Le parkour: o percurso escrita por Andy


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Feliz Natal!! Tá bom, estou levemente atrasada. Mas a intenção é o que conta, ne? ;P
Na verdade, estou agendando este capítulo mil anos antes (dia 19/12), porque acho que não vou ter tempo de postar no dia certinho. Dia 30 é o dia em que eu faço uma faxina geral no meu computador, aí já viram, ne? Hahah!
Bom... E aí? Estão gostando da fanfic? Espero que sim! Neste capítulo, algumas respostas começam a surgir... Acho que vocês vão gostar! :3
Por favor, comentem! As opiniões de vocês são muito importantes para mim!
E... Acho que nos vemos no ano que vem! Até lá! Ah! E Feliz Ano Novo, levemente adiantado! Hahah! Espero que o 2016 de vocês seja absolutamente incrível! ♥



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Na manhã seguinte, as pernas e os ombros de Emily doíam de um jeito que ela nunca havia sentido antes. William tinha lhe avisado que isso aconteceria, mas sugeriu que ela não tomasse um Corta Dor. Ele disse que aquela dor era boa, que fazia parte do treinamento. E de ser humana. Bom, ela não tinha mais tanta certeza assim de que queria ser humana.

Quando o despertador tocou pela terceira vez, ela se forçou a sair da cama, gemendo levemente a cada pequeno movimento que fazia. A base das costas dela doía também. William disse que isso aconteceria porque ela não estava dobrando os joelhos direito quando pulava. Maldita atterrissage. Ela engoliu rapidamente o pequeno comprimido de sabor amargo que já esperava do lado da cama e se apressou para escovar os dentes.

~~ ♦ ~~

William brincava com uma garotinha, fazendo castelinhos de areia, quando Emily chegou ao parque. Por alguns instantes, ela se viu diminuindo o passo para observá-lo. Ele sorria, falando alguma coisa num tom animado, enquanto a menininha segurava o baldinho de cabeça para baixo com uma expressão determinada, como se a vida dela dependesse daquela torre permanecer de pé. Emily sentiu um sorriso se espalhando pelo rosto e desejou poder tirar uma foto deles.

A menininha levantou o baldinho bem devagar, seguindo as instruções de William, pelo visto. Por um momento de expectativa, os dois ficaram apenas observando o montinho de areia, como se ele fosse desmoronar a qualquer segundo. Quando isso não aconteceu, a menina começou a bater palminhas, empolgada e William levantou o punho no ar como quem diz “oh yeah!”. Emily se aproximou, ainda sorrindo:

— Então esse é o seu chamado? Engenheiro de castelinhos de areia?

Ele levantou a cabeça e sorriu para ela:

— Oi, Em!

— “Em”?

Ele deu de ombros e olhou para a menininha:

— Desculpe, Chris. Eu preciso ir agora.

— Não, Will! — Ela o abraçou, parecendo querer chorar. — Não não!

Ele pôs a mão na cabecinha dela, fazendo carinho.

— Eu preciso... Mas eu prometo que se a gente se encontrar de novo, eu brinco com você outra vez.

— Não não! — Ela escondeu a carinha na camiseta verde dele e o apertou mais forte.

Emily ficou com pena:

— Tudo bem, William... Fica com ela, depois a gente...

— Não, Em. Você sabe que nós temos pouco tempo. A Chris entende, não entende, Chris? Ela é uma boa menina.

A menininha ergueu a cabeça para olhar para ele. Devia ter uns cinco anos de idade, talvez menos.

— Você vai esquecer de eu.

— Não vou!

— Vai!

— Não vou!

— Vai!

Emily sorriu de novo. Ele parecia uma criancinha, discutindo com ela. Chris cruzou os bracinhos, e ele imediatamente a imitou. Emily riu de leve. Ela se abaixou, apoiando as mãos nos joelhos, para falar com ela:

— Chris?

A menininha olhou para ela.

— William é um bom amigo, não é?

Chris olhou para ele. Ele fez uma careta para ela. Ela riu.

— É! O meu melhor amigo! — Ela o abraçou de novo.

— Então! Bons amigos não esquecem dos amigos!

Ela pareceu pensar um pouco, depois balançou a cabeça, confirmando. Depois, ficou olhando para Emily com uma expressão de curiosidade. Ela tinha olhos grandes e muito pretos, e cabelos encaracolados, enfeitados com uma fita azul brilhante.

— Você toma conta dele direitinho, moça?

William sorriu para Emily, divertindo-se com a ideia. Ela corou de leve, mas forçou um sorriso para Chris:

— Tomo, sim.

— Promete?

— Prometo.

Depois de abraçar William mais umas quatro ou cinco vezes, Chris finalmente deixou ele ir, depois que a mãe dela, uma alma bonita de pele escura e cabelos encaracolados como os da filha, lhe prometeu um sorvete de banana. William e Emily ficaram acenando para a garotinha até ela virar a esquina. Então ele se virou para ela, com um largo sorriso no rosto:

— Então você vai tomar conta de mim?

