I do, i need you. escrita por hollandttinson


Capítulo 9
Why not.


Notas iniciais do capítulo

Olha quem está de volta bem antes do que vocês imaginavam! A minha internet não voltou, mas eu arranjei uma internet nova, que não funciona sempre, mas está funcionando agora, então vamos aproveitar para deixar um capítulo novo e lindo para vocês! Espero que vocês gostem, porque em breve as coisas vão ficar um pouco diferentes(suspense no ar!). Ps: Quem não gosta da narração do Peeta, mil perdões, mas eu achei que os dois capítulos deviam ser narrados por ele, e assim o fiz.



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NARRAÇÃO: PEETA MELLARK.

Quando eu bati na porta de Katniss, as minhas mãos estavam tremendo, eu estava mesmo morrendo de vergonha do que aconteceu na minha casa. Parte de mim estava se divertindo com a expressão dela, a mesma parte que lembrava de uma pequena brincadeira que eu fiz na primeira arena, quando ela estava lavando as minhas roupas no rio. E a outra parte, a parte mais sensata, eu acho, estava pensando no quanto isso tinha sido imprudente e desrespeitoso. Tudo bem que era a minha casa, e que foi ela quem entrou sem avisar, mas se a toalha tivesse caído? Deus, estaríamos numa situação péssima, e com certeza ela não ia mais querer fazer nem um panfleto comigo, quanto mais um livro.

Ela demorou pra abrir a porta, e quando ela olhou para mim, seu rosto estava vermelho, muito vermelho, o que me prova que o constrangimento não foi só meu. Ela saiu e me deixou entrar sem dizer nada, se sentando no sofá, encolhida, com Buttercup ao seu lado. Uma mesinha estava no meio da sala, vazia, provavelmente para que eu coloque os papéis e os pincéis. Ela apontou para uma almofada que estava no chão, eu sentei sobre ela e olhei ao redor, mais para não olhar para ela do que por qualquer coisa.

— Está muito escuro aqui, posso abrir as cortinas? Não estou acostumado com a pouca luminosidade na hora de pintar.- Eu disse rapidamente. Ela concordou com a cabeça nervosamente, dando de ombros em seguida. Eu me levantei e fui até as janelas, tirando as cortinas e deixando o sol entrar, eram quase quatro e meia na tarde, estávamos um pouco atrasados.

Eu me sentei novamente e ela literalmente jogou fotos para mim, fotos de pessoas que eu conhecia. Tinham fotos da mãe dela, do pai, da irmã, de Madge, a filha do prefeito, fotos dela, e fotos minhas.

— Onde você conseguiu isso tudo?- Perguntei, olhando para as fotos e começando á colocá-las nas folhas, vendo qual era o melhor ângulo para elas ficarem, me concentrando em não olhar para ela.

— Eu tinha todas em casa... A sua eu tenho porque eu tinha que ter uma foto sua no meu quarto, uma vez alguém da Capital veio aqui e pareceu achar estranho que eu não tivesse, então Haymitch me mandou ter. Não sei quem tirou essa foto.- Ela disse, sua voz estava muito nervosa. Eu mordi o lábio inferior, eu estava sorrindo, parecia uma foto de papparazzi. Dei de ombros.

— Quer me colocar no seu álbum? Porque?- Perguntei, erguendo uma sobrancelha para ela, que ficou vermelha. Ela ainda vai ficar constrangida por um bom tempo, fiz uma careta.

— Eu pensei em fazer um álbum em conjunto. Acha que Haymitch vai se importar em se juntar á nós dois? Quero dizer, quando começarmos á falar de você, sua foto vai estar no começo, porque é sobre você. Precisamos de uma de Haymitch.- Ela disse, seu rosto foi ficando normal com o tempo, e seu corpo mais relaxado, fingi não notar a diferença.

— Acho que Haymitch vai fazer qualquer coisa que não o faça enlouquecer, acho que ele está tentando de verdade... Ser alguém, sabe?- Eu falei, pensando nos gansos. Ela concordou com a cabeça, e eu pensei que ela achasse a mesma coisa. Dei de ombros.

