I do, i need you. escrita por hollandttinson


Capítulo 14
Thoughts about Peeta.


Notas iniciais do capítulo

SEGUREM O CORAÇÃO.



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NARRAÇÃO: Katniss Everdeen.

Voltar para a minha casa vazia, sem ter Peeta por todo o lado, me deixou nervosa. Meu coração acelerou, e eu sabia que era provável que eu voltasse para a minha depressão, e eu me recusei. Procurei Buttercup por toda a casa, e quando não achei, troquei de roupa e fui para a floresta. Voltando mais tarde, perto do pôr do sol, eu entrei em casa e fiquei abismada quando vi Peeta sentado no meu sofá assistindo tevê com aquele gato feio no colo.

— Oi Katniss.- Ele disse, sorrindo para mim e desligando a tevê, ficando de pé com o gato no colo. Sorri para ele, sem conseguir controlar a felicidade em vê-lo ali. Pensei em Peeta a tarde toda, mas não esperava que meu desejo se materializasse na minha casa.- Caçada produtiva?

— Eu... Não estava esperando por você.- Eu disse, boquiaberta e feliz. Meu coração batia acelerado de uma forma estranha, uma forma que eu me recusei por muito tempo, e agora decidi que me permito sentir. A dor vai ser apenas minha se nada disso for real amanhã, ou se tudo isso for um sonho.

— Ah, desculpa por decepcionar você.- Ele disse, fazendo um biquinho e colocando o gato no chão, ele analisou sua camiseta e fez uma careta por ela estar cheia de pelos, olhou para mim novamente e sorriu.- Pare de olhar para mim como se eu fosse uma alucinação.

— Eu ainda não sei se não é.- Eu disse, engolindo em seco. Normalmente era nesse momento do meu pesadelo que ele deixava de ser gentil e tentava me matar. Ele percebeu que eu fiquei na defensiva, e seu sorriso aumentou, mas dessa vez para me acalmar. Ele se aproximou e pegou a caça da minha mão – um peru selvagem -, segurando a sua mão entre a sua. Ele estava perto demais, eu engoli em seco mais uma vez, prendendo a respiração, atordoada pela sua presença.

— Alguém que não é real não poderia tocar em você.- Ele sorriu, levando o peru para a minha cozinha. Tirei a jaqueta do meu pai e joguei no sofá, Buttercup miou, imaginei que tivesse jogado em cima dele, mas ignorei. Fui na direção do Peeta, que estava colocando o peru debaixo da água corrente.- Você não vai tomar um banho?

— Eu... Você está aqui á muito tempo?- Minha voz estava duvidosa, apesar de eu saber que não tinha como um sonho durar tanto, o que significa que ele é real, ainda achava que ele podia evaporar á qualquer momento, e me deixar chorando na minha cama.

— Na verdade não. Eu acabei de voltar da padaria, só tomei um banho, trouxe as coisas para o livro e vim ver se você estava aqui. Não fiquei assustado quando vi que não estava porque a jaqueta do seu pai não estava em lugar algum, então eu sabia que estava caçando.- Ele disse, dando de ombros. Eu concordei com a cabeça, dando de ombros e me virando, indo para o meu quarto sem me despedir.

Fechei a porta do quarto, apenas me lembrando do dia em que vi Peeta apenas de toalha. Eu não era bonita como ele, não seria nada agradável que ele pudesse ver minhas cicatrizes e todas as outras marcas que eu tenho espalhadas pelo meu corpo.

Fui até meu armário, procurando por algo confortável para vestir, mas todas as minhas roupas eram tão sem graça que fiquei triste. Peguei um pijama cinza com bolinhas pretas que eu tenho desde antes do massacre quaternário, entrei no banheiro e tomei banho. Lavei meu cabelo demoradamente, querendo que ele ficasse cheiroso, e não com cheiro de floresta recém molhada pela chuva. Vesti o pijama e me olhei no espelho, eu ainda parecia uma garota arruinada pelos Jogos e nada bonita comparada á Delly, suspirei antes de sair do banheiro, arrasada por minha realidade.

Desci as escadas sem muita animação, parando e me sentando no sofá enquanto assistia ele arrumando os pincéis e os papéis em cima da minha mesa de centro. Quando me viu, Peeta sorriu, mas eu não pude retribuir o sorriso, apenas olhei para ele e consegui pensar que eu não tinha o direito de sentir ciúmes de Delly, pois não haviam competições.

— O que aconteceu durante o banho que você está tão quieta?- Peeta questionou depois que eu e ele terminamos o perfil de Enobaria. Eu balancei a cabeça, não queria falar sobre isso com ele.

