Tempo Ruim escrita por helenabenett, Lyra Parry


Capítulo 18
Lembre-me de esquecer


Notas iniciais do capítulo

Cascão e Magali se amam, mas o medo e os fantasmas do passado continuam assombrando suas vidas. Até que sejam capazes de encontrar a coragem necessária para viver plenamente esse amor, cada um deles precisará trilhar sua própria jornada de autoconhecimento.



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 And all the greatest loves end in violence 
It's tearing up my voice, left in silence 
Baby, it hit so hard  holding on to my chest 
Maybe you left your mark reminding me to forget 
It doesn't matter where you are, you can keep my regret 
'Cause, baby, I got these scars reminding me to forget 
Keep reminding me, ooh, to forget your love 

 (Remind me to forget – Kygo ft. Miguel) 

Cascão

Segunda-feira, 6h55 

Aquela foi a pior semana da sua vida. 

Assim que passou pelos portões da escola na manhã de segunda-feira, Cas sentiu os olhares de todos sobre ele. As garotas foram as mais hostis, provavelmente por influência da Mônica. A dentuça esbarrou nele de propósito no corredor e saiu pisando duro, com o séquito de meninas em seu encalço. As únicas que olharam para ele foram Denise, com uma expressão difícil de decifrar – uma mistura de pena, curiosidade e deboche – e Maria.  

Sua ex-namorada, seguindo o hábito de contrariar as regras da ditadura de Mônica, deixou o grupinho das garotas e foi até Cássio perguntar como ele estava. Cas respondeu "tudo bem" só para se ver livre dela. Não tinha certeza do quanto Maria sabia sobre o plano infalível de Cebolinha, e não estava com a menor disposição para lavar roupa suja no pátio do colégio. 

Magali simplesmente fingiu que ele não existia. 

Andando logo atrás de Mônica e protegida por Marina, Aninha, Denise e as outras, a magrela não deu o menor sinal de ter percebido sua presença. Da primeira vez que isso aconteceu Cas sentiu tristeza e depois remorso, mas o sentimento que prevaleceu foi a raiva. Como ela podia simplesmente ignorá-lo daquela forma, sem ao menos dar-lhe uma chance de explicar sua versão da história? E não foi por falta de tentativas: ele se esforçou para falar com Magali de todas as formas possíveis, mas ela simplesmente olhava para ele como se não soubesse do que estava falando, e por fim lhe deu um ultimato, dizendo que os dois não tinham nada para conversar.  

Aquela foi a última vez que se falaram, na última aula de quarta-feira. Depois desse episódio Cas estava sempre sozinho, porque ninguém estava mais falando com ele: Magali por despeito, as meninas por ordem de Mônica e os rapazes porque ele se recusava a tocar no assunto, então o deixavam quieto por um acordo tácito. 

Na quinta-feira, mais uma vez Magali passou por Cássio como se não o conhecesse. Cássio se esforçou para sustentar o olhar gelado de Maga, embora na verdade quisesse gritar, chorar e agarrá-la pelo braço até convencê-la a falar. Porém seus pensamentos foram interrompidos pela chegada de Cebolinha, que causou um verdadeiro rebuliço: mesmo quatro dias depois da briga, o careca estava com o rosto inchado e o olho esquerdo rodeado por um hematoma roxo que ainda estava bastante feio.  

Em segundos, todos os rapazes estavam ao redor de Cebola para saber o que aconteceu. Cascão não precisou ouvir o que diziam para entender que o careca estava se fazendo de vítima da situação. Titi, Jeremias, Xaveco e os outros tentaram arrancar de Cas a sua versão da história na hora do recreio, mas ele não ia se expor e revelar sua mágoa e frustração pelo rompimento com Maga só para se livrar das mentiras de Cebola. Os outros que acreditassem no que quisessem.  

Sem responder nenhuma pergunta, Cássio apanhou a mochila e deixou a escola na hora do primeiro intervalo. Precisava ficar sozinho para digerir tudo aquilo. 

Só percebeu que Tikara estava na esquina quando topou com ele. 

— Desculpe, japa – disse Cascão. - Eu não vi você. 

— Tá tudo bem contigo? - perguntou Tikara, andando ao seu lado. 

