Cidade das Sombras escrita por Cris Herondale Cipriano


Capítulo 22
Decisão e impulsividade.


Notas iniciais do capítulo

Olaaaaaaaaa
Boa leitura!!!



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Londres - 1878.

Alec se via em um impasse, não podia deixar Will ferido e desacordado ali sozinho, mas também tinha que procurar por Jace e Jem. O garoto olhou em volta e nem sinal do parabatai e do garoto prateado. Ouviu um barulho de algo caindo atras de si, olhou assustado e percebeu que era uma das criaturas de Mortmain, preparou seu arco, mas quando ia atirar mais criaturas foram aparecendo do beco escuro em sua direção, em questão de segundos Alec se viu cercado por pelo menos vinte criaturas. 

Não sabia o que fazer, Will estava desacordado e ele estava sozinho, a criaturas começaram a se aproxima, disparou um flecha em direção a primeira delas, um grito amedrontador quebrou o silêncio, as outras criaturas pararam um minuto para observar sua companheira agonizando, a distração foi rápida, logo soltaram um grito selvagem e partiram para cima de Alec. 

Alec era um exímio atirador, não errava uma flecha, as criaturas foram caindo e formando um monte de sucata. Porém suas flechas estavam acabando e o cansaço era visível no rosto do rapaz. Alec atirou mais uma flecha em uma ousada criatura que havia chegado mais perto, porém não percebeu que mais duas se aproximaram sorrateiras nas suas costas, sentiu garras perfurarem suas costas, a dor aguda o deixou tonto. Rapidamente sacou uma adaga e cortou a garra da criatura porém a segunda já se preparava para o ataque, mas não contra ele e sim contra Will que estava caído a seus pés. 

Desesperado Alec tentou acertar a criatura com a adaga, mas sabia que não conseguiria a tempo. De repente a criatura tombou no chão com uma flecha atravessando a cabeça de sucata. Mais duas criaturas tombaram no chão com flechas no peito e uma delas com uma adaga entre os olhos. Alec viu uma luz azul ir em direção as três criaturas restantes. Surpreso olhou para o lado e pode avistar Gabriel ainda com a besta em posição de ataque, Geideon com outra adaga pronta para um eventual golpe e Magnus ainda com os dedos brilhantes.

— Vocês?! - Balbuciou, caindo de joelhos esgotado. 

                                           * * *

 - Não! Me recuso a ficar aqui parada Clary, eles estão demorando demais! 

— Eu sei Tessa. Temos que fazer algo! 

— Temos que ir atras deles! 

— Não podemos ir por onde Alec foi, se houver mais criaturas a espreita, nós as levaremos direto para Alec! E também não sabemos onde Jace, Will e Jem estão! 

— Sim, mas não podemos ficar aqui paradas! 

— Onde acha que Will possa ter ido? 

— E-eu não sei. 

— Vamos Tessa, Will estava muito aborrecido com o acontecido em Yorkshire, você deve ter alguma ideia de onde ele possa ter ido tão perturbado assim. 

Tessa corou violentamente.

— Por que acha que eu sei? Will é uma incógnita para todo mundo, até mesmo para Jem.

— A Tessa, vamos falar sério ok? Nada de desconversas, você ama o Will, deve saber pra onde ele iria.

— O-o que te faz pensar isso? Eu sou noiva de Jem! Eu amo o Jem! 

— Sim, eu sei que você ama, mas também sei que ama o Will, posso ver nos seus olhos, você não conseguiria escolher entre um deles, ama os dois na mesma medida.

Tessa não conseguiu mais segurar o choro, Clary havia lido seu segredo mais profundo, o amor que sentia pelos dois caçadores. 

— Você deve me achar uma devassa por não conseguir me decidir por um deles não é?

Clary chegou mais perto e abraçou a garota, Tessa parecia tão frágil e vulnerável com as lagrimas escorrendo pelo rosto, nem parecia a feiticeira forte e decidida que conhecera no  casamento de sua mãe.

— Não Tessa, eu não acho. Pelo pouco que pude ver, Jem é uma pessoa maravilhosa, é meigo, atencioso, se preocupa com você, traz uma paz de espírito tão grande. Parece um mar com águas tranquilas. Ele te faz bem é impossível não ama-lo. - Disse sorrindo.