— Está tarde, Greasy já devia ter trazido o meu jantar.- Eu disse, levantando do sofá e indo para a cozinha. Sabia que era bobo fugir dele, ainda mais bobo não admitir meu ciúme, ou qualquer outro sentimento que eu venha á sentir por ele, mas eu não conseguia evitar. É claro que Peeta veio atrás de mim.

— Ah, eu esqueci de te avisar! Encontrei com ela esta tarde, ela me ajudou na padaria, e eu disse que ia fazer o nosso jantar hoje.- Ele disse, eu me virei para ele, cruzando os braços. Não sabia se ficava irritado por ele ter me deixado dependente dele esta noite, ou feliz por ele ter programado ficar comigo esta noite mais uma vez. Ele pareceu perceber minha confusão, e imediatamente ergueu as mãos.- Desculpa, eu queria ficar sozinho com você esta noite.

Parei onde estava, tentando raciocinar o que ele tinha dito. Prendi a respiração, Peeta queria ficar sozinho comigo novamente, mesmo depois de todas as minhas crises, da minha grosseria, de eu ser a culpada por todo o mal causado á ele, Peeta me queria por perto.

— Tudo bem.- Eu praticamente cochichei, ainda sem entender o porquê de Peeta querer me ter por perto. Era óbvio o motivo que eu o queria por perto, mas ele não tinha nenhum para me querer, e saber disso não era nada reconfortante.

— Quer que eu prepare o nosso jantar agora?- Ele perguntou, se aproximando receoso, ainda preocupado com a minha quietude. Apesar de querer ele cada vez mais perto, eu de repente tive medo de toda essa proximidade, e da dor que me causaria quando ele fosse embora como todos os outros, depois de descobrir que eu sou um caso perdido.

— Pode ser.- Eu disse, dando passos para trás enquanto ele dava passos para frente. Peeta suspirou, olhei em seus olhos e vi a tristeza que eu não queria nunca mais ver, e que eu não era capaz de evitar, porque era eu mesma que causava. Crispei meus lábios, sentindo a ânsia de chorar vir com força. Balancei a cabeça.

— Vou fazer macarrão para você.- Ele disse, pegando uma panela e enchendo de água. Eu me sentei no balcão, observando ele trabalhar. Enquanto o macarrão era preparado no fogão, Peeta cortava alguns ingredientes para colocar no molho, e ao mesmo tempo assava um pedado de carne congelada. Tudo sem olhar para mim.

Ele serviu nossos pratos, e serviu dois copos de suco de morango. Quando pensei que ele ia se sentar comigo, ele foi para a dispensa e trouxe três caixas de remédios: Minha vitamina, que eu não tinha tomado hoje; remédio para que dormir, que eu não tinha tomado ontem nem hoje, e, por fim, o remédio para as minhas cicatrizes. Ele colocou cada capsulazinha ao lado do meu corpo, pegou uma vitamina e uma para dormir e colocou ao lado do seu.

— Espero que não se importe em eu tomar um dos seus hoje, posso repor para você outro dia, se quiser.- Ele disse, ainda sem me olhar nos olhos. Neguei com a cabeça e ele se sentou. Jantamos em silêncio, um silêncio longo e perturbador. Mesmo com Buttercup miando por aí, ainda parecia tudo muito opaco e silencioso.

Quando eu acabei de comer, ele pegou os pratos e levou para a pia, começando á lavar de costas para mim. Tomei os meus remédios, e fui até seu lado. Ele fingiu que não notou a minha presença, apesar de eu acabar pegando-o me olhando de canto de olho vez ou outra.

— Porque você está aqui, Peeta?- Eu verbalizei minhas dúvidas, imediatamente mordi o lábio inferior, arrependida por ter feito a pergunta. Ele desligou a torneira e se virou para mim, seus olhos ainda estavam tristes. Eu engoli em seco.

— Pode repetir a pergunta, por favor?- Ele pediu, enfiando as mãos molhadas dentro dos bolsos. Eu suspirei.

— Quero saber porque você está aqui. Porque você tem tentado me ajudar á superar meus traumas, quando claramente eu sou a causadora de todos os seus. Me pergunto o porque de você continuar aqui, mesmo depois de tudo o que eu te fiz, e quero saber porque você continua mesmo eu ainda sendo grossa e imbecil com você.- Eu disse rapidamente, como uma torrente. Ele estreitou os olhos, parecendo magoado e confuso.

— Quer que eu vá embora?- Perguntou, parecendo ter que buscar forças para falar isso. Eu encolhi meus ombros, o que eu faria se ele fosse embora? Tenho tentado me preparar para isso, mas sei que nunca vou poder perder o meu garoto do pão, ele é tudo o que eu tenho agora.

— Não, eu só quero entender.- Eu disse baixinho, mais uma vez me arrependendo por ter aberto minha boca. Ele balançou a cabeça, se escorando na pia e olhando para algum ponto que eu não sabia qual era, mas eu sabia que ele estava concentrado em mim.

