The Wanheda escrita por Scodders


Capítulo 2
Capítulo 2 - New Beginnings




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2 meses antes

Clarke caminhou. Andou até suas pernas arderem. Não tinha motivos para parar.

Após o ocorrido em Mount Weather, ela se fechou para o mundo, só queria sumir. Pensou diversas vezes na possibilidade de tirar a própria vida mas precisava admitir que tantos sacrifícios só mostravam que ela estava disposta a viver e manter todos ao seu redor vivos também. Não queria a morte, apenas que a dor sumisse. E como doia... A pior parte não era ter matado alguém mas sim não ter noção da matemática em questão. Começava a duvidar do que Bellamy lhe disse "O que somos e o que precisamos ser para sobreviver, não nos definem." Será mesmo? Como matar crianças e pessoas inocentes poderia fazer dela uma pessoa boa? Não tinha noção de quantos dias (talvez semanas?) já haviam se passado e só se dava conta que o dia acabara quando o sol desaparecia. Neste momento, se permitia dormir. Nunca tinha bons sonhos. Constantes imagens com o rosto de Lexa sorrindo ou rindo drasticamente apareciam, lhe mostrando o quanto havia sido tola de confiar nela. Clarke não a amava, nunca amou. Mas tinha uma grande admiração... E atração, isso não podia negar. Acreditou em cada palavra, seguiu todos seus passos e acabou sendo traída da pior forma. Apesar de ter dito que não estava preparada para aquele relacionamento, quando estavam lado a lado liderando seus povos e Lexa a convidou para visitar Polis com ela, se sentiu feliz. Talvez pudesse recuperar seu povo, ser feliz e também achar o amor com Lexa, que havia aberto o coração para ela após tanto tempo. Mas a outra não tinha coração. Sua decisão a fez tomar a pior de sua vida e isso ela nunca poderia perdoar.

Clarke estava tão suja que se misturava à floresta. Era como um fantasma no bosque que as crianças se afastariam e contariam histórias. "Olhos sem vida, rosto sem face e praticamente sem alma" seria a cantiga antes de dormir. Só comia quando a barriga clamava por isso, até lá não se dava o trabalho. Caçava, recolhia frutas e água, mas nunca tomava banho. Não achava que merecesse, a sensação de limpeza e pureza, pois estava imunda. Sua alma era nojenta, perversa e escura. Tinha o sangue de milhares de pessoas em suas mãos. Sendo elas boas ou ruins, eram pessoas. E essa dor sempre a alcançava.

Só notou que estava longe dos seus limites quando viu o deserto. Foi o momento que finalmente se perguntou quanto tempo havia andado. Provavelmente fez uma viagem de dias até ali e de que forma poderia continuar se alimentando, ou até mesmo se proteger do sol sem nenhum mantimento? Não havia condições. Eram terras muito desconhecidas para ela. Tomou a decisão de retornar e procurar alguma caverna e permanecer ali até o fim dos tempos, sem o risco de ser encontrada por algum grounder ou pior... Seu povo. Não queria vê-los, não tinha a coragem ou decência de aparecer por lá. Se sentia o maior pedaço de merda da terra. Fez tudo por eles, disso tinha certeza. Mas não conseguiria aguentar os olhares reprovadores se nem ao menos ela se perdoava.

Retornou à floresta e focou em encontrar a tal caverna e dormir. Fazia tempo que não tinha foco em alguma coisa. Se deparou com um belo riacho ao longe e decidiu se aproximar para observar, fascinada com a grande cachoeira. Ao chegar ao destino, avistou uma mulher. Nua. Clarke não desviou o olhar. Ficou ao longe por trás de uma árvore prestando atenção em seus movimentos, tão confortável com seu corpo. Não olhava com desejo mas sim interesse. Fazia tanto tempo que não via outro humano e observar a cena, era de fato interessante.

— Nou move. - Soou uma voz atrás dela. Sentiu o sangue parar de circular. Manteve a atenção para frente. - Chon yu bilaik? - por fim encontrou sua voz.

— Eu não falo trigedasleng. - Disse nervosa e levantou automaticamente os braços.

— Muito bem. Já vejo que não é uma de nós. Vire -se! - Era uma ordem. Clarke calmamente foi se virando e deparou-se com o grounder em sua frente apontando uma flecha para ela. - Agora responda porque está observando a comandante? - Clarke se sentiu confusa, a única comandante que conhecia (e sabia existir) era Lexa.

— Me desculpe, não fiz por mal. Eu não queria...