— Vamos começar?

Usamos cola branca para colocar uma foto da Katniss, era uma foto de jornal, ela estava vestida de tordo, é claro que preferíamos que fosse uma foto mais pessoal, mas Katniss disse que era melhor que ela tivesse lembranças desses momentos também, mesmo que isso fosse doloroso. Perguntava-me o porquê de ela fazer isso, quem veria? Ela queria algo para ocupar a mente? Um dia acabaríamos esse livro, e o que ela faria? Se afundaria na depressão?

Ao lado de sua foto, colocamos sua personalidade. Katniss Everdeen, idade, nome dos pais, nome da irmã, ocupações, enfim, tudo o que ela lembrava. Ela me pediu pra escrever, disse que a minha letra era mais bonita. Quando acabamos o seu perfil, ela estava analisando delicadamente, com atenção, enquanto eu preparada uma folha nova para o próximo perfil. Olhei para ela.

— Algum problema?- Perguntei, ela balançou a cabeça, me entregando a foto. Seu rosto era perturbado.

— As duas pessoas não parecem a mesma pessoa, e nenhuma das duas se parece comigo.- Ela disse baixinho, como quem confessa, inclinando a cabeça gentilmente sobre o próprio joelho, olhando para mim de forma gentil, apesar de triste. Eu suspirei, analisando a folha.

Definitivamente, aquela foto não parecia a Katniss. É claro que a Katniss era uma pessoa forte, mas será que ela ainda é? A Katniss que está na minha frente ainda tem o cabelo da mesma cor, os olhos da mesma cor, o mesmo formato do rosto da garota da foto, mas o que sobrou da garota da foto além dos aspectos físicos? E quanto á personalidade? O que Katniss era realmente? Será que algum de nós dois pode descrever? E o que a garota da foto e a garota que descrevemos tem realmente em comum uma com a outra além do nome? E o que tudo isso tem a ver com a garota na minha frente? Suspirei.

— Quer fazer de novo?- Perguntei e foi a vez dela suspirar. Katniss afastou o rosto do joelho, esticou o braço e tocou em um pincel, dando de ombros.

— Vamos fazer sobre outra pessoa, depois voltamos para mim.- Ela disse, me dando o pincel. Eu sorri e concordei com a cabeça, pegando o pincel entre os dedos.

— Quer começar com quem?- Perguntei, ela suspirou.

— Seneca Crane.- Ela disse e eu ergui uma sobrancelha para ela, era uma escolha no mínimo peculiar. Ela fez uma careta.- Ele começou tudo isso, se não fosse por suas decisões precipitadas, nada disso aconteceria agora.

— Não sei se agradeço ou me enfureço.- Eu disse, fazendo uma careta de confusão. Ela concordou com a cabeça e pegou um papel.

— Eu vou escrever o que eu me lembro do perfil dele aqui, enquanto você o pinta, lembra-se do rosto dele?

— Sim.- Eu disse, pegando um pouco de tinta preta com o pincel. Olhei para ela, que sorriu um pouquinho.

— Depois você passa tudo pra aí.- Ela disse, apontando para o papel que ela anotava. Eu concordei com a cabeça, voltando ao meu trabalho. Ela terminou rapidamente o que escrevia, e ficou me observando pintar, no começo foi constrangedor, mas depois eu estava tão completamente envolvido com a pintura, e com a aura boa que pairava sobre nós, que não me importei em ser observado. Terminei de pintar Seneca e ela sorriu para mim quando levantei a cabeça.

— O que você acha?- Perguntei, apontando para a pintura. Seus olhos brilharam quando ela sorriu mais abertamente para mim, cada pedacinho de dentre á mostra, aquele sorriso sincero era para mim, só para mim. Nenhuma câmera, ninguém para o qual se deve provar algo, era tudo para mim. Eu suspirei aliviado, apreciando a minha própria felicidade.

