O Legado de Pontmerci escrita por Ana Barbieri


Capítulo 3
Josephine


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Capítulo 2

 Anne olhou para o relógio sobre a cômoda do pequeno William. Dez horas, pensou soltando um suspiro alto de cansaço. Precisava voltar para casa desesperadamente, e também de um banho e algumas horas de sono tranquilo; ainda que essa última parte fosse quase impossível. Mary ainda estava prostrada ao lado da cama, a cabeça baixa de encontro à mão delicada de seu filho de oito anos. O pobrezinho ardera em febre à noite toda, levando seus pais ao nível máximo de preocupação. John cancelara todos os pacientes daquela manhã para permanecer à disposição única de seu filho e Mary mandou a criada correr até Baker Street para buscar sua amiga.

 Embora nunca tivesse passado uma noite longe do apartamento desde que os gêmeos nasceram, a senhora Holmes não conseguiu negar aquele pedido. Sherlock lhe assegurara de que tudo correria bem em sua ausência e que seria capaz de controlar suas crias por uma noite sem a sua ajuda. À contragosto, ela resolveu acreditar nas habilidades paternais de seu marido e apressou-se para junto de seu afilhado. Foi tudo muito bem organizado, via-se pensando agora enquanto olhava para Mary e Will. Pouco tempo depois de Nikolai e Violet nascerem, Watson já bradava aos sete ventos que sua esposa também estava grávida e que, em retribuição ao carinho de Anne, ela e Sherlock deveriam ser os padrinhos de seu filho.

Um rapazinho encantador e que, como seu pai, gostava de se meter em estripulias muitas vezes bastante ousadas. Tornara-se o companheiro inseparável de Nikolai, por mais que Violet também o arrastasse para várias de suas próprias aventuras. Os três mosqueteiros, como Watson gostava de chamá-los, afinal, raramente encontrariam um sem a companhia do outro. Contudo, várias eram as vezes em que a senhora Holmes via-se aflita a respeito do quanto aquela amizade exigia do pequeno Will. Seus filhos haviam herdado a constituição do pai, um homem que apesar das várias provações, não possuía um histórico muito grande de idas ao médico; ao passo que seu afilhado era uma bela mistura da delicadeza de Mary e da força de vontade de John.

 Poderia ser repreendido repetidamente sobre como não deveria concordar em ir com Nikolai ao Soho disfarçado, mas ainda assim, se não estivesse com Violet numa Sexta-feira à tarde, era lá que o encontrariam. Junto com seu primo de consideração, ambos os rostos sujos de terra ou qualquer outra substância que seu filho achasse boa o bastante para encobrirem suas verdadeiras identidades. Costumavam voltar para casa com os joelhos ralados e sorrisos travessos nos rostos, bastante orgulhosos de outro grande dia de confusões. Outras vezes, algo mais grave surgia. A febre do pequeno Will, por exemplo. Havia caído no lago do St.James park, ao tentar puxar Nikolai para longe do soco de um garoto mais velho. Uma atitude nobre e que renderia ao pequeno Holmes uma semana de castigo, por ter deixado acontecer.

  ─ Mary? – chamou gentilmente, levantando-se da cadeira onde até então estivera sentada para afagar o ombro da amiga a fim de acordá-la.

 A senhora Watson despertou com um salto, olhando para os dois lados do quarto antes de fixar seus olhos na figura exausta da outra. O casamento com Holmes e a maternidade fizeram com que a ocorrência de uma noite em claro não lhe afetassem tanto, contudo, ainda assim, era assustador deparar-se com os olhos de Anne Bergerac e não ver sinal de brilho algum neles. 

 ─ Você deve ir para casa descansar. – disse a senhora Watson, voltando sua atenção para a criança na cama, postando uma das mãos em sua testa para medir-lhe a temperatura. Havia abaixado. – Ele vai ficar bem. – murmurou com um suspiro de alívio.

 ─ John saiu há alguns minutos, disse que ia avisar a Bridget o que deveria fazer para ele comer quando acordar... O pobrezinho não conseguiu segurar nada no estômago ontem. – falou Anne, lançando um olhar compassivo para o afilhado.

─ Ele vai estar faminto quando abrir os olhos. – concordou Mary, segurando a mão dela enquanto se levantava. – Agradeço muito por ter vindo, Anne... 

