Le parkour: o percurso escrita por Andy


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Feliz Ano Novo!!! :D
Desejo a todos um 2016 maravilhoso, repleto de realizações, de sonhos e de boas leituras!
Quero aproveitar para agradecer a todos que estão lendo a fanfic, especialmente às meninas que comentaram. As opiniões de vocês são muito importantes para mim. Obrigada!
Espero que a fanfic continue agradando! O capítulo de hoje é um dos meus favoritos! :3



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Cafeteria Jane, Larkin Street, San Francisco (EUA)

— E esse... — Ele veio meio correndo até ela, respirando pesadamente. — Foi o salto reverso. — Ele havia acabado de saltar e, apoiando-se na barra com uma única mão, tinha girado o corpo 360° no ar.

— Tá, calma. Eu ainda estou tentando entender o salto do macaco.

Ele confirmou com a cabeça em dois movimentos rápidos.

— Os primeiros saltos são os mais difíceis de aprender, especialmente porque você ainda não tem os braços tão flexíveis. Mas depois vai ficando mais fácil entender os movimentos, suas mãos param de escorregar... Logo você pega o jeito.

— Espero que sim. Sabe, William?

— Hnm?

— Eu estou realmente gostando de treinar tudo isso... Eu nunca me senti tão bem, tão...

— Viva?

— É.

— É assim que eu me sinto. — Ele sorriu. — Acho que você está começando a entender.

Ela retribuiu o sorriso. Ele sustentou o olhar por mais um momento, depois se virou para ir até o lugar onde eles tinham deixado as garrafas d’água para tomar um gole. Ela o acompanhou e fez o mesmo. Ele esperou que ela fechasse a garrafa, limpando a boca no braço.

— E então? Pronta para tentar nosso pequeno circuito mais uma vez?

— Pronta!

Os dois se prepararam para correr, dobrando os joelhos.

— Três... dois... vai!

Eles saíram correndo, alternando os pés para um lado e para o outro, como se estivessem driblando jogadores de futebol invisíveis com uma bola também invisível. Depois, eles se abaixaram e começaram a andar de quatro rapidamente, “como se fossem aranhas aleijadas”, como William tinha dito. “Ou caranguejos bêbados”, como Emily definiu. Na sequência, eles saíram do gramado e, chegando no parque propriamente dito, cada um agarrou uma barra, e eles começaram a ir de um lado para o outro, usando apenas os braços para suster o peso do corpo, isso por aproximadamente dez segundos. Depois, eles correram para as estranhas estacas de madeira que ninguém sabia ao certo para o que serviam e se equilibraram, saltando de uma para a outra com os dois pés...

Alguns minutos depois, eles finalizaram o circuito rolando três vezes para a frente na grama e se deixaram ficar deitados ali, de costas, com os braços e as pernas abertos como se fossem fazer anjos de neve. Os dois ofegavam muito e por algum tempo, ficaram só olhando o céu e tentando recuperar o fôlego. O sol logo ia se pôr. O clima de plena primavera estava agradável. Emily fechou os olhos, sentindo o coração batendo acelerado. A sensação era muito boa.

Pouco tempo depois, William tocou a mão dela levemente para chamar sua atenção. Ela abriu os olhos de uma vez. Ele estava sentado na grama ao lado dela.

— O que acha de fazermos um lanche juntos em algum lugar? Para comemorar o início da fase dois do seu treinamento?

— Tecnicamente, isso foi há uma semana... Mas tudo bem, eu acho ótimo! — Ela acrescentou, quando a expressão dele se decompôs.

— Hey... Agora você está blefando também? Mais um pouquinho, e vai ser mais humana que eu!

Ela deu um tapa de leve no ombro dele e se levantou. Ele se levantou com um salto, se exibindo. Ela percebeu:

— Convencido! Vamos lá! — Ela começou a correr em direção ao banco onde estavam suas coisas. — Quem chegar por último é a mulher do padre!

— Hey! — Ele começou a correr atrás dela.

~~ ♦ ~~

— Então, basicamente, eu acho que em duas semanas nós vamos poder sair do playground e começar a brincar como gente grande. — Ele sorriu de um jeito estranho. — Não pense bobagem.

— Que bobagem?

Ele riu pelo nariz, e seu sorriso se ampliou.

— Almas...

— Não, do que você está falando?

— Nada, só... Piada interna de humano.

— Eu pensei que você tivesse dito que ia me ajudar a entender o que... William! — Ela deu uma cotovelada nele. Ele riu de novo.

