Capítulo 29 - Pagar para respirar                

Era madrugada em Berk, Soluço acordara Astrid a meia noite para lhe desejar feliz aniversário, mas Banguela interrompeu divertidamente seus planos.

                - Não! Soluço você está cheio de baba- Astrid ri – Sai!

                - Mas eu quero te dar um abraço de aniversário, vem cá – Ele a persegue pela casa.

                Astrid não conseguia correr tanto, pois o riso a atrapalhava. Eles chegam a cozinha e ela pega a primeira coisa que vê na frente.

                - Acha que um pote e uma colher de madeira vão me parar, senhorita Hofferson?

                - Pode vir!

                Ele tenta puxá-la, mas ela põe a tigela no rosto de Soluço e a colher entre seus corpos.

                - Ta dam!

                - Muito engraçado – Soluço tira a tigela do rosto – Mas você sabe que isso não me pararia se eu realmente quisesse um abraço.

                Astrid fica vermelha.

                - Vamos lá, cabeça de peixe. Deixa eu te ajudar a se limpar – Ela o empurra escondendo o rosto envergonhado.

                Valka observava os dois com tanta alegria no coração, sempre desejara apenas amor ao filho e ele chegou através de uma loirinha que antes era cheia de segredos e problemas, mas que ali era uma garota especial e alegre, já como se fosse parte da família.

                Banguela mesmo se acostumara com a companhia dela (ela fazia cafuné melhor que Soluço e adorava o alimentar), Tempestade gostava de ficar perto da casa para sempre poder ficar com a nova amiga por perto.

                Enquanto isso, as malas foram feitas e as pessoas já estavam num clima de espera para voltarem para suas casas, era chato porque Berk era um lugar incrível e com os aianos se tornara um pedacinho do paraíso.

                - Fica quieto – Ela o empurra brincando – Parece com os pássaros machucados de Aina! Credo!

                - Você está tirando com muita força – Soluço reclama – Vou ficar todo vermelho.

                - Desta vez parece que você nadou na boca do Banguela, eu não tenho culpa!

                Eles riem enquanto ele a observa limpar seu rosto com tal atenção e cuidado admiráveis. Soluço se sentia tão sortudo em ter alguém que cuidava tão bem dele em sua vida.

                - Você está me olhando estranho, o que foi? – Astrid senta bem pertinho ao seu lado.

                - Nada não – Soluço deita a cabeça sobre a dela.

                Eles ficam ali alguns minutos conversando até que, pela última vez, a música toca.

                Aquela música.

                Ela até mesmo soava diferente.

                - Boa sorte, loirinha. Depois comemoramos seu aniversário, está bem?

                Soluço a observa se levantar rápido, mas antes ela volta e, com um sorriso, lhe dá um beijo na bochecha.

                Isso foi,além de uma demonstração de carinho, um sim.

                Sarah corre rápida pelo vilarejo, aquela poderia ser a última vez, mas ela estava positiva de que não seria. Então, pela última vez, ela desviou dos obstáculos com uma espada e um escudo nas mãos e com o sentimento de liberdade que jamais esqueceria. Finalmente livre.

                Ela e Flecha chegaram à arena simultaneamente.

                - Mas o que temos aqui? – Anuncia Gold – Nosso último evento antes do fim! São tantas emoções para tão poucos ternos.

                As pessoas se aproximavam animadas, arrumadas e limpinhas esperavam por esse momento há dias e finalmente chegara. Agora elas sabiam que já era o fim, a agonia de estar aproveitando sem saber até quando é meio frustrante.

                - DÁ UM TEMPO AÍ, GOLD – Punho de Ferro adentra a arena – Temos alguns assuntos para tratar, my lady.

                Soluço quase tem um infarto.

                - Eu não tenho nada a ver com você depois do que fez ao Soluço – Sarah fica em posição de ataque com sua espada – Não sei o que planeja, mas torça para não ser algo de que não se arrependa depois.

                Punho de Ferro se aproxima da garota com calma e serenidade segurando o queixo dela. As pessoas ao redor apenas miram o que tiverem em mão nele caso ele a ataque.

                - Você fica tão linda quando esta brava, docinho – Ele sussurra.

                Sarah faz-se de confusa até que Brisa e Heather adentram com Valka algemada e amarrada com uma mordaça na boca.

