I do, i need you. escrita por hollandttinson


Capítulo 21
Dont.


Notas iniciais do capítulo

Oi amadinhos, tudo bom? Postando esse capítulo em agradecimento á HayffieMica pela recomendação(a primeira até agora) da história. Obrigada!



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POV: PEETA MELLARK.

Quando Effie disse que eu devia estar preparado para o que viria, eu esperava que fosse algo ruim, então quando desci do trem na estação vazia por causa da hora, respirei fundo algumas vezes antes de finalmente tomar coragem. Peguei minhas malas e comecei á andar na neve, estava alta, mas não o suficiente para me deixar atolado em algum lugar. Estava muito frio, mas eu não estava muito preocupado com a sensação térmica atual.

Parei na entrada da vila. Estava tudo tão silencioso, todas as pessoas dormindo. Que horas deviam ser? Olhei ao redor, procurando por uma pessoinha que fosse, mas a única coisa que eu vi foi um gato catando comida no saco de lixo. Suspirei, estava tudo idêntico á quando eu parti, mas algo dentro de mim me fazia ficar assustado, me fazia crer que na verdade estava tudo diferente.

Balancei a cabeça, não posso ficar paranoico agora. Entrei na vila, o meu primeiro pensamento foi, é claro, Katniss. Pensei em ir para a minha casa e depois dar uma espiada na sua casa, ver se ela estava bem. Pelo que eu sei, ela tranca a porta agora, mas eu sei onde fica a chave extra, então... Ou não, eu devia ir para a minha casa e amanhã aparecer com algo para me redimir. Existia também a opção de ir para a minha casa e apenas ficar lá, pensando na vida, esperando Delly aparecer para arrumar a casa, e descobrir que eu estava aqui, e ela mesma contar aos outros. Isso me pareceu covarde.

Mas, na verdade, nenhuma das opções me satisfez. Então, quando eu estava próximo á casa de Katniss, enchi o meu pulmão com aquele ar frio, e fui na direção da porta. Estava tudo escuro e silenciosos, ela devia estar dormindo. Procurei a chave onde ficava escondida, quando a achei, coloquei na fechadura, mas ela estava aberta. Talvez Effie estivesse enganada sobre ela trancar a porta.

Abri a porta e entrei, se ela estivesse acordada, á essa altura do campeonato já teria descido para saber que era que estava invadindo a sua casa uma hora dessas. Eu fazia muito barulho, ela tinha razão. A casa estava muito escura, eu mal conseguia enxergar meus próprios pés. Ouvi um miado agudo e sorri, olá Buttercup, pensei. Me inclinei para acariciar seu pelo, fazendo ainda mais barulho com a minha perna mecânica.

— Peeta?- Meu coração acelerou. Tanto pelo susto quanto pela voz, que á tanto tempo eu não ouvia. Procurei por ela no escuro, mas era inútil, eu não conseguia enxergar. Ouvi um baque e senti um corpo se chocando contra o meu. Buttercup miou, acho que ele se machucou, mas eu estava mais interessado na garota nos meus braços.

— Oi.- Eu falei, minha voz saiu tímica e rouca, mas eu estava irritado comigo mesmo por não saber mais o que responder.

Meu coração batia rápido como as asas de um colibri, me admira que ela não esteja ouvindo-o. Eu conseguia sentir cada centímetro do corpo dela, e não queria me afastar nunca mais. Deus, era sobre isso que Effie estava falando? Ela estava mais propensa á afeto? Bem, eu devia mesmo ter me preparado.

Katniss estava chorando agora, soluçava forte, isso esquentou meu coração. Ela sentiu minha falta também.

— Senti tanto a sua falta.- Ela disse, a voz embargada pelo choro. Eu suspirei, me sentindo mal por tê-la abandonado, e ao mesmo tempo satisfeito, porque provavelmente ela nunca teria dito isso antes se eu não o tivesse feito. A abracei com mais força, pensando em como senti falta disso.

— Eu também, não imagina o quanto.- Eu disse, e de repente ela ficou imóvel, me deixando assustado. O que eu tinha feito?- Katniss?- Ela respirou fundo, okay, ela estava viva. Ela soluçou, não era o tipo de choro emocionado, agora ela estava triste. Droga, o que eu fiz?

— Não me acorde. Por favor, eu não quero acordar. Me deixe ficar aqui com você.- Ela implorou.