— Ai! Então você finalmente entend...?

— Não! Olhe! — Ela apontou.

Mais adiante, na calçada, um homem estava sentado com os cotovelos apoiados nos joelhos e uma expressão desolada no rosto. William acelerou o passo para lá, e Emily o seguiu.

— Boa noite! O senhor está bem? Aconteceu alguma coisa?

O homem se virou para olhá-lo, e William percebeu o círculo prateado em seus olhos. O hospedeiro aparentava ter já seus cinquenta e poucos anos, a julgar pelo grisalho de seus cabelos e pelas rugas que começavam a se espalhar por seu rosto. Os olhos tinham o tom mais pálido de verde que William já havia visto. Ele vestia um terno que parecia ligeiramente apertado demais, e havia uma maleta preta a seu lado, na calçada.

— Boa noite! Não, está... Está tudo bem...

— Tem certeza? — Emily perguntou, num tom preocupado. — O senhor parece tão triste... Por que está sentado aqui na calçada desse jeito?

— Ahaha! Não, eu juro, eu estou bem... É só que... Eu esqueci a chave de casa e minha esposa saiu e trancou a porta. Agora estou preso do lado de fora até ela voltar. — Ele balançou a cabeça. — É meio embaraçoso.

— Não é! Poderia acontecer com qualquer um, não é, William? — Quando ela se virou para olhá-lo, ele estava encarando a fachada do bloco de apartamentos, que se espremia entre um prédio comercial cinzento e outro. — William?

— O senhor mora aqui? — Ele se aproximou para tocar a parede de tijolinhos, como se avaliasse sua textura.

— Sim.

— Em qual apartamento?

— O do terceiro andar. Aquele com a cortina azul-claro. Por quê?

— A janela está aberta.

— Verdade? — O homem se levantou. — Céus! Eu me esqueci disso também! Ainda bem que não choveu, ou Magnólia Cintilante ia me matar! Figurativamente falando, é claro. — Ele acrescentou, quando Emily arregalou os olhos para ele.

— O senhor se lembra de onde deixou sua chave? — William perguntou, sem se deixar abalar.

— Sim, agora me lembro. Está em cima da cômoda, no meu quarto. Por quê?

Mas William não respondeu, já tirando a mochila dos ombros. Ele a entregou para Emily e esfregou as mãos, afastando-se da parede para olhar melhor para ela.

— William?

— Segure isso pra mim, Em, por favor.

— O que você vai...?

Antes que ela completasse a pergunta, ele correu de encontro à parede e, de alguma forma, conseguiu se agarrar a uma fenda que havia nela, e que nenhuma das almas havia notado. O homem arregalou os olhos enquanto observava William calmamente erguer a perna em direção a uma faixa protuberante que havia na parede, um detalhe da arquitetura do prédio, como um enfeite. William se esticou até conseguir firmar o pé ali, e depois foi rapidamente movendo as mãos mais para o alto, até conseguir se erguer e pôr o outro pé sobre essa faixa. Depois, ele começou a erguer mais as mãos, devagar, medindo a distância até a janela do segundo andar.

Emily apenas observava, prendendo a respiração e sentindo um pânico crescente. As palavras de William giravam na sua mente: “Sem paraquedas. Nem cabos, nem cordas. Só você e seu corpo e é a vida ou a morte”. Ela queria gritar, chamar o nome dele, mas estava com medo de desconcentrá-lo. Ele já havia chegado à janela do segundo andar, e agora estava esticando a perna para tentar subir no suporte de madeira que decorava a parte de cima da janela.

— Como ele faz isso? — O homem de terno olhava perplexo. Ele estava pálido, e Emily começou a se preocupar que ele passasse mal.

Quando ela olhou de volta, William tinha achado uma nova fenda na parede e estava se apoiando com um pé nela, o outro ainda na janela do segundo andar. Ele estava estendendo a mão esquerda para um fino encanamento de metal que passava na parte externa da parede poucos centímetros abaixo da janela do apartamento do homem. Era um detalhe feio, na verdade, e não devia fazer parte da estrutura original do prédio.

Emily observou, perplexa, quando William deu um pequeno impulso, quase como se fosse saltar. Ela gritou. No mesmo instante, ele agarrou o cano com uma mão e o usou como apoio para impulsionar rapidamente o pé para cima e se segurar no batente da janela. Quase imediatamente, ele estendeu a mão livre para se segurar ali também. Com agilidade e firmeza, ele se ergueu completamente e passou pela janela do homem. Por alguns segundos, ele desapareceu lá dentro, depois se virou e pôs a cabeça pela janela:

— Pelo amor de qualquer coisa, Em! Não grite assim de novo! Eu quase caí de susto!