— O que está acontecendo? - Veio a voz feminina ao longe e Clarke se virou para ver a mulher ainda nua a observando. - Traga-a até aqui! E me traga um manto. - Disse à outro grounder ao lado. Enquanto Clarke era levada até ela, observou que ela definitivamente não estava sozinha. Ao canto que ela não pode ver antes, existiam mais uns 5 grounders parados. Eles provavelmente estavam ali o tempo todo enquanto a mulher se banhava. O que a deixou ainda mais confusa. Ela não se moveu e nem pareceu tímida com a presença de Clarke. Só observava seu rosto cautelosamente. A menina se sentia desconfortável com a mulher despida à sua frente e procurou fitar o chão. - Olhe para mim criança. - Então levantou a cabeça, tentando ignorar o corpo nu. A mulher sorriu. - O que foi? Nunca viu uma mulher nua em sua vida?

— Sim. Mas nunca alguém que não conhecesse. - Disse seca, a voz firme.

— Oh por Deus, a sua tribo não sabe se divertir? - E deu uma risada. Os outros grounders também riram e Clarke não viu humor. Manteve-se parada.

— Não tive a intenção de invadir sua privacidade, só procurar um local para dormir e me distrai com o riacho. Quando me aproximei você estava lá. Sei que não é desculpa mas... - A mulher fez sinal para que parasse de falar.

— Seus motivos não me importam criança e muito menos que queira me observar nua, se este é mesmo o motivo. O que faz aqui sozinha? - Foi ai então que um dos homens apareceu com o manto e ela finalmente cobriu seu corpo. Por fim, Clarke relaxou.

— Me separei do meu grupo faz um tempo e tenho me virado sozinha desde então. - Deu de ombros. A mulher ficou séria, a observando com certo interesse.

— Interessante. Muito interessante. Não tem medo de andar por ai com os homens da montanha ainda vivos? - Clarke gelou. Seu coração batia apressadamente. Achava que o ar havia fugido do ambiente.

— O que disse? Por favor repita o que disse.

— Alguns dos homens da montanha ainda estão vivos. Está realmente perdida no tempo, hein menina? - Ela levantou a sobrancelha como quem não acreditasse que a maior notícia dos tempos não havia chegado à seus ouvidos. - Fala muito bem o inglês, claramente não é uma grounder. É uma dos que vieram do céu? - Clarke se assustou com a pergunta repentina e invasiva, não soube se deveria responder. Mas cedeu, afinal, o que tinha mais a perder?

— Sim. Sou um deles. - A mulher a fitou com mais cautela e seriedade. Quando veio a pergunta, sua voz era firme e direta.

— Seu nome é Clarke? - A menina levantou o olhar para a outra. Seus olhos eram bastante sérios dessa vez, sem nenhuma humor dentro deles. - Ande criança, responda.

— S-S-Sim... Como sabe o meu nome? - Disse com a voz falhando. O que diabos estava acontecendo?

— Não acredito que a mulher que derrubou Mount Weather sozinha é você. Não pode ser. Achei que estivessem te escondendo mas não que estaria por ai andando sozinha, ao alcance de todos. - Clarke ficava a cada minuto mais confusa. Não tinha a mínima noção do que estava acontecendo.

— Porque me esconderiam?

— Oh meu bem, todos querem sua cabeça. Até Lexa está fazendo uma busca por ti. Acho estranho ninguém ter te achado. - Se assustou com a forma íntima com a qual citou Lexa. E mais ainda por sua cabeça estar em jogo. Porque diabos Lexa também queria mata-la? Não fazia ideia de nada que estava acontecendo, foi como um turbilhão de sentimentos de uma só vez. Clarke estava desnorteada. - Você não parece se sentir bem. E por Deus, como fede... Vamos. Te daremos comida, abrigo e um banho. Podemos conversar com mais calma depois.

— Não pretendo ir a nenhum lugar com você. Não te conheço. Ainda mais após a informação que me passou. - A mulher sorriu irônica.

— Querida, de uma coisa tenha certeza: Eu quero sua cabeça. Mas não corta-la pois sou mais inteligente do que isso. Busco apenas o que existe dentro dela. Acredito que tenho muito o que aprender com a menina que derrubou uma montanha graças à sua estratégia. Você será muito útil para mim, Clarke Griffin. E quanto à não me conhecer, não seja por isso. - Se aproximou de Clarke e estendeu a mão - Meu nome é Nia. Mais conhecida como, rainha do gelo. E eu tenho uma proposta que acredito que seja de seu interesse.

— E que proposta seria essa?

— Vingança. - Clarke respirou fundo e observou seus olhos agora tão sombrios. Ela se aproximou à centímetros de seu rosto e sussurrou. - A cabeça de Lexa.


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