— Katniss, você não está dormindo.- Eu disse, rindo nervosamente. Ela achava que estava sonhando comigo? E se fosse, não era um pesadelo, ela não queria que eu fosse embora. Eu podia me sentir aliviado por isso. Muito aliviado, na verdade.

Minha mão esquerda fazia carinho nas costas dela, afrouxando um pouco o abraço, só para não sufocá-la. Por mim, eu nunca a largaria. Ela também não parecia querer me soltar, porque se apertou mais á mim, me fazendo suspirar satisfeito.

— Você... Isso não é um sonho?- Ela perguntou, me fazendo rir.

— Acenda as luzes e veja você mesma.- Sugeri, e quando ela se afastou eu me arrependi na hora, mas ela continuou segurando a minha mão, ela ainda estava aqui. Ela deu alguns passos para trás e acendeu um abajur, respirando aliviada ao me ver, e percebendo que não era mesmo um sonho.

Analisei-a rapidamente, percebendo o quanto ela parecia doente. Olheiras profundas faziam morada debaixo dos seus olhos, o que me dava a certeza que ou ela não estava dormindo, ou ela era um zumbi. Estava mais pálida do que o normal também, provavelmente não estava se alimentando como devia. Pra ser sincero, ela estava tão magra que eu não a reconheceria se a visse na rua. Ela estava mais magra do que em qualquer momento que eu já a tenha visto, e olha que eu já a vi quando passava fome.

Tentando não ser acusador, eu abri um sorriso e me aproximei dela. Magra ou não, com olheiras ou não, pálida ou não, ainda era a Katniss. Estiquei meu braço e sequei seu rosto molhado pelas lágrimas emocionadas. Me aproximei mais e dei um beijo na sua testa, seu cabelo estava cheirando á roupa limpa, o que me faz pensar que ela fica muito tempo deitada na cama. Quando me afastei, olhei para ela de forma séria. Tudo bem que eu era o errado aqui, mas ela não podia me obrigar á vê-la dessa forma sem reagir á altura.

— Você estava comendo, Katniss?- Perguntei, erguendo a sobrancelha. Ela soltou o ar, como se o tivesse prendendo á horas.

— Bem, sim.- Ela disse, dando de ombros. Minhas sobrancelhas arquearam mais ainda, ela não é boa com mentira.- Eu estava!- Talvez não fosse mentira, mas não era 100% verdade também.

— E porque você está parecendo uma caveira?- Perguntei, me afastando só para analisar ela direito. Apesar de ela estar com várias roupas, dava para ver como seu braço estava ossudo, e o seu rosto estava esquelético.

Ela mordeu o lábio inferior, me fazendo desfocar totalmente de qualquer área do seu corpo. Ela deve ter feito de propósito, ela sabe o quanto eu amo quando ela faz isso. Estiquei meu braço novamente, dessa vez para tocar nos seus lábios anêmicos, mas que ainda eram os seus lábios. Eu me sentia magicamente hipnotizado pela morena na minha frente, eu podia ficar de quatro por ela, se ela quisesse. Antes que eu pudesse me controlar, eu fiz o que o meu corpo anseia á 1 mês.

Beijá-la é sempre novidade. Não importa quantas vezes aconteça, sempre parece a primeira vez, eu sempre me sinto um adolescente descobrindo as novidades da vida. Seus lábios eram tão macios, eu não conseguia me concentrar em mais nada que não fosse a textura deles. Eu queria ter ela cada vez mais perto, e pra ser sincero não estava nada preocupado em parecer rude enquanto apertava mais seu corpo ao meu.

Quando começamos á perder o fôlego nos afastamos, mas eu não podia soltar ela. Apesar de respirarmos com dificuldade, eu me sentia como se tivesse realmente revitalizado. Uma vida nova, quase. Nossas respirações iam acalmando, e lentamente eu fui obrigado á me afastar dela, percebendo o que realmente tinha feito.

— Me perdoe.- Eu disse, voltando ao principal assunto que devíamos tratar. Deixando de lado qualquer tipo de romantismo, como um idiota.- Eu não devia ter deixado você sem ter dito nada antes. Eu não podia tê-la abandonado, eu fui egoísta. Nunca mais vou fazer isso novamente.

— Você está bem?- Ela falou rapidamente, mas eu entendi o recado. Nada de promessas.

