Annwyl Saky escrita por Ally Hyuuga


Capítulo 2
Capítulo 2.


Notas iniciais do capítulo

Desde já vou pedindo perdão, eu ainda não tive tempo de revisar a escrita.
Me atrasei um pouquinho da hora que eu tinha em mente postar o capítulo, mas o importante é que tô postando no dia que eu estabeleci de meta para postar.
Minha primeira flor deixou de ser uma sementinha e já se mostrou, obrigada por florescer Belyhime.
Bom, sem mais atrasos, jardim, ai está o capítulo dois ♥
Espero que gostem.



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Sakura PV.

Eu já deveria estar acostuma à extrema arrogância daquele que mais tinha prazer em me ver irritada. Nunca poderia responder se a forma como me tratava era do tipo ‘’realmente não gosto de você’’ ou ‘’ tenho imensa vontade de ficar com você’’. Meu irmão sempre dizia que se um garoto zomba ou até mesmo te trata mal só poderia ser uma dessas coisas.

Mas Shaoran Li era completamente o oposto de qualquer pensamento que eu cogitasse. Por mais que eu tentasse decifrar ou acreditasse que saberia algo dele, no fim ele sempre me provava que eu não tinha capacidade suficiente para entender nem mesmo 1% do maldito limbo que se passava naquela cabeça. Eu poderia fazer um estudo, passar horas estudando ou até pensar na possibilidade de fazer um curso inteiro sobre a vida dele, na hora ‘’H’’ ele me daria a certeza de que foi tudo em vão. Não era o tipo de rapaz que eu poderia planejar uma conversa na esperança de que pelo menos umas das respostas que imaginei que ele daria estivessem corretas... Ele nunca correspondia minhas expectativas, ele nunca correspondia nada que vinha de mim, nem mesmo os insultos, nem grosserias, apenas dizia –em um tom quase debochado de tanta educação – coisas que por mais que eu lutasse dentro de mim para combater, me deixavam sem fala. Sempre...

Anos estudando com o magnífico e cobiçado Li, anos que me serviram para entender que não importava quantas e quantas vezes eu desejasse ser melhor que ele, eu sempre perderia. Não que eu realmente perdesse diante de todos, porém nas minhas vitórias eu ainda me considerava perdedora, como se até no fracasso ele conseguisse ser superior.

Mas...

Era inevitável não ter a minha típica reação –contragosto por sinal – de garota boba que sente-se incrivelmente atraída por um doce toda vez que ele me encarava.

Era aquilo que eu patenteei de síndrome do lobinho chinês. Sim, exato! Patenteei. Por que na minha cabeça era algo que me pertencia, apesar de que para as minhas amigas eu apenas me referia como uma explicação.

E quais eram os sintomas da síndrome do lobinho chinês? ...Bochechas coradas, rosto com um calor supremo como que quase febril, voz falhada, coração acelerado e um exagerado poder de não conseguir desgrudar os olhos da figura de cabelos castanho-claros.

E eu tinha essa síndrome, entretanto não precisava admitir isso pra ninguém. Com o tempo aprendi a disfarçar quase completamente.

Enquanto Tomoyo insistia em me deixar calma, tudo que eu conseguia pensar era em como depois de tanto anos eu ainda me sentia terrivelmente atraída por aquele trágico garoto.

– Já estou bem. –respondi puxando meu cabelo para o lado, a fim de fazer uma trança.

– Então por que continuas com essa cara de inquietação? E por que a cada dois minutos olhas para o fundo da sala? – as palavras dela tinham um tom de delicadeza tão alto que era impossível não se acalmar e até enrubescer levemente.

– Quero me certificar de que o vândalo do Li não está pichando as paredes e mesas. – eu falava como se aquilo fosse a mais pura verdade.

– Então – ela deu um breve sorrisinho que logo foi substituído por uma expressão serena – deveria ir lá te certificar de que está tudo bem com as ‘’paredes’’.

Estreitei meus olhos balançando a cabeça negativamente. As safiras fecharam-se em resposta. Eu levantei fazendo barulho ao arrastar a cadeira para trás alguns centímetros, caminhei até o fim da sala, ficando de frente para ultima cadeira.

Na metade da mesa estava jogada a mochila – com a maioria dos compartimentos abertos -, na outra metade ele tinha a cabeça repousada sobre os braços em uma tentativa de dormir.

