós nunca vamos conseguir ficar juntos. Eu não sei mais o que faço pra você entender que eu... – a frase foi interrompida por um acesso de tosse. Dona Lurdinha, que estava passando pelo corredor, entrou no quarto para ver o que estava acontecendo. Ao ver o prato de sopa quase intacto, ela encarou Magali com fúria e disse:

— Acho que já está tarde, Magali. Você deve ir para casa agora.

Sem ter como contestar a autoridade da mãe de Cascão, Magali obedeceu. Seu Antenor a levou para casa, e antes de dormir ela abraçou seu querido Mingau e perguntou:

— Ah, senhor soberano, o que foi que eu fiz?

***

Cascão acordou se sentindo um pouco melhor na manhã seguinte. Ainda estava fraco, mas não tivera febre e a garganta doía bem menos. Os espirros e a tosse continuavam, mas não havia o que fazer neste caso além de esperar que a gripe passasse. Ele estava tomando o chá receitado por Magali pela terceira vez naquele dia quando Cebola apareceu.

— E aí, cara? Como é que tá? – quis saber o careca. Cascão simplesmente o ignorou, concentrando-se em seu chá. Cebolinha deu de ombros e falou:

— Você pode até não falar comigo, mas eu vim aqui para falar com você. Eu sinto muito, cara, por tudo o que eu te fiz. Sei que agi como um idiota e, mesmo que você não queira me perdoar, por favor, perdoa a Magali. Eu disse coisas horríveis pra ela, por isso ela não quis mais saber de você. Mas agora ela sabe a verdade.

— E ela teve que ouvir de você pra acreditar? – retrucou Cascão, bastante ressentido. – A minha palavra não bastou?

— Quer parar de ser tão teimoso? Eu disse a ela que você a usou, cara. Juro que nem eu mesmo pensei que ela levaria o que eu disse tão a sério, mas parece que a história com o Quim a destruiu. Pega leve com ela.

— Ela não pegou leve comigo nem por um minuto, careca – argumentou Cássio. – Eu me declarei e ela simplesmente me virou as costas.

— E você não está fazendo a mesma coisa agora? Ignorando ela?

Cascão estremeceu.

— Isso é diferente.

— Diferente por quê? – insistiu Cebolinha. – Ela feriu seu orgulho e você a está punindo por isso, exatamente como ela fez desde o halloween. Ou vai me dizer que não gosta mais dela?

— É claro que gosto – falou o sujinho. – Eu a amo.

— Então fala com ela agora, ela precisa disso, ela quer isso. Você não vê?

Cascão pensou no cuidado que Magali tivera com ele desde que adoecera, e no olhar da moça quando o viu chegar em casa são e salvo. Magali nunca olhara para ele daquela forma tão sentimental. Era como se a moça tivesse se desprendido de todas as amarras que ela mesma inventara para si diante da possibilidade de perde-lo.

— Ela me pediu desculpas ontem – admitiu Cascão. – Mas de que adianta, se basta uma fofoca qualquer para ela deixar de acreditar em mim? Não vou passar por isso de novo.

— Agora você está falando igualzinho a ela! A Maga tinha medo de ser enganada, e você está com medo de ser abandonado.

— Mas meu medo tem fundamento!

— E o dela não tinha?

— Eu nunca dei motivos para ela duvidar de mim.

— Corta essa! Você vive pra cima e pra baixo com sua ex e não quer que a Maga fique insegura?

— A Maria é minha amiga, só isso, a gente não tem mais nada!

— Então por que você não desgruda dela? A Magali nunca mais nem olhou na cara do Quim. Vai dizer que você ficaria de boa se ela passasse todo dia na padoca e de repente você encontrasse os dois no maior chamego em uma festa? Mesmo que eu não tivesse dito nada, ela já teria motivo de sobra pra desconfiar.

— Mas eu não fiz por mal – Cas tentou se justificar. – E eu já pedi desculpas!

— Ela também, ué! Você acabou de dizer! – exasperado, Cebolinha se levantou do sofá e pôs a mochila nas costas. – Quer saber, eu desisto! Se você quer bancar o orgulhoso e ficar sozinho é problema seu. Já fiz a minha parte, tô indo nessa.

Assim que Cebolinha alcançou a porta, ela foi aberta por Maria, que o cumprimentou, surpresa. O careca lançou um olhar que dizia “está vendo como eu tenho razão?” para Cas, e saiu em seguida.

— Você não foi à aula e nem respondeu minhas mensagens, eu vim saber o que aconteceu – disse a menina. Reparando no cobertor, nas meias e na caneca de chá, ela acrescentou: – Nossa, você tá péssimo!

Cascão explicou para ela o que tinha acontecido e contou da conversa que acabara de ter com Cebolinha. Para sua surpresa, Maria concordou com cada palavra do careca.

— Sabe, Cascão... Acho que a gente ficou junto por tanto tempo que a gente não consegue mais ficar longe um do outro, mesmo que sendo só amigos. Mas se você quiser ter algo com a Magali, é melhor mesmo a gente se afastar, pelo menos por um tempo. Ela nunca vai se sentir segura comigo por perto, e para te falar a verdade... meu namorado também não vai gostar nada disso.

— Que namorado?! – perguntou Cascão. – Não acredito que você não me contou, porquinha! Quem é o sujeito?