— Perfeito.- Ela disse, sua voz declarava toda a admiração pelo desenho, ou por mim, talvez um dia eu descubra. Peguei o papel com o perfil que ela tinha feito, analisando cada detalhe. Ela escreveu tudo com tanta falta de sensibilidade, um robô faria igual. Ela percebeu que eu não gostei e fez uma careta.- Sou péssima nisso.

— Não é isso que eu quero dizer, é só que... Ele, de certa forma, ajudou á nos manter vivos, mesmo que não tenha sido essa a sua intenção... Acho que a gente podia colocar ele aqui com um pouco mais de... Decência.- Eu procurei as palavras certas, ela concordou com a cabeça.

— Não sei fazer isso, Peeta.- Ela disse. Eu concordei com a cabeça, peguei um papel e escrevi tudo o que ela tinha escrito, só que dessa vez, como alguém que realmente se importa com o fato de ele ter corrido perigo para nos manter vivos, e mostrei á ela, que sorriu.- Acho que você pode fazer tudo sozinho agora.- Ela riu, eu balancei a cabeça.

— Não vou conseguir fazer nada se você não estiver comigo.- Eu disse, e percebi o quanto as minhas palavras eram sinceras, assustado com isso. Ela pareceu perceber que eu estava falando sério, e que eu não me referia apenas ao livro. Katniss mordeu o lábio inferior e suspirou, eu percebi seu desconforto e comecei á escrever o novo perfil de Seneca Crane ao lado da sua pintura. Ouvimos um barulho na porta, alguém estava entrando, eu fiquei assustado, mas Katniss balançou a cabeça.

— Deve ser Greasy Sae.- Ela disse, e se ela não se importava, eu também não. Greasy entrou com uma vasilha de comida para Katniss, e quando me viu aqui seu sorriso se abriu enormemente, eu sorri de volta, provavelmente não na mesma intensidade, acho que ninguém sorriria tão aberto como ela sorriu agora. Katniss revirou os olhos.- Boa noite.

— Boa noite! Estou atrapalhando?- Sae perguntou, já dando passos para trás. Katniss se levantou rapidamente.

— Na verdade, minha barriga já estava começando á roncar.- Katniss disse, indo na direção de Greasy Sae e espiando para saber o que tinha dentro do pote. O cheiro era de frango, e Katniss olhou para mim sorrindo.- Você janta comigo, Peeta?

— Na verdade, eu não estou com muita fome.- Eu disse, e era verdade. Eu realmente não estava com fome, mas Katniss pareceu não acreditar em mim, então olhou para Sae e pediu que ela dividisse a comida em dois, fiz uma careta.- Não faça isso, Sae! Katniss já se alimenta muito mal para que eu lhe roube o pouco que tem.

— Tem o suficiente para os dois, querido. Eu sempre faço o dobro de comida, pois ela almoça o que come no jantar, já que não posso vir aqui á tarde.- Greasy sorriu animadamente, indo na direção da cozinha. Katniss voltou para o meu lado, se sentando mais perto do que estava antes, seu rosto estava feliz novamente, e eu percebi que ela realmente gostava dessa senhora.

— Tem certeza de que quer que eu coma com você? Digamos que eu tenha um apetite um pouco maior do que o seu na hora do almoço.- Eu fiz uma careta, Delly sempre levava muita comida para a minha casa, e eu sempre comia muito bem. A ideia de comer ¼ do que eu estava acostumado não me deixou muito feliz, mas a ideia de comer com Katniss era, no mínimo, a mais feliz da noite. Ela deu de ombros.

— Tudo bem, ainda tem pão aqui, do que você trouxe de manhã, a gente pode comer, caso um dos dois sinta fome depois.- Ela disse, sentando na mesma posição de sempre: pernas dobradas para cima, rosto encostado no joelho, olhando para mim com o rosto inclinado para o lado, apelativamente linda e jovial.