Cássio deu de ombros. 

— Metade da escola não fala comigo e eu não falo com a outra metade - respondeu o sujinho. - Acho que ficar aqui só piora as coisas.  

— Mas você não pode perder as aulas por causa de uma briguinha à toa.  

— Não foi à toa, Tikara. 

— Cássio - falou Tikara - eu estava no som aquele dia na festa. Fiz tudo do jeito que o Cebola disse que você pediu pra fazer. Não acredito que você deu aquele murro na cara do careca só porque ele errou a música. 

Cas encarou os olhinhos puxados de Tikara com sinceridade. O japonês era mais esperto que os outros e parecia realmente interessado em saber a verdade. Cássio anuiu: 

— É, não foi só por causa da música que eu fiz aquilo. 

Tikara não disse nada, esperando que Cas continuasse. Os dois haviam deixado o quarteirão da escola. Parecia seguro falar ali. 

— O careca enganou todo mundo, japa – disse Cas. - Você, eu, a Maria, e sabe-se lá quem mais. Foi tudo parte de um plano infalível. 

— Pra você voltar com a Cascuda? 

— Não. Pra magoar a Magali.  

Tikara arregalou os olhos ao máximo que seus traços orientais permitiam. 

— Você e a Maga estavam juntos?! - exclamou o japonês. 

— Não - Cas decidiu que negaria até a morte tudo o que aconteceu, uma vez que Maga estava fazendo o mesmo. - Eu ia pedir a Magali em namoro na festa. Só que ao invés de colocar a música que eu pedi, o Cebola escolheu uma música que era especial para mim e para a Maria, deu bebida alcóolica pra ela e provavelmente também fez alguma coisa pra magrela chegar atrasada na festa e me ver dançando com a minha ex.  

— Mas o que o Cebola ganha com isso? - quis saber o japonês. 

— Ele acha que é por causa da Magali que a Mônica agora namora o DC, e quis dar o troco nela. Eu sou um idiota por não ter percebido isso antes de pedir a ajuda dele com a magrela.

Os dois haviam chegado na pracinha. Cas parou um instante e se sentou em um banquinho. Tikara fez o mesmo, se ajeitando ao lado dele. 

— Japa, por favor, não conta nada disso pra ninguém - pediu Cássio. - Eu cansei dessa história. Só quero esquecer, virar a página. 

Tikara não respondeu. Apenas olhou fundo nos olhos de Cas, como se quisesse fazer uma pergunta muito importante, e por fim concordou com a cabeça. Cássio sorriu, agradecido, e Tikara se despediu dele com um convite para jogarem video-game qualquer dia. 

Chegando em casa, Cas fez as únicas duas contas que todo estudante sabe de cor: quantas aulas pode faltar sem ser reprovado e quanto precisa para passar de ano. Para sua felicidade, Cascão descobriu que, se só fosse à escola nos dias de prova e conseguisse se sair bem nelas, não precisaria mais voltar ao colégio.  

Passou o restante da tarde organizando o quarto em busca de anotações perdidas, lições de casa velhas e outras coisas da escola. Reuniu tudo em uma pasta e, quando terminou, montou um horário de estudos do jeito que lembrava de ter visto Maria fazer. Arrependido por não ter falado direito com ela, tirou uma foto do plano de estudos no celular e mandou para a ex, escrevendo em seguida:  

“Aprendi com a melhor. Foi mal por hj”. 

Maria respondeu quase imediatamente: 

“Pq não aprendeu isso qnd ainda era meu namorado? :P Parabéns, ficou mt bom. Tá desculpado” 

“Como vc está?”, ele digitou. 

“Com sono”, respondeu Maria. 

“Tbm. Boa noite”. 

“Boa noite. Fica bem, ok? O Cebola é um panaca. Vc e a Maga superam essa”. 

“Obg. Mas a Maga não quer mais saber de mim”, Cas digitou.

“Dá um tempo pra ela”. 

“Sou eu que preciso de um tempo agora”. 

“Eu sei. Foi assim comigo tbm”. 

Ela não precisou dizer nada para que Cas soubesse que estavam falando do tal Lucas. 

“Vc se arrependeu?” , ele quis saber.

