Ainda Viva escrita por Hissa Odair


Capítulo 5
Capítulo 5 - Descoberta e o início de uma nova angústia


Notas iniciais do capítulo

Oie!
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Eu sei que demorei, mas esse capítulo é tenso e não consegui fazer melhor que isso ^^"
E eu acho que esse capítulo vai marcar muito uma das tristezas da nossa Haru *desvia de estilete*.
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Obs: A ideia da gravidez da Chiharu e o seu engravidamento veio da fanfic "Um Incidente" da Sophi-chan ♥.
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Boa Leitura ♥!



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Autora Pov's

Kidou se preocupava muito ao ver a arroxeada inconsciente na maca. Tinha certeza que não ia morrer ou algo assim (o acidente não tinha sido sério a esse ponto, ela só se machucou feio). Mas ver aquele rosto sem mudar de expressão era algo perturbador levando em conta as frequentes mudanças de personalidade.

—Nunca pensei que ia ser tão perturbador ver você finalmente com uma só expressão por mais de 5 minutos - ele comenta e de forma inconsciente já se prepara psicologicamente para ouvir um xingamento ou um olhar de raiva.

—Maldita flecha* ... - Chiharu murmura de forma inaudível - Maldita ...

Então ela mudou um pouco a expressão para uma que apresentava mais sofrimento, e Kidou se sentiu aliviado com isso ... e depois se sentiu péssimo por estar aliviado pela cara de sofrimento dela.

Não tinha se passado nem um minuto e um homem com jaleco (provavelmente um médico [ou um louco que fugiu do hospício que pensa que é um médico ... tudo é possível]), entrou sem nenhuma preocupação. Anotava qualquer coisa em uma prancheta. Parecia estar um pouco mal.

—Só pra não ter erro você é amigo de - ele leu a prancheta -, Ito Mayumi. É isso mesmo?

Kidou concordou com um gesto com a cabeça. O médico coçou a nuca aparentemente incomodado com algo.

—Ito Mayumi tem algum parceiro com quem podemos comunicar uma aviso? - ele perguntou de forma séria - Algum esposo ou namorado.

Kidou pensou um pouco se lembrando dela ter mencionado que terminara com o namorado faziam uns 5 ou 6 meses (na realidade ela só xingou o ex de forma que Kidou aprendeu 3 novos palavrões em um curto período de tempo)

—Não ... - ele disse e depois pensou um pouco - Por que essa pergunta?

—Isso vai ser complicado ... - o médico perecia ter ignorado a pergunta - Tem certeza? Ela não tinha um ex ou algo do gênero?

—Sou amigo próximo mas não sei tanto ... Mas eles terminaram faz uns 5 meses - Kidou respondeu a pergunta - Mas por que pergunta isso?

—Ela vai reagir mal ... - o homem fala coçando a nuca novamente - Essa é a 3ª vez que tenho que dar essa notícia ainda nesse ano. Acho que ela deve ter tido um relacionamento e não ter contado, é perfeitamente normal. É que o feto dela de 3 meses morreu com a batida e eu precisava ter alguém para informar.

Kidou refletiu um pouco e xingou mentalmente, se dando conta do que estava acontecendo, e olhou a arroxeada que começou a acordar (incrível como coisas assim acontecem no mesmo instante).

—Puta merda ... - ela xinga baixinho se sentando e percebendo uma dor terrível no ventre e na realidade em todo o corpo - Desculpem o palavrão.

Chiharu olhou o médico e Kidou e ficou fazendo isso por um bom tempo até começar a pensar um pouco.

—O que eu estou fazendo em um hospital? - ela pergunta - E por que eu estou toda dolorida?

—Você foi ... - Kidou começou a falar mas logo parou ao ver a reação da mulher.

Chiharu arregalou os olhos e ficou pálida de repente, se lembrando do ocorrido, mas com medo de perguntar ao de jaleco (que ela tinha quase certeza que era um médico ou enfermeiro daquele hospital) se o feto estava bem/vivo.