— E mesmo assim, o que você vai almoçar amanhã?- Eu perguntei, erguendo uma sobrancelha para ela, que fez uma careta. Claro que ela não tinha pensado nisso, nem mesmo se importava. Balancei a cabeça.- Sério, eu posso ir até a minha casa e procurar alguma coisa para comer, amanhã a gente continua.- Eu disse, começando á me levantar, triste por ter de fazer isso. Ela segurou meu braço quando eu fiquei de joelho no chão, me segurando no lugar.

— Isso é patético, Peeta! Eu posso pedir pra Greasy me trazer mais comida no café da manhã de amanhã, e deixar para comer no almoço. Ou comer seus pães no almoço, você sempre traz mais do que eu posso comer mesmo.- Ela deu de ombros, eu sorri. Ela queria que eu ficasse, a sua voz irritada pela minha insistência por ir embora me dizia isso. Meu coração estava tão feliz e satisfeito, que eu não ousei discordar, me sentei novamente.

— Está tudo pronto, Katniss. Vocês querem jantar aí ou vão jantar na mesa?- Greasy perguntou, ainda estava sorrindo quando a vimos, e Katniss mais uma vez revirou os olhos para o seu sorriso presunçoso.

— Vamos para a mesa, obrigada.- Katniss disse, ficando de pé, eu fiz o mesmo. Sae nos seguiu até a mesa de jantar, dois pratos estavam lá, eu olhei confuso para Sae.

— Você não vai jantar com a gente?- Perguntei, ela negou com a cabeça rapidamente, fazendo Katniss revirar os olhos enquanto se sentava na sua cadeira.

— Meu trabalho é fazer Katniss se alimentar, e me certificar de que ela vai mesmo fazer isso.- Sae disse, dando de ombros. Eu concordei com a cabeça, é claro. Quem será que mandou Sae fazer isso? Foi a mãe dela? Acho que não, deve ter sido Paylor. Me sentei na outra cadeira, olhando para o arroz com legumes e o frango assado, na nossa frente, uma jarra de suco rosa.- É de que?

— Morango.- Katniss respondeu antes de Sae, ela estava sorrindo abertamente para mim.- Fui eu que fiz.- Ela parecia orgulhosa disso.

— Eu fiquei bastante surpresa quando vi o suco na geladeira, querida, parabéns.- Sae deu tapinhas no ombro de Katniss, ela parecia mesmo feliz pelo feito de Katniss, então eu percebi que não era normal ela fazer qualquer coisa. Não era normal ela ter alguém em casa, não era normal ela estar feliz ou animada, não era normal ela fazer sucos. Porque ela estava fazendo tudo isso agora?

— Deve estar maravilhoso.- Eu me apressei em dizer, Katniss deu de ombros e esticou o braço, colocando um pouco num copo e me dando. Eu bebi, estava mesmo muito bom.- Onde você consegue morangos tão bons?- Eu perguntei rapidamente, ela revirou os olhos.

— É claro que o maravilhoso cozinheiro vai prestar atenção nos morangos, e não na minha capacidade de fazer sucos maravilhosos.- Ela disse, mas não parecia incomodada. Eu dei de ombros.

— Perdão, é puro costume. O suco está maravilhoso, quando eu reabrir a padaria vou ver se consigo um emprego para você lá, seus sucos farão sucessos.- Eu disse, dando de ombros e colocando o copo no lugar. Katniss deu uma risadinha.

— Obrigada.- Ela disse, começando á comer um pouco do arroz. Eu comi também, estava tudo maravilhoso, não era tão gostoso quanto o que eu posso fazer, mas com certeza era melhor do que o que qualquer pessoa tenha feito, principalmente Katniss, que é uma péssima cozinheira.

— Estava maravilhoso, Sae.- Eu disse quando terminei de comer, ela sorriu para mim, agradecida. Katniss concordou com a cabeça e eu a vi pegando um comprimido e bebendo junto com o suco, ela percebeu minha expressão confusa e fez uma careta.

