Annwyl Saky escrita por Ally Hyuuga


Capítulo 3
Capítulo 3.


Notas iniciais do capítulo

Quero pedir perdão pela demora e me desculpar pelos possíveis erros.

Boa Leitura, jardim ♥



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Shaoran PV

Caminhei sem pressa pelos corredores do colégio quando as aulas acabaram. Paciência era o que eu menos tinha naquele momento, mas era inevitável, querendo ou não eu tinha que conversar com ‘’maravilhosa’’ Kinomoto-san sobre o trabalho.

Respirei fundo ao avistá-la sentada debaixo da copa de uma arvore. A sombra que os galhos –não tão cheio de folhas- projetavam no gramado deixou-a com uma espécie e ar mais delicado e menos ranzinza.

Outrora aquela mesma menina era uma fragilidade pura. Coberta por flores e sorrisos alegres. Nada de maquiagem, e os cabelos eram curtos com a parte superior presa por marias-chiquinhas. Hoje ela própria se refez por algum motivo que eu desconhecia, e deixou de ser a perfeita representação da harmonia infantil.

 Quando me aproximei, ela nada disse. Fez sinal de que eu me sentasse ao lado dela. Eu o fiz, sem reclamar.

— Então... Que livro pretende ler? – me perguntou sem tirar os olhos das paginas do caderno.

— Nada do que você goste de ler. Acho que vou ler algo sobre o inferno – ela evitou me olhar, cerrando levemente os punhos e cruzando as pernas.

— Então terá no mínimo que dar uma boa explicação para mim.

— Sobre? – encostei a cabeça no tronco da árvore, fechando os olhos.

— ORAS! Sobre o livro que for ler. Esqueceu que meu relatório será com base da sua leitura? – eu abri o olho esquerdo para observá-la.

As esmeraldas fuzilaram-me com irritação. Ela engoliu em seco para logo depois desviar o olhar. Meio nervosa... Eu diria.

— Nossa... –suspirei – Falando em inferno, esse colégio está o próprio nono circulo do inferno ardendo em chamas.

— O inferno é frio! – a resposta dela foi apressada.

— Hã? Do que você está falando?

— Estou falando que o inferno é frio. Quer dizer, o nono circulo do Inferno é frio. Theresa diz isso ao Will em ‘’Anjo Mecânico’’... É o que consta em ‘’Divina comedia’’, se me lembro direito. E não é só esse fato, tenho quase certeza que de fato realmente não é as chamas que dominam o inferno, mas sim o congelante frio.

— Tem quase certeza como?

— Simplesmente é no que acredito. A gente acredita naquilo que temos fé. E bem... cada um tem suas próprias crenças. São nove círculos no inferno, nem todos são frios, apenas o ultimo.

— Sim, e no primeiro devem ser o que as pessoas mais gritam para sair...

— Na verdade, o primeiro é o Limbo. E não são ouvidos os gritos, somente suspiros das almas condenadas. Em Divina Comedia, Dante faz uma travessia ao inferno.

— Ah que interessante... – falei com desdém – Talvez eu também faça uma travessia no inferno para não ter que te ouvir falar disso, e talvez eu me sinta melhor lá, talvez o nono circulo me refresque. Poderia-me dizer onde fica a entrada?

Deixei transparecer uma pequena risada sarcástica. Kinomoto me olhou com reprovação, como se eu estivesse fazendo papel de bobo na frente dela, o que na verdade eu estava fazendo com total certeza, entretanto eu custaria a admitir.

— Não existe realmente uma entrada, quer dizer... Olha como você fala, no arco da entrada diz que não há como sair de lá depois que se entra.

— E isso importa para você?

— Hã? CLARO QUE NÃO. Por mim você já poderia ir para lá e não voltar nunca mais!

— Eu desisto. Nada de ler sobre inferno, você parece gostar. – preguiçosamente voltei a me encostar ao tronco da arvore, vendo-a sorrir satisfeita.

— Eu se fosse você também evitaria ler sobre O Poema Sagrado de Dante.

— É... – respondi com a cara fechada – E você? O que vai ler.