Ficou um silêncio constrangedor por meio minuto até que finalmente o médico decidiu falar algo.

—Resumindo você foi atropelada e veio parar aqui. Você vai ficar bem logo, mas o feto morreu. Sinto muito. Precisamos de alguém para informar. O pai da criança ...

—Não há necessidade disso - ela fala rapidamente com um fio de voz como se precisasse de tempo para processar a notícia- Posso falar com meu amigo a sós? Por favor. Preciso falar disso com ele.

O médico saiu dali sem protestar, e tinha ficado um silêncio perturbador.

—Por que não me contou que estava grávida? - ele perguntou tentando manter a voz instável, por mais que estivesse irritado com a arroxeada.

Chiharu virou a cabeça pro lado e ficou em silêncio.

—Por que não me contou que estava grávida? -ele repetiu a pergunta se contendo para não gritar.

Ela permaneceu em silêncio e abaixando a cabeça levemente e murmurando algo que Kidou não ouviu.

—Por que não me contou que estava grávida, Odair Chiharu?! - ele gritou e segurou os ombros da mulher de cabelos roxos e viu que ela estava com uma cara péssima.

—Foi mal ... Sei que posso ter errado ... - ela murmura baixinho mas é interrompida.

—"Posso ter errado"?! Haru! Você ficou louca de esconder isso?! - ele perde a paciência - Esse filho ainda era meu sabia disso?!

—Em primeiro lugar, eu sei disso Yuuto. E em segundo lugar, era filha okay? - ela fala com uma expressão séria, mas com um tom mais calmo - Eu ainda não entendi muito bem o que acaba de acontecer, mas sinto que ela não está mais aqui ... E não me chame de Haru, sabe que eu não gosto.

—Como consegue agir com tanta calma?! Você mentiu pra mim sabia?! - ele a balança de leve pelos ombros enquanto grita com ela.

—Eu sei que menti ... Na realidade eu omiti algo importante ... Mas ... - ela tentou manter a calma mas repentinamente começou a chorar e a gritar consigo mesmo - Eu sou uma idiota! EU SOU UMA ANTA! EU SOU UMA IDIOTA! Eu ... meu Deus ela está morta ... Eu sou culpada disso ... EU SOU UMA ASSASSINA!

Começou a chorar de forma incontrolável e a se xingar como se fosse a única responsável pela morte. Kidou ficou sem saber como reagir.

Era a segunda vez que chorava dessa maneira, e a primeira tinha sido só uma lágrima e depois ela tinha sorrido. Mas agora ela estava chorando mesmo.

Chiharu tinha finalmente entendido que a filha estava morta. Essa última palavra ficou ecoando em sua cabeça, junto com a palavra "Assassina". Começou a ficar um pouco avoada no meio do choro, mas isso não a impediu de chorar.

Kidou a abraçou com receio, e ela o puxou pra mais perto e chorando mais ainda por mais que um de seus lados estivesse gritando na cabeça para o soltar e tentar arrumar dignidade, de certa forma, ela não viu muito problema nisso, Kidou ainda ERA (no tempo passado)o pai da criança, certo? Não é como se um abraço de consolo fosse mudar algo.

—Eu sou uma babaca. Seria uma péssima mãe. Mas ela morreu ... Morta ... - ela falou com uma voz depressiva - Me desculpe, Yuuto. Você tinha o direito de saber disso e eu escondi por egoísmo ...

A essa altura Chiharu tinha parado de chorar e começou a sentir remorso e arrependimento e a se culpar por toda essa confusão.

—Eu sou uma desgraçada, Yuuto - ela declara desfazendo o abraço - Eu sou uma filha de uma mãe muito boa que não merecia ter essa filha bosta como eu, pelo menos ela não está aqui para ver essa desgraça que eu me tornei. Eu devia ter me matado faz muito tempo.

—Haru não diz isso ... Sério, cala a boca - ele fala já acostumado com esse assunto do suicídio - Não é primeira vez que fala isso, mas seria ótimo se fosse a última.

Chiharu deu um sorriso de canto.