— Me ajuda á dormir.- Ela explicou, Sae concordou com a cabeça e eu também.

— Você tem muitos pesadelos?- Perguntei, ela suspirou, dando de ombros.

— O suficiente para me deixarem acordada por dias, ou semanas. Alguns dias são piores do que outros, mas ontem eu tomei esse trocinho pequeno, e a minha noite foi melhor do que o normal. Eles não são milagrosos, ainda tive alguns pesadelos, mas nada tão forte como em alguns dias.- Ela arregalou os olhos, eu tentava pensar sobre os pesadelos dela, mas os meus já são terríveis o suficiente, fiz uma careta. Olhei para Sae.

— Pode me dizer que remédio é? Vou falar com o meu médico para me mandar alguns, os que ele me mandou não são muito bons.- Eu fiz outra careta, Sae suspirou para mim, sua expressão assumiu um tom triste.

— São os mesmos que o seu, eu sinto muito.- Ela disse e eu tomei conta de dar de ombros rapidamente, escondendo a minha decepção. Fiquei de pé rapidamente, impedindo que Sae pegasse meu prato para lavar.

— Eu faço isso, obrigado. Pode voltar para a sua casa, vá cuidar da sua netinha, nós assumimos daqui.- Eu disse, pegando o prato de Katniss. Sae sorriu para mim.

— Obrigada.- Ela disse, se aproximando de Katniss, dando um beijo na sua testa de forma maternal e indo embora. Katniss veio até mim quando ouvimos a porta sendo fechada, ela não parecia querer me ajudar no trabalho de lavar a louça, mas eu não me importei. Ela ficou de pé, de braços cruzados do meu lado, me analisando.

— Por que você faz isso?

— O que?

— É legal com todo mundo, impede as pessoas de odiarem você.- Ela disse, como se isso fosse um tipo de pecado terrível. Eu ri, dando de ombros, ainda concentrado com a louça.

— Eu não sei, não faço de propósito, isso incomoda você?- Eu perguntei, erguendo uma sobrancelha para ela, que deu de ombros, olhando para outro lugar. Ela ficou em silêncio até a hora que eu desliguei a máquina de lavar pratos, e fui até o lugar onde guardamos a louça para secar.

— Você não tinha feito biscoitos?- Ela perguntou, estreitando os olhos. Eu estalei a língua, me lembrando disso. Eu tinha simplesmente esquecido dos benditos biscoitos, ela riu quando eu dei um tapa na testa.- Eu vou buscar para você. A porta está aberta?

— Não precisa, eu posso fazer isso.- Eu disse, secando as minhas mãos. Ela revirou os olhos.

— Você vai voltar para a sala e terminar de escrever o perfil de Seneca, eu vou até a sua casa e vou buscar os biscoitos. Relaxe, não vou roubar nada.- Ela brincou, piscando para mim. Eu revirei os olhos e deixei que ela fosse, me sentando e voltando á escrever o perfil de Seneca Crane.

A casa de Katniss é miseravelmente silenciosa, exceto pelo gato, que fica ronronando no sofá enquanto dorme, ou faz barulho enquanto come, fico pensando no quanto deve ter sido horrível nos primeiros dias, quando ela ficava aqui sozinha. Sem Prim, sem a mãe, sem o gato, sem mim... Dá pra entender o porquê de todo mundo viver preocupado com ela, com certeza ela tinha motivos pra ser uma pessoa afundada em depressão, suspirei. Ela era tão forte por superar tudo isso sozinha, quero dizer, ninguém a estava ajudando, ela simplesmente estava fazendo isso. Eu tinha coisas á fazer, eu tinha Delly, e tinha tudo o que pensar... Mas Katniss não tinha ninguém. E aqui está ela, superando tudo isso. Ela é a criatura mais forte do mundo. Dá pra entender porque ela foi escolhida para ser o tordo... Eu a seguiria onde ela fosse, mesmo que ela não fosse escolhida. Mesmo que ela morresse, eu acho que morreria junto.