“Não”. 

Cas estava se amaldiçoando por perguntar aquilo, sabendo que a resposta doeria fosse qual fosse, quando outra mensagem de Maria chegou: 

“Não me arrependi de ter ficado com o Lucas. Mas me arrependi de ter desistido de vc. Podia ser tudo muito diferente agora”. 

Sem saber direito o que dizer, ele simplesmente agradeceu. 

“Vlw, porquinha”. 

Do outro lado da linha, Maria sorriu abraçada ao celular. Mesmo que não estivessem mais juntos, Cas ainda se importava com ela. Ele sempre fora seu único e melhor amigo, e ao ler aquela mensagem Maria soube que, mesmo que os dois seguissem caminhos diferentes, o carinho e o respeito que tinham um pelo outro nunca iria mudar.  

“De nada", ela enviou de volta, acrescentando em seguida: "Agora vai dormir pq eu tô com sono :D”

“Vc nunca vai deixar de mandar em mim?” Maria sabia que aquela indignação era fingida.

“Não mesmo ;) Boa noite”. 

“Boa noite”. 

Quando Cas deu por si, já era quase madrugada. Cansado, ele tomou um banho e dormiu sem jantar. 

 

Sexta-feira, 7h30

Acordou na manhã seguinte se sentindo outra pessoa.  

Dona Lurdinha perguntou por que ele não foi à aula, e Cascão foi sincero: não estava com ânimo para encarar a turma depois de ter levado um fora. Felizmente sua mãe e seu pai eram compreensivos; a única coisa que Seu Antenor exigiu foi que as notas não baixassem, e Cássio prometeu que isso não aconteceria. 

Com o passar dos dias Cas percebeu que tomar banho de manhã, além de ajudar a ficar acordado, também o isentava de encarar o chuveiro mais que uma vez ao dia. Adotou esse hábito junto com sua nova rotina de estudos. Não era muito bom em estudar sozinho, mas era isso ou voltar para a escola.  

Ele sabia que naquele momento todos estariam comentando sobre sua ausência, e não pôde deixar de se perguntar se Magali notara seu sumiço. Repreendeu-se imediatamente. Era triste pensar que ele, Mô, Maga e Cê, amigos de toda uma vida, agora eram meros estranhos uns para os outros. Então Cas decidiu que não pensaria mais em nenhum deles. Pelo menos, não enquanto as memórias doessem. Quando fosse capaz de olhar para o passado sem sentir a ferida em seu peito se abrir, voltaria para encará-lo. Até lá, esquecer era o melhor remédio. 

Não havia pensado, porém, que ficaria entediado durante a manhã. Começou a praticar atividades físicas enquanto os outros estavam na escola, assim não corria o risco de encontrar nenhum deles na rua. Todos os dias, na hora que a primeira aula começava, Cascão ia até a pracinha andar de skate ou correr pelo bairro praticando parkour. Estava indo super bem. O seu maior problema eram as músicas do mp3: todas o faziam se lembrar dos amigos. Certo dia lembrou-se de Tikara e decidiu passar na casa dele. Vai ver o japonês sabia como remixar um som.

— Cássio? – Tikara se assustou ao abrir a porta. 

— Você disse que tem um Xbox novo – Cas deu de ombros, com um meio sorriso nos lábios. – Vim ver se é verdade. 

— Entra aí – respondeu o japonês, empolgado. – Desculpa a má recepção, não esperava visita. 

— Tranquilo. Me desculpe por vir sem avisar.  

Cascão olhou em volta, impressionado. A casa parecia um pedaço do Japão escondido no bairro. A mesa que ocupava o centro da sala era baixa e sem cadeiras, indicando que a família fazia as refeições sentada nas almofadas no chão. No canto havia um móvel com incenso, velas e fotos de parentes que haviam morrido (Cássio não conhecia a família de Tikara, mas sabia o suficiente da cultura japonesa para entender que aquele era o altar dos ancestrais) e também uma decoração rústica, em tons claros contrastando com o marrom e os ornamentos de bambu.  