— Sim, obrigado. O dr. Aurelius disse que eu vou ter essas crises para sempre, mas agora eu tomo mais remédios, e provavelmente as crises vão ser ou cada vez menos violentas, ou cada vez menos frequentes.- Eu disse, pensando em como eu me sentia melhor agora, e em como em nenhum momento o monstro ameaçou atacar desde que eu a olhei. Era um bom sinal, enãoeu dei de ombros. Sorri.- Mas eu vou dar um jeito.

— Eu não quero que você vá embora de novo. Nunca mais.- Ela falou tão sério que eu tremi, mas ela provavelmente não percebeu. Concordei com a cabeça, acho que ela não tinha noção do quanto foi difícil para mim também, e eu não queria sair de perto dela nunca mais.

Segurei seu rosto entre as minhas mãos, meu paraíso e inferno em um só corpo. A encarei com seriedade enquanto me aproximava dela novamente, ela não desviou o olhar. Ela me queria também, ela não se importava com o monstro, por incrível que pareça seu olhar não tinha um pingo de medo, na verdade eles estavam satisfeitos por eu estar aqui. Tentei buscar na minha memória – tanto antes do telessequestro quanto depois – momentos em que a vi me olhando dessa forma, não achei nada.

— Isso é novo para mim, isso de você me querer por perto, até mesmo para o Peeta que você conheceu.- Eu dei de ombros, ela abaixou a cabeça, comprovando que eu estava certo. Isso nunca tinha acontecido antes. Levantei seu rosto para que ela me olhasse novamente, sorrindo para ela.- Mas é importante que você saiba que, tanto o Peeta antigo, quanto esse estranho buscando ajuste, ambos não suportam ficar longe de você. Cada dia foi um sufoco para mim. Ver você aqui agora, viva, bem, e me querendo também é a realização de um sonho.

Me declarei. Era provável que agora ela tivesse uma crise de timidez, e eu não a culparia. Era assim que eu a afastava no passado, disso eu me lembrava. Para ser sincero tudo ficava mais claro á cada momento que se passava.

— Eu...- Ela não conseguia encontrar palavras, e eu não queria que ela falasse nada. Na verdade ela fez exatamente o que eu queria que fizesse: me beijou.

Era um beijo calmo, não havia urgência nos atos de nenhum dos dois, nós dois estávamos curtindo o momento de sentir a textura dos lábios uns dos outros, era bom. Minha língua começou á, lentamente, fazer contato com a dela, era suave, eu não estava com pressa.

Não tinha percebido acontecer, mas de alguma forma nós estávamos sentados grudados um no outro, uma das minhas mãos seguravam firmemente sua cintura, enquanto a outra segurava a sua nuca, ela não tinha como escapar de mim. Ela me segurava na cintura também, mas com bem menos possessividade do que eu. No mesmo ponto que não tínhamos pressa, também não queríamos parar isso nunca mais. Era bom, eu não queria me afastar. Mas aí eu fiquei sem fôlego.

Quando afastei nossos lábios, eu sabia que a forma como eu olhava para ela não era a mesma de alguns minutos atrás. Havia algo novo em mim, como havia algo novo nela. Eu desejava aquele momento, perdi a conta de quantas vezes sonhei em tê-la para mim. Mas não dessa forma, não aqui, mas ela não estava dando a mínima, então me agarrou novamente, dessa vez ela tinha toda a autoridade do momento, me jogando deitado no sofá. Deus, isso ia mesmo acontecer?

Ela estava em cima de mim, que fiquei sentado para facilitar o momento. Ficar deitado não estava ajudando. Suas pernas estavam em cada lado da minha cintura, e eu não consegui segurar o instinto de segurá-la pelos quadris de forma possessiva. Eu tentava pensar racionalmente, mas é difícil pensar com ela me beijando assim, eu estava ficando maluco, num bom sentido.

Ela tirou o meu casaco rapidamente, como uma profissional, eu provavelmente demoraria um século para conseguir fazer isso. Mas ela tirar o meu casaco não ajudou em nada, estava muito frio lá fora para eu andar com pouca roupa. Tirei meu sapatos rapidamente, isso seria um empecilho para tirar minha calça depois, e eu estava com pressa agora. Deus, eu já estava pensando em tirar minha calça? Segurei sua nuca novamente, ela não podia se afastar agora.

