The Wanheda escrita por Scodders


Capítulo 3
Capítulo 3 - Agreements




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Clarke encarava Nia do outro lado da tenda enquanto comia um coelho assado. A mulher prestava atenção em cada movimento dela e a menina não deixava por menos. Permaneceram em silêncio durante toda a refeição.

— Eu não estava brincando quando falei do banho. - Nia se manifestou, finalmente quebrando o gelo.

— Achei que a cachoeira fosse seu banheiro. - Disse Clarke, irônica enquanto lambia grotescamente os dedos.

— E é. - Disse Nia com o rosto impassível. - Podemos voltar lá a qualquer momento que queira.

— E deixar seus homens me observarem enquanto estou nua? Jamais.

— Pode ser apenas eu, se você quiser. Não posso te deixar fora de vista.

— Então... Rainha do gelo - Revirou os olhos para o apelido - Acredito que essa aqui não seja sua casa e muito menos que você está realmente preocupada com a minha higiene. Então me fale logo porque precisa de mim e o que faz por aqui.

— Lexa e eu... Não nos damos muito bem. E quando ouvi sobre a Wanheda, decidi sair à procura. - Clarke lembrava muito bem da história que Lexa lhe contou, de quando a rainha do gelo torturou Costia por informações sobre ela. Mas preferiu guardar a informação para si.

— Quem diabos é isso?

— Realmente ainda não entendeu, né menina? A pessoa mais famosa da terra atualmente, é você. Wanheda, a comandante da morte. - Clarke dilatou os olhos. Não podia estar mais chocada com a forma que a nomearam. Começou a compreender o porque daquela mulher esperar tanto dela e não poderia estar mais equivocada. Ela não era um poço de crueldade, foi forçada a tomar aquelas decisões por causa de Lexa.

— A comandante da morte deveria ser Lexa. Foi ela quem deixou meu povo para morrer. Tudo que fiz foi tentar proteger os meus. Me desculpe mas está procurando a pessoa errada. - Se levantou abruptamente, decidida a sair dali. Não poderia ouvir mais um minuto sobre aquilo e Nia se levantou junto, tocando seu ombro.

— Clarke... Posso ver que carrega um peso em seus ombros e deve ser muito dolorido - Usou uma voz tão calma que foi quase reconfortante. Clarke abaixou o olhar e tentou conter as lágrimas - mas precisa focar no real problema aqui: Lexa. Ela quem deve pagar pelas suas decisões. Sei que é inteligente e pode me ajudar na guerra que está por vir. Te prometo lhe dar o que você quer.

— O que você ganha com isso? - Disparou de forma direta. Se ainda fosse ajudar, não aguentaria mais rodeios.

— Serei a próxima comandante. Lexa não merece esse posto. Não sei o que os espíritos tinham em mente quando deram o poder para aquela criança. Eu tenho idade e mais sabedoria. Preciso assumir as pontas de meu povo. - Praticamente cuspia as palavras e Clarke pode perceber que sendo verdade ou não, Nia acreditava vorazmente naquilo. Mas não só por seu povo, ela tinha fome de poder. - Para conseguir isso, preciso matar a comandante e tomar seu posto.

— Pensei que os espíritos que escolhessem a próxima comandante.

— Normalmente sim. Mas isso não será uma morte normal, apenas uma intervenção. A guerra será por isso. - Finalizou. Clarke respirou fundo. Queria vingança de Lexa, é verdade. Mas mata-la? Seria capaz de ter mais sangue em suas mãos?

— Talvez eu deva tomar aquele banho agora... E pensar, sobre minha decisão.

— Tudo bem - disse a mulher sorrindo e foi se aprontando para acompanha-la.

— Sozinha. - Nia fez como se fosse argumentar mas recuou ao olhar cortante de Clarke.

— Que assim seja, Wanheda. - Deu ênfase à ultima palavra, relembrando a menina o motivo de ela estar ali e sua importância. Assentiu com a cabeça e saiu da tenda.

 

 

Clarke se banhou ao luar. Era quase como se fosse dia, com tanta luz. O reflexo da lua e estrelas na água foi uma das experiências mais bonitas que teve e foi o melhor que se sentiu desde o dia fatídico. Sua mente estava à mil, tantas coisas para considerar. A morte de Lexa seria o suficiente? Isso era a pergunta mais constante. Sabia que se dissesse sim não teria volta. Se aliar à pessoa que Lexa mais odiava já seria vingança o suficiente para ela. Saiu da água e vestiu as roupas que Nia a ofereceu, nada de especial nelas além da aparência grounder. Wanheda. O nome começou a se familiarizar em seus ouvidos, talvez até gostasse da importância repentina. Era mais do que se sentia: ninguém. E agora sabia que todos procuravam por ninguém. Por quais motivos, não sabia. Porque grounders gostariam de mata-la se ela fez um favor à eles? Afinal, mount weather os torturou por anos e criou os ceifadores. Muito não fazia sentido. Assim que entrou na tenda, viu Nia de costas voltada para uma mesa. A mulher não se virou para olha-la.

