Anjo das Trevas escrita por Elvish Song


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

E aqui estamos, com uma nova história do Fantasma da Ópera! Espero que gostem, e lembrem-se de deixar reviews, ok? Eu A-M-O reviews!



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Quatro anos... Já havia quatro anos desde que Christine o abandonara. Quatro anos que a Música da noite havia morrido, e só o angustiante silêncio da dor preenchia a mente de Erik. Desprovido de tudo o que dera sentido à sua vida – sua musa e sua arte – ele considerara se matar por várias vezes, mas nunca conseguira levar a cabo seu intento. Crueldade irônica do destino, por algum motivo ele ainda desejava viver. Mas viver por quê? Viver para quê?

Em sua dor paralisante, contudo, ele encontrara um bálsamo na figura de Madame Giry e da pequena Meg, que o haviam escondido e protegido quando a multidão enfurecida o procurara, após o incêndio da Ópera Populaire. Desde então, haviam cuidado dele como podiam, velado por sua pessoa, e o Fantasma retribuía como podia. De certa forma, amava aquelas duas mulheres, tanto quanto seu coração morto podia amar alguém. Preocupava-se com seu bem-estar, e procurava alegrá-las com pequenos mimos, quando conseguia escapar à letargia que se tornara sua companheira constante. Os poucos segundos de alegria que tinha eram os momentos em que via a felicidade no rosto de ambas.

Caminhando sozinho em meio à noite de Paris, Erik vivia mais um daqueles momentos em que a dor em seu coração abrandava um pouco, e lhe permitia pensar e respirar. Com o aniversário de dezessete anos de Meg se aproximando, ele decidira dar-lhe um presente especial: a menina amava cavalos, e dinheiro não era um problema para Erik, uma vez que continuava a chantagear os diretores da reinaugurada Ópera. Assim, estava à procura de um belo animal, dócil e jovem, para presentear a menina. A caminhada noturna fazia-lhe bem; oculto nas profundezas de seu capuz, invisível em meio às sombras, ele quase podia esquecer-se da maldição que o acompanhava desde o nascimento. A noite era benevolente para com os proscritos.

Estava quase chegando à sua meta – um estábulo conhecido pela excelência de seus animais – quando algo inesperado aconteceu: como uma sombra, quase rápido demais para ser visto, um vulto se chocou contra Erik, e mãos ligeiras tentaram arrancar-lhe a bolsa de moedas; mas o gatuno não sabia a quem estava tentando roubar! Como um raio, o Fantasma agarrou a gola das vestes do ladrão, erguendo-o do chão e batendo-o com força contra a parede da casa à direita de ambos. No movimento, contudo, o capuz do estranho caiu, e Erik viu-se pego totalmente de surpresa pelo que seus olhos encontraram!

Erguida pelos braços fortes do Fantasma, arfante pela corrida e pelo susto, uma jovem de cerca de vinte anos encarava o homem, seus olhos azuis como o céu arregalados em espanto. Era a criatura mais linda que Erik já vira, com cabelos dourados como trigo maduro, rosto de feições delicadas e orgulhosas, sobrancelhas arqueadas, cílios longos e dourados, os olhos de céu amendoados e grandes, expressivos... Não apenas a beleza dela, mas o fato de se tratar de uma mulher – Erik JAMAIS agredira uma mulher, em sua vida – desarmaram o músico, e este foi um grande erro: percebendo a confusão de seu captor, a moça se recuperou e, sem piedade, chutou o estômago do homem.

Atingido com força, Erik se dobrou para frente, deixando a jovem cair no chão; fria, ela terminou o que começara, golpeando a nuca de sua vítima com o cotovelo. Antes que pudesse perceber, o Fantasma viu o chão se aproximar, e a escuridão o envolveu.

*

Ao despertar, sentindo uma forte dor de cabeça, Erik percebeu que não apenas sua bolsa de moedas, mas seu casaco, espada e até sua camisa haviam sumido. Relembrando-se do que acontecera, sentiu a raiva ferver-lhe o sangue: aquela maldita ladrazinha havia feito muito mais do que roubá-lo... Ela o havia humilhado, atingido sua dignidade, e isso o Fantasma não perdoaria, nem esqueceria.

