I do, i need you. escrita por hollandttinson


Capítulo 22
So good.


Notas iniciais do capítulo

Tem alguém vivo aí?



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(Anteriormente...)

Quando cheguei na sala dei de cara com a última pessoa que eu queria ver agora.

Gale ergueu uma sobrancelha para mim quando me viu, ele me olhou de cima a baixo e eu conseguia ouvir seu cérebro maquinando ideias a respeito da minha pouca roupa. Engoli em seco, sentindo meu coração acelerar gradativamente. Não, agora não, hoje não. Não, não não.

(…)

Narração: Peeta Mellark.

A - terrível e angustiante – sensação de que seu corpo está passando por uma crise que se inicia em um ponto fixo. Você quase consegue olhar para ele, paralisado, rindo de você, dizendo o quanto você é fraco por sempre cair na mesma armadilha. Você encara e se pergunta porque não consegue se mover, e ao mesmo tempo agradece por não conseguir, pois talvez não teria controle sobre si mesmo.

Não existe nada pior do que não ter controle sobre si mesmo. É o seu corpo, são os seus pensamentos, sentimentos, movimentos... mas nada lhe pertence, de fato. Tudo lhe foi roubado. Não lhe resta nada além de lamentações.

Continuei olhando para Gale, enquanto a expressão se tornava séria e ele endireitava os ombros, firmemente. Gostaria de poder fazer o mesmo. Imagino como a minha expressão deve estar a de um gato assustado, sentia a minha postura extremamente defensiva.

— Peeta?- Ouvi a voz de Katniss bem próxima, e o olhar de Gale ser guiado para algo ao meu lado, só então percebi uma mão pequena e trêmula em meu ombro. Olhei para Katniss, o medo e ao mesmo tempo o pedido de desculpas nas suas feições. Medo, por achar que eu teria uma crise. Desculpas... não sei quais motivos ela teria para me pedir desculpas.

Respirei fundo e engoli em seco, retomando o poder pelo meu corpo emprestado, percebendo que não teria uma crise. Meu coração já batia normalmente, ajeitei a minha postura, e lhe dei um sorriso de lado. Então era sobre Gale que Effie dizia na carta?

— Está tudo bem.- Eu disse, levantando a minha mão, que também tremia, e acariciando o rosto dela. Mas a expressão dela não se suavizou. Mas foi bom ver que ela não se afastou diante da menção a minha mão levantada.- Eu preciso ir para casa agora, está bem? Vejo você depois.

— Não, fique.- Ela disse, segurando meu braço quando eu me movi. Vi Gale ficar impaciente, ela ignorou, mas eu não. Balancei a cabeça.

— Não, acho que Gale tem alguma coisa muito importante para falar com você.- Eu disse, sentindo todo o ciúme no meu tom de voz. Ela revirou os olhos e eu olhei para ele, que ergueu o queixo em superioridade. Quis revirar os olhos, mas apenas dei de ombros.- Aliás, bom dia.

— Bom dia.- Ele disse, de forma séria e pouco amigável.

Peguei minha roupa no sofá de Katniss e minhas malas e saí da casa, sem olhar para trás. A neve atrapalhava bastante na locomoção, mas depois de vários minutos tentando, consegui chegar até a porta da minha casa e abri.

A casa estava igualzinho a quando eu sai. Delly, como sempre, tinha sido impecável em seu favor. Fui até o quarto, desfiz as malas e tomei um banho quente, troquei de roupa e desci.

Tentei me manter o máximo ocupado para tentar não pensar em Katniss e Gale sozinhos naquela sala conversando sobre só Deus sabe o quê. E se eu voltei tarde demais? E se ele a tinha reconquistado? Não, Katniss não me beijaria ou dormiria comigo daquela forma se houvesse qualquer chance de ela e Gale terem um romance. Ela não é assim.

