Welcome to my World! escrita por KAT


Capítulo 37
A pior noite de nossas vidas!


Notas iniciais do capítulo

Oii galera, tudo bom?
Não tenho nada pra dizer além de: capítulo com cenas fortes haha...
Se possível, leia com essa música: https://www.youtube.com/watch?v=DXs8Cv8U02k
Boa leitura!



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Imagine uma casa cheia, com música alta e dançante ao fundo, pessoas correndo em volta da piscina, gritando, rindo, se amassando na grama e uma bancada lotada de copos vazios e garrafas pela metade. Era o local perfeito, se não fosse por um detalhe: eu sempre me dou mal em festas e hoje mais que nunca tinha tudo para dar errado.

Eu estava sentada em uma mesa junto com Vitor, Daniel, Sophia e Clarisse, por sorte Rafael havia se enfiado em algum lugar longe de nós.

— Vitor, dá pra parar de beber? Aliás, todos vocês! - Pedi com a expectativa que eles me escutassem uma vez na vida.

— Relaxa Méri… Se divirta com a gente - Sophia pediu, rindo feito uma idiota.

— Que morram de cirrose então, idiotas! - Profanei e sai dali batendo o pé em seguida.

Sentei em um dos bancos do bar, bem distante da mesa em que meus amigos bêbados estavam. Aquela noite estava sendo horrível, era simplesmente péssima aquela sensação de que todos estavam se divertindo menos eu, afinal, como poderia?

Eu sabia que o cara que mais me dava medo podia estar em qualquer lugar por ali.

Minha última esperança era adquirir poderes mágicos que me permitissem fazer com que aquela noite acabasse logo num estalar de dedos. Resolvi tentar e, um pouco alterada, iniciei um jogo idiota de estalar os dedos abrindo e fechando os olhos, constatando que não, eu não tinha poder algum.

Bufei e senti alguém se sentar ao meu lado. Olhei rapidamente e o vi me encarar, sorrindo.

— A noite já está ruim o suficiente sem você por perto – Falei lançando o pior olhar de raiva que eu consegui.

— O passado foi feito para ser esquecido, América – Rafael retrucou, sem deixar de me olhar.

— Não consigo acreditar que você tem a cara de pau de surgir novamente em minha vida depois de tudo– Falei tais palavras levantado-me exaltada, deixando claro em minha voz toda fúria que estava presa em mim desde o início daquela noite.

— Eu sempre achei isso bonitinho em você… Esse temperamento forte, esse ódio todo pela vida, isso lhe torna ainda mais excitante, ruivinha – Rafael disse com aquele sorriso irônico de sempre. Pensei em retrucar de várias formas, mas não consegui dizer nada.

Por mais que eu quisesse evitar, eu ainda tinha medo dele; por mais que eu não quisesse aceitar aquele trauma continuava em mim. E ouvi-lo falar assim novamente me trazia lembranças horríveis e junto a elas uma vontade imensa de chorar.

— Rafael, se você for embora agora eu prometo que não conto pra ninguém oque você fez comigo antes… Prometo fingir que aquilo nunca aconteceu, você só precisa ir embora! - Falei quase em uma súplica.

— Como assim lindeza? A brincadeira acabou de começar! - Rafael respondeu se aproximando de mim, ele parecia estar se divertindo com a situação.

— Se você não for embora a sua próxima “brincadeira” vai ser dentro da cadeia! - Berrei com os olhos cheios de lágrimas.

— Ah é? E por que eu deveria acreditar? Você não contou nada antes, porque contaria agora? - Ele indagou e nesse momento, me arrependi mais que nunca de não ter contado tudo aquilo para ninguém, além de Daniel.

Na época só consegui pensar na vergonha e no medo dele fazer algo comigo caso eu contasse, ou no medo de simplesmente ninguém acreditar. Afinal eu era apenas a garota maluca da cidade, então, quem acreditaria que o namorado que eu havia “sorte” em ter havia abusado de mim? Ninguém! Isto se tornaria apenas mais uma história da louca da cidade… Então, minha única solução na época foi encontrada em cortes nos pulsos e dias cinzentos todas as manhãs.

— Por favor… - Implorei deixando uma lágrima cair, ele me olhou parecendo se compadecer com meu sofrimento.

— Okay – Ele disse, respirando fundo e eu o encarei confusa, era fácil assim? – Se você não quer que eu fique, não ficarei.

— É sério isso? – Perguntei o encarando e limpando aquela lágrima que ainda escorria por minha face.

— Claro, não sou nenhum monstro América, mudei muito! Só preciso te mostrar uma coisa antes, pode ser? - Rafael perguntou e eu balancei a cabeça em concordância.

Após isso ele me segurou pelo braço, fazendo-me subir ás escadas daquela casa com ele.