—Não sabe o que diz, Yuuto - ela diz como se estivesse tirando sarro da situação - É irônico que justo você me diga essas coisas.

Kidou ficou com cara de quem não entendeu.

—Já reparou quantas vezes só no ano passado eu perguntei se você sentiria minha falta se eu morresse? - ela sorriu - Eu não falava de modo direto, no meio da conversa eu soltava essa pergunta ou eu perguntava com outras palavras. Se lembra de eu ter perguntado isso?

Mesmo ainda estando confuso com a pergunta, ele tentou se lembrar quantas vezes ela tinha perguntado isso.

—1 ... ou 2 - ele chutou mesmo sabendo que ia errar.

—Errado. Foram 11 vezes - ela deu um pequeno sorriso - No ano passado eu pensei em me matar 11 vezes.

Chiharu deu um suspiro, e olhou Kidou como se estivesse mais calma a ter contado aquilo.

—Mesmo eu nunca ter te amado você era importante pra mim emocionalmente. Mesmo eu te perguntar de modo discreto, eu percebia que você ia sentir minha falta se eu morresse, mesmo você não respondendo - ela diz desviando o olhar - Principalmente quando soube que você gostava de mim. Se eu me matasse você seria o único que sentiria minha falta.

—Haru ... - Yuuto a chama mas ela só balança a cabeça abrindo um pequeno sorriso.

—Meus pais já morreram. Minha irmã pensa que estou morta. Todo mundo que sou amiga e que sabe que eu existo pensa que morri. A pessoa que eu gostava pensa que eu estou morta e acabou se casando. Minha mãe adotiva morreu ... Sua saúde está boa Yuuto? - ela falou de maneira monótona e riu na última parte como se fosse obrigatório uma pessoa morrer se souber que ela está viva - Brincadeirinha. Mas eu acabei percebendo que se eu me matasse o único que sentiria minha falta era você entendeu? Se eu tivesse te contado eu não sei se essa relação acabasse dando certo e ... Fiquei com medo de acabar dando em discussões anormais, diferentes das que costumamos ter ... Isso é bizarro ... MAS EU SÓ FAÇO MERDA NESSA JOÇA ENTÃO É ISSO!

Nessa gritaria uma enfermeira que passava pelo corredor bateu na porta e logo foi entrando. Não era ninguém mais ninguém menos que Kudou Fuyuka, a gerente do Inazuma Japão que a odiou por pensar que era cúmplice do Kageyama e que sentiu remorso e angústia quando soube de sua morte e o motivo dela**.

Fuyuka encarou a pessoa que gritara (nesse caso, Chiharu) e o que estava ao seu lado (nesse caso, Kidou), e ficou olhando de um para outro como se estivesse se lembrando de algo.

—Espera ... Eu te conheço de algum lugar ... - Fuyuka coloca a mão na cabeça - Kidou? Caramba! Ainda semana passada eu tinha visto o Endou e a Natsumi!

A de olhos roxos sorriu e Chiharu suspirou com um pouco de alívio. Então Fuyuka percebeu que também estava gritando e deu um sorriso de sem graça.

—Ah, eu ouvi um grito e acabei entrando sem bater ... Quem é ela? - Fuyuka diz curiosa, mas olhando para a porta, como se estivesse com medo de ser repreendida por estar ali.

O que Chiharu disse: Odair Chiharu, não me reconhece, queridinha?

Assim que ouviu o "Chiharu" ela gelou, e gelou ainda mais ao ouvir a risada da mulher de olhos cinzas.

—Foi só uma brincadeirinha. Yuuto me disse uma vez que eu me parecia muito com uma colega dele que jogou na Teikoku e no Inazuma Japão, então percebi que você conhecia o Yuuto, provavelmente do Inazuma Japão, e claro que eu li o seu crachá, então eu só liguei os fatos e fiz essa brincadeirinha - ela sorriu de maneira falsa - Me chamo Ito Mayumi e acabo de perder um feto, então se me notar muito estranha é porque eu estou muito desorientada e tenho uma bipolaridade bem acentuada e também sou bem observadora.