– Vai ficar ai me olhando por quanto tempo, Kinomoto? – a voz saiu abafada, pois ele sequer se deu ao trabalho de levantar a cabeça para me encarar. E involuntariamente, senti minhas bochechas esquentarem.

– Tinha que me certificar que você não estava fazendo coisa errada. Te aconselho que não sente fora do alcance dos professores. –eu curvei meus lábios em um sorriso sem dentes, esperando pelo olhar.

Olhar esse que veio, acompanhado de um movimento preguiçoso para erguer a cabeça. Os âmbares expressavam exaustão, o rosto estava com a marca do botão da manga da camisa comprida. A gravata frouxa em torno do pescoço dava a ele um ar mais... Harmônico?

A camisa social –que fazia parte do fardamento- estava completamente amassada, contudo não estava dando-lhe um ar de descuidado, aquilo o deixava mais fofo, como se não tivesse dormido bem na noite anterior e não tivesse se ligado aos detalhes mais simples. Mas se tratando de Shaoran Li, talvez não tivesse dormido mesmo, porém não por motivos plausíveis, e sim porque esteve com alguém que o manteve muito bem acordado.

– Eu não gosto de sentar nas cadeiras da frente. – o rosto ainda mantinha-se como antes, calmo e cansado.

– Não tem que gostar – cruzei os braços e inclinei-me para aproximar mais nossos rostos -, isso seria o mais correto – ele revirou os olhos e após isso sustentou o olhar que eu não conseguia desviar dele.

Como eu odeio a síndrome do lobinho chinês.

– Eu não ligo para o correto.

– Eu...

A porta abriu, assustando todos que estavam fora de lugar. Fye-sensei entrou na sala sorridente como sempre, o que deixava a maioria das meninas encantadas. Eu rapidamente me afastei daqueles âmbares penetrantes, apressando-me para cumprimentar o professor de literatura.

Shaoran PV.

Quando finalmente a Kinomoto distanciou suas esmeraldas, pude sentir um alivio. Era como se ela estivesse me pressionando a não me permitir ficar vermelho com o gesto. Acompanhei com o olhar ela se distanciar até finalmente sentar-se na primeira cadeira da fila do meio.

– Bom dia, Fye-sensei. – a voz soou completamente diferente de como soava quando em vez de ‘’Fye-sensei’’ era ‘’Shaoran Li’’. Aquilo me irritava.

Comigo ela usava uma voz duas vezes mais áspera do que com o irmão, e quatro vezes menos educada do que quando falava com o professor. Era deveras irritante, porque as poucas vezes que falou com a voz educada comigo tinha segundas intenções.

Mas espera ai, segundas intenções boas? Não, não... Segundas intenções bem opostas á isso. Kinomoto era uma garota impossível. Não importava quantas vezes eu achasse que ganhei dela, no final ela sempre arranjava um jeito de me prejudicar... E prejudicar de um jeito bem mais sério do que normalmente outra garota faria. Ela tinha uma mente vingativa.

– Bom dia! Turma, hoje iremos fazer algo diferente.

– O que iremos fazer Fye-sensei? – disse Chiharu do meio da sala.

– Cada um de vocês irá escolher um livro. No final de semana irão lê-lo e na semana que vem irão me dá um relatório da história. –Kinomoto levantou a mão – Sim Sakura-san?

– Isso não parece algo diferente. Na verdade acho que fizemos isso varias vezes, Fye-sensei.

Nisso eu tinha que concordar, eu já estava farto de tantos relatórios escolares sobre livros.

– Bem, será um pouco diferente. Dessa vez vocês poderão escolher um livro de sua preferência. Ah... e tem mais, será feito em dupla. Você e sua dupla irão se reunir e contar sobre o livro que leu um para o outro, depois farão um relatório do livro que seu parceiro leu com base do que ele lhe contou. –ele terminou a explicação com um sorriso irônico – Duvidas?

Fez-se um silencio na sala, que não durou mais que três minutos, porque como sempre Kinomoto-san levantou a mão.

– Professor, como será feita a escolha das duplas?

– ÓTIMA PERGUNTA! Kinomoto-san, eu gostaria que você anotasse as duplas e depois me passasse. A escolha é de vocês.

O professor se sentou e encarou, com os azuis brilhando, a agitação se formar. Eu odiava trabalhos em dupla, trios, quartetos e afins. Eu odiava grupos. Então para me livrar da chuva de meninas que começou, coloquei os fones de ouvido e voltei a abaixar minha cabeça, ignorando a todas.