— Eu não sei Katniss, adoraria dar as respostas para todas as suas perguntas, porque na maior parte das vezes eu me pergunto o porquê de eu continuar aqui, mesmo depois de tudo. Qualquer pessoa normal fugiria de tudo isso aqui, e tentaria construir sua vida em um lugar diferente, sem todos esses fantasmas, mas eu nunca fui normal, ou pelo menos não me lembro mais de ter sido.- Ele deu de ombros, eu mordi o lábio inferior.- Quero que você se livre dos seus fantasmas porque, apesar de ás vezes eu não acreditar nisso, cada dia mais eu sou o Peeta que você conheceu, e o Peeta que você conheceu não suporta ver você mal. Eu não suporto ver você mal, Katniss. Eu queria poder tirar de você toda a dor de todas as perdas que você enfrentou, queria poder te fazer esquecer de tudo, mas eu não posso, e a impotência acaba comigo!- Ele falou, cansado, passando a mão na cabeça.

— Peeta...- Eu toquei seu braço, a garganta travada, já com vontade de chorar. Ele balançou a cabeça, olhando para mim, seu rosto ainda tinha uma máscara de dor que eu queria poder tirar. Suspirei, me aproximando e abraçando-o. Amava esse contato, o corpo de Peeta próximo ao meu, seu cheiro. Ele demorou para retribuir, mas logo ele suspirou e me abraçou também, enterrando a cabeça no meu cabelo.

— Acho que eu fico porque eu não sei viver sem você.- Ele disse baixinho, como um sussurro. Afastei minha cabeça da sua, ainda abraçada á ele, levantei a cabeça para olhá-lo. Ele colocou uma mão em cada lado do meu rosto, me segurando no lugar, olhando nos meus olhos. Seus olhos não eram mais tristes, e ele estava perto demais. Comecei á respirar com dificuldade mas ele não pareceu perceber.- Voltei para o Distrito 12 para reconstruir a minha vida, mas eu não ia conseguir sem você. Em você eu arranjo motivo para tentar todos os dias, Katniss. Obrigado.

— Eu não mereço você.- A realidade me atingiu. Já tinha ouvido isso de outras bocas antes, e já tinha até mesmo pensado sobre, mas não como agora. Meu coração se quebrou enquanto eu olhava para aquele garoto e sabia que ele era demais para mim, que ele merecia alguém como Delly.- Você merece alguém melhor.- Eu disse, procurando me afastar, mas ele colocou uma mão nas minhas costas, enquanto a outra estava na minha nuca. Ele parecia irritado agora, e eu comecei á ficar nervosa, achando que ele estava tendo outra crise, até que ele falou:

— Eu quero você, Katniss.- Sua voz estava rouca e ao mesmo tempo grossa, e ele me puxou para perto, unindo nossos lábios.

Acho que nós dois esperávamos que esse momento fosse um choque, ou que eu o empurrasse, mas eu não podia. Ao sentir o toque urgente dos lábios de Peeta nos meus, eu apenas aceitei que eu estava onde devia estar: nos braços dele. Abracei a cintura dele, não querendo me afastar do seu corpo, abrindo a boca para que ele soubesse que tinha liberdade para usar a língua, e ele usou depois de um gemido baixo, um gemido de satisfação. Quanto tempo esperamos por isso?

A mão na minha cintura me segurava com força, o que foi muito bom porque eu sentia como se minhas pernas pudessem não aguentar toda a emoção e adrenalina que corria por minhas veias, me deixando com o coração acelerado e a respiração descompassada. Apesar da sensação de quase morte, eu queria mais. Eu sempre queria mais de Peeta, eu sempre queria de Peeta coisas que eu nunca quis de mais ninguém, e quando a língua dele se tornou mais urgente enquanto se enroscava na minha, eu soube que ele queria o mesmo que eu.

Mas tivemos que nos afastar para buscar ar, e mesmo assim, ele não deixou que o meu corpo e o dele se afastassem. Sua mão na minha cintura ainda me segurava com força, e eu suspirei enquanto abria os olhos lentamente. Ele ainda estava de olho fechado, tentando controlar a respiração.

— Eu esperei tanto por isso.- Ele disse baixinho, abrindo os olhos e encontrando os meus. Sorrimos, e só então ele me deixou afastar.

— Você podia ter ganhado ontem á noite.- Eu disse, dando de ombros, saindo da cozinha. Ele veio atrás de mim, e quando eu me sentei no sofá, ele sentou junto.

— Você devia ter me contado, teria poupado muito sofrimento.- Ele disse, colocando o braço atrás da minha cabeça, apoiado nas costas do sofá. Eu concordei com a cabeça.