Ela queria responder com alguma coisa sarcástica, mas não conseguiu pensar em nada, com o coração ainda batendo acelerado do jeito que estava. William deu um sorriso de canto para ela e desapareceu de novo no interior do apartamento.

O lugar era bem pequeno, como ele tinha previsto, mas aconchegante. Ele tateou pelas paredes até encontrar o interruptor e o acendeu. As paredes eram cobertas com um papel de parede de gosto duvidoso, mas estavam quase completamente forradas de retratos de tamanhos diversos. A maioria retratava um garoto que devia ser o filho do casal. Para a surpresa de William, ele também tinha círculos prateados em volta das íris. Crianças servindo de hospedeiras para almas estavam se tornando raridade.

Ele balançou a cabeça, obrigando-se a se concentrar na missão que o levou até ali e seguiu em frente em direção ao corredor estreito.

Lá embaixo, Emily ainda sentia o coração apertado, embora ficasse repetindo para si mesma que William estava bem e que tudo tinha dado certo. Ele estava demorando um pouquinho, mas era só porque não estava achando a tal chave, ele só... Ela parou de andar de um lado para o outro quando viu William saindo pela portaria do prédio, girando um pequeno chaveiro prateado no indicador. Ela correu até ele e, sem pensar, se atirou em seus braços:

— Will!

— Olha só! — Ele sorriu, passando os braços em volta dela também. — Finalmente aprendeu a falar meu nome direito!

— Você é completamente louco!

— Considerando o jeito que me conheceu, fico surpresa que tenha demorado tanto para perceber! — Ele a afastou delicadamente e se virou para o homem: — Obrigado por me avisar do gato e tudo o mais. — Ele estendeu a chave, e o outro pôde ver as marcas de unhadas no braço dele.

— O Sr. Patas fez isso?

— Está tudo bem. São só uns arranhões. Nada com que a gente não esteja acostumado, né, Em?

— Pois é! — Ela deu uma risadinha nervosa.

— Eu nem sei como te agradecer... William, não é?

— Will. — Ele apertou a mão que o homem estendia.

— Bem... Muito obrigado, Will! Mas o que foi aquilo que você fez? Você não é o Homem-Aranha disfarçado, é?

William riu levemente, sem muito humor.

— Não, não. Aquilo foi só um truquezinho bobo... Uma coisinha que eu faço de vez em quando nas horas vagas.

— Escalar prédios?

— Hnm... É.

— É um hobby um tanto... Inusitado.

— É o que dizem, não é? “Cada louco com a sua mania”! — William se virou para Emily: — Acho melhor nós irmos andando. A Jane* não fica aberta até muito tarde.

— A Jane? Têm certeza que não querem entrar e tomar um café comigo? Ou talvez um chá?

— Não, obrigado... Eu realmente quero que a minha amiga conheça a Jane. Ela vai gostar de lá. Obrigado. Tenha uma boa noite! — Ele começou a andar imediatamente a passos largos, e Emily quase teve que correr para acompanhá-lo.

— Boa noite! — Ela acenou rapidinho para o homem, que ficou olhando os dois se afastarem, parecendo meio desnorteado. Abaixando o tom de voz, ela segurou o braço do William, para fazê-lo desacelerar um pouco: — Will? É impressão minha ou você está fugindo daquele homem?

— Gratidão de almas. É uma coisa incômoda, exagerada demais. Ele ia falar obrigado trezentas vezes, me elogiar outras novecentas, me convidar para jantar e conhecer a esposa... — Ele estremeceu. — Além disso, o que esperar de alguém que dá o nome do gato de “Sr. Patas”?

Emily riu e concordou com a cabeça.

~~ ♦ ~~

A cafeteria Jane era um grande prédio de esquina de aparência feia, para o gosto de Emily. As paredes num tom escuro de cinza, combinadas com as linhas retas e sóbrias da arquitetura, davam ao lugar um ar deprimente. Parecia um presídio, ou talvez uma daquelas antigas fábricas sufocantes que existiam séculos antes da colonização. Além disso, havia aquele horroroso jardim vertical que descia pelas paredes que formavam a “quina” da esquina, num desenho estranho que destoava completamente do resto do prédio. De fato, não havia indicação nenhuma de que o lugar era a tal cafeteria que William tanto queria que ela conhecesse, e Emily já ia passando direto, quando ele a fez voltar.