─ É o mínimo que eu poderia fazer, se levarmos em consideração o motivo dele estar assim. – disse adquirindo um ar mais sério, sem, contudo, deixar de sorrir solidariamente para ela. – E não precisa me escoltar até a saída, fique aqui com ele. Nos vemos mais tarde. – acrescentou vestindo as luvas, acenando enquanto fechava a porta.

O caminho até Baker Street pelo cabriolé foi calmo e seu sorriso se alargou ao virar a esquina e dar de cara com o prédio que há tantos anos chamava de lar.

 ─ Obrigada, Lloyd. – agradeceu ao pagar o cocheiro. – Bem, nenhum sinal da Scotland Yard, parece que se saíram muito bem sem mim. – murmurou enquanto deixava seu casaco no armário, pondo-se a subir as escadas em seguida. 

Adorava a casa dos Watson e adorava ainda mais a sensação que estar na sua própria lhe proporcionava. O reles cheiro de tabaco do cachimbo de seu marido já fazia com que sentisse mais calma e a cena com a qual se deparou ao entrar na sala principal lhe era tão familiar que foi suficiente para que algumas horas de sono não fossem mais necessárias para que se sentisse revigorada. Sherlock e Violet Holmes estavam sentados frente a frente, separados apenas por uma mesinha de centro onde peças de xadrez sobre um tabuleiro eram trabalhadas como soldados em um campo de batalha.

Obviamente, Holmes encontrava-se em desvantagem, visto que uma pequena veia saltava-lhe na testa. Começara a ensinar Violet os macetes do jogo quando ela completou seis anos de idade e, mesmo que fosse sua filha, surpreendera-se com quão rápido aprendeu... bem como, com quanto detestava perder para ela. Anos atrás, havia perdido para Anne e conseguira viver bem com isso, agora via suas habilidades sendo mais uma vez testadas por outro ser do espécime feminino. E a semelhança de sangue fazia com que Sherlock se sentisse em desvantagem genética.

 ─ Um movimento ousado, abelhinha. – rebateu ele, quando Violet pousou seu cavalo branco perto de um dos bispos. – A velha tática do garfo? – deduziu com o queixo apoiado entre dois dedos, pensativo. 

─ Não ousaria desafiá-lo com uma pregadura, papai. – comentou sem tirar os olhos do tabuleiro. – Xeque mate. – anunciou com um sorriso presunçoso ao comer o rei com o cavalo, o que fez Holmes atirar um de seus peões contra a parede, levando um sorriso aos lábios de sua esposa. – E William? – perguntou Violet, finalmente encarando a mãe. 

─ A febre baixou. – respondeu Anne andando em direção ao marido, porém, sem tirar os olhos da menina. – Ele vai ficar bem. Diferente do seu irmão, e, aliás, onde está...? 

─ Quarta-feira. – respondeu Sherlock simplesmente. Às quartas, o pequeno senhor Holmes poderia ser encontrado na famosa Fleet Street, pesquisando as últimas novidades com os jornalistas. Tanto os de boa índole quanto os inescrupulosos, sendo que estes nunca tomavam conhecimento da sua presença em meio aos seus negócios. 

─ O que quer dizer, Sherlock?! – exclamou Anne, cruzando os braços. – Eu o coloquei de castigo ontem, antes de sair.

─ O que explica o fato dele ter saído antes do café e, sendo assim, antes que papai pudesse lembrá-lo de sua condição de detento. – ponderou Violet, indo em direção à janela, ao passo que os olhos de sua mãe recuperavam o brilho assassino para fuzilarem seu pai.

─ Mary não o culpa, mas, ainda assim precisamos garantir que nosso afilhado não fique de cama toda vez que precisar acobertar as decisões malucas do seu filho. Temos que falar sobre...

─ De acordo, mamãe, mas terá que ficar para depois. Tio Mycroft está lá fora e veio com uma mulher. – anunciou Violet, olhando da janela para o casal Holmes que se entreolhou assim que ouviram a menção de uma estranha acompanhando Mycroft.

─ Seu irmão e uma... mulher? – indagou Anne com um olhar malicioso para o marido, que resumiu-se a responder com um sutil aceno negativo de cabeça que ao mesmo tempo escondia um sorriso malicioso próprio. – Bem, conhecendo meu cunhado, deve ser uma cliente e, portanto, vou trazer uma bandeja de chá. 