Sentindo uma motivação e ânimo que há muito não o preenchiam, ele se levantou ainda tonto – havia batido a cabeça no chão, e um corte em sua sobrancelha fazia escorrer sangue sobre seu olho esquerdo – e apoiou-se no muro: seus instintos de assassino estavam todos despertos, e uma firme decisão o motivava! Pois embora nunca houvesse ferido uma mulher, estava determinado a encontrar a ladina, e fazê-la pagar pelo que fizera! De repente, toda a determinação do Fantasma da Ópera havia retornado, e direcionava-se a encontrar a ladra de cabelos dourados e olhos de céu.

Voltando atrás em seu caminho, ele mal sentia o frio da noite, apesar de estar sem camisa. Por sorte a maldita não lhe levara a máscara também! A raiva inflamava o peito de Erik, uma raiva como há muito não sentia. Fazendo planos para vingar-se da mulher, ele retornou ao lugar onde morava, agora – um sobrado grande nos subúrbios de Paris, que havia comprado para si nos tempos onde ainda esperava desposar a ingrata Christine.

Já refeito da tontura, ele estranhou ao encontrar a porta da frente aberta: a criada que Madame Giry enviava semanalmente, para manter tudo em ordem, já havia ido embora! Ao entrar, surpreendeu-se pela segunda vez naquela noite, ao encontrar Meg em sua sala. A menina deu um pulo da poltrona onde estava sentada, ao ver seu amigo de torso nu e com um grane corte na sobrancelha.

- Erik! – corando ao ver o torso magro, porém definido, do Fantasma, a menina tratou de ignorar o fato para examinar o corte. Sem esperar qualquer resposta do homem, fê-lo sentar na poltrona que há pouco ocupava – ah, o que aconteceu?!

- O que está fazendo aqui, Meg? – perguntou o homem, enquanto a garota examinava seu ferimento.

- Vim vê-lo, é óbvio! Você não nos dá notícias há dez dias! Vim ver se ainda estava vivo! – rápida como um esquilo, ela tratou de buscar água e um pano limpo, mas o Fantasma a impediu:

- Não preciso disso, Meg. Agradeço por sua visita, mas, como pode ver, acabei de ter meu ego bastante ferido por um ladrão. – ele se levantou – vou subir e colocar trajes mais adequados. Sinta-se à vontade para ficar, se quiser.

- Ah, não, obrigada! – respondeu a moça – o coche está me esperando, lá fora. Vim apenas para ver se estava bem.

- Um banho e ficarei melhor. – a voz do Fantasma soava mal-humorada como sempre, mas com uma força renovada – Agradeço pela preocupação, criança. – e assim dizendo, ele a deixou na sala. Meg não estranhou: Erik era sempre rabugento e mal-humorado. O corte não fora fundo, e ela sabia que não conseguiria arrancar nada daquele homem sisudo e lacônico. Bem, se ela ainda não havia se matado, então ela podia ir embora sem culpa.

Lamentando não poder fazer nada por Erik – tinha muito afeto por aquele pobre homem, cuja vida fora um verdadeiro inferno – ela deixou a casa e se dirigiu à carruagem que a levaria de volta para casa. Quem dera houvesse algo que pudesse despertar o Fantasma outra vez! Mas ela já não cria nisso: ele vivera por Christine, e ser abandonado quebrara de vez um espírito já muito massacrado. Perder sua musa inspiradora fora mais do que ele pudera suportar, e agora já não era sequer a sombra de quem já fora. Triste, a adolescente só podia lamentar.

Enquanto isso, mergulhado em sua banheira, o Fantasma imergia também em pensamentos: precisava encontrar a mulher, antes de tudo, e era com essa ideia fixa em mente que, sentindo-se vivo como não o fazia há muito tempo, começava a traçar seu plano de ação.


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram?
No próximo capítulo, teremos a apresentação da "ladra misteriosa". Quais as expectativas?
Beijos, minhas flores!