— Nia? - Clarke chamou seu nome, curiosa.

— Clarke, você precisa ver... - E se calou assim que pôs o olhar na garota. Foi impactante a visão de Clarke sem toda aquela sujeira para ela. Seus cabelos pareciam ouro e os olhos o oceano. Era de uma beleza tão esplêndida, que ficou sem palavras. - Oh.

— O que foi? - Clarke tinha um olhar inocente de menina nos olhos. Por diversas vezes naquele dia ela a encarou como alguém que abandonou a antiga vida para viver na miséria. Mas agora a via como uma criança perdida em busca de salvação. Era tão... jovem. E bonita.

— Você é realmente bonita... quando está limpa. Mal pude notar a cor de seus cabelos naquele visual grotesco. - Clarke deu uma risadinha, rápida mas cheia de humor e ela ficou mais admirada ainda.

— Bem... Obrigada. Esse banho realmente foi uma coisa boa, me sinto melhor. - Sorriu de lado e logo retomou a postura. - Afinal, o que queria me mostrar? - Foi se aproximando até a mesa.

— Isso aqui é um mapa de Polis. Alguns de meus soldados estão em busca de pontos cegos para quando invadirmos. - Clarke segurou o mapa com as mãos e balançou a cabeça negativamente.

— Você não acha meio estúpido ataca-la aonde ela tem mais poder? Você se esquece que seu povo treina desde o nascer para ser um soldado. Polis inteira é um exército para Lexa. - Nia levantou o olhar com a percepção rápida da menina e teve de concordar.

— Você tem razão... Viu porque preciso de você? - E deu um sorriso envergonhado de lado para Clarke. E foi quando ela finalmente entendeu. Nia não era uma boa estrategista e sabia disso, mas tinha a força. E com Clarke a seu lado, poderiam ser imbatíveis. Não seria fácil mas havia realmente uma forma de derrotar Lexa. Clarke só não entendia uma coisa.

— Entendo que você queira matar Lexa para se tornar comandante. Mas está mesmo disposta a matar seu próprio povo para chegar até ela? Afinal, são eles quem você quer governar.

— Se eu pudesse, evitaria todo o sangue. Mas em guerras, devemos sacrificar alguns ao pró de muitos. - Disse e Clarke viu pura verdade em seu olhar. Então sugeriu:

— E se houvesse uma forma de realmente evitar tudo isso?

— O que sugere?

— Não faremos um ataque surpresa ou esperar Lexa sair de Polis com poucos guardas, nada covarde - Nia se incomodou com essa menção, quase como se fosse uma indireta para ela. Mas preferiu relevar, precisava da menina. - Iremos enviar uma mensagem para Lexa dizendo que ela pode abdicar do trono ou encarar uma guerra contra os seus. E claro, Lexa vai recusar mas acredito que ela não vá querer arriscar Polis inteira. Vai sair de lá para avaliar o terreno com os guardas. Aí começaremos o plano. Iremos observar cada passo seu e de seus soldados para saber o momento exato de atacar. - Clarke sorriu ao terminar de falar. Nia quase pode sentir uma aura escura na menina, era como se de um minuto ao outro ela tivesse se transformado em uma pessoa diferente. Talvez fosse mesmo tudo aquilo que a chamam.

— Você fala como alguém que conhece a comandante a fundo. Como pode garantir seus próximos passos? - Clarke começou a andar de um lado para o outro desconfortável em relembrar sua história com Lexa.

— Lexa e eu, nós éramos... Amigas. Ela me mostrou um lado de liderança que desconhecia e confiei muito nela. Até que me traiu e me deixou para morrer. Sei que ela sacrificaria alguns pelo que acredita ser o bem maior - Tentou se desvencilhar das lembranças de Tondc- mas jamais arriscaria Polis inteira. - Clarke parecia muito convicta de sua opinião e Nia assentiu em silêncio. A menina continuou - Acredito que sua maior arma contra Lexa é ter meu auxilio em segredo. Ela jamais saberá o que está por vir. Precisamos esconder minha identidade.

— E iremos. - Nia já pensava em formas para colorir o cabelo da menina e arranjar uma forma de lhe fazer passar despercebida. - Irei te declarar como minha amante para meus soldados e eles não terão a menor ideia de que você me ajuda com coisas além de... Você sabe. - Clarke pigarreou, claramente desconfortável com o assunto. - Acredito que irá ocorrer tudo bem. - Clarke assentiu, não tinha muito o que ser dito. - Lexa conhece sua escrita? - Clarke arqueou as sobrancelhas assim que ouviu a pergunta fora de contexto.

— Não...

— Então, gostaria de fazer as honras e escrever para a vagabunda que ela precisa abdicar do trono? - Nia deu um sorriso travesso e a ofereceu uma caneta. Clarke sorriu. Após tanto tempo, finalmente encontrou um objetivo na vida e esse era vingança. Se sentou, caneta em mãos e danou-se a escrever da forma mais fria que pôde. 


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Notas finais do capítulo

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