I do, i need you. escrita por hollandttinson


Capítulo 13
Reason.


Notas iniciais do capítulo

Não estou conseguindo responder os comentários do capítulo anterior, então se alguém mandou um comentário e eu não respondi, mil desculpas, mas não fui intencional, a culpa nem é minha! Passando a parte dos avisos, come on porque tem capítulo novo SEM BEIJO por enquanto...



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NARRAÇÃO: PEETA MELLARK.

Acordei alarmado por meus próprios pesadelos, banhado de suor, como se tivesse me jogado numa piscina disso. Sentei na cama e respirei fundo, apesar de estar com dificuldade de controlar os meus pulmões. Segurei o meu travessei com força, fechando os olhos na mesma medida de força, rezando para que meu corpo se controlasse, caso contrário, Katniss estaria em extremo perigo.

Quando já conseguia controlar á mim mesmo, fui para o banheiro e tomei um banho novamente, frio, como eu costumo fazer. Fui para o meu quarto de pinturas e pintei alguns flashes do meu pesadelo, tentando encaixá-lo no que podia ou não ser real, no que podia ou não ser uma lembrança.

Descobri que era real, que eu tinha visto Katniss em desespero por sua irmã, que possivelmente estava capturada pela Capital, e que eu não podia fazer nada, porque um campo de força estava me prendendo. Fechei os olhos, as lembranças que a Capital me deu desse momento eram diferentes, nelas Katniss assassinava os meus irmãos e me prendia dentro de um campo de força para que eu não pudesse ajudá-los, e ria disso. Balancei a cabeça, definitivamente a Katniss do quarto ao lado nunca faria isso, fui tolo por um dia achar que podia.

Ouvi gritos e meu coração bateu acelerado, por um momento eu não soube se eram os meus gritos ou os dela, mas depois eu percebi que não estava gritando, e fui até o quarto dela. Katniss se debatia desesperadamente, banhada de suor. Tentei pensar na melhor forma de agir, e fui impulsionado, quase por instinto, á me deitar ao seu lado, abraçá-la e repetir que não era real até que ela se acalmasse, e funcionou.

Apenas abraçá-la não era o suficiente, eu tinha que fazer algo para acordá-la daquele pesadelo, que devia ser horrível para ela se debater e suar tanto. Balancei um pouco o seu corpo, e sussurrei que aquilo não era real, e que eu estava ao seu lado, até que ela finalmente acordou, e a sua respiração não deixou de ficar acelerada por causa disso.

— Você está aqui.- Ela sussurrou. Não era uma pergunta, era como se ela tentasse confirmar para si mesma de que eu estava ali, que eu a estava abraçando. Me perguntei quantas vezes ela ilusionou que eu estivesse ali, e acabou descobrindo que eu não estava. Não, eu não podia me dar ao luxo de pensar que Katniss pensava em mim.

Ela me abraçou com mais força, se aconchegando ao meu peito, respirando fundo. Ela estava tão suada que o meu peito nu começou á ficar escorregadio, mas eu tinha a sensação de que ela não ia se afastar tão cedo. Talvez eu devesse pensar um pouco sobre Katniss pensando em mim, ela devia gostar de mim, se permite que eu esteja dessa foma com ela.

— Sim.- Eu disse, confirmando para ela, caso o meu corpo debaixo do seu não fosse o suficiente. Dei uma risadinha nervosa, pensando sobre como estávamos próximos agora, e em como eu sonhei com isso. Era egoísta pensar sobre isso agora, principalmente no estado em que ela se encontrava. Suspirei e perguntei:- Quer falar sobre o pesadelo?- Conhecendo-a como conhecia, imaginei que ela diria não, mas ela me surpreendeu.