Imitando o amigo, Cássio deixou os sapatos perto da porta e entrou de meias na casa. Era uma sensação estranha, mas gostosa. Tikara sorriu, satisfeito pelo amigo estar se esforçando para respeitar os costumes da sua cultura. Os dois entraram no quarto austero, pequeno e meticulosamente limpo de Tikara. Não havia absolutamente nada fora do lugar, e Cascão se perguntou como o japonês conseguia fazer aquilo. “Minha mãe adoraria ter um filho assim”, ele pensou.  

Só então Cas notou que havia alguém sentado na cama. 

— Ora, ora, quem é vivo sempre aparece! - exclamou Denise, fazendo Cascão dar um salto pra trás. 

— O que é que você tá fazendo aqui, garota?! Quer me matar do coração?! 

— Não seja rude, Cássio. Só vim ajudar Tikara com algumas coisas. 

— Trabalho da escola? 

— Quem me dera se a gente tivesse trabalhos interessantes assim! Estamos editando vídeos. 

— Espera aí - Cas colocou a mão no queixo, confuso. - Vocês dois estão namorando? 

— Argh! – Denise fez uma careta. – Claro que não, que ideia! 

— Ei, também não precisa ofender – falou Tikara para Denise, enquanto se sentava na frente do computador. 

— Olhos puxados não fazem meu tipo – Denise piscou para Tikara, que se limitou a rir. 

— Então vocês são amigos? - perguntou Cascão, ainda perplexo. 

— Essa daí diz que é minha amiga – respondeu Tikara. - Eu já não tenho tanta certeza. 

Denise mostrou a língua para Tikara, que a ignorou. Não precisavam dizer mais nada, estava óbvio que eram amigos de longa data. Cássio só não entendia como é que nunca percebeu antes. 

— O que está fazendo, japa? - Cascão mudou de assunto, espiando o computador por cima do ombro de Tikara. Um programa esquisito, cheio de botões complicados, processava alguma coisa na tela. - Coisa de hacker? 

— Ela é a hacker aqui – Tikara apontou para Denise, que deu um aceno pretensioso para Cas, divertindo-se com sua cara de espanto. - Eu sou só o DJ. Ela quer uma música nova para mudar a abertura do vídeo-blog. 

— Você é DJ e ela é uma hacker com um blog na internet – Cas colocou a mão na testa. - Em que mundo eu vivi que não notei nada disso? 

— No mundo dos protagonistas – falou Denise. - Mas agora que perdeu sua entrada VIP para o grupinho deles, imagino que queira se juntar a nós, os esquecidos. Não precisa ficar sem graça, aqui não julgamos ninguém. E sempre tem lugar pra mais um. 

Cássio refletiu um pouco antes de responder. 

— Não perdi minha passagem – ele disse. - Apenas não quero mais fazer parte, por enquanto. 

— Eu sei, eu sei, não precisa bancar o ofendido – falou Denise, sacando uma lixa de unhas do bolso da jaqueta jeans. - Às vezes as intrigas cansam, não é? Sei muito bem que foi por isso que deixou a escola. Tenho que admitir, estou morrendo de inveja. Sempre que penso em fazer isso me falta coragem. Quer dizer, não que eu não goste de ter meu momento de fama, e um retorno triunfal seria uma excelente oportunidade. Mas dar satisfação é cansativo. Por isso eu e Tikara estamos aqui: enquanto os protagonistas vivem seus dramas públicos, ninguém se interessa por nossas vidas, e podemos ser o que quisermos em paz. Como você e a Magali fizeram. 

— Não sei do que está falando – Cas tentou fingir, mas estava óbvio que Denise sabia de tudo. 

— Nem eu – disse Tikara, desviando a atenção do computador.  

Denise revirou os olhos: 

— Homens são mesmo uns atrasados. Cássio e Magali estão juntos há meses, Tikara. Quer dizer, estavam, porque o idiota do Cebola estragou o meu plano infalível. 

— Como assim, seu plano infalível? - disse Cascão, irritado. - Por que agora todo mundo se acha no direito de se meter na minha vida e na da Maga? 