— Aonde a senhorita está indo? — Ele sorriu, abrindo a porta de vidro para ela.

— É aqui?

— Não julgue antes de entrar. — Ele a empurrou delicadamente, fazendo-a passar pela porta.

O ambiente lá dentro era muito mais bonito. Ainda havia muito cinza, que ocupava 2/3 da altura das paredes, além do tampo das mesas e de detalhes como as luminárias e algumas prateleiras na parede esquerda. Mas pelo menos a cor contrastava com o branco límpido do resto do ambiente. O local era bem iluminado e o piso de cerâmica que imitava uma madeira escura dava ao conjunto todo um ar aconchegante. William guiou Emily até uma das mesas próximas à grande janela de vidro que ocupava quase toda a parede da direita.

Eles mal tinham se sentado, quando uma garçonete apareceu, sorrindo para os dois. Ela era humana e, Emily notou com uma pontada de inveja (sentimento totalmente estranho para ela), muito bonita.

— Boa noite! Os senhores já têm um pedido em mente?

— Boa noite! Bom... É a primeira vez que Em vem aqui, então eu acho que vou deixá-la escolher primeiro.

— Sempre um cavalheiro, Will. — A garçonete sorriu ainda mais para ele, e Emily sentiu algo estranho ao ouvi-la chamando pelo nome... Pior, pelo apelido.

— Vocês se conhecem?

Os dois trocaram um olhar significativo e riram de leve.

— Ah, bem, você sabe... Vida. — William fez pouco caso, desprezando o assunto com um gesto desinteressado. — E aí, você vai escolher, ou não? Eu estou com fome, e Sonho-de-uma-noite-de-verão não tem a noite inteira! — Ele se virou para a garçonete e piscou para ela: — Já comentei que eu adoro o seu nome?

— Um milhão de vezes.

— “Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isto não tem muita importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado”**. — William citou, numa voz profunda, ainda sorrindo para a garçonete.

Ela riu e revirou os olhos para ele, passando a mão por uma de suas longas marias-chiquinhas loiras. Emily se mexeu inquieta e ergueu o cardápio na frente do rosto com uma irritação crescente.

— Eu vou querer duas torradas de pão integral com manteiga e geleia caseira, por favor. — disse, entredentes, escolhendo o primeiro item vegetariano que viu na lista. Depois, com surpresa, percebeu que todos os itens eram vegetarianos. E alguns pareciam bastante bons. Mas era tarde para mudar o pedido. — E... Um cappuccino para beber. — Ela afundou na cadeira, tentando absorver a informação.

— E eu vou querer o sanduíche de ovo de sempre, com pão integral, molho de tomate e queijo cheddar. Muito queijo cheddar, transbordando. Você sabe.

A garçonete rabiscou o pedido dele no bloquinho que carregava e passou delicadamente o lápis pelo queixo dele, fazendo-o olhar para ela:

— Ah, sim, eu sei do que você gosta... — Ela mordeu o lábio cheio de gloss cor-de-rosa.

— Você é mesmo um sonho. — Ele respondeu.

Ela riu de leve:

— Sabe quantas vezes eu ouço essa cantada por dia? Mas só você sabe fazer direito.

William apenas sorriu com falsa modéstia.

— E para beber? Não vai querer nada?

— Você sabe do que eu gosto. — Ele piscou para ela.

Ela rabiscou alguma coisa no bloquinho e se afastou sem dispensar um olhar sequer para Emily. William ficou observando-a até que Emily lhe deu um chute na canela.

— Ai!

— Desculpe. Não foi... — Ela mordeu o lábio, incapaz de mentir e dizer que não foi de propósito. — O que foi aquilo?

— “Aquilo” o quê?

Emily apenas fez um gesto impaciente na direção em que a garçonete tinha desaparecido.

— Ah! Aquilo? Outra coisa humana. Se chama “flertar”.

— Eu sei o que é! — Ela fechou a cara para ele. — Almas também sabem flertar!

Ele ergueu uma sobrancelha para ela:

— Ah, sabem, é?

— É! — Emily respondeu num ímpeto, sem pensar. Depois, quando William ficou olhando para ela, como se esperasse alguma coisa, ela sentiu-se corar intensamente, adivinhando lentamente o que ele devia estar pensando. Agindo rápido, ela pegou o cardápio de novo, como se quisesse estudá-lo melhor. — E-Então... Este lugar é uma cafeteria vegetariana, ou coisa assim?