Eu não era mais um ser racional agora, e irracionalmente – apesar de querer muito isso – eu coloquei a mão dentro da sua camisa, na parte das suas costas, procurando o feixe do sutiã, mas não havia nada, ela não estava de sutiã. Okay, agora eu fiquei ansioso. Ansioso? Que tipo de palavra é essa? Como é que dizem? Excitado... Isso, eu fiquei excitado. Minhas mãos foram para as suas cinturas, eu estava me controlando muito para não ir além do que é permitido. Aliás, quem criou as regras mesmo? Ela tirou mais uma camisa minha, só havia mais uma para que eu ficasse sem camisa. Ela não podia, simplesmente correr para a calça? Mas aí ela ia ter que sair de cima de mim, e eu não queria isso.

Estávamos ficando sem ar de novo, então nos afastamos, mas eu não tirei meus lábios de seu corpo, correndo para o seu pescoço, dando beijinhos delicados naquela região. Ela começou á subir minha última camisa no processo, eu me afastei para beijar seus lábios enquanto sua mão corria pela minha barriga e peito. Minhas mãos estavam nas costas dela novamente, dessa vez subindo a camisa, aí ela paralisou. Tentei pensar no que teria causado a sua paralisia, eu tinha feito alguma coisa errada? Enquanto a minha mente trabalhava á mil, finalmente percebi um motivo: ela estava com medo.

Até onde eu sei, Katniss é tão profissional nisso quanto eu, talvez bem menos, já que ela passava o tempo todo na floresta invés de com os adolescentes do distrito. Eu sabia muito mais do que ela, era comum ela ficar paralisada. Além disso, ela nunca imaginou esse momento, ela achava que ia morrer jovem, como as outras pessoas, então o desconhecido se tornava cada vez pior.

Ela se afastou, olhando para mim. Acredito que o que ela viu não a deixou animada, então eu apenas fiquei olhando para ela enquanto ela tentava se justificar. Eu não queria que ela se justificasse, se ela não queria fazer, não íamos fazer. Não precisamos de um motivo além de “não quero, Peeta”.

— Eu... Acho...

— Tudo bem.- Eu sorri, eu realmente não queria ouvir. Isso era apenas dela, já era muito que ela estivesse falando comigo, era demais querer que ela conte suas intimidades para mim também.

— Obrigada.- Ela disse, como se eu fosse o herói da noite, e não ela. Ela se afastou, sentando do meu lado. Observei ela me olhar de cima á baixo, isso me deixou constrangido e presunçoso ao mesmo tempo.- Você andou malhando?

— Eu precisava fazer alguma coisa para ocupar meu tempo, além de pintar.- Eu sorri. Era realmente bom fazer algo do tipo na Capital, eu tinha muito tempo vago, e me ocupar ajudava á não pensar nela. Não resolvia, mas eu tinha que tentar.- O que você fez?- Perguntei, ela mordeu o lábio inferior novamente e eu quase agarrei ela de novo, tive que me segurar porque estava começando á pensar que não era uma resposta legal.

— Eu... Decorei cada centímetro do teto do meu quarto.- Ela deu de ombros.

— Não tem graça, Katniss. Você está mesmo muito magra, por um acaso não tem tomado suas vitaminas?- Ela estava mesmo muito magra. Os ossos da sua clavícula estavam mais á mostra do que o normal, e seu rosto nem se fala!

— Claro que tenho.- Analisei o que ela disse, sabia que tinha mais do que ela estava falando.

— Então ou Greasy Sae tem te dado apenas vegetais para comer, ou você tem feito malhação extensiva emagrecedora todos os dias, porque olha só para você.- Eu disse, levantando seu braço esquelético, ela puxou o braço de volta, se abraçando.

— Eu sempre fui magra.

— Você era magra porque não tinha o que comer, mas agora você tem tudo de bom e do melhor aqui, além disso, você não está magra, você está esquelética, Katniss.- Pele e osso mesmo, quis acrescentar, mas fiquei quieto.

— Mas ainda bem que você voltou e agora eu vou voltar á engordar com todas as coisas maravilhosas que você faz.- Ela disse, abrindo um sorriso para mim. Tudo bem, ela queria mudar de assunto, então eu apenas dei de ombros e balancei a cabeça. Eu ia dar um jeito de descobrir o que tinha acontecido.

— Em falar nisso, eu aprendi muitas receitas novas na Capital. Não vejo a hora de mostrar todas elas para você!

— Você pode me fazer de cobaia, se quiser.- Ela sorriu, dando de ombros. Bem, eu contava com isso.