Alguém bateu na porta. Sabia que não era Katniss pois a batida era delicada demais. Fui até a porta e encontrei uma Effie irritadíssima, vestida com um enorme e volumoso casaco de couro branco, que mal aparecia em contraste com a neve. Seu cabelo loiro estava abaixo dos ombros e ela usava apenas um gloss rosa claro nos lábios, nenhuma joia. Abri um sorriso.

— Não sorria desse jeito encantador para mim, mocinho! Como você ousa chegar aqui e nem ao menos se dar ao trabalho de ir falar comigo? Espero esse tipo de atitude da desmiolada da casa a frente, mas não de você, Peeta! Estou totalmente desgostosa!- Ela dizia tudo isso com a sua voz fica e os braços cruzados, enquanto seus olhos enchiam de lágrimas.

— Perdão Effie, eu não tive a intenção. Eu cheguei cansado ontem, e fui até Katniss ver como ela estava. Cheguei em casa quase agora, tomei um banho e já ia te ver.- Eu menti. Ela estreitou os olhos e crispou os lábios.

— Eu só não vou fazer um escândalo porque está frio, e porque eu estava morrendo de saudade de você, meu menino!- Ela disse, enquanto o seus sorriso ia se abrindo e os braços também, sorri de volta e abracei Effie. Ela me balançou no abraço umas 3 vezes antes de me soltar, e apertar minhas bochechas, para só então, entrar.

— Vou fazer um chocolate quente para você.- Eu falei, enquanto fechava a porta, mas não sem antes dar uma olhada na casa de Katniss. Nenhum movimento aparente.

— Ficarei muito agradecida!- Effie disse, animada, sentada em meu sofá. Fui em direção a cozinha enquanto mantinha uma conversa com ela.

— E Haymitch, onde está aquele velho irritante?- Perguntei.

— Brincando com os bichos dele, que são tão irritantes quanto o dono. Ele colocou eles dentro de casa por causa do frio, disse que as penas deles estavam caindo por causa do frio. Estou bem perto de pedir para alguém matar um deles e comer no jantar.- Ela disse, eu ri, sem olhar para ela.

— Vejo que você e Haymitch estão se dando bem. Diferente de como era na época da Capital. O que mudou?- Me virei para encará-la e vi seu rosto ficar vermelho. Ela coçou a cabeça em um sinal singelo de nervosismo. Aguardei a resposta e ela simplesmente deu de ombros.

— Acho que era mais fácil para ele lidar com os Jogos se tivesse alguém para irritar com frequência, para extravasar as sensações e lembranças ruins que ano após anos os Jogos causavam nele... Agora que acabou, acho que nós dois passamos a nos ver como seres humanos de verdade. Passamos por tantas coisas juntos, tantos anos!- Ela suspirou, balançando  a cabeça com os olhos distantes, lembrando da época falada.- Seria ridículo não termos ficado íntimos depois de tudo.

— Quão íntimos?- Eu perguntei, cruzando os braços confortavelmente e erguendo uma sobrancelha para ela, que apenas deu de ombros e uma risadinha. Eu ri junto.- Você gosta dele, não é?

— Sim.- Ela suspirou, parecia um alívio falar isso em voz alta. Eu sorri.

— E ele é babaca demais?- Eu deduzi, mas deixei que parecesse uma pergunta. Effie deu uma risadinha nervosa e constrangida. Voltei-me para o fogão, para terminar de fazer o chocolate quente.

— Ele está bem melhor do que antes, sabe? Ele não bebe tanto, ele dorme mais, e os gansos ajudam ele a não ficar parado. Fico feliz em ver todos vocês se recuperando. Não imagina a imensa culpa que sinto por tudo o que causamos a vocês.- Dava pra sentir a culpa no seu tom de voz, eu apenas dei de ombros, em momento nenhum culpei Effie por coisa alguma. Desliguei o fogo e coloquei o conteúdo em duas xícaras, voltando para o sofá e lhe entregando, com um sorriso calmo nos lábios.

— Não se preocupe com isso. Nós não culpamos você.