William sorriu, parecendo se divertir.

— Ou coisa assim. Você gostou? Desde que você disse que era vegetariana, eu estava procurando uma oportunidade para te trazer aqui. Achei que seria legal ter um monte de opções, em vez de uma ou duas, para variar.

— Eu... Sim. Sim, eu... Gostei muito. Obrigada!

William bufou e se recostou na cadeira, inclinando-a para trás de um jeito que antes teria deixado Emily ansiosa, mas não mais. Ele cruzou os braços:

— Por que será que não estou convencido?

— Não! Sério, Will! Eu adorei o convite... Obrigada, você é muito... Muito gentil.

— Gentil.

— É! Quero dizer, é muita consideração sua, pensar no meu vegetarianismo e aí...

William assentiu, e ela se calou. Ele ficou olhando para o outro lado, parecendo pensativo. Emily seguiu o olhar dele. Naquele canto, havia uma parede num tom vibrante de azul, com o desenho de enormes flores cor-de-rosa com detalhes em vermelho e verde. Péssimo gosto, se perguntassem a opinião dela.

Um silêncio estranho se estabeleceu na mesa. Pouco depois, a garçonete voltou, toda sorrisos, trazendo os dois pedidos deles em uma única bandeja. William mal olhou de relance para ela:

— Obrigado, Vera.

Emily observou enquanto o sorriso da garota se desfazia, e ela se afastava num andar um tanto menos desfilado. William pareceu nem notar, já pegando o sanduíche com as mãos mesmo, ignorando o garfo e a faca que tinham vindo com ele. Emily pegou um guardanapo e estendeu a mão para sua torrada, pensando em como superar aquele clima estranho.

— Então... — Ela começou, depois de um tempo. — Aquilo que você fez lá, no apartamento... Aquilo foi parkour? Foi impressionante!

Para o alívio dela, William sorriu, ainda que sem mostrar os dentes, já que ele estava com a boca cheia de queijo cheddar. Ele balançou a cabeça negativamente e fez sinal para que ela esperasse ele engolir. Ela assentiu e levou a xícara de cappuccino aos lábios.

— Não. — William respondeu, por fim. — Aquilo foi buildering. Se bem que às vezes eu não separo muito as duas coisas.

Buildering?

— Outro esporte urbano. Escalada de edifícios... Ou de qualquer coisa construída pelo homem, cujo propósito não seja servir para a escalada. Basicamente, é como escalar uma montanha, só que não. Tipo... Você usa mais ou menos as mesmas técnicas. Mas adaptadas. E é mais difícil que escalar uma montanha, para ser sincero. Porque as paredes muitas vezes são regulares demais. Então você tem que pensar muito.

— Isso não é perigoso?

Ele apenas a encarou.

— Não é ilegal?

Ele revirou os olhos.

— Quantas outras formas de quase se matar você conhece?

Ele sorriu.

— Nem te conto.

— Vai me ensinar um dia? Buildering?

— Quem sabe? Mas primeiro, vamos nos concentrar no parkour, sim? Quem sabe mais para a frente, se a gente não morrer pulando daquele prédio, claro.

— Isso parece bom.

— Então está combinado.


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Notas finais do capítulo

* Jane é o nome de uma cafeteria localizada na Larkin Street, em San Francisco, Califórnia.

** Citação da peça “Sonho de uma noite de verão”, de William Shakespeare.
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Este capítulo tem muitos extras! Preparados?

*Primeiro, temos um vídeo com os saltos básicos do parkour, que William e Emily começaram a treinar no capítulo passado, e continuam agora: https://www.youtube.com/watch?v=-T4VZM2VyDg

*E temos também esse vídeo, em que um traceur mostra parte do circuito que as personagens fizeram no parquinho, neste capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=AMrbvFmKvJU

*Neste vídeo aqui, um traceur que também pratica Buildering fala (em inglês) sobre a diferença entre os dois esportes. Também dá para ter uma boa noção do que é o Buildering. As imagens são incríveis!: https://www.youtube.com/watch?v=nr4g280Fsu0

*E eu queria postar o menu da cafeteria Jane, mas o site deles está fora do ar, por algum motivo desconhecido. Então, tem o link da página do Facebook deles, para quem quiser dar uma olhada nos quitutes que eles têm por lá: https://www.facebook.com/Jane-on-Larkin-1470407173182945/



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