— Aparentemente. — Ela deu língua para ele.

Ele balançou a cabeça de leve, ainda sorrindo.

— Você já conhecia essa garotinha?

— Nunca vi na vida. Mas sabe como são as crianças.

— Você parece ter jeito com elas.

— É, sei lá. — Ele deu de ombros. — E como você está se sentindo?

— Um caco.

— Ótimo. Isso é muito bom.

— Obrigada.

— Muito bem. Você se lembra do que eu te expliquei ontem?

— Aham. Antes de aprender a voar, um piloto deve aprender como pousar. Da mesma forma, antes de aprender a saltar, um traceur precisa aprender a cair. E existem duas formas básicas de cair no parkour: a atterrissage, que é quando você simplesmente... cai sobre as duas pernas...

— Você não “simplesmente cai”. Você precisa dobrar bem os joelhos, usá-los como se fossem molas para amortecer a queda.

Ela revirou os olhos para ele.

— Estou falando sério, Em. Não me faça fazer você dançar funk brasileiro até aprender a dobrar esses joelhos direito!

— Dançar... O quê?

— Nada. Não pesquise isso no Google.

— Ok... — Ela passou as mãos pelo rabo-de-cavalo, desconcertada. William a confundia muito.

— E o segundo tipo de queda...?

Roulade. Rolamento. Quando você cai e imediatamente usa o ombro ou as costas para rolar e amortecer a queda. E destrói sua blusa. Especialmente se ela for branca.

William sorriu e confirmou com a cabeça.

— Muito bem. Você se lembra da teoria. Agora vamos ver a prática. Aquecimento, alongamento, aquecimento de novo.... — Ele estendeu a mão na frente dela e foi levantando um dedo a cada passo. —... e depois, saltando! — dizendo isso, ele se sentou na grama, recostando-se contra o tronco da árvore que tinha usado como apoio no dia anterior.

— Ei! Você não vai se alongar?

— Nah! Eu não vou ficar pulando igual um sapo e rolando igual um tatu-bola, então não tem por quê.

Ela bufou e deu as costas para ele para conter a irritação. Ele apenas sorriu e ficou observando-a. Aquelas calças de ginástica pretas lhe caíam bem, e a camiseta azul era muito mais apropriada para o esporte do que a blusa do dia anterior. As munhequeiras, ele não se lembrava de terem comprado no dia anterior. Talvez ela tivesse comprado antes de ir encontrá-lo. Mas ele decidiu não comentar. Provavelmente, era só estilo. Coisa de garota.

— Mais alto! — Ele bocejou, sorrindo quando ela lhe lançou um olhar furioso.

~~ ♦ ~~

No terceiro dia de treinamento, William fez com que Emily começasse a saltar do assento do banco de pedra para a grama. No quinto, ele tentou convencê-la a saltar da casinha principal do playground, que devia ter um metro e meio de altura, mas ela se recusou, assustada. Só no sétimo dia que ele conseguiu convencê-la, a muito custo.

— Vamos lá, Em! Você me viu! Eu ainda estou vivo!

— É, mas...

— Eu estou falando: é só você não mergulhar de ponta na areia, que vai dar tudo certo. Lembre-se do roulade. É a mesma coisa.

Ela hesitou.

— Se você tem medo de saltar de um brinquedo que é mais baixo que você, como vai ter coragem de saltar de um prédio?

Ele tinha razão. O teto da casinha de madeira era tão baixo que ela teve que se agachar para atravessá-la, e agora se equilibrava desajeitadamente na pequena “varanda” que tinha ali. Mesmo assim, ela não conseguia se convencer a saltar. Por mais patético que fosse.

— Vamos fazer o seguinte... — William sugeriu. — Você salta, e eu te pego. Igual eu fiz com a Chris ontem, lembra?

Emily se lembrava, é claro. A mãe da garotinha quase tinha tido uma síncope quando a viu pulando. O pai, que era tão humano quanto William, queria bater nele. E foi difícil as duas almas, Emily e Sonho Chamejante (a mãe de Chris), convencerem-no de que tudo tinha sido uma brincadeira inocente. O fato de a garotinha ficar chorando e gritando “De novo! De novo!” não tinha ajudado muito.

— Pra quê?

— Só para você ver que não é tão assustador assim. E depois você tenta uma atterrissage, que é menos assustador que o roulade.

Ela ficou olhando para ele, em dúvida.

— Não precisa ter medo. — Ele estendeu os braços no ar. — Ou pressa. — Ele fez um gestou afirmativo com a cabeça, tentando lhe passar segurança. — Eu estou aqui.