— Eu não me meti em coisa alguma - respondeu Denise. - Sei que pensa que sou uma fofoqueira, é isso que os rótulos fazem conosco. Mas se não fosse por mim, a escola inteira já saberia do seu romance secreto. Cuidei de inventar histórias e eventos interessantes para desviar a atenção da turma de vocês dois até que estivessem prontos para se assumirem. Como estavam demorando demais, decidi dar uma forcinha preparando a festa de halloween. Para minha sorte, vocês morderam a isca. O problema é que eu não pensei que o Cebolinha iria estragar tudo.

— Então você quer dizer que estava tentando nos ajudar? – disse Cas, com uma pontada de ironia. 

— Eu e metade dos leitores dessa revista sempre torcemos por vocês dois. Você sabe, eu sempre apoiei seu romancezinho trágico. O problema é que vocês dois são medrosos demais para ficarem juntos. Quando Magali terminou com o Joaquim, eu percebi de cara que vocês iriam se aproximar de novo. Só queria que desse certo dessa vez, para variar.

— Eu também - suspirou Cascão. - Talvez não seja para acontecer, afinal. 

— Você vai desistir assim tão fácil? - disse Tikara, pousando a mão no ombro de Cássio.  

— Não vou desistir da Maga – admitiu Cas. - Mas a verdade é que não dá certo. Nunca deu, e nunca vai dar se continuar desse jeito. 

— De que jeito, bobinho? - perguntou Denise, curiosa. 

— Com todo mundo se metendo – Cas ergueu as sobrancelhas para Denise. - E nós sempre com medo da opinião dos outros. E com tanta coisa no meio, tantas mágoas empurradas para debaixo do tapete – ele suspirou. - A gente precisa limpar essa sujeira. 

— Limpar a sujeira? - zombou Tikara. - Você está mesmo apaixonado. 

— Agora só estou cansado – admitiu Cas. - Eu te disse, só quero deixar isso pra lá por enquanto. 

— É uma ótima ideia – concordou Denise. - Nada como o tempo para curar velhas feridas. Só não deixe a oportunidade passar quando sentir que está pronto. 

Denise piscou para Cascão, deu um beijinho estalado na bochecha de Tikara e foi embora, deixando os rapazes a sós. 

— Você gosta dela – afirmou Cascão, que não pôde deixar de notar a forma que Tikara evitava o olhar de Denise. 

— Chega de falar de mulheres por hoje – brincou o oriental. - Pensei que tivesse vindo aqui para jogar. 

— Gostei mais desse seu hobby de DJ. Eu queria remixar umas músicas do mp3, você pode me ensinar?  

— Claro, senta aí. 

 

Domingo, 20h00

Já havia anoitecido quando Cássio voltou para casa cheio de músicas e ideias novas. Ficara bastante interessado no hobby de Tikara e até pedira ao japonês para lhe mostrar como poderia baixar aquele software legal. Diferente de Cebolinha, Tikara não ficava se gabando nem fingindo que as coisas eram difíceis só para parecer que entendia mais: o japonês ensinou tudo que Cas precisava saber para começar a criar os próprios sons, indicando até uns tutoriais na internet. 

Mas as palavras de Denise não saiam de sua cabeça. 

De certa forma, parecia que ele a tinha visto pela primeira vez naquele dia, como se não a conhecesse antes. A forma tranquila com que a blogueira destrinchara e revelara seus sentimentos mais profundos era desconcertante e dava um pouco de medo. Afinal, ele não fazia ideia de quais eram as verdadeiras intenções dela, e não queria surpresas depois do infame episódio com Cebola. 

Cas não confiava em Denise, mas em seu íntimo sentia que ela falava a verdade. Ela não era do tipo que se importava com tramas de adolescentes. Nem Tikara. Os dois estavam ali, vivendo uma vida totalmente à margem de tudo e de todos. Exatamente como ele e Magali quiseram fazer.  

A verdade é que sentia inveja dos dois por terem conseguido, enquanto seu relacionamento com a magrela, a coisa com a qual mais se importava, fora sugado pelo vórtice das intrigas e fofocas. O que eles tinham feito de errado? 

Pegou no sono antes de encontrar as respostas. 


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Notas finais do capítulo

Atormentado pelas feridas, Cascão decide tirar um tempo para si. Denise e Tikara serão seus parceiros nesse processo de redescoberta, até que ele encontre o caminho de volta para Magali.



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