Tessa soltou um suspiro, era realmente assim que se sentia em relação à James Carstairs, ele era seu porto seguro. 

— Assim como sei que Will é uma pessoa quebrada por dentro, uma pessoa que prefere que as pessoas o odeie do que o ame. Tem um humor terrível, mas daria a própria vida pelas pessoas que ama, venderia a própria alma para ver o sorriso daqueles que lhe são caros. Will não é o poço de maldade que muitos acham, é apenas um garoto magoado e machucado pelo mundo que construiu um muro em torno de si mesmo.

Tessa olhava para Clary espantada, como ela conseguira fazer uma leitura tão perfeita de Will e Jem em tão pouco tempo? Jem era fácil de ler, ele realmente era como as águas de um mar, tranquilo e fácil de se navegar, mas também tinha seus momentos revoltosos, de águas revoltas que tornavam quase impossível que se navegasse.

Quanto a Will, ninguém nunca tinha feito uma leitura tão bem feita sobre o garoto, nem ela mesma poderia ter feito isso, talvez Jem, mas ele era um caso a parte. Mas mesmo sem entende-lo completamente, mesmo  que Will as vezes a levasse a loucura, amava-o, amava-o tanto que chegava a doer. Jem era seu porto seguro, mas Will era o lar ao qual sempre queria retornar.

— Como conseguiu decifrar Will tão rápido assim? Nem as pessoas que passaram praticamente a vida toda com ele conseguem! - Disse admirada.

Clary no entanto sorriu terna.

— Acho que é mal de Herondale, penei muito para decifrar a cabeça de Jace, e sinceramente, as vezes acho que ainda não consegui. Assim como Will, Jace também já foi muito quebrado pela vida. Por isso posso reconhecer como um Herondale age quando está assim.

Tessa deu um sorriso tremulo. Sim, já havia percebido que Will tinha algo quebrado dentro de si e também já havia percebido que Jace parecia ter o mesmo problema. De repente arregalou os olhos se lembrando de algo.

— Acho que sei para onde ele possa ter ido Clary! 

— Então diga logo, pois tenho certeza que Jem deve ter ido atras dele e consequentemente Jace também! 

                                               * * * 

Jace nunca desejou tanto ter um arco e flechas como agora, estava correndo atras da carruagem que levava Jem, graças ao sangue de anjo que o tornava mais resistente e mais rápido que caçadores normais, estava conseguindo acompanhar a carruagem, mas se tivesse um arco e flecha poderia destruir as rodas da carruagem e para-la. 

Conforme corria percebia que a paisagem mudava, não estava mais nas ruas principais de Londres, estavam saindo dela, a paisagem estava se tornando rural cada vez mais.  Precisava pensar em algo, se saíssem de Londres estariam em apuros. 

Uma ideia nada agradável lhe passou pela cabeça. Sem parar para refletir nas consequência acelerou os passos e alcançou a carruagem de vez, ficando lado a lado com o cocheiro, que alias era uma das criaturas de Mortmain. Começou a subir onde a criatura se encontrava e agarrou as rédeas do cavalo.

A criatura tentou lhe acertar a cabeça, mas Jace foi mais rápido e num movimento inumano desferiu um violento chute na criatura fazendo-a voar longe da carruagem,  o movimento porém o fez perder o equilíbrio fazendo com que ele caísse fora da carruagem, sua mão ficou presa pelas rédeas do cavalo e o garoto começou a ser arrastado pelo chão. 

Tentou soltar a mão mas não conseguia, sentia sua pele arranhar contra o chão de terra, a dor era imensa, com a queda sentiu seu ombro deslocar de lugar, tentou agarrar os lado da carruagem para conseguir apoio mas com o braço preso era impossível se segurar. 

Num ato de desespero e amaldiçoando a si mesmo pelo que iria fazer, Jace sacou com a mão livre uma lâmina serafim e acertou as patas do cavalo cortando-as, com a dor e o susto o cavalo inclinou e sem conseguir ficar de pé por causa do ferimento caiu no chão quase esmagando Jace. A carruagem capotou em direção ao garoto e ao cavalo, como estavam em decida começaram a rolar ladeira abaixo.