— Você estava queimando. E depois explodia. Eu não podia fazer nada.- Ela tinha tido um pesadelo comigo, e a ideia de me perder a tinha feito agir daquela forma insana enquanto dormia. Ela tinha gritado, suado e chorado por medo de me perder. Ela não queria que eu morresse, como a Capital quer que eu acredite. Meu coração estava acelerado, eu tive medo de ela perceber a imensidão dos sentimentos que me assumiam agora, principalmente porque eu não sabia o que significavam, e apenas disse o que me veio á mente primeiro:

— Eu estou bem.- Inclinei minha cabeça e dei um beijo no alto da sua testa, qualquer contato com o corpo suado dela me causava arrepios felizes. Esperei tanto por isso!- Eu estou aqui, não tem fogo algum por perto, eu estou seguro, e você também. Não era real.- Complementei.

— Eu não queria ter acordado você, desculpa.- Ela disse, se afastando antes do que eu imaginava. Ainda bem que estava escuro, e ela não pôde ver a minha cara de insatisfação. Busquei pelo abajur e o acendi, sorrindo para ela quando vi seu rosto. Apesar de ela ter olheiras profundas, e um rosto cansado, eu ainda conseguia achá-la a mulher mais linda do mundo.

— Tenho a sensação de que isso é natural.- Eu disse, percebendo que toda essa situação me parecia um dejavú, como se eu já estivesse estado aqui antes: amparando-a depois de pesadelos, conversando para que eu e ela esqueçamos o que aconteceu.

— O que?- Ela perguntou, confusa. Talvez não fosse real, apesar de parecer.

— Eu sempre amparava você quando você tinha pesadelos, verdadeiro ou falso?- Perguntei, piscando para ela, pedindo para que ela entrasse na brincadeira que Finnick inventou. Ela sorriu, o que me aliviou bastante.

— Verdadeiro. Você é o melhor nisso.- Ela disse, eu dei de ombros, feliz por ela ter respondido, e pelo elogio. Ela se sentou, e eu a companhei, percebendo a forma distraída como ela olhava para o meu corpo. Quis acreditar que ela estava olhando porque gostava do que via, e não pelas cicatrizes que tenho. Quando percebeu que eu a tinha percebido, ela ficou vermelha e eu ri.

— Você sempre olha para mim como se eu fosse um pedaço de carne delicioso. Verdadeiro ou falso?- Perguntei, fazendo-a revirar os olhos, da forma como eu esperava.

— Não está muito frio para ficar sem camisa?- Ela perguntou, fugindo como sempre. Eu dei de ombros, não ia insistir.

— Você roubou a minha camiseta, lembra?- Ergui uma sobrancelha, olhando para ela, e rezando para que ela não percebesse a forma apelativa como eu a olhava, feliz por ela estar usando algo meu, e ela estava tão linda!

— Você tem outras.- Ela revirou os olhos, e eu dei de ombros, balançando a cabeça em seguida. Ela tinha me contado dos seus pesadelos, eu podia contar dos meus também, não importa o quanto eu os odeie.

— Eu tenho pesadelos, e em noites como essas – apontei para a janela – é mais complicado, por causa dos trovões e relâmpagos. Fico tão suado que usar uma camisa parece ser um tipo de tortura.- Expliquei, olhando-a nos olhos. Todos os meus pesadelos envolviam Katniss, a maior parte das vezes ela estava tentando me matar, ou me torturando, ou sendo bem cruel. Mas em algumas vezes, e eu admito que eram as piores, era eu quem era cruel com ela. Eu era o monstro, era horrível. Ela tremeu e balançou a cabeça.

— Você devia voltar á dormir.- Ela disse, se deitando de costas para mim. Eu suspirei, aparentemente ela já tem pesadelos demais para se preocupar comigo. Um trovão me fez tremer, meu coração acelerou, esse barulho não me trazia boas lembranças. Eu tinha que sair daqui, mas não queria. Ela se virou para me olhar.- Tudo bem, não vai conseguir dormir, não é?- Não quero a pena dela.

— Claro que vou. Até mais tarde, Katniss.- Eu disse rudemente, levantando da cama e saindo do quarto sem olhar para trás, e ela não me pediu para voltar, tampouco.