                - O que está acontecendo aqui, Patrick? – Sarah fala tão séria e brava com as chamas de um incêndio revelando o segredo do rapaz – Não acha que já está metido em confusão demais?

                As pessoas ficam em choque, os sussurros e comentários rodearam a arena naquele instante, parecia uma feira.

                Punho de Ferro ficaria bravo se não sentisse o que sentia por aquela garota, ele realmente (não há palavra melhor) estava completamente louco por Sarah Thornado. Pelo seu corpo, sua face, sua beleza, seu espírito, ela... Chegava a ser doente, mas ele só a via como beleza e um mero objeto às vezes. Raramente ele sentia algo puro e bom pela garota.

                Os sentimentos de Patrick não eram nada comparados ao de Soluço.

                - Eu não vou pedir duas vezes, largue ela! – Gritou Sarah ainda ali com os corpos próximos, ela usou seu olhar congelante.

                Antes que percebessem, do outro lado da arena, Brisa segurava Soluço que tentara aproveitar a distração que a garota fazia, mas não conseguira despistar os olhos atentos de Heather.

                - O único jeito de todos saírem dessa vivos é se desistir dos jogos e se tornar minha esposa.

                - O QUÊ? – Todos na arena gritam (isso inclui Soluço e Astrid).

                - Gold, faça alguma coisa! Onde está o Rei?

                - Perdão, mas estamos todos de mãos atadas, Soluço – Ele mente esperando que o plano ridículo de seu filho falhe como sempre.

                Sarah se recompõe rapidamente.

                - Perdão, mas eu tenho uma ideia bem melhor!

                A garota desvia de Punho de Ferro com um golpe, Brisa tenta ataca-la, mas ela desliza por debaixo de suas pernas e passou por Heather com um salto, porém sendo acertada pelo machado de Heather no ombro.

                Ela desamarra Valka junto de Soluço com um corte rápido de sua espada.

                - Não acha que é melhor do meu jeito, Patrick?

                - O que está acontecendo aqui? – O Rei intervém.

                - Droga – Murmura Patrick completamente apavorado.

                Ele havia criado uma distração que deveria deixa-lo ocupados por horas, uma bomba de goma grudenta não parou o Rei nem as princesas atrás dele.

                - Sarah – Dirige-se o Rei esperando a explicação da jogadora mais confiável.

                - Alguém libertou Patrick da cadeia e aposto todas as minhas armas que foi Gold! Ele ameaçou a segurança dos Haddocks e nós queremos justiça por que se aconteceu com os líderes por que não conosco? O que será da nossa segurança se pessoas com tal poder ultrapassarem os limites? A família Gold anda trapaceando o senhor em golpes de estado, eu ando os vigiando e sei que nada que vem deles presta.

                A plateia vibrou, todos sabiam como Gold manipulava as pessoas pelo o que queria, sabiam de histórias sombrias sobre seu passado que ficavam invisíveis aos olhos do Rei.

                - Sua... – Punho de Ferro praguejou sacando sua adaga (envenenada) e partindo para cima da garota – Se eu não lhe tiver, ninguém mais terá!

                Sarah se debatia para tirá-lo de cima dela, mas ele era muito pesado.

                - VOCÊ ESTÁ NO MEU CORAÇÃO, SARAH. NO MEU CORAÇÃO, NA MINHA CABEÇA! – Seu olhar tornou-se paranoico com um sorriso psicótico.

                Punho de Ferro para ao sentir a lâmina fria da espada de Soluço contra a pele de sua garganta.

                - Afaste-se dela ou você terá sérios problemas – Ninguém nunca vira Soluço usar um tom tão ameaçador na vida – Eu não vou pedir duas vezes! – Ele grita.

                Punho de Ferro larga a arma ao lado da garota e ergue as mãos com o sangue frio.

                O Rei não precisou intervir, pois a situação estava sob controle, porém fitou o ombro da Thornado curioso.

                - Parem todos! – Ele exige quando Punho de Ferro é neutralizado pelos guardas do castelo que esperaram o momento certo para agir.

                O Rei fita o rosto da garota, Astrid ficou assustada, mas percebeu que o sinal de princesa estava amostra e foi nesse momento que Arthur a levantou pelo braço e puxou o grampo que encurtava seus cabelos e quando teve certeza dos fatos ele a largou completamente sem fala.