— Ele me culpa. Ele me culpou durante muito tempo.- Ela suspirou, abaixando a cabeça e depois bebendo o chocolate. Ela me olhou de novo, os olhos marejados.- Diversas noites eu chorei, Haymitch era tão rude e grosseiro! Ele dizia que olhar para mim era lembrar de tudo o que aconteceu, e se ele tinha que culpar e odiar alguém, seria eu.

— Isso é bobagem.- Eu disse, querendo que ela mudasse de assunto. Não queria falar sobre os Jogos, ou sobre fantasmas, muito menos sobre culpa.- Porque não bebe seu chocolate? Vamos esquecer isso. Haymitch, eu e Katniss adoramos você. Isso é importante.

— Certo. Desculpa.- Ela disse, e eu concordei com a cabeça, bebendo o chocolate. Ficamos em silêncio enquanto bebíamos, minha mente voltou a vagar para a casa de Katniss.

— Effie?

— Sim?- Ela parecia aliviada por eu ter falado alguma coisa.

— Gale está no distrito 12.- Eu disse, sem olhar para ela, olhando para meus pés. Ela suspirou.

— Sim.

— Era isso que você queria dizer quando disse que tinha medo do que eu veria quando eu chegasse aqui?- Encarei-a. Seus ombros estavam curvados, ela suspirou novamente, bebendo mais um pouco do chocolate e colocando a xícara vazia na mesinha ao lado do sofá.

— Gale chegou aqui inesperadamente. Katniss ficou furiosa quando o viu, principalmente porque você tinha partido. Todos nós, incluindo Gale, fizemos de tudo para que Katniss voltasse á vida, mesmo com a sua ausência, mas ela é uma pessoa extremamente difícil.- Ela balançou a cabeça, uma ruga entre as sobrancelhas.

— E?

— No natal, Hazelle fez uma ceia, juntamente com Greazy Sae. Nós tomos estávamos muito felizes e animados na casa de Haymitch, foi quando Gale falou algo que fez com que Haymitch bufasse de raiva. Fazia tempo que não o via tão irritado. Foi o motivo de eu ter escrito aquela carta, Peeta...

— Você pode ir direto ao assunto?- Eu perguntei, dando um sorriso no final para que ela não achasse que eu estava sendo rude. Ela concordou com a cabeça.

— Gale disse que tinha voltado para o Distrito 12 para reconquistar tudo que os Jogos Vorazes e a Capital tiraram dele. Isso incluía a família dele, e Katniss. Ele disse que era um alivio que você estivesse longe, pois facilitara o trabalho dele. Disse que daria um jeito e tiraria Katniss da depressão dela, que ela, nem ninguém, precisavam de você. Haymitch ficou furioso.- Effie disse. Eu bebi o resto do meu chocolate, impressionado com o fato de eu não estar surpreso.

Gale não teria voltado para o Distrito 12 só porque sentiu falta. Ele tinha construído a vida dele no Distrito 2, estava tudo perfeito para ele. Ele era o capitão do exército de pacificadores, ele tinha dinheiro e fama. Era o braço direito de Paylor em estratégias. Ele não tinha nenhum motivo para retornar. Mas ele queria mais. Ele queria ela. Ele queria Katniss.

— Bom, e ele conseguiu?- Perguntei, dando de ombros, começando a ficar irritado comigo mesmo por tê-los deixado sozinhos. E se agora mesmo ele estivesse fazendo alguma coisa para conquista-la? E se ela o amasse? E se ela o quisesse também? EU não posso e não quero perder Katniss.

— Não. Katniss não pareceu nem um pouco interessada em absolutamente nada do que Gale quisesse falar. Não acho que ela queira reatar a amizade com ele.

— Katniss é imprevisível.- Eu disse, começando a ficar apavorado com a ideia de perde-la.

— Em partes. Mas posso garantir não existe nada, em todo o mundo, que faça tão bem a Katniss quanto você.- Effie levantou-se, sorrindo para mim.- Obrigada pelo chocolate, querido. Mas agora preciso voltar para casa, está quase na hora do almoço. Nos vemos mais tarde.- Ela disse, se aproximando de mim, inclinando-se e me dando um beijo na testa. Ela foi até a porta e saiu, sem se despedir mais.