Saí do seu quarto e fui imediatamente para o quarto de pinturas, onde eu sempre relaxava de toda a tensão e a crise, quando ela não tomava grandes proporções, como agora. Posso controlá-la, então eu peguei um pincel e comecei á pintar um vestido de noiva. Ele era lindo, e estava em lembranças ruins, onde Katniss queimava o vestido e eu acabava saindo queimado também, mas não pareciam lembranças reais, não quando eu já tinha visto o que aconteceu de verdade.

Senti algo quente tocar minhas costas com delicadeza, demorei apenas 1 segundo para raciocinar que Katniss tinha voltado. Fechei os olhos aliviado por ela estar aqui, mas tremi com o toque. Senti seus braços envolverem meus ombros e mantive meus olhos fechados, levando a minha mão até a sua, tocando-a também. O calor do corpo dela junto ao meu era tão maravilhoso, eu queria ter aquilo o tempo todo, mas sabia que não era possível. Ela balançou a cabeça e eu abri os olhos, sentindo-a apertar minha mão com força.

Virei o rosto em sua direção, e o seu rosto estava muito perto. Precisaria de muito pouco para beijá-la, e de muito autocontrole para não fazê-lo, e eu não sabia qual dos dois eu tinha mais, e o que era melhor nesse momento. Ela mordeu o lábio inferior, como se quisesse me provocar, ou como se ela precisasse fazer alguma coisa para que meu coração batesse mais acelerado do que já estava. Ela suspirou.

— Não quero dormir sem você.- Ela disse, eu concordei com a cabeça, apesar de não ter realmente entendido o que ela tinha dito, pois estava hipnotizado com os movimentos de seus lábios.- Fica comigo.- Tive uma epifania diante dessa frase. Quantas vezes eu já a tinha escutado saindo da boca dela? Quantas vezes eu disse sim? Quantas vezes dizer sim me salvou?

— Acho que eu tenho que falar “sempre”, certo?- Perguntei sorrindo, me lembrando da primeira vez em que eu disse isso á ela. Ela estava dormindo, e não ouviu, mas eu já tinha prometido que ficaria com ela para sempre. Essa lembrança não tinha sido apagada pela Capital, pois a Capital nunca teve acesso á ela, e eu estava muito feliz por isso. Ela sorriu de volta.

— Você costumava fazer isso.- Ela disse, eu fiquei de pé, sem soltar as suas mãos.

— Nós dois dormíamos juntos?- Perguntei, mas eu sabia a resposta. Eu ainda podia sentir, apesar da longa distância de tempo, o seu corpo colado ao meu enquanto dormíamos. Ela dormia, pelo menos. Sorri e ela revirou os olhos.

— Apenas dormíamos.- Ela disse, ficando vermelha. Eu não tinha pensando sobre o assunto ainda, mas, agora que ela falou, a ideia de deitar com ela me deixou nervoso. Mesmo assim, eu concordei com a cabeça.

— Eu sei, não se preocupe, eu me lembro de muitas coisas.- Eu disse, entrelaçando nossos dedos e percebendo o quanto eles se encaixavam perfeitamente. Ela olhou com atenção para as nossas mãos unidas, e pareceu perceber o mesmo que eu. Sorri.- Vamos dormir, Katniss.

Guiei-a para o seu quarto, indo na frente, ela veio atrás sem hesitar. O abajur ainda estava ligado, eu me deitei e olhei para ela, de pé ao meu lado, ela deu de ombros e deitou na cama também, indo direto para o aconchego do meu peito nu. Suspirei aliviado, fechando os olhos, satisfeito por esse momento. Eu queria parar o tempo agora, esquecer tudo o que passou e tudo o que vai acontecer depois daqui, e viver esse momento para sempre, mas isso não era possível.

— Peeta?

— Sim.- Abri os olhos alarmado, procurando algo errado. Ela me olhou nos olhos, ela não parecia assustada nem nada, parecia leve, calma. Relaxei meu corpo, esperando que ela prosseguisse.