                - PRENDAM-NA POR TRAIÇÃO A COROA!

                - Astrid! – As princesas gritaram atrás do Rei deixando os leques caírem ao chão.

                Soluço derruba a espada. Haviam descoberto o segredo.

                Punho de Ferro tenta correr, mas alguns do guardas vão atrás de capturá-lo.

                -EU POSSO EXPLICAR – Astrid grita em lágrimas – Por favor...

                - Eu sempre lhe dei tudo o que precisou! Você podia ter tudo o que quisesse e optou por roubar um desejo do povo!

                - NÃO! ESSA NUNCA FOI A MINHA...

                - VOCE DESONHOROU O NOME DE SUA MÃE, ASTRID! PAGARÁ CARO POR ISSO!

                Os guardas a atacaram, amas ela e Soluço neutralizaram cada um deles, eles estavam juntos nessa e iriam até o final lutando contra tudo juntos.

                O Rei olha pasmo para os soldados desmaiados no chão.

                - VOCÊ AGORA SE TORNOU UMA AMEAÇA A SEGURANÇA DAS PESSOAS, GAROTA! Pare, é um ordem!

                - Não! – Astrid grita.

                As pessoas se chocam, ninguém nunca havia desobedecido ao Rei daquela maneira.

                - Enquanto eu respirar, irei lutar com todas as minhas forças pelo o é certo e eu nunca estarei sozinha! Estou aqui por um motivo e se você estiver disposto eu irei lhe dizer qual é!

                - Chega dessa bobagem – Interrompe Brisa – Princesinha, você pode ter sido treinada para combater o estilo de luta e as táticas de nossos guerreiros do Rei, mas nunca conseguira me vencer num mano a mano! Vossa majestade me permite?

                O Rei olha para Brisa com autoridade e afirma com a cabeça.

                Astrid faz um sinal para que Soluço se afaste, ele tem de respeitar que aquela luta não era dele e o faz.

                - Tem certeza de que conseguirá fazer isso sozinha? – Ele pergunta preocupado.

                - Está tudo bem, Soluço – Ela saca a espada que ele fizera para ela – Eu nunca estou sozinha.

                Soluço sorri e se afasta.

                - Uma garota mimada é o que você é. Agora eu posso ver, após todos esses anos, quem realmente é!

                Sarah ri.

                - Não, você não vê! Eu sou Astrid Hofferson, filha de Reyna e Argus Hofferson, sou uma princesa e também sou Sarah Thornado a esperança do povo!

                - Chega dessas desculpinhas! – Brisa a taca com socos, mas ela desvia enquanto mais guardas vinham proteger o Rei.

                Brisa Firefang ataca novamente, mas Astrid saca seu escudo contra os ataques dela e lhe acerta com um chute a derrubando.

                - Pode vir quando quiser, eu sou muito melhor do que você! – Provoca Sarah – Você está em desvantagem Brisa! Você é apenas um contra duas.

                Astrid partiu para cima dela sacando sua espada contra a lança de Brisa, ela usa seu escudo para interceptar a lança que é jogada aos pés do Rei decepcionado. Mas a Firefang não desiste e tenta repetir o golpe que deixara a garota em coma, porém ela escorrega por debaixo de suas pernas.

                - Sua garotinha, se é tão forte por que eu ainda estou de pé? Você é um fracasso!

                - Não vê que a minha relação é estável? Está zangada por que está sozinha – Responde Astrid em perfeita sintonia com sua personalidade.

                Brisa continua no ataque até que finalmente acerta Astrid, ela a segura pelo pulso e a joga contra a parede, mas Astrid levanta sem esforço mesmo machucada com um sorriso confiante no rosto entre os cabelos bagunçados. Como eu disse, sua relação entre quem ela era ali enfim estava perfeita. A Heroína e a Princesa em perfeita sintonia.

                - Como ousa ficar de pé?

— Isto é quem eu sou – Ela dá de ombros – Eu sou feita de amor, você não pode entender isso, eu tenho pelo o que lutar.

Brisa a ataca novamente com seus chicotes, Sarah guarda a espada e o escudo e luta mano a mano desviando dos movimentos rápidos de Brisa. Astrid segura o punho da Firefang em um golpe e o usa como apoio para um chute no rosto da adversária.