Eu me negaria por completo a fazer um trabalho com alguém que eu já tivesse ficado, garotas que adorariam ficara comigo ou até mesmo ex namoradas, porque no fim tudo que elas queriam eram se aproximar e tentar mais uma vez, e eu não suportava isso.

Esperei que todas percebessem minha indiferença e escolhem qualquer outra pessoa.

A voz enjoativa da Kinomoto atravessou meus ouvidos, ela estava quase do meu lado, com Tomoyo e Naoko.

– Vão fazer juntas? –perguntou Naoko mirando entusiasmada ambas as meninas.

– Não, eu vou fazer com o Eriol, Sakura precisou ser um pouco solidaria com alguém.

Não que eu fosse o tipo de gente que gosta de ouvir conversas alheias, mas de vez em quando não fazia mal fingir está escutando música, isso me proporcionou saber de muitas coisas do meu interesse até presente momento. Não que a solidariedade da Kinomoto me interessasse, mas acima disso descobrir que ela poderia ser solidaria. E sem perceber deixei a risada escapar quase que alta da minha garganta.

– Meninas, vamos sair daqui, acho que tem alguém ficando louco... – o comentário dela foi simples e nada que tivesse capacidade de me irritar, então por puro deboche deixei a risada escapar mais uma vez.

Uma das folhas de papel que a Kinomoto segurava caiu aos meus pés, olhei pela brecha que dava ao chão entre meu braço e a cadeira. Uma olhada rápida, mas que me fez ficar confuso.

‘’ Kinomoto Sakura e Li Shaoran.’’

Essa era a primeira frase da folha. Nossos nomes escritos um ao lado do outro, seguido por uma lista de outras duplas.

O tempo bateu, e todos os alunos saíram da sala como se tivessem algo pra fazer do lado de fora. Eu ergui a cabeça e fitei a única ainda presente a sala, conversando distraidamente com o professor.

– Fye-sensei? – eu disse antes que ele alcançasse a maçaneta da porta – Eu posso fazer o trabalho sozinho? Não tenho dupla.

– Não se preocupe, Li-san, Sakura-san me garantiu que faria o trabalho com você. – ele atravessou a porta, batendo-a atrás de si.

– Por que fez isso? – me abaixe e entre os dedos peguei a folha de papel do chão – Não quero fazer dupla com você.

– Fiz por pura pena. – a boca dela já ia perdendo a coloração avermelhada – E somente fiz porque todos escolheram suas duplas, porém ninguém colocou o seu nome! – eu levantei ficando de frente para ela, a olhando de cima.

– Vejo... –tencionei o maxilar e mantive a postura firme, estávamos a poucos centímetros de distancia – Tanto que nosso nome é o primeiro da sua lista. Boa tentativa, mas você não sabe mentir.

– Não fale comigo como se eu fosse menor que você – eu posicionei minha mão na cabeça dela, bagunçando seus cabelos, mostrando a ela que a altura que possuía ia só até o meu peito – Eu... Eu não falava nesse sentido, estúpido.

Na minha boca se formava um meio sorriso sarcástico. Deixei o papel sobre as mãos dela que insistiam em gesticular enquanto falava, e caminhei até a porta.

–Se não fizer o trabalho comigo, Li, não fará com ninguém. No fim das aulas me encontre no jardim.

Ela virou-se para ir em direção a sua cadeira, fazendo a saia rodar levemente. Eu apenas ignorei olhá-la, no mínimo já estaria se irritando comigo, pois mesmo que quase imperceptivelmente, ela já ganhava um pigmento avermelhado ao rosto, e sempre que isso acontecia explodia comigo. Chamava-me dos piores nomes possíveis e vez ou outra insinuava me agredir.

Respirei fundo quando ela fez menção de começar, abri a porta e me retirei. Eu conhecia muito bem aquela peça, e deixá-la a ver navios era a maneira mais inteligível de fazê-la provar do próprio veneno de por vezes me deixar conversando isolado com algum objeto sem valor. Todavia ela nem merecia por completo aquilo, eu a deixava naquela situação hedionda mais do dobro do que ela conseguia.

Mas paciência é uma virtude, e espero que a inabalável Kinomoto a tenha em controle absoluto, por que eu detestaria te dizer que esse vai ser o pior trabalho da sua vida, minha querida Saky.


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