— Obrigada por ter voltado para o Distrito 12.- Ela disse, sorrindo. Eu sorri de volta.

— Não há de quê.- Eu disse, relaxando nos travesseiros e fechando os olhos. Logo ela estava em meus braços novamente, o lugar onde ela nunca devia ter saído.

Dormi rapidamente, para a minha surpresa. Eu não costumava dormir tão rápido, e nem dormir tanto. Acordei sozinho na cama, olhei para a janela, o tempo estava nublado, era o começo do inverno. Sentei na cama procurando por Katniss, ela não estava em lugar nenhum, bufei. Ela devia ter ido para casa, e me abandonado aqui.

Fui para o meu quarto, tomei banho e troquei de roupa, me movendo com uma certa preguiça. Meu corpo estava tão relaxado que não queria se movimentar, como se eu tivesse me exercitado por horas, finalmente descansado, e meu corpo não estivesse preparado para voltar á ativa. Mesmo assim, desci as escadas.

Um cheiro bom de café e ovos com bacon invadiu as minhas narinas, me conduzindo á cozinha como num filme de desenho animado. Parei estagnado na sala, olhando para Katniss no fogão, enquanto Delly estava sentada no balcão, analisando Katniss. Comecei imediatamente á rezar para que isso não magoasse Delly, que saber que eu e Katniss estávamos bem não a deixasse triste.

— Bom dia, meninas.- Eu disse, me aproximando das duas. Dei um beijo na testa de Delly, já estava acostumado com isso. Fui até o fogão, ver o que Katniss estava fazendo, e sorri para ela quando vi ovos com bacon.- Acordou disposta?

— Com fome.- Ela corrigiu, sua voz não era nada simpática, o que me fez pensar que talvez ela não tenha gostado da presença de Delly. Dei de ombros e me virei para a garota loira, que analisava tudo com certa curiosidade.

— Perdão Delly, mas infelizmente eu não tive tempo para fazer pães essa manhã.- Eu disse, fazendo uma careta. Ela sorriu, assumindo a postura da Delly que eu costumava conhecer, suspirei aliviado.

— Tudo bem, eu já esperava que você não tivesse feito. Não se preocupe, Katniss me serviu um pouco de torta.- Ela disse, apontando para o prato que eu não tinha notado. Apesar do tom de voz gentil, eu sabia que aquela situação não era 100% agradável para Delly, e eu odiava saber que a magoava de alguma forma. Ela pareceu perceber meu desconforto.- Ela não podia me dar torta?

— Podia sim! É só que eu gostaria de ter feito pão.- Eu passei a mão no cabelo, o Peeta não-telessequestrado conseguia disfarçar melhor do que o atual Peeta. Katniss levou a frigideira para a mesa de jantar, fingindo que não estávamos aqui.

— Mas e então? Vocês voltaram á ser os amantes desafortunados ou...?- Delly ergueu uma sobrancelha, ela falou bem na hora que Katniss estava voltando para a cozinha, e ela ficou vermelha. Eu balancei a cabeça.

— Estava chovendo muito para ela voltar pra casa ontem á noite, e eu lhe ofereci um quarto para ficar esta noite.- Eu expliquei. Delly concordou com a cabeça, eu desviei de seu olhar, indo para a geladeira e pegando a caixa de chocolate, colocando numa chaleira e esquentando para poder tomar. Katniss sorriu, pegando uma jarra de suco de dentro da minha geladeira. Ela agia como se estivesse em casa, e eu gostei disso mais do que o monstro gostaria.

— E suas roupas também, aparentemente.- Delly falou baixinho, mas Katniss percebeu, pois ela fez uma careta e respirou fundo. Olhei para Katniss, ela ainda estava usando a minha camisa do moletom, ficou longa nela, mas curta o suficiente para que eu pudesse ver várias cicatrizes espalhadas pela sua perna. Eu balancei a cabeça quando ela, constrangida, voltou para a sala de jantar. Olhei para o meu chocolate fervendo.