Tudo o que se seguiu foi um borrão, destroços da carruagem caíam por todos os lados, o relincho do cavalo machucado e os gritos de dor de Jace enquanto era prensado pela carruagem e o cavalo eram ouvido a distancia. Continuaram a rolar pela ladeira até baterem numa árvore.  Jace tonto e machucado não conseguia levantar, seu ombro deslocado não permitia que se apoiasse para levantar, sentiu uma dor aguda na perna e percebeu que uma estaca consideravelmente grande que havia saído da carruagem havia entrado em sua perna, na verdade havia atravessado ela e o sangue jorrava sem parar. Sentiu gosto de sangue na boca e uma vertigem terrível, chacoalhou a cabeça tentando clarear a mente. Podia jurar pela dor ao respirar que tinha pelo menos duas costelas quebradas.

Viu entra ele e a árvore o corpo sem vida do cavalo, tentou mais uma vez se levantar sem sucesso, além do ombro e a perna machucada os destroços da carruagem o prensavam contra o cavalo sem vida, levantou a cabeça com um gemido de dor  e pode ver o que sobrara do autônomo que estava dentro da carruagem com Jem, não passava de sucata agora. De repente o pânico lhe assolou, Jem! Havia se esquecido que o garoto estava dentro da carruagem! 

Virou a cabeça para os lado desesperado tentando achar a silhueta do rapaz, mas nada. Nem sinal de Jem. Consegui mexer a mão que não estava tão machucada e pegou sua estela, com evidente esforço e dor começou a desenhar uma iratze no braço deslocado, não curaria nem metade dos seus ferimentos, mas lhe daria um pouco mais de energia para tentar sair dali. 

Quando se sentiu um pouco menos tonto, Jace puxou o ar e com um grito de dor começou a empurrar os destroços da carruagem com força, ela não se moveu muito mas foi o suficiente para que conseguisse se arrastar para frente ficando livre e conseguindo respirar com um poco mais de calma. 

Olhou para os lados a procura de Jem, avistou o rapaz caído a pelo menos uns três metros de distancia da onde ele se encontrava. Puxou o ar com força e começou a se arrastar em direção de Jem. Depois do que pareceu serem horas para ele, finalmente conseguiu chegar onde o rapaz se encontrava. 

Jem estava desacordado, tinha um corte profundo na cabeça e sua perna estava dobrada num angulo estranho. Jace fez duas iratzes nele para que parasse o sangramento. Tentou se levantar mais uma vez, porém sem sucesso, suas forças se esgotaram e acabou desmaiando ao lado de Jem.

                                                  * * * 

— Vocês?! - Repetiu Alec incrédulo.

Magnus se aproximou dele, segurou seu queixo e levantou sua cabeça, analisando seus olhos. 

— Você está tonto, bateu a cabeça? 

— Não, acho que é a perda de sangue. - Sussurrou pálido e sem forças. 

Só então Magnus percebeu que o garoto tinha um corte profundo nas costas. Gideon se aproximou e verificou o corte. 

— É profundo, e está perdendo muito sangue, vou fazer um iratze. 

Magnus segurava Alec nos braços enquanto Gideon fazia a runa da cura em suas costas. Alec fechou os olhos e por um momento se deixou levar pelos braços do bruxos que tanto amava. Imaginou que era o seu Magnus que estava ali. Sentia uma saudade absurda, seu peito doía, queria ver Magnus, seu Magnus. 

Lembrou do rosto do bruxo quando o viu pelo espelho, Magnus estava angustiado, despedaçado. Abriu os olhos rapidamente e se afastou do bruxo, que o olhou pasmo. Aquele não era o seu Magnus, o seu estava sofrendo no futuro tentando salva-lo. Alec franziu o senho em determinação, não morreria naquele lugar, não sem antes ver Magnus mais uma vez, também não ficaria mais de braços cruzados, arrumaria um jeito para que pudessem voltar a  sua época. Não era justo esperar que Magnus fizesse tudo sozinho. Em nenhum momento havia se posto no lugar dele, não havia imaginado que Magnus estaria tão angustiado e quebrado quanto ele! Seus pensamentos foram interrompidos pela voz de Gabriel.

— Acho que ele precisa de ajuda, ele não está nada bem! 

Alec olhou para o garoto e o vil ao lado de Will, sua mão estava no pescoço do rapaz tentando sentir sua pulsação. Alec viu admirado um brilho de preocupação nos olhos de seus tatatara-avô. Ele vivia dizendo que odiava Will, viviam discutindo, mas no fundo Gabriel o admirava, podia ver isso nos olhos dele. 