— Na próxima vez eu aviso.- Eu disse, sorrindo. Ele abriu um sorriso enorme, que fez meu coração acelerar. Ele não podia fazer essas coisas e não esperar que eu fique nervosa.

— Vai haver próxima vez?- Ele ergueu uma sobrancelha. Eu revirei os olhos e ele balançou a cabeça.- Na próxima vez, você quem vai me beijar.

— Ué?- Eu ri, erguendo uma sobrancelha para ele, que riu também.

— É, pra não ficar parecendo que eu sou o louco que sempre rouba beijos.- Ele disse, dando de ombros. Eu balancei a cabeça, abraçando sua cintura e me aconchegando no seu peito.

— Em breve vai nevar, como nós vamos fazer o livro, e como você vai terminar a padaria?- Perguntei, mudando de assunto de repente, ele suspirou.

— O livro é fácil, eu posso vir aqui. Mas quanto á padaria, bem, logo poderemos inaugurá-la, já está quase tudo pronto. Em menos de 3 semanas eu acho que poderemos inaugurar.- Ele disse, sorrindo vitorioso. Eu concordei com a cabeça.

— E então você vai ficar lá todos os dias, o dia inteiro?- Perguntei, tentando não demonstrar meu desconforto com a ideia, mas a forma como ele me olhou me fez perceber que ele sabia. Ele sorriu e balançou a cabeça.

— Provavelmente, sim. Pretendo contratar algumas pessoas para ficarem na cozinha, mas antes eu vou ter que mostrar á elas todas as receitas, e além disso, eu não quero ficar na burocracia da padaria, quero trabalhar com a massa. Acho que vou deixar Delly no setor administrativo.- Ele disse, dando de ombros. Fiquei decepcionada comigo mesma quando ele me olhou de esguelha por eu ter demonstrado uma careta de desagrado.- O que?

— Eu gosto da Delly, mas você não acha que anda muito tempo com ela? Qualquer um que vê de longe pensa que vocês dois tem alguma coisa.- Eu disse, dando de ombros e me afastando para cruzar os braços. Ele deu de ombros.

— Não me importo com o que as pessoas dizem, eu e Delly somos apenas amigos, e não tem nem como passar disso. Eu sou apaixonado por outra.- Ele disse, piscando para mim. Eu engoli em seco, era a primeira vez, desde que ele foi telessequestrado, em que ele disse que era apaixonado por mim. Eu não consegui conter o sorriso.- E além disso, eu acho que ela está com alguém.

— É mesmo? Quem?- Eu ergui uma sobrancelha, surpresa. Podia jurar que ela era apaixonada por ele, mordi o lábio inferior, pensando que talvez eu a tenha odiado á troco de nada. Ele deu de ombros.

— Não sei, mas ela anda enigmática, e nunca mais ela jantou comigo, ou conversou comigo direito. A culpa é sua, porque eu fico muito tempo com você, e quando eu estou com ela, normalmente falo da padaria, ou sobre você.- Ele disse, franzindo o cenho de repente, suspirando e depois balançando a cabeça.

— O que foi?

— Sou o pior amigo do mundo.- Ele lamentou, eu balancei a cabeça.

— Ninguém espera que você seja perfeito.- Eu dei de ombros, e ele também, olhando para mim e sorrindo em seguida.

— Vamos voltar para o livro?- Ele perguntou, apontando para o nosso trabalho.

Só paramos de fazer o livro quando eu bocejei cansada, e ele disse que era melhor pararmos e voltarmos amanhã. Levei ele até a porta, e mordi o lábio inferior quando ele passou da soleira, ele também pareceu nervoso, e quando eu pensei que ele ia embora com apenas um “até amanhã”, ele se aproximou e deu um beijo na minha testa. É claro que não era o suficiente, mas era melhor do que nada.

Ficar sozinha novamente foi horrível, mas eu ainda tinha as lembranças daquela noite. As lembranças dos lábios de Peeta nos meus, seu beijo quente e suas mãos no meu corpo. Balancei a cabeça, desligando as luzes da sala e subindo as escadas em direção ao quarto. Não tomei banho, percebendo que eu estava cansada demais para isso, apenas me deitei na cama e fechei os olhos, sendo consumida pela inconsciência, e ao mesmo tempo completamente consciente dos meus pensamentos sobre Peeta.

(…)


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Notas finais do capítulo

Eu escutei um aleluia? Finalmente rolou o tão esperado beijo. Espero que não tenha decepcionado vocês, porque eu demorei tanto que esse beijo tinha que ser O BEIJO do século. Não sou muito boa com intimidades, mas espero que vocês tenham gostado do jeito que eu fiz. Amo vocês, até o próximo capítulo!