— É desconfortável dormir de calça jeans. Mas, mudando de assunto, onde está Ian?- Perguntei, tentando mudar o foco da conversa. Me virei para Delly, de braços cruzados. Ela revirou os olhos.

— Na escola, Peeta. Sabe que horas são?- Ela ergueu uma sobrancelha para mim. Eu olhei para o relógio da parede, assustado ao vê-lo marcar 9 horas da manhã. Deus, eu nunca dormi por tanto tempo. Fiz uma careta.

— Você devia ter me acordado, Delly.- Eu resmunguei, tirando meu chocolate do fogo, servindo em uma xícara grande e levando para a sala de jantar. Delly veio comigo, e se sentou ao meu lado na mesa, de frente para Katniss, que revirou os olhos e começou á comer algumas torradas que eu tinha feito ontem.

— Bem, se Katniss não o tinha feito, não sou eu quem faria.- Ela deu de ombros, sorrindo para mim. Eu concordei com a cabeça, achando que seria melhor não deixar mais o assunto se abranger, e comer a minha própria comida. O clima ficou tenso na mesa, e eu já estava começando á ficar nervoso, quando Delly se levantou.- Bom, eu tenho que ir para o meu trabalho. Tenham um bom dia.- Ela disse, se inclinando e dando um beijo na minha bochecha. Ela colocou a mão no ombro de Katniss delicadamente, e foi embora. Katniss balançou a cabeça e continuou comendo, em silêncio.

— Pensei que tinha ido embora quando acordei e não te vi.- Eu disse, aproveitando que Delly tinha ido embora. Katniss revirou os olhos.

— Eu pensei em ir, mas ainda estava chovendo quando acordei, então eu fui fazer seu café. Não demorou muito para a sua amiguinha chegar.- Ela disse, falando a palavra “amiguinha” com certo desprezo que eu, até então, não sabia que ela tinha por Delly. Balancei a cabeça.

— Delly costuma vir tomar café da manhã comigo, ela sempre traz o Ian.- Eu dei de ombros. Katniss concordou com a cabeça.

— Desculpa por ter atrapalhado.- Ela não parecia querer se desculpar, eu dei de ombros.

— A parte ruim é que agora eu vou ter que fazer pão nas pressas, e provavelmente não vou poder ver a construção da padaria hoje.- Eu fiz uma careta. Haymitch dependia de mim, já que ele não comia a comida de Greasy Sae com tanto prazer quanto os meus pães. Katniss suspirou.

— Desculpa, eu pensei em te acordar, mas você estava tão relaxado.- Ela disse, inclinando a cabeça para o lado, parecendo lembrar da forma relaxada como eu dormia. Balancei a cabeça.

— Pare de se desculpar, eu estava mesmo precisando de um momento como este, fico feliz por você ter me ajudado. Se não fosse você ali, eu não teria dormido, sabe disso, certo?- Perguntei, queria tê-la comigo todas as noites, mas eu sabia que tinha sido só essa noite. Ela concordou com a cabeça.

— Não há de quê. Vamos continuar o livro hoje?- Ela perguntou, parecendo ansiosa. Sorri.

— Sim, mas dessa vez na sua casa. Vou tentar arrumar toda essa bagunça esta tarde.- Eu disse, apontando para a minha sala amarrotada de caixas. Ela concordou com a cabeça.

— Tudo bem, só não garanto o mesmo banquete que você me garantiu. Infelizmente a única coisa que eu sei fazer na cozinha é ovos mexidos com bacon, mesmo.- Ela disse, fazendo uma careta. Eu cutuquei os meus ovos e coloquei um pouco na boca, estava faltando sal, um pouco cru, e os bacons estavam duros. Fiz uma careta de desaprovação, sem conseguir me conter. Como eu disse, o antigo Peeta era melhor com fingimentos. Katniss gargalhou.- Aparentemente eu não sei fazer nada.

— Não, está... Comível.- Menti, ela balançou a cabeça.

— Não precisa mentir para me fazer sentir melhor.