Brisa se afasta se recurando da dor.

— Eu sei que você pensa que me mete medo. Se acha que vai me parar, tente novamente porque eu sou muito mais do que apenas as duas, eu sou um sentimento que nunca vai acabar – Astrid sorri humilde – Sou sua fúria, sua paciência, eu sou uma história.

— Calada!

Astrid desvia apenas com o movimento do corpo, parecia tão confiante e forte como nunca. Ela soca Brisa e lhe dá uma rasteira que a derruba.

— Nem pense no tamanho da lista de leis que ela está quebrando – Comenta Rosabelle.

A essa altura as pessoas torciam pela sua heroína, pela garota que lhes deu esperança e os salvou. Sem ódio pelo Rei, mas apenas pedindo que a permita falar.

— JÁ CHEGA! EU MESMO VOU TOMAR PROVIDÊCIAS – O Rei agarra Soluço pelo pescoço e coloca sua faca contra garganta do rapaz.

— Soluço! – Astrid grita.

Nesse momento Brisa a certa e a prende pelos punhos, Astrid não luta tudo o que importava era segurança dele.

— O solte! Agora!

— Ah! Não, não vou mais permitir desordem entre meu povo. Se prometer aceitar sua sentença sem resistir ou machucar ninguém, ele será livre.

Os vikings estavam pegando seus machados, não importavam quem fosse, ameaçar uma vida inocente é errado. Os Aianos acalmavam os vikings, o que todos tinham em comum era a confiança de que aquela garota faria o que é certo porque eles tinham uma heroína com quem contar.

— Eu prometo – Diz Astrid de cabeça erguida largando suas armas que a acompanharam durante toda sua vida ao chão – Eu farei o que mandar, agora largue ele! – Ela falara em um tom ameaçador que o Rei nunca vira antes, ele estava desapontado.

— Astrid, não! – Soluço tenta gritar.

— Nossa parceria com Berk acabou, prepare-se para a pior e mais sangrenta guerra que já presenciara – Anunciou o Rei em um tom alto soltando o líder.

— Não – Astrid questionou – Eu estou cumprindo minha promessa!

— Você deu sua cabeça de bandeja pela segurança apenas do rapaz, eu posso acabar com tudo ao redor porque eu sou Rei.

Soluço corre e se põe a frente dela como um escudo assim como ela fizera em uma das provas dos jogos certa vez.

— Você não encostará nela ou no povo, você tem de estar disposto a escutar, não é necessário guerras!

— EU DESISTO DOS JOGOS DE AINA – Flecha renuncia – O desejo é seu, Sarah! Use-o agora!

Astrid confirma com a cabeça e se põe a frente de Soluço.

— Meu desejo será de eu o Rei manterá Berk segura, não a violentará direta ou indiretamente por meio de nenhum vandalismo ou violência que afetará a qualquer ser vivo ou inanimado do local. A segurança de Berk será respeitada como antes e a parceria em caso de guerras continuará como sempre fora! Será como se o segredo da minha dupla identidade nunca houvesse sido revelado e ninguém sofrerá pelas consequências dos meus atos!

O Rei viu-se num beco sem saída, Soluço e os vikings ficaram pasmos, ela usara o desejo para proteger o povo.

— Seu desejo foi concedido, meus parabéns... – ele pronuncia seu nome com desgosto -... Sarah Thornado, você é a campeã dos jogos de Aina, porém por seus crimes contra a coroa, você será presa e cumprirá sua sentença pelo o que fez!

Astrid derrama uma lágrima.

— Astrid... Por favor... Eu demorei muito para te achar, eu não posso te perder também – Soluço a abraça – Podemos resolver isso.

— Eu tenho que proteger você desta vez – Ela diz pondo a cabeça em seu ombro entre lágrimas – Eu nunca vou te abandonar, Soluço. Estou sempre com você, no seu coração está bem?

Ela se separa do abraço e lhe beija a testa e caminha ao Rei estendendo os pulsos.

— Eu me rendo.

Naquele momento Valka chorava...

A gangue viking chorava...

Os aianos choravam...

Os vikings choravam...

Eu chorava...

Soluço chorava.

— POR FAVOR, LEIA AS NOTAS FINAIS -