— Na hora certa você vai saber – disse ela, misteriosa. – Mas você entende, não é?

— Se está todo mundo dizendo, deve ser verdade – admitiu Cascão, ainda sem querer dar o braço a torcer.

— Cássio, nem todo mundo é como você, sabia? A maioria das pessoas não aceita continuar um relacionamento depois de... – ela mordeu os lábios. – Você sabe.

— Isso quer dizer que eu sou evoluído ou que eu sou trouxa? – riu-se o sujinho.

— Um pouco dos dois – falou a jovem. Ela deu um beijo estalado na bochecha de Cas, desejou melhoras e foi embora.

***

Nos dias seguintes Cascão recebeu várias visitas: Mônica e Cebola; Tikara e Denise; até Maria, que já não trocava mensagens como antes, foi lá levar as lições de recuperação de Geografia para ele. Apenas Magali não dera mais notícias depois daquela noite.

No quinto dia de convalescença ele já estava se sentindo ótimo. Mônica havia aparecido lá com Cebola, e os três estavam jogando Monopoly quando Cascão falou:

— Está faltando a Magali para ser o gato. Não dá pra jogar sem ela.

— Podemos jogar outra coisa – sugeriu Mônica.

Cascão pensou um pouco e em seguida disse, enigmaticamente:

— Tenho uma ideia melhor.

Assim que Cascão compartilhou sua ideia, Mônica foi em casa buscar a louça e a toalha rendada de piquenique, Cascão avisou Denise e Tikara, Cebolinha levou o Monopoly e todos compraram lanches. Os três se encontraram na pracinha, onde vários dos colegas estavam aproveitando as férias: Aninha e Maria estavam andando de patins; Titi, Xaveco, Luca e Jeremias estavam jogando bola enquanto Keiko e Carmem assistiam; Franjinha e Marina estavam namorando; Xabéu estava tomando conta de Maria Cebolinha e Dudu, que passeavam com Floquinho. Apenas DC e Nimbus não estavam lá, já que tinham ido visitar parentes em São Paulo.

Mônica ligou para Magali e a convidou para uma volta na praça, escondendo a real intenção. A menina aceitou e Cascão correu para se esconder. Quando a magrela chegou, ficou sem entender por que Mônica não avisara que seria um piquenique. Antes que ela pudesse perguntar qualquer coisa, no entanto, em algum lugar começou a tocar “More Than Words”. Todos pararam o que estavam fazendo e olharam na direção de onde vinha o som. Denise e Tikara estavam com uma caixa de som perto da fonte e no canto oposto da praça apareceu Cascão, que estava escondido detrás de uma árvore. O rapaz caminhou lentamente na direção de Magali seguindo o ritmo da música, com a caixinha de veludo à vista entre as mãos.

Magali não sabia se sorria ou chorava; foi emocionante ver Cascão se ajoelhar diante dela na frente de todos para lhe entregar o presente que ela conhecia tão bem. Gentilmente o sujinho colocou a joia em seu pulso e ergueu-se do chão para lhe dar um beijo, que ela retribuiu com ardor. Quando ficaram sem fôlego, os dois jovens disseram as três palavras que há muito preenchiam seus corações:

— Eu te amo!

A partir daquele instante, toda e qualquer dúvida, medo ou tristeza deixou de existir. O amor venceu.

***

Aquelas foram as melhores férias de todos os tempos. Cascão e Magali passeavam por todo lado com Cebola, Mônica, Denise e Tikara – velhos e novos amigos que se alegravam em vê-los juntos e felizes. E nos momentos em que estavam a sós, o casal se deitava sob a amoreira em frente a casa de Magali para olhar as estrelas.

Uma noite dessas eles tiveram duas visões interessantes: a primeira foi Luke passando em seu conversível junto de Maria. E a segunda foi Toni e Sarah desfilando de mãos dadas. Magali não pôde evitar de pensar em Quim: afinal o karma acabou chegando para ele. Mas ali, nos braços de Cássio, Quim era a última coisa na qual ela queria pensar. Na verdade, havia outra questão mais urgente perturbando seus pensamentos:

— Cas... – ela o chamou. – De novo eu procurei pela Dona Janete, mas nem sinal dela. E se ela tiver ficado doente?

Cascão sentou-se encostado no tronco da árvore, trazendo o corpinho de Magali para junto de si.

— Sabe o que eu acho, magrela? Essa Dona Janete parece ser colega do Ângelo, porque ninguém mais a viu além de você. Você devia perguntar a ele se nenhuma senhorinha simpática escapou do céu por esses dias.

— Será?

— Tenho certeza que sim – ele disse, plantando um beijo nos lábios da moça. – Não se perturbe com isso, meu amor. A noite está linda.

— Pode dizer isso de novo? – pediu ela.

— O quê?

— “Meu amor”. É a primeira vez que você me chama assim – disse ela, corando em seguida.

— É a mais pura verdade – sussurrou Cas em seu ouvido. – Eu te amo, meu amor.

Magali estremeceu.

— Você é o amor da minha vida, Cássio – ela disse, solene. – Para sempre.

— Para sempre – concordou ele, beijando-a ardentemente. – Para sempre...


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Notas finais do capítulo

Obrigada, querido leitor, por torcer pelos nossos personagens tão amados! Leia e releia essa história sempre que quiser!



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