— É só uma questão de prática.- Eu dei de ombros, bebendo um chocolate quente. Ela suspirou.

— Nunca vou chegar no nível de alguém que passou a vida toda trabalhando com o ramo alimentício.- Ela balançou a cabeça, bebendo seu suco. Eu sorri.

— Pode tentar.

— Não, prefiro deixar você fazer a comida e eu comer, mesmo.- Ela disse, eu ri, balançando a cabeça. Depois disso, ficamos em silêncio enquanto terminávamos de comer. Ela disse que ia lavar a louça, e eu fui fazer a massa de pão. Quando ela terminou, subiu para trocar de roupa, não demorou muito com isso, e antes que eu pudesse esperar, ela estava se despedindo e indo para casa.

A solidão me consumiu imediatamente, e eu quis ir até ela e pedir que ela voltasse, mas eu não podia fazer isso. Tinha prometido á mim mesmo que não seria dependente de Katniss. Foi pra isso que eu decidi reerguer a padaria, e é por isso que eu pinto, para ter ocupações além dela. Mas, mesmo assim, ela ocupa meus pensamentos até mesmo nesses momentos.

Coloquei o pão no forno e fui até a sala, pegando o telefone e ligando para o chefe dos pedreiros que estava construindo a padaria. Ele atendeu rapidamente, e eu pedi para que ele viesse buscar os fornos novos que estavam na minha sala de estar, ele disse que viria mais tarde. Quando desliguei, tratei de ligar para o dr. Aurelius. Contei para ele sobre a recente crise de Katniss, e sobre a noite passada.

— Isso é bom, significa que ela não tem tanto medo de você quanto você imagina, e que você consegue ficar perto dela sem querer matá-la o tempo todo, indo contra o que nós três imaginávamos. Vocês estão se curando, Peeta.- Ele disse. Pensei sobre isso. Estávamos mesmo nos curando?

De fato, eu conseguia ficar perto dela sem o monstro querer atacá-la. Todas as minhas crises conseguiam ser controladas na maior parte das vezes, e quando eu não conseguia, conseguia dar meu próprio jeito em tudo. Arranjei formas de escapar do monstro que a Capital me tornou, sem machucar ninguém, nem mesmo á mim. Consigo me concentrar em outras coisas, e a minha lembrança está cada dia melhor. Aos poucos me sinto voltando para mim mesmo, voltando para Katniss. Tenho a sensação de que nunca fui, apenas me escondi atrás de uma pilastra fina achando que ninguém ia me encontrar, e acabou que ela me encontrou, como sempre.

Quanto á ela, bem, ela estava aqui. Por muito tempo ela tinha se fechado em seu próprio mundo, se limitado á apenas existir, esquecido de que havia vida dentro de si, achando que tudo o que ela tinha, e tudo o que ela era, tinha morrido com Prim, Finnick, Rue e todas as outras pessoas com quem convivemos. Foi preciso muito esforço da parte dela, que é mais forte do que imagina, para que sua própria barreira criada fosse destruída, mas aqui está ela. Ela me deixou invadir esse espaço, como eu sempre quis. Ela está me deixando ficar ao seu lado, ela quer ficar do meu lado.

Não sei o que significa estar curado, pois sempre vivi num mundo quebrado, então eu apenas sei o que é existir e viver. Me sinto vivo agora, não só como uma arma criada pela Capital para odiar e matar a mulher que um dia me fez ser o homem mais feliz do mundo. Me sinto apenas mais um homem que foi quebrado, mas que está se reconstruindo. Sorri.

— Acho que o senhor tem razão, doutor.

(…)


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Notas finais do capítulo

Eu sei que vocês querem me matar porque não rolou beijo, e que no fundo vocês me acham uma cretina porque eles deviam ter se beijado á séculos atrás, mas fiquem tranquilos pois o capítulo do tão esperado kiss está mais próximo do que vocês imaginam! Agora, se não for pedir muito, será que vocês podiam deixar comentários após lerem tudo isso? Amo vocês.