O Justiceiro de Bela Vértice escrita por Farrel Kautely


Capítulo 4
Justiceiro




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Ele parou de frente para o outro, que estava sentado numa cadeira de ferro com os antebraços firmemente presos no braço da cadeira com uma fita grossa de couro. Seus pés estavam igualmente presos com uma fita de couro, porém junto às pernas da cadeira. Ele olhou para um tablet em sua mão e disse, num tom irônico.

– Vejamos o que temos aqui... Jesus Abrantes.

– Se pronuncia Jésus – o prisioneiro disse, atrevido.

– Por Deus!, é ainda pior. Que tipo de imbecil dá um nome desses a alguém?

– Gosto do meu nome, seu desgraçado!

– As pessoas costumam gostar daquilo que possuem, mesmo quando é uma porcaria – o Justiceiro falou. Olhou para o tablet novamente e disse: Sabe quem mais gostava do nome? Letícia. E era um nome de verdade, não uma porcaria como o seu. Mas ela não pode mais agradecer aos pais por um nome tão bonito, já que você a matou para roubar... – olhou para o tablet novamente – Puta que pariu!, essa mixaria? Você não tem vergonha nessa sua cara?

O prisioneiro parecia estar se esforçando para dizer alguma coisa bem grosseira. O justiceiro decidiu que não devia perder tempo para começar a trabalhar. Tirou do bolso de trás um alicate e disse:

– Você parece durão. Vamos ver o quanto você aguenta disso aqui. Diga-me, você é destro ou canhoto?

O prisioneiro cuspiu na cara dele. O justiceiro limpou e riu.

– Acha que isso me ofende? – perguntou. – Me incomoda um pouco, mas devo me controlar para o que eu farei agora não seja uma vingança pessoal. Você matou a moça com tiros no peito, e fiquei pensando em alguma coisa para tentar equalizar isso. No entanto, estive ansioso para usar esse alicate nas ultimas semanas e ainda não pude fazê-lo. Faremos o seguinte, meu caro: irei arrancar as unhas das suas mãos com este alicate aqui – disse enquanto estalava a ponta da ferramenta com três cliques – até que você se canse da dor. E não vou mentir meu amigo, é divertido para mim.

Dito isso, prendeu a ponta do alicate na ponta da unha do dedo do meio da mão esquerda do prisioneiro e puxou sem cerimonia alguma, fazendo com que este soltasse um berro de dor.

– Ora, mas o que é isso? – o Justiceiro perguntou, num tom irônico – Pensei que você fosse mais forte.

– Eu vou matar você – o outro disse.

– Pouco provável – e arrancou a unha do dedo anelar esquerdo.

Outro berro, e o prisioneiro forçou os braços e pernas tentando se libertar.

– Não vai conseguir sair daí, seu tolo.

– Pare de falar assim, filho da puta!

– Assim como? Como gente? Ora, convenhamos. Olhe para mim. Olhe para mim – o Justiceiro disse, num tom imperialista, dando um tapa no rosto do prisioneiro. – Diga-me, senhor Jésus. Quantos tiros você deu no peito da moça que matou. OLHE PARA MIM – mandou novamente, apertando a ponta do dedo do meio para causar dor no prisioneiro.

– O que você quer? Por favor, me diga o que você quer e pare com isso.

– Que fracote – o Justiceiro disse, como estivesse decepcionado. – Olha, no momento só quero que me diga quantos tiros deu no peito da moça. Seus dedos doem tanto a ponto e fazê-lo esquecer?

– Dois.

E o Justiceiro puxou com força mais duas unhas.

– O próximo é o dedão. O que é isso? Vai chorar? Sabia que a família da moça que matou também chorou? Eles chegaram a ficar um pouquinho alegres quando você foi preso, sabe? Mas o que acha que eles sentiram quando foi solto uma semana depois com uma dessas tais tornozeleiras que colocam nos pés dos bandidos?

Puxou a unha do dedão. Outro grito de dor.

– Terminamos com uma das mãos. Perguntei se você é canhoto ou destro, mas você não me respondeu. Foi apenas uma tática para iniciar nossa conversinha, pois estou guardando algo especial para a mão que empunhava a arma.

Disse isso e curvou-se para frente para sussurrar no ouvido do prisioneiro:

– Se acha que sentiu dor, sequer comecei.

– Já estávamos conversando antes de me perguntar isso – o prisioneiro disso.

O Justiceiro riu da observação e deu as costas para ele. Abriu a porta pesada de ferro e a fechou atrás de si. Minutos depois voltou, carregando uma maleta de ferramentas. Colocou-a no chão, abriu e tirou um alicate catraca.

– Vamos nisso até você se cansar. Primeiro o dedo do gatilho.

Novamente, sem cerimonia alguma, posicionou o alicate catraca no dedo indicador da mão direita e apertou. O berro que o outro deu foi terrível.

– Ora, não faz assim – o Justiceiro disse, passando a mão no rosto do outro de forma carinhosa. – Veja, você está suando. Aguente firme meu amigo, ou você já se cansou?

O outro forçou uma risada e disse:

– Mão errada, seu otário. Sou canhoto.

TEC. Arrancou o dedo do meio.

O justiceiro esperou o outro terminar o grito para dizer:

– Esse foi pela mentira. Agora escute, começo a ficar com fome, suponho que esteja aproximando do meu horário habitual de almoçar. Mas não sairei daqui até terminarmos. Então, por favor, colabore comigo.

– Eu não sei o que você quer.

– JUSTIÇA! – o Justiceiro berrou, e deu um tapa na cara do outro antes de dizer num tom alto: Aposto que ficou contente quando foi solto, mesmo tendo em suas mãos o sangue de uma moça inocente por uma mixaria.

– E agora quer me matar?

– Ficaremos nisso até que...

– Então me mata, seu otário – o prisioneiro gritou, interrompendo o outro.

– Ótimo! Era mesmo o que eu queria.

O Justiceiro tirou da cintura sua arma e atirou na testa do outro sem hesitar. Guardou o alicate na maleta e saiu da sala.

– Foi rápido – disse para os homens que esperavam do lado de fora.

– Talvez devêssemos mandar os dedos que você arrancou para a família da garota – sugeriu um deles.

– Acho que a mãe dela poderia não gostar da mensagem – o Justiceiro lhe respondeu. – Mas gostei da ideia meu amigo. Levem esse aí hoje à noite.


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Notas finais do capítulo

Olá!
Espero que goste e acompanhe a história.
Caso tenha alguma dúvida, sugestão ou correção (pois posso ter deixado passar algo na revisão), eu adoraria conversar com você.
E-mail: kauty.s@gmail.com
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Site: www.mundokauteriano.com.br



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