Ela olhou para ele por mais um momento. A expressão no rosto dele... Ele parecia tão confiante... E a forma como os olhos dele eram intensos nos dela. Ela simplesmente não podia desapontar aqueles olhos. Ele vinha mesmo sendo muito paciente com ela. E apesar das piadinhas, ele também era gentil e cuidadoso. E sempre parecia muito chateado quando ela se machucava, ainda que fossem apenas uns arranhões e esfolados, que ele levava menos de um minuto para curar, com sua bolsinha de primeiros-socorros.

Ela fechou os olhos e respirou fundo, sentido algo estranho no peito. Era como se algo a estivesse aquecendo de dentro para fora. A sensação era boa. Ela abriu os olhos e, sem se dar a chance de hesitar novamente, pulou.

Menos de um segundo depois, ela sentiu-se envolver pelos braços quentes de William. Ele cambaleou para trás, empurrado pelo peso dela, mas logo recuperou o equilíbrio. Então ela sentiu quando ele estreitou os braços ao redor dela, num abraço. Isso a surpreendeu, e ela ficou parada ali, sem saber como reagir. Quando ele falou ao ouvido dela, ela não precisava olhar para saber que ele estava sorrindo:

— E então... O que me diz?

Por um momento, ela não disse nada. Então, um sorriso se espalhou por seu rosto, e ela se afastou para olhar para ele:

— De novo! — Ela fez vozinha de criança, imitando a pequena Chris. — De novo! De novo!

William riu alto e a puxou de novo para seus braços. Emily congelou no lugar.

— Uh... Não era disso que eu estava falando.

Ele riu de novo.

— Eu sei! — Ele não a soltou.

— Uh... Tá. Tá bom... E agora o quê?

Ele a afastou, e ela viu que ele ainda sorria:

— Agora você vai saltar sem mim aqui em baixo... E depois nós vamos praticar alguns roulades ali no gramado... E acho que você está pronta para a fase dois.

— “Fase dois”?

Ele gostou de ver o brilho nos olhos dela.

— Um outro parquinho... Só que maior.

~~ ♦ ~~

Quando William chegou ao playground novo, Emily já estava lá, fazendo polichinelos. Ele sorriu e se aproximou dela já fazendo polichinelos também, como se tivesse feito isso o caminho todo. Na verdade, pareceu mais uma bailarina que qualquer outra coisa. Emily olhou para ver quem era o maluco, e riu, parando o exercício. William continuou:

— Parou por quê?

Ela riu de novo, e ele também parou, sorrindo e ligeiramente ofegante.

— Oi! — Ela se adiantou para dar um beijo no rosto dele.

— Oi! Você parece empolgada.

— Fase dois! — Ela levantou o polegar para ele.

— Muito bem... Espero que você tenha reparado que este lugar aqui não é para crianças. — Ele falou num tom tão sério que ela parou de sorrir.

— Bom... Sim. Reparei.

Ela olhou em volta de novo, passando o dedo nervosamente por dentro da munhequeira preta que sempre usava nos treinos. O lugar era enorme, na verdade, e não havia crianças pequenas ali. Havia muitas barras para se pendurar, uma parede para escaladas, uma estrutura bem grande em que se podia entrar e correr, argolas para se pendurar, e até uma pista de skate, mais adiante. Tudo isso em tons de azul e amarelo. O lugar parecia ter sido repintado recentemente, inclusive.

— Eu gosto muito deste lugar. Foi aqui que aprendi quase tudo o que sei de parkour. — Ele se aproximou dela e, pondo casualmente o braço sobre os ombros dela, a fez girar no lugar, apontando. — Gosto daqui porque tem tudo de que precisamos... Barras... Mesas... E uma boa parede.

— Há quanto tempo você treina, William?

— Desde os dezesseis anos.

Ela o encarou com uma expressão vazia. Ele revirou os olhos.

— Eu tenho vinte e quatro agora.

— Nossa! Então... São quase dez anos!

Ele assentiu.

— E por falar em tempo... Eu preciso te perguntar: quando acaba sua licença do trabalho, Em?

Ela desviou o olhar imediatamente olhando para o chão.

— Uh... Ela... Ainda vai demorar um pouco... Não se preocupe com isso. — Ela forçou um sorriso. — E as suas férias?

— Ainda vai demorar um pouco. — Ele repetiu. — Quero ver se nós saltamos no último dia.

— Dois meses de férias? O que você fez? Torturou o seu chefe?

— Eu não torturo pessoas! Está sugerindo isso só porque eu sou humano? — Ele olhou para ela fazendo sua melhor cara de ofendido.

— Não, me desculpe, eu não quis...! — Ela parou quando ele começou a rir. — William!

Ele deu língua para ela.

— Vamos lá! Aquecendo!


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Notas finais do capítulo

Este capítulo na verdade não tem notas de rodapé... E nem extras! Que coisa, não? Vocês sentiram falta? E da foto no início do capítulo? Ou não fez diferença? Comentem! :)



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