— Onde estamos indo? - perguntei receosa.

— Calma, é claro que não vou fazer nada com você, tá cheio de gente aqui… Só guardei no quarto oque quero te dar! - Ele explicou, mas aquilo não me convenceu.

— Vou te esperar aqui enquanto você vai lá buscar – Avisei parando de andar no meio do corredor que se encontrava totalmente vazio. Apesar de me sentir uma idiota por estar com medo, estar sozinha com ele me deu calafrios.

— Você vai comigo – Ele praticamente ordenou. Me olhando daquele jeito que tanto me assustava.

— Não, eu vou te esperar aqui – Retruquei, dando alguns passos para trás.

— Está com medo? – ele perguntou se aproximando, deixando escapar um sorrisinho diabólico.

Senti um aperto em meu coração nesse instante, eu era mesmo uma idiota por pensar que havia algo de bom naquele garoto, era óbvio que ele não queria apenas “me mostrar algo”.

Apesar de sentir minhas pernas trêmulas, tentei sair dali antes que a situação piorasse, mas então, Rafael me puxou agressivamente pelo braço.

— O que você está fazendo? Me solta ou eu vou gritar – Falei me debatendo contra seu corpo.

— Estava com saudades de você, América… E sei que no fundo você também sentiu minha falta – Ele falou, encarando-me.

— Vá pro inferno – Sibilei, usando toda minha força para tentar me afastar dele.

— Méri – ouvi Clarisse repentinamente, e agradeci aos céus por isso – Tá tudo bem? – Ela perguntou, provavelmente havia percebido em minha expressão que havia algo errado.

— Não, não está nada bem! – Falei imediatamente, não queria mais ocultar aquilo.

— O que aconteceu? – Ela perguntou se aproximando de mim, parecendo preocupada.

Mas antes que eu tivesse tempo de responder, Rafael agarrou nós duas pelo braço nos enfiando no primeiro quarto que viu pela frente. Me debati o máximo para ele não conseguir nos fazer entrar ali.

Mas, quando me vi entre as quatro paredes daquele quarto e fitei Rafael trancar a porta, uma tonelada de lembranças do passado vieram a minha mente e então eu soube que não tinha mais nada a se fazer.

Eu não me sentia bem, eu não queria passar por aquilo tudo novamente… Eu não aguentaria.

O pior de tudo, era saber que Clarisse também estava ali! Eu não queria que ninguém passasse pelo que eu passei, especialmente Clarisse… Ela é minha irmã e eu não quero que nada aconteça com ela e principalmente, saber que a mesma estava ali apenas porque havia tentado me ajudar.

Se algo acontecer com ela essa noite, eu jamais poderei me perdoar!

— Faça o que quiser comigo, mas deixe Clarisse sair daqui – Supliquei, lágrimas grossas desciam por meu rosto.

— Você tá brincando? Achei teria apenas uma e olha só, tenho duas agora – Rafael disse, passando a mão pelo meu rosto.

Apesar da minha voz estar embargada pelas lágrimas tentei gritar por ajuda nesse instante, mas não adiantou muito, pois Rafael tapou minha boca com um pano.

Percebi que Clarisse começou a chorar muito nesse instante, provavelmente devia ter percebido que aquilo realmente era real…

— Está chorando porque, gracinha? Saiba que teremos uma noite inesquecível hoje!

Após isso, não gosto nem de lembrar o que aconteceu...

Clarisse e eu tivemos a pior noite de nossas vidas!

A cada foto que ele nos forçou a tirar fingindo estar felizes com aquela situação, tudo parecia ficar pior.

A cada minuto que se passava a angústia também parecia pior; Para cada lembrança do passado, uma ferida nova era causada.

A cada olhar de dor que Clarisse me dirigia, eu sabia que nossas vidas jamais seriam as mesmas!

Oque fazer quando se passa por uma situação dessas? Ou pior, o que fazer quando passa por isso duas vezes? Qual é o novo sentido da vida?

Como Deus podia ser tão cruel? É sofrimento demais para uma vida só!

Eu conhecia bem a sensação de sentir nojo ao olhar para mim mesma no espelho, mas será que eu suportaria passar por isso tudo novamente?

Eu mesma teria que descobrir…

"Nada bom acontece depois das 2 da manhã. Quando o relógio bate 2 da manhã, apenas vá dormir." (How I Met Your Mother)


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Notas finais do capítulo

Assunto tão delicado que cheguei até a arrepiar inteira ao escrever... Espero que estejam sentindo esse mesmo aperto no coração que eu, porque não quero sentir isso sozinha haha!
Não esquece de dizer sua opinião nos comentários, é essencial para a continuação da estória ♥
beijão!