─ Pode servir o meu antes com uma pitada de limão. – interpôs Violet, sentando-se ao lado do pai para esperar o tio e a sua convidada subirem.

─ Oh, certo, majestade. – desdenhou a senhora Holmes, já no meio do corredor.

Alcançando o térreo, Anne a viu. Acostumada com os tipos que conheciam seu cunhado, não estranhou a aparência daquela mulher. Suas roupas opulentas, a maneira como se apoiava em uma bengala ostentando um olhar imponente, as joias que usava, tudo isso levou-a a crer que poderia estar diante de um membro da realeza. Todavia, ao fixar seus olhos contra o rosto da estranha, sentiu uma sensação de frio e triste familiaridade. Não poderia ser verdade, mas seus traços extraordinariamente lembravam os de sua...

─ Ah, Anne, minha cara. – apressou-se Mycroft, percebendo o choque em seu rosto. De fato, a semelhança de sobrenomes entre aquelas duas foi algo que lhe escapara completamente até aquele momento de confronto. E antes que sua convidada percebesse, tentaria minimizar os danos. – Permita-me apresentar Madam de Pontmerci. – disse com um amplo gesto de mão para apresentá-la.

 ─ Madam...? – assentiu Anne, fazendo uma elegante reverência, mas parecendo esperar um primeiro nome depois disso. – Sherlock está lá em cima com Violet, Mycroft. Eu estava indo pedir a senhoria que preparasse uma boa xícara de chá para recebê-los. – acrescentou olhando de um para o outro enquanto falava, quando ficou claro que ela não lhe daria o nome de batismo.

─ Muita gentileza de sua parte... Senhora Holmes? – inquiriu com um leve arquear de sobrancelhas.

─ Ah, sim, claro. Esta é a esposa de meu irmão, senhora Anne Holmes. – disse Mycroft, ansioso. – Bem, vamos subir. – acrescentou rapidamente, indicando o caminho para a mulher, que não tirava os olhos da outra. Olhava-a de cima a baixo de forma quase intimidadora.

─ Estarei com vocês em um minuto. – respondeu a senhora Holmes, continuando seu caminho.

─ Mano Mycroft! – exclamou Sherlock, quando seu irmão abriu a porta. – É sempre uma agradável surpresa.

─ Sherlock, pequena Violet, - cumprimentou Mycroft, dando uma piscadela divertida na direção de sua afilhada, que arreganhou mais o sorriso presunçoso. – Antes de tudo gostaria de apresentar-lhes, Madam de Pontmerci.

 ─ Madam. – anuiu Holmes, abaixando-se para beijar-lhe uma das mãos. – É um prazer ter uma dama francesa tão distinta em minha humilde morada.

 ─ Espero que a chegada repentina em um horário tão adverso não seja má recebida pelo senhor, senhor Holmes. – respondeu Madam, sorrindo de lado, sem demonstrar qualquer sinal de que estava surpresa pelo fato do detetive conhecer sua origem.

─ De forma alguma, estamos habituados a tais ocorrências. – retrucou Holmes abrindo caminho para que ela adentrasse mais o cômodo. – Minha filha, senhorita Violet Holmes. – acrescentou acenando para a pequena que encontrava-se de pé com as mãos apoiadas nas costas.

─ Bonjour, madam, je voudrais vous asseoir? – perguntou a menina, educadamente, depois de uma polida reverência. (N/T: Bom dia, madame, gostaria de se sentar?)

─ Merci, mademoiselle Holmes. – respondeu a matrona, sentando-se na poltrona direcionada aos clientes, com Mycroft ao seu lado. Holmes tomou seu lugar em sua própria, ao passo que Violet ocupou a de sua mãe.

─ Pois bem, e a que devemos a honra? – quis saber o pomposo detetive sem rodeios. – Madam deve saber que meu irmão comumente me traz apenas os melhores quebra-cabeças. – disse unindo as mãos.

─ Temo, então, que me mostrarei um caso enfadonho para o senhor. – falou a mulher, afrouxando o toque de sua mão na bengala. – Não estou buscando um culpado, mas sim uma solução. Já expliquei a situação a seu irmão. Ele me garantiu que poderia contar com o senhor no que concerne a resultados. – fitava Holmes seriamente e sua voz estava trêmula, ainda que seu semblante estivesse relaxado.