— Ah, pode apostar que eu vou. Mas não agora. Aliás, o que a senhorita está fazendo acordada essa hora?- Perguntei, era super tarde, ela devia estar dormindo na hora que eu cheguei.

— Não conseguia dormir.- Ela deu de ombros, eu suspirei. Os pesadelos de sempre, é claro.

— Quer que eu suba com você?- Perguntei, pensando que eu queria muito subir com ela e dormir abraçado ao seu corpo magricela. Ela suspirou.

— Não tem noção do quanto eu esperei por isso.- Ela disse e eu sorri.

— Acho que eu tenho uma noçãozinha.- Eu disse, me levantando e estendendo a mão para ela, que sorriu, segurando a minha mão e ficando de pé. Ela ficou na ponta dos pés e me deu um selinho, me puxando para cima. O ar frio me fez tremer, então ela voltou novamente.

— Acho melhor você pegar a sua camisa.- Ela disse, eu olhei para o sofá. Dei de ombros.

— Você me esquenta.- Eu pisquei para ela, que deu uma risadinha nervosa antes de revirar os olhos e me puxar para cima.

O quarto estava uma bagunça, provavelmente ninguém entrava aqui á séculos, mas ela não se importou com nada disso, apenas foi se enfiando na cama, e eu a segui, não me importava com a bagunça. Ela logo estava deitada em cima do meu peito, me abraçando com força. Eu a abracei também, puxando o edredom para cima de nós, para nos esquentar.

— Boa noite, Peeta.- Ela disse, mas já parecia estar caindo no sono. Eu ri.

— Boa noite, Katniss.- Eu disse, fechando os olhos também.

Dormimos rápido, eu acho. Não tenho certeza de nada além do momento em que eu acordei, ela estava quentinha do meu lado, dormindo tranquilamente, e eu não conseguia parar de admirar a beleza que ela carregava por trás de toda a carranca. Sorri, pensando que eu tinha a minha própria porcentagem de sorte, e se for parar para pensar nos outros vitoriosos, e como eles vivem hoje, eu com certeza estou bem.

O que me faz pensar em Haymitch. Não o vejo á tanto tempo, admito que sinto falta de seu humor ácido idêntico ao de Katniss. Estaria ele com Effie? Eu desconfiava de que algo estivesse rolando entre os dois, mas por qual motivo eles esconderiam isso de nós? Definitivamente apoiamos o casal.

Katniss começou á se mexer lentamente, eu prestei atenção nela enquanto sua consciência começava á tomar conta, deixando de lado o sono tranquilo. Ela abriu os olhos lentamente, e sorriu quando me viu, eu sorri de volta. Quantas vezes eu sonhei em acordar com essa imagem maravilhosa? Normalmente ela acordava desesperada por causa de um pesadelo, mas não hoje.

— Bom dia.- Eu disse, dando um beijinho no alto da testa dela, que apertou seu corpo um pouco no meu antes de se afastar e se espreguiçar.

— Bom dia.- Ela disse, sentando-se e olhando para mim. Meu corpo já estava implorando pelo contato do dela, parte porque estava muito frio, e outra porque eu realmente queria ficar com ela em meus braços.- Você ficou aqui a noite toda?

— Para onde mais eu iria?- Eu perguntei, dando de ombros, puxando os lençóis para cima, me aconchegando mais na cama, fechando os olhos, apesar de não estar com vontade de dormir. Ela suspirou, eu abri os olhos.- O que foi?

— Você fica tão bonito fazendo qualquer coisa.- Ela respondeu, parecendo irritada. Eu tenho certeza que fiquei vermelho, eu não estava acostumado com elogios vindos dela. Sorri.

— Obrigado, eu acho.- Eu disse, dando de ombros. Ela levantou, andando pelo quarto, segui seus movimentos com o olhar, ela entrou no banheiro. Eu sentei, bem eu devia tomar um banho. Estava morrendo de preguiça, mas desci as escadas atrás da minha mala, estava realmente frio aqui. Quando cheguei na sala dei de cara com a última pessoa que eu queria ver agora.

Gale ergueu uma sobrancelha para mim quando me viu, ele me olhou de cima a baixo e eu conseguia ouvir seu cérebro maquinando ideias a respeito da minha pouca roupa. Engoli em seco, sentindo meu coração acelerar gradativamente. Não, agora não, hoje não. Não, não não.

(…)


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