Ainda fiquei um tempo sentado no sofá, pensando se eu deveria começar a pensar em formas de lutar por Katniss. Era uma causa perdida, se eu precisasse, pois Gale, por pior que sejam seus defeitos, pelo menos não tentaria matar Katniss nunca. Diferente de mim, que conviveria diariamente com meu passado obscuro de telessequestro.

Além disso, Gale conhece Katniss muito melhor do que eu. Ele saberia, se realmente quisesse, tirar ela de qualquer situação. Não importa quantos erros ele tenha cometido com ela no passado, ele sempre teria um espaço especial no coração dela. E todos sabem que a mágoa que ela sente dele, pelo que aconteceu com Prim, já passou a tempos.

Balancei a cabeça em minha solidão, o que eu tenho de melhor do que Gale é apenas a minha inocência. Eu, por vontade própria, nunca fiz nenhum mal a Katniss, pelo contrário, minha vida lhe pertencia de diversas formas diferentes. Não existe ninguém, em todo o mundo, que ame Katniss tanto quanto eu. E Gale sabia que a paixão dele não chegava aos pés da minha. Ele não abandonaria nada por ela. Katniss sabia que eu lhe pertencia. Gale pertence ao que melhor lhe atender no momento, é racional e prático demais para amar. Por isso ele estava no Distrito 2, por isso ele tinha sido nomeado chefe. Ele podia ser bom para muitas coisas, mas não era bom para ela.

E nem eu, tampouco.

É, não seria uma luta justa.

Levantei-me do sofá e fui até a cozinha. Lavei as louças que tinha sujado e comecei a preparar meu almoço. A minha geladeira e meu armário estavam completos, graças a Delly.

Preparei um espaguete com almondegas e suco de uva. Tirei meus remédios da minha mala e coloquei-os na dispensa. Quando a comida estava pronta, subi para tomar banho de novo. A agua quente escorreu pelo meu corpo como uma terapia. Coloquei uma roupa de algodão grosso e meias, estava realmente muito frio neste segundo de janeiro.

Desci as escadas e tomei um susto quando vi KAtniss sentada no sofá. Ela sorriu constrangida para mim.

— Desculpa, eu não queria assustar. Eu bati algumas vezes, mas você não abriu. Eu sabia que você não tinha saído porque senti o cheiro da comida... Eu dispensei Greasy Sae hoje, queria almoçar com você... Mas não quero incomodar.- Ela disse, mordendo o lábio inferior, ficando vermelha. Meu coração se aqueceu.

— Você nunca me incomoda, Katniss.- EU disse, sorrindo e me aproximando dela. Eu a abracei, feliz por ela ter vindo. Feliz porque ela quis vim. Ela estava comigo, não com ele.

— Você está muito cheiroso.- Ela disse, respirando fundo. Eu sorri.

— Obrigado.- Eu me afastei, pegando ela pela mão e a conduzindo para a sala de jantar. Ela sentou-se a mesa enquanto eu trazia a comida e os remédios.

— Effie veio aqui?- Ela perguntou enquanto eu colocava o macarrão em seu prato. Eu concordei com a cabeça.

— Sim, ela estava uma fera porque eu não fui vê-la antes.- Eu ri, sentando-me. Katniss revirou os olhos.

— Ela e Haymitch estão namorando.- Ela disse, comendo. Eu arregalei os olhos, e depois dei de ombros.

— Ela disse a mim que gostava dele hoje. Mas não toquei em assuntos íntimos demais, pois não quis invadir a privacidade dela.- Eu disse, Katniss concordou com a cabeça.

— Eu vi eles dois se beijando na noite de natal. Eu estava na janela e vi. Isso é bom, Haymitch parou de beber, ele cortou o cabelo e fez a barba. Não anda mais com as roupas rasgadas ou fedidas. E agora ele cuida de bichos, me deixa em paz, pelo menos.- Ela deu de ombros. Eu ri, balançando a cabeça.