─ E ele não mentiu. Uma vez que tenha me relatado todo o problema, tratarei para que seja solucionado com máxima eficácia. – assegurou retribuindo seu olhar sério, a voz firme, o que lhe rendeu um sorriso gentil e ao mesmo tempo desdenhoso da parte dela.

─ Rogo para que sim, monsieur. Travei uma longa distância com meu filho, para voltar à minha casa de mãos vazias. – ponderou remexendo-se no sofá. – Os fatos, senhor Holmes, não ajudarão em nada neste caso. O que está feito está feito e não há nada que possa mudar isso... Há onze anos, quando negociávamos a aliança Franco russa, encontrei cartas que comprometeriam tal empreitada entre os pertences de meu marido. – Madam contava fitando os pés do detetive, mas então ergueu seus olhos em direção aos dele. Não havia mais qualquer sinal de tremor em sua voz. – O senhor sabe quem ele foi. Afinal, se seu irmão sabe, por que também não haveria de saber?

─ Com todo respeito, Madam de Pontmerci, jamais tive a pretensão de dizer-me mais sabido do que meu caro mano Mycroft. – interpôs Sherlock com um sorriso amarelo.

─ E ainda assim cá estou eu, sentada em sua sala de estar. – rebateu ela com um sorriso esperto. – Bem, pouco me importa qual dos dois sabe citar mais nomes dos gabinetes estrangeiros. O que quero é reaver as cartas que foram de meu marido. Como o senhor já deve ter deduzido, foram roubadas por um ser desprezível, no qual depositei minha confiança num raro momento de errôneo julgamento do caráter humano, para que pudesse se vingar de meu finado Sebastian. Vendeu-as a um tipo do seu país chamado Charles Milverton. Seu irmão me deu a entender que o conhecia no caminho de cabriolé até aqui.

─ De fato. – concordou Sherlock, com um aceno positivo de cabeça, fechando os olhos. – Entre todos os assassinos e psicopatas que conheci, não há um que eu despreze mais do que desprezo o senhor Charles Milverton. – comentou reabrindo os olhos.

─ Não posso dizer que conheci muitos assassinos ou psicopatas. Mas certamente tive a minha porcentagem de canalhas durante todos esses anos e, de fato, nenhum deles fez com que eu perdesse a compostura. – assentiu Madam, tornando a apertar suas mãos contra a bengala. – Exigiu uma soma impensável por elas, e não fosse a iminência de não só perder a minha cabeça, como também assistir a execução de meu filho...

Sua voz foi sumindo ao passo que observava Anne adentrar o quarto sem fazer qualquer ruído, colocando a bandeja sobre a mesa para servir as xícaras com o chá. Uma delas já estava pronta, e a mulher indubitavelmente pensou que fosse a sua, mas, para sua surpresa, a senhora Holmes serviu-a a sua filha.

─ Creme e açúcar, Madam? – perguntou virando-se para ela.

─ Dois cubos, obrigada. – disse erguendo rapidamente os olhos para ela, voltando-os quase imediatamente na direção de seu marido. – Em todo caso, monsieur Holmes, deve perceber que é de vital importância que essas cartas sejam encontradas ou, no mínimo, que tente negociar com Milverton a respeito do valor...

─ C’est ici, Madam. – interrompeu Violet, para entregar-lhe a xícara com o chá.

─ Merci. – agradeceu a outra. – Sua filha é encantadora. – disse olhando de Sherlock para Anne. – Espanta-me o fato de os ingleses ainda ensinarem o francês fluente aos seus filhos. – comentou reprimindo um risinho de escárnio ao beber um gole do chá.

Madam fala nossa língua muito bem. – contrapôs Anne, sentando-se no braço da poltrona de seu marido. Mycroft mirou o irmão significativamente, como aviso... sua cunhada punha-se em posição de batalha.

─ Sendo esposa do ex-ministro das relações exteriores de meu país, senhora Holmes, foi exigido de mim que soubesse me comportar diplomaticamente. Arrisco-me até mesmo com o português. – retrucou a mulher, mirando Anne com um brilho de desafio nos olhos.

─ A família de meu marido tem descendência francesa, e minha mãe também o era. Sendo assim, achamos de bom tom que nossos filhos aprendam a língua. Meu filho Nikolai também está tentando se aprofundar em russo, uma vez que meu pai o era. – rebateu Anne, devolvendo o olhar dela com a mesma intensidade.