Ela voltou com os biscoitos dentro um pote, que ela mesma deve ter colocado dentro. Ela colocou o pote em cima da mesa e pegou um, mordendo ruidosamente e revirando os olhos, demonstrando o quanto estava gostoso, eu ri, ela parecia uma criancinha. Concentrei-me em terminar o perfil de Seneca, mesmo com o barulho que ela fazia para comer, sem a menor vergonha. Quando acabei, peguei um biscoito e ele estava realmente bom.

— Acho que eu quem fiz ficar melhor.- Ela disse, metida. Eu revirei os olhos.

— Ah, com certeza.- Eu disse com sarcasmo, ela mostrou a língua para mim, esticando o braço para pegar a primeira página do seu livro, colocando-o dentro de uma capa dura verde, onde tinha escrito “Livro de recordações” com a letra dela.

— Vou buscar alguma coisa para beber acompanhado... Quer chocolate quente? Eu aprendi a fazer!- Ela disse animada, ficando de pé, assustando o gato no sofá, que miou e a fez revirar os olhos.

— Nós não vamos terminar isso nunca se você ficar parando á cada instante.- Eu disse, mas não estava reclamando, eu podia demorar nisso pra sempre. Ela fez uma careta.

— Eu não vou engasgar com biscoito, Peeta.- Ela disse, indo para a cozinha. Esperei-a voltar, mais uma vez analisando o quanto a sua casa era silenciosa e triste. Não que a minha casa esbanje felicidade, mas eu não me sinto desconfortável quando estou lá. Talvez seja apenas falta de costume meu, dei de ombros.

Ela estava demorando muito, então eu fui até a cozinha. Quando cheguei lá ela estava colocando os chocolates quentes dentro de duas xícaras, seu rosto estava um pouco sujo de chocolate em pó, mas ela não parecia perceber. Eu me aproximei sem ela perceber, quando ela se virou tomou um susto, mas não derrubou as xícaras, completamente controlada de suas mãos.

— Desculpa, eu não queria assustar.- Eu sorri gentilmente, ela suspirou aliviada, suspirando. Colocou a chaleira(que usou para fazer o chocolate quente) de volta na boca do fogão e esticou a mão, dando a xícara com chocolate quente para mim, começando á soprar o seu, para poder beber.

Eu estiquei meu braço, totalmente consciente dos meus atos, totalmente consciente do que fazia. Ela me encarou, eu a encarei enquanto a minha mão ia lentamente até o seu rosto, limpar o chocolate que estava ali. Eu engoli em seco quando percebi que ela não ia me impedir, ela não ia me mandar me afastar, não dessa vez. Eu queria tocar nela, eu queria tocar no seu rosto, queria saber se era real. Eu suspirei quando seu rosto estava livre de chocolate, e eu tinha que afastar a minha mão. Eu sorri para ela.

— Obrigado.- Eu disse. Eu agradecia por ela estar me deixando me aproximar, por ela não estar me afastando, por ela estar me dando a honra de estar perto dela agora, de compartilhar comigo esse momento. Ela sorriu minimamente, bebeu um pouco do chocolate quente e olhou para mim novamente.

— Não por isso.

(...)


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Notas finais do capítulo

Sempre imaginei que o Peeta não ia se responsabilizar por ser o motivo da recuperação da Katniss, pois ele sempre teve a imagem da Katniss forte, apesar de reconhecer suas fraquezas. Não sei se vocês pensaram da mesma forma, ou ao menos imaginaram, mas foi assim que eu fiz. | Capítulo grandezinho porque eu amo muito vocês, e amo mais ainda os reviews lindos que vocês deixam pra mim, e eu sei que vocês todos estão á cada capítulo mais emocionados pela proximidade deles dois, e do quanto as coisas vem avançando, porque eu também estou muito feliz. Enfim, até mais, nos vemos no próximo capítulo, ou nas reviews. Amo vocês.



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