— O Primo que veio de longe. – encostou-se a arvore, quase colada a mim.

— Só pelo titulo já não gostei!

— Não tem que gostar é o que eu vou ler e pronto.

Por um momento senti meu coração acelerar quando Kinomoto repousou a cabeça em meu ombro. Ela fechou os olhos entrelaçou nossas mãos. Eu não sábia o que diabos era aquilo, mas me deixei respirar fundo e empurrá-la para o lado.

— O que você tem? –perguntei sacudindo os ombros dela.

— Você tá louco, Li? Eu não tenho nada! – ela tinha o rosto coberto com uma enorme mancha vermelha.

— Eu e você nos odiamos. De repente você me coloca como sua dupla, depois me dá uma aula sobre inferno e agora se encosta em mim entrelaçando nossos dedos como se me amasse.Quer, por favor, me dizer o que você bebeu?

— Eu... Eu não bebi nada caramba. – ela disse ríspida desferindo um tapa em meu rosto.

— ... –eu levei a mão até o rosto onde pinicava – Me bateu por quê?

— Porque gente ruim igual você merece isso! – se colocou de pé pegando suas coisas, me encarando ferozmente – E merece bem mais. – eu deveria ter imaginado, Kinomoto-san me chutou com toda força possível, o rosto vermelho quase fumaçando.

— Kinomoto-san, poderia pelo menos me dizer o motivo dessa agressividade? – me defendi do ataque e levantei, batendo a areia da minha roupa.

— Me chamou de bêbada! – ela disse nervosa.

— Não. Só questionei o seu comportamento inusitado.

A representante apertou as mãos com força. Aproximou-se de mim e cerrou os olhos, posicionou o punho e acertou meu nariz em cheio. Ela deu meia volta e correu como se não houvesse o amanhã, deixando uma trilha de lápis e canetas que provavelmente haviam caído do estojo aberto. Eu levei a mão ao nariz, minha camisa tinha respingos vermelhos. Meu próprio sangue.

Tentei conter o sangue enquanto me agachava e recolhia as canetas de Kinomoto. Estranhamente ela ainda tinha o mesmo gosto infantil para seus pertences. Tudo cor de rosa e decorado com inúmeras asinhas. Eu apertei em minha mão o objeto que dei a ela no primário, quando Izukuro Takashi destruiu sua caneta preferida da Barbie em frente à loja de doces, e eu com solidariedade pela garota, que na época parecia tão frágil, comprei para ela uma caneta rosa com um par de asas no topo e um bombom de morango.  Na época parecia desimportante, não nos falávamos muito, raramente eu a olhava, e ela parecia me odiar pelas incontáveis brigas que eu me metia e principalmente pelas minhas notas superiores as dela. Mas eu não vi mal algum em ajudá-la com um assunto tão banal quanto aquele.

Lembro-me também que quando entreguei a ela o meu presente, ela ruborizou e saiu correndo, o que me fez simplesmente no dia seguinte deixar sobre a mesa da mesma.

Nunca a tinha visto usando aquela caneta. E cá estava ela, anos mais tarde fielmente no estojo da prezada e honrada Kinomoto-san. Eu sorri com a lembrança.

Era incrível imaginar como um ser tão gentil –e de certo ponto até bobo, tornou-se o que é hoje, a perfeita representação de uma adolescente com grandes desejos de experimentar de tudo. Até mesmo a violência. Violência essa que parecia ter prazer de praticar comigo. Eu nunca imaginaria que ela teria tanta atitude para tal. E força, principalmente força.

Recolhi tudo que ela deixou para atrás e me encaminhei para casa, sabia que a senhora Yelan deveria está preocupada com a minha falta de aviso do horário em que eu chegaria.

Ah, mas agora eu tinha muitos assuntos inacabados para resolver com uma certa representante de classe. Que por sinal parecia sentir o oposto do que eu imaginava. Kinomoto realmente me detestava ou será que deixei uma pequena fagulha de sentimentos no coração inocente dela?! Impossível responder apenas o que tenho agora. Infelizmente, você se meteu em uma terrível bola de neve, e ainda teria que me responder muitas perguntas, minha tranquila e calma Saky.


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