Subitamente, Mycroft mirou a reação de sua convidada de soslaio. Um brilho diferente apoderou-se de seus olhos castanhos e ela pareceu finalmente enxergar Anne Holmes. Contudo, o que viu não deveria ter sido de seu agrado, pois viu-a apertar ainda mais a bengala, ainda que sutilmente.

─ Certamente. – anuiu ela, com um leve aceno de cabeça. – E seus pais aprovam tal decisão? – inquiriu com um sorriso lateral zombeteiro. Sherlock engoliu em seco, tal qual os outros dois Holmes presentes na sala...

─ Não saberia dizer, afinal, como saber se agradamos os mortos uma vez que eles já nos deixaram? – foi a resposta de Anne, com os olhos um pouco vermelhos. Era complicado falar de seus pais com estranhos, principalmente os que mencionavam sua existência com escárnio.

─ Oh, pardon... mil perdões. – disse a matriarca, agitada, colocando-se de pé mais uma vez numa velocidade assombrosa para sua idade. – Bem, senhor Holmes, estou hospedada no Savoy e aguardarei até que entre em contato a respeito do andamento das negociações. Tenham um bom dia. – concluiu saindo apressada pela porta.

Mycroft despediu-se de seus familiares com um pedido de desculpas e um breve aceno de cabeça, saindo logo em seguida no encalço de Madam de Pontmerci. Ela já o esperava dentro do cabriolé, deixando-o sem entender por que não saíra com ele sozinha para o hotel, ao invés de esperar até que estivesse com ela. Os primeiros minutos de viagem foram feitos em silêncio. Madam mantinha seus olhos fechados e Mycroft observava da janela o cabriolé passar pelo Regent’s Park.

Então, ouviu um pequeno soluço escapar dos lábios de sua companhia e viu a dúvida que lhe acometera ao revê-la no Clube Diógenes mais cedo, respondida. Algum dia veria a nobre senhora perder a compostura? Pois bem. Ali, dentro de um cabriolé a caminho do Savoy Hotel, o mais velho dos irmãos Holmes observava a mulher tentando conter as lágrimas, embora já escorressem por seu rosto, e o mais engraçado era que não precisava incomodá-la com perguntas indesejadas a respeito do motivo. Ele viu o modo como a iluminação divina bateu contra seus olhos quando viu a maneira com a qual Anne a desafiava. Sabia que a reconhecera como a filha de Susanna Bergerac, sua irmã... e a razão das lágrimas...

─ Josephine? – chamou brandamente. Estavam sentados frente a frente dentro da condução, o que tornava a cena da majestosa senhora abrindo seus olhos para ele de forma assustada de partir o coração.  – Eu pensei que você soubesse.

─ Como saberia? – indagou com um sorriso amargo. – Eu segui as regras, Mycroft. – disse virando-se para olhar pela janela.

O resto da viagem foi feito em completo silêncio, até que chegaram ao hotel.

─ Eu sinto muito... – tentou dizer, colocando uma das mãos sobre as dela, o que ela recusou imediatamente, puxando a sua para longe pondo-se a descer do cabriolé.

─ Diga ao seu irmão que quero novidades já amanhã pela tarde e que não me contentarei com ninharias. – disse adquirindo um tom imperioso de voz, o que fez com que a expressão de Mycroft se fechasse.

─ Não interfiro no trabalho de meu irmão e, no que me consta, o meu aqui também já está feito. – retrucou rudemente, fitando-a com desdém. – Passar bem, Madam. – despediu-se batendo a porta com força. – Para o Clube Diógenes.

Mycroft partira, deixando Josephine Bergerac de Pontmerci sozinha para lidar com seus fantasmas.


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Notas finais do capítulo

Oiii, queridos!!

Aos que sentiram falta dos nossos dois protagonistas amados nestes dois primeiros capítulos, espero que este terceiro mate um pouco da saudade de vocês. Também, agora, passaremos a ter a presença dos gêmeos - gente, eu amo tanto essas crianças - e, claro, eu não poderia deixar os Watson de fora das alegrias da paternidade.

Também ficamos sabendo o primeiro nome de Madam de Pontmerci - meu momento favorito do capítulo, confesso. E agora que a faísca foi lançada entre ela e a nossa querida Senhora Holmes, bem, esperem os futuros tete a tete. Um bom fim de semana para todos vocês, queridos leitores... deixem reviews para que eu saiba se estão gostando. Bjooos!



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