— AH, não seja tão ingrata! Ele adora cuidar de você. Mesmo que ele negue, você é a garota dele.- Eu disse, com afeto. Ela bufou.

— Bom, agora ele tem uma garota para ele de verdade, espero que ele supere essa coisa de mentor. Acho que eu já cresci.- Ela disse, revirando os olhos. Eu ri.

— Tem razão. Você não tem mais 17 anos. Já não era sem tempo Haymitch encontrar uma coisa melhor para fazer.- Eu concordei com ela, que apenas acenou com a cabeça.

— E você? Como foi na Capital? Nós não conversamos muito ontem.- Ela disse, ficando vermelha. Eu sorri, lembrando-me da noite passada.

— Correu tudo bem. Dr. Aurellius me deu alguns novos remédios, fiz novos exames, aprendi novos mantras. Os pesadelos diminuíram bastante, e as noites de sono são mais pesadas. Além disso, eu consegui controlar sozinho 3 crises quando estava lá.- Eu disse, orgulhoso de mim mesmo. Ela bateu palmas de forma infantil, erguendo os ombros e sorrindo abertamente. Eu retribuí o sorriso.

— Isso sim é algo para comemorar! Um brinde!- Ela disse, erguendo seu copo de suco, eu brindei com ela, achando a situação toda divertida, calorosa e surpreendente. Quem diria, a 3 anos atrás, que eu viveria isso hoje?

— Obrigado por estar aqui.- Eu disse, respirando fundo, de forma serena. Ela encostou o rosto na mão, com o cotovelo na mesa, e me olhou com a cabeça inclinada, enquanto me ouvia agradecer. Seu rosto estava tão calmo, tão lindo!

Meu coração batia acelerado porque eu sabia que não havia a menor chance e eu estar em qualquer outro lugar que não fosse com ela. Mas saber que ela queria o mesmo, me dava esperanças em milhares de sentidos diferentes. Minha vida ganhava sentido quando eu olhava para seus belíssimos e, agora, calmos olhos verdes.

— E para onde eu iria?- Ela perguntou, eu sorri, mas lembrei de Gale, e meu sorriso foi sumindo, ela percebeu.- Quer ajuda para lavar a louça?

— Acho que vou fazer biscoitos para comer com chocolate.- Eu disse, tentando voltar a sorrir enquanto nós dois levávamos tudo para a cozinha.

— Isso seria maravilhoso! Nós podíamos continuar o livro, já que não tem outra coisa para ser feita com toda essa neve!- Ela disse, balançando as mãos no ar, apontando ao redor. EU concordei com a cabeça enquanto colocava os pratos na pia.

Lavamos tudo em silêncio. Mas não era um silêncio desconfortável, pelo contrário. Era um silêncio cheio de paz. Depois, começamos a fazer os biscoitos.

— Quer que eu vá buscar o livro enquanto você prepara a massa?- Ela perguntou, eu concordei com a cabeça, pegando os ingredientes no armádio. Ela subiu e voltou alguns minutos depois, com tudo nas mãos, levou para a sala e organizou.

Terminado o biscoito e já dentro do forno, eu comecei a preparar mais duas xícaras de chocolate quente, e ela já estava ao meu lado novamente, me assistindo trabalhar.

— E a padaria?- Ela falou, depois de um tempo em silêncio. Eu sorri, percebendo que ala queria manter contato.

— Com toda essa neve, vai ficar um pouco difícil de poder ir organizar alguma coisa por lá, não é mesmo? Mas enquanto estava na Capital eu fui em várias lojas ver os fornos e a decoração, cada coisa linda, Katniss! Já encomendei todos os fornos, e vou pedir pra Effie procurar alguma decoradora.- Eu disse, animado, feliz por ela ter tocado no assunto.

— E a reforma?- Katniss perguntou.

— Antes de ir, pedi pra Delly conversar com alguns rapazes que quisessem participar da obra, e Delly me informou, por ligação, enquanto tava na Capital, que já tinha conseguido falar com alguns. Como a obra da escola acabou, muita gente ficou sem emprego, então estavam todos muito animados.- Eu disse, ainda mais feliz por proporcionar emprego a alguns.

