This isn´t the end escrita por MaliaMultiboooks


Capítulo 2
O futuro é mistério.


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!
Escrevi mais um cap; achei esse um pouco mais parado, por que é uma transição para a história, mas acho que ficou bom!
Também queria agradecer a GabiMultiboooks e a IsaMultiboooks por comentarem!
Espero que gostem!
Beijinhos



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Não deu certo. Na verdade, já começou errado. Piso para fora do prédio e a chuva ríspida me atinge, me deixando com frio. Merda, tenho que começar a escutar minha mãe. Penso, comigo mesma.

Faço menção de voltar para o apartamento, já com a chave em mãos, mas no mesmo momento avisto meu ônibus descendo a ladeira de minha rua. E não podia chegar atrasada logo no primeiro dia. A verdade é, eu vou à escola por causa de minha mãe, só e somente. Ela quer que eu tenha o futuro que ela nunca teve, mas que sonhava em ter; faculdade, emprego, viajar, conhecer alguém, se casar, ter filhos. Essa é a ordem dos fatos, ela sempre diz. Mas eu não queria isso, não sonhava em faculdade, gostava e tinha orgulho de nosso estilo de vida, e não o trocaria por nada, apesar de às vezes sentir falta de uma coisa ou outra.

Perdida em meus pensamentos, corro até o ônibus, na chuva. Entro no ônibus e me sento, encostada no vidro, observando os pingos contra a janela em contraste com a cidade que, apesar de tudo, amo.

Paro no ponto de ônibus a uma quadra do colégio por volta de 7h50, e ando rapidamente na chuva, que começou a engrossar de repente, até chegar na porta da escola.

Nunca fui muito de amigos, mas, pelo menos, tinha Louise e Nicollas. Os dois namoram a quase um ano, mas eram amigos antes disso, o que tornou a relação deles ainda melhor. Lembro quando eles namoravam escondido para eu não descobrir, quando erámos todos apenas amigos. Mas enfim, todos concordam que são perfeitos juntos.

Bonjour, Katie! – Lou diz, com um sotaque carregado, me abraçando- Quantas saudades tuas! Como foi de férias? - Ela me pergunta, com aqueles olhos cinza alegres, em harmonia com seu cabelo loiro cacheado.

–Hm, foram OK. Minha mãe e eu conseguimos passar uns dias em Amsterdã. Foi legal. - Eu acho incrível a facilidade que conseguimos viajar pela Europa. As passagens, hostels, é tudo incrivelmente barato. – Como foi a viagem de vocês? - Os dois haviam passado praticamente as férias inteiras na casa dos tios de Nicollas, em Londres, além de terem visitado praticamente a Europa inteira juntos.

–Muito boa, na verdade. –Nick conta sobre o passeio deles, animado, andando conosco entre os corredores, com os braços ao redor de Louise. Vamos até os armários que, graças a Deus, são perto uns dos outros. Comparo nossos horários, mas não tenho a mesma sorte; não temos praticamente nenhuma aula em comum. O que acontece é que a partir do primeiro ano do colegial, nós escolhemos as aulas de acordo com que emprego nós queremos ter. No meu caso, escolhi-as aleatoriamente, ou por facilidade mesmo.

Checo meu relógio novamente, e noto que já passam das 8h. Me despeço deles, indo em direção a sala de inglês. Essa aula, na verdade, não é muito útil para mim, pois já falo a língua perfeitamente bem, então é um bom horário para dormir.

Uma professora nova entra na sala se apresenta como Sra.Keyland. O nome me chama atenção, pelo fato de não ser um nome francês. Para a minha surpresa, ela começa a falar inglês, e tento não dormir imediatamente. Ela afirma que é nova na cidade, e que morava nos EUA, assim como minha mãe, o que me faz gostar um pouquinho mais daquele primeiro período de segunda-feira.

As outras aulas- francês, literatura, matemática- pesam em passar, até o horário do almoço. Ao contrário de todos, que comem no refeitório, nós três e alguns outros poucos alunos, vamos num café do outro lado da rua. É uma escola pública, então podemos sair dela sem problemas durante o intervalo. Sentamos na nossa mesa de sempre, ao lado de uma grande janela de vidro.