Magnus se aproximou de Will e viu que seu estado realmente era grave. O garoto havia perdido muito sangue, seus ferimentos eram profundos e levantando o cabelo suado da testa pode ver um feio hematoma se formando na pele alva.

— Temos que leva-lo ao instituto agora! Gideon, ajude Alexander, Gabriel me ajude com Will. 

— Vocês podem ir, eu estou melhor, a iratze já está fazendo efeito. Preciso achar Clary, Tessa, Jace e Jem. - Disse Alec tentando se levantar, mas falhando. 

— Você nem ao menos pode ficar de pé! - Protestou o bruxo preocupado. 

— Estou bem, vou fazer mais um iratze e vou atras deles, ou melhor, vou atras das garotas. Preciso achar Clary e Tessa, eu as deixei escondidas, preciso busca-las. 

— E seu parabatai? Achei que fosse atras dele também. - Disse Gabriel.

— E vou, assim que encontrar Clary. Prometi a Jece que cuidaria dela, não posso deixar que nada lhe aconteça, ele jamais me perdoaria. Quando elas estiverem em segurança eu vou atras dele.

— Você não está preocupado com seu parabatai?— Perguntou Magnus curioso. 

Alec parecia muito ligado a Jace, mas estava agindo com uma praticidade invejável. 

— Eu estou. Pelo Anjo como eu estou! Jace é meu parabatai, claro que me preocupo com ele e é por me preocupar que sei que, se algo acontecer com a Clary, ele jamais se recuperaria! Vou busca-la e depois irei até o inferno atras dele. E queira Deus que Mortmain não tenha feito nada com ele, ou eu juro pelo Anjo que o farei se arrepender! 

Magnus olhava pasmo para Alec, o pouco que havia visto do rapaz chegara a conclusão de que ele era uma pessoa admirável, preocupada com seus amigos, mas também uma pessoa passional e calma, porém agora uma luz ardente brilhava em seus olhos, uma determinação ferrenha de encontrar o parabatai e os outros. Não parecia Alec, parecia Will! 

— Você não é o único com um parabatai desaparecido. Eu também vou atras do meu! - Disse Will abrindo os olhos e tentando se sentar com dificuldade. 

                                        * * * 

— Estou vendo algo Tessa! - Disse Clary num sussurro.

Ela e Tessa estavam seguindo pela parte podre da cidade, a rua onde os bordéis e os antros de drogas reinavam. Tessa havia dito que Will dizia frequentar aquele lugar com frequência, embora Jem tenha desmentido para ela. Mesmo assim, pelo caminho que Will havia tomado as garotas resolveram seguir por aquele caminho tentando achar os garotos. 

— O Pelo Anjo! Acho que são lobisomens! - Disse Clary.

Eram quatro no total e todos tinham os mesmos cabelos prateados de Jem. Pela experiencia que adquirira com o convívio com Luke, Clary podia dizer sem exitar que eram lobisomens.

— Eles estão vindo o que faremos? 

— Vamos ignora-los, mas se fizerem algo, vamos mostrar a eles o que duas garotas podem fazer! - Disse Clary com um sorrisinho de canto. 

Se tinha uma coisa que aprendera com Jace, era sempre se mostrar confiante, mesmo que estivesse morrendo de medo por dentro. Mas por incrível que pareça, ela não estava com medo, se sentia mais confiante enfrentando algo que ela conhecia. Lobisomens ela  já havia enfrentado antes, sentia-se confiante. Além disso Jace nunca mais a deixaria em paz se soubesse que ela ficara com medo de alguns lobisomens.

Sentindo a confiança de Clary, Tessa também se sentiu mais confiante, Will e Jem precisavam dela, não seria uns lobinhos que a faria desistir!

— Tessa, tome cuidado, eles estão vindo e não é pra bater papo!


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Notas finais do capítulo

Gente cansei do Alec só se lamentando, achei que estivesse na hora dele agir!
O que acharam? Se não gostaram me diga que volto ele pras sombras de novo! rsrsrsrsrrs
Clary e Tessa também estão devendo, só sabem chorar! Isso me irrita! Pô elas são namoradas dos melhores caçadores que existem!
Enfim espero que tenham gostado!
Bjsss até o próximo!!!



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