Ficou um silêncio que nem Fuyuka (que estava de boca semiaberta) e Kidou (que ainda estranhava ela não ter falado o típico "Não me chama de Haru") quebraram.

Então Chiharu simplesmente fez uma caretinha e sorriu de maneira boba.

—Brincadeirinha, desculpa se assustei vocês - ela diz e Fuyuka se assustou ainda mais.

—E-eu acho que o médico me chamou ... Legal te ver de novo Kidou-san. Prazer em te conhecer Mayumi - ela diz e sai rapidamente.

Não foi nem um segundo e Chiharu foi logo falando.

—Acredita nisso, Yuuto? - ela falou achando graça da situação - A cara que ele fez foi muito engraçada. Pfff Tonta.

—Haru ...

—Não me chama de Haru, Yuuto - Chiharu ergue um dedo o interrompendo - E nem tente me dar um sermão.

—Chiharu eu já fui muito paciente com você. Eu entendo que você se sinta dessa maneira e que esteja muito mal, que sua mente seja uma bagunça ... E eu sei que você acabou de perder uma criança e ... - ele parou de falar e desviou o olhar, mas ficando irritado - Haru, você tinha perdido o juízo?!

Ele a segurou pelos ombros e a sacudiu como se fosse uma boneca de pano.

—Você é doida e maluca. Sei que você é doente mental, mas isso ... Mas você tinha que ter pelo menos uma noção da responsabilidade que tinha. Você não ia conseguir cuidar disso sozinha - ele diz e ela tenta desviar o olhar, aparentemente desesperada - Esse filho também era meu, sabia? Como você ia conseguir cuidar disso sozinha?!

Chiharu começou a tremer um pouco e ficou estática demais para desviar o olhar. Essa possibilidade sempre esteve em sua mente, mas nunca foi forte o suficiente para conseguir perceber que com certeza poderia acabar dando tudo errado quando decidira ter a filha sozinha.

—C-como pode ter certeza? - ela falou nervosa se soltando de Yuuto - T-talvez ... eu conseguisse cuidar disso sozi ...

—Você é a Chiharu. Você vive se ferrando, e por culpa dessa ignorância você ia acabar ... - ele não termina a frase e tenta se acalmar.

Chiharu ficou em silêncio. Sabia bem o que ele queria dizer e começou a se sentir péssima por isso, mas não demonstrou. Era um imã que atrai problemas, e seria difícil ela cuidar de uma criança sozinha. E do jeito que ela é sortuda ela ia acabar matando essa criaturinha mais cedo ou mais tarde ou talvez essa criança ia ter uma vida triste.

—Odeio quando você tem razão - ela reclamou contendo as lágrimas, se sentindo novamente culpada por tudo isso - Maldita seja ... Que tipo de mãe eu sou? Eu ... Meu Deus.

Foi então que começou a sentir de novo a tristeza que uma ex-mãe normal estaria sentindo. Novamente começou a chorar de forma incontrolável. No meio desse choro ela o puxou para perto e o abraçou com força. Sabia que essa tristeza ia a acompanhar por muito tempo.

Não demorou muito para todo o seu rosto ficar úmido com as lágrimas. Tentou conter o choro para perguntar algo que já sabia a resposta:

—Você ia se sentir mal se eu morresse?

 


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Notas finais do capítulo

Tempo do capítulo: 7 anos depois da suposta morte.
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*: Leia o segundo capítulo de Depois Da Tempestade
**: Resumindo, o diário da Chiharu foi encontrado, e claro que as pessoas ficaram sabendo de TODOS os problemas e chantagens que Kageyama ocasionou a Chiharu (depois da morte dele, a máscara acabou caíndo e tudo foi descoberto), e virou uma notícia daquelas, principalmente por causa da Zun (explicado depois) e por Chiharu ter apenas 14 e "possivelmente" (com certeza) problemas mentais por conta de todo esse trauma.
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Acho que é isso, espero que tenham gostado ^^".
KISSES!



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