–Lou, o que vai fazer no seu aniversário? –Pergunto.

–Você quer dizer, nosso aniversário.- O fato é, nascemos com uma semana de diferença, eu no dia 28 de setembro e ela dia 21. Mas Louise é do tipo de garota que todos gostam, e que adorariam ir em uma de suas festas. Já eu, não. Gosto de passar a data em branco.- Alors, Katie, são nossos 16 anos. Festa na minha casa? – A casa de Louise era linda: enorme como dos filmes antigos, com o pé direito alto, um salão enorme, assim como o jardim, e de frente para o mar.

–Podíamos fazer no terraço do prédio de Katie. –Nick sugere. O terraço é um dos meus locais favoritos de minha casa, às vezes vou lá apenas para escutar umas músicas e olhar as estrelas.

–Hm, até daria, mas os problemas são os vizinhos. E, aliás, a casa de Lou é muito mais legal para uma festa. –Não era mentira.

Continuamos conversando e voltamos para o colégio. Os outros três períodos foram tão exaustivos quanto os outros, mas após longa espera, noto que são 15 horas e saio de lá, depois de me despedir de meus amigos.

Pego o ônibus e paro na frente do meu novo trabalho. Avisto a portinha de um dos prédios antigos, com a placa Café de l´Amour balançando contra o vento. Entro, pendurando meu casaco e amarrando o avental branco em minha cintura, depois de fazer um rabo de cavalo no topo da cabeça. Atravesso o salão cheio de mesas e cadeiras até chegar ao balcão, onde me deparo com uma cena cômica: o velho Monsieur Lucca dormindo encima do caixa, com um ronco alto. O fato é, ele é como o avô que eu nunca tive, o pai que minha mãe não tem mais. Foi ele quem nos acolheu quando chegamos na cidade.

Encosto em suas costas levemente chamando-o baixinho, fazendo-o acordar num pulo.

–Katarina! Ma chérie, que bom que chegou! –Ele levanta e me abraça, quase me esmagando- Como está Abigail?

–Hm, está ótima! Conseguiu aquele emprego que tanto queria. Mais algum quadro foi vendido? –Minha mãe deixava parte de seus quadros à venda no café, com ajuda de meu chefe. Aliás, as paredes do café eram cobertas deles.

–Os quadros vendem como água! Sua mãe tem muito talento. Hoje mesmo, uma moça comprou um. Acho que até estava se mudando para cá; nunca a tinha visto aqui antes. Sabe, cidade pequena, conheço todos.- Ele diz, mexendo em seu bigode típico francês- Mas enfim, já sabe como funciona aqui, non? Anota os pedidos e manda para a cozinha, oui?

Oui, Monsieur Lucca.– Respondo, dirigindo meu olhar à porta, onde um casal entrava no estabelecimento. – Fico até as 20h, oui?

–Sim, sim. Agora ao trabalho! Ali estão seus primeiros clientes. –Ele ri, e se volta para o caixa.

São oito horas quando termino de limpar as mesas. Pelo fato de ser segunda-feira, não é tão cheio como no resto da semana. Até que fiz um bom trabalho- não quebrei nada até agora, pelo menos.

Caminho de cabeça abaixada contra o vento até chegar em casa. Subo as escadas cansada e vou automaticamente abro a porta em minha frente. Solto um longo suspiro que nem sabia que estava segurando. Subo as escadinhas até meu quarto e me jogo na cama, discando o número da pizzaria. Cinco minutos depois, para a minha alegria, ela chega.

Vou até a sacada e ligo o som no máximo, ignorando meus vizinhos. Coloco a música What you know do Two Door Cinema Club e canto com todas as minhas forças; não por que canto bem (por que, de verdade, canto muito mal), mas sim por que gosto. Vai entender.

No momento que a música para, escuto o barulho forte de alguém batendo na porta, provavelmente um dos vizinhos reclamando do som; não seria a primeira vez. Desligo o som e caminho, enrolada no meu cobertor, até a porta. Mas quando abro, tenho uma surpresa.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram?
Comentem, digam o que acharam, deem opiniões, para que eu possa melhorar!
Beijos



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