— Fico feliz que esteja quase tudo pronto.- Ela disse, deu para sentir a sinceridade na voz. Eu concordei com a cabeça.

— Sim. Em fevereiro a neve chega em seu auge, então eu preciso que isso tudo seja organizado ainda esse mês. Vou ter que correr bastante, os materiais de construção já estão comprados lá na padaria, vou falar com os rapazes ainda essa semana, para que os fornos sejam entregues antes do fim do mês, caso contrário, terei que esperar até março, quando a neve volta a baixar. O que vai ser muito ruim para a minha ansiedade.- Eu disse, suspirando, pensando que não queria, de jeito nenhum, que isso acontecesse.

— E você decidiu se vai fazer uma festa de inauguração?- Ela perguntou. Eu fiz uma careta, esse era um assunto que eu não queria tocar.

— Bom... Quase todo mundo de Panem sabe que vou reabrir a padaria, e Paylor disse que todo mundo está animadíssimo para isso, além disso, seria bom para o turismo do Distrito 12, que foi extremamente afetado com a rebelião. De acordo com o que eu entendi na reunião que tive com ela na Capital, os outros Distritos estão começando a ficar incomodados com todo o dinheiro que a Capital está gastando conosco, e seria maravilhoso que o Distrito começasse a render dinheiro por si só. As minas ainda não foram 100% restauradas, então... Nós não estamos dando nenhum lucro para a Capital.- Eu disse, Katniss ouvia com atenção, com o cenho franzido.

— E a sua padaria geraria lucro para a Capital?- Ela perguntou, inclinando a cabeça, confusa.

— Bom, os Distritos ainda não têm um prefeito, nem pacificadores fixos, exceto pelo Distrito 2, é como se tudo estivesse começando do inicio, tipo Gênesis. Mas, como a Capital precisou reconstruir tudo “sozinha”, ficou tudo muito escasso para eles mesmos, sabe? Se você anda na Capital, não imagina que foi uma grande metrópole a 3 anos atrás. E isso tem causado grande discussão entre eles, e entre os outros Distritos, pois o 12 e o 13 parecem ser os únicos se erguendo, e não dando nada em troca. Algumas pessoas concordam que nós “merecemos”, mas outros acham que é injusto. Que nossa luta devia ter sido por igualdade, e nós queremos superioridade.- Eu disse, fazendo uma careta. Katniss fechou a cara.

— Isso é ridículo!

— Sim, é. Paylor está tentando acalmar os ânimos. É muita coisa para ela fazer sozinha... Ela disse que quando passar o inverno vai se reunir com algumas pessoas dos Distritos para começar a nomear prefeitos, e vai dividir a base de pacificadores do Distrito 2 para enviar para cada Distrito. Vai montar bases em casa um, e começar a gerar lucro por si só. Todos os Distritos, juntamente com a Capital, trabalhando juntos.- Eu disse. Katniss riu com escárnio.

— É mesmo? E com o que a Capital vai trabalhar?- Ela ergueu uma sobrancelha, eu dei de ombros.

— Basicamente medicina e mídia.- Ele disse, dando de ombros. Ela pensou um pouco no assunto.

— Então quando você abrir a padaria, você vai começar a pagar impostos para a Capital?- Ela perguntou, começando a entender.

— Até termos um prefeito. E aí, pagarei impostos para a prefeitura. Que vai manter o hospital, a escola, as minas e a base de pacificadores funcionando. As minas irão gerar impostos para a Capital, pois o que sai delas vai para os outros distritos.- Eu disse, respirando fundo ao final da explicação.

— E, dessa forma, se reconstrói Panem.- Katniss disse, concorando com a cabeça.

— Sim. Parece um bom plano, não é?- Eu perguntei. Ela concordou com a cabeça.

— Sim. Bom demais para ser verdade.

(...)


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Notas finais do capítulo

I'm back guysssssss