Narrado por Charlie

Desde a última vez que falei com o Tommy já haviam se passado dois dias. – Nós nos víamos nos corredores, mas a única coisa que conseguíamos era uma troca de olhares. Cody não saia do meu pé, e Jas parecia finalmente estar caindo em si e vendo o quanto Cody estava exagerando. Mas mesmo assim, ela não dava o braço a torcer e continuava insistindo que era pra "minha proteção".  – Ridículo.

Katie estava mais estranha do que nunca, ela parecia sempre me evitar como se me escondesse algo, eu não entendia bem o que era, mas pelo menos ela e Jeff haviam se entendido.

O sinal anunciando o termino das aulas daquele dia havia tocado, eu esperei todos saírem e sai por ultimo, passei enfrente a sala onde eu costumava me encontrar com Tommy, mas nem sinal dele, então entrei na sala para ver se ele já havia entrado – não, ele não estava lá. – Me virei pronta pra sair quando dei de cara com Lucy, ela havia entrado sorrateira e silenciosamente sem que eu percebesse.

— Nós precisamos conversar, ruivinha. – sorriu má.

Narrado por Tommy

Um pouco antes de o sinal bater eu recebi uma mensagem muito estranha do Noah. Na verdade aquela mensagem me fez querer mata-lo. O sms dizia que ele havia visto a Charlie indo se encontrar nos fundos da quadra esportiva com aquele panaca do Scott. – Assim que o sinal bateu fui até lá pra ver se aquilo era verdade, eu sabia que a Charlie nunca ficaria com aquele garoto, mas também sabia como o Scott era insistente e como ele não saía do pé dela com essa história de “amizade”.

Chegando lá não a vi, nem ela e nem o Scott, fui atrás da grande arquibancada e chamei por ela, mas quem apareceu me fez serrar os punhos.

— Calma! – era Noah, com um sorriso doentio e com alguns hematomas que eu havia deixado nele desde a nossa última “conversa”.

— O que você quer? – indaguei impaciente.

— Só te dizer que a aposta chegou ao fim! Como você venceu, eu não contarei a ninguém! Pode ficar tranquilo! – sorriu.

Não estava entendo onde ele queria chegar com isso, eu o conhecia muito bem pra saber que ele não iria parar até fazer merda.

—  O que? Qual seu truque Noah? – perguntei com raiva.

—  Truque?! Eu só estou cumprindo minha parte na aposta! Que se você não se lembra, era que se perdesse eu contaria a toda escola. Mas como temos aqui um ganhador, mesmo faltando apenas uns dias para acabar, então eu cumprirei minha parte como um bom amigo. – ele veio até mim e deu um tapinha no meu ombro.

—  Não vou perder meu tempo com você! – falei me virando de costas e começando a caminhar, eu ainda encontraria Charlie e ele só estava me fazendo perder tempo.

—  Tom, só mais uma coisa... – parei de caminhar mais me mantive virado de costas. – Você sabe que eu sou péssimo em guardar segredos... E a Lucy é ótima em fazer qualquer um falar! – ele começou a rir. – Boa sorte, amigo.

Meu coração disparou, eu havia entendido bem o que ele queria dizer, é claro que ele se vingaria de mim. E que isso foi apenas um truque, Lucy contaria tudo a Charlie, e eu ia perde-lá.

Comecei a correr, mesmo que eu quisesse socar Noah isso poderia esperar. – Ela não poderia saber dessa forma, ela nunca entenderia.

Narrado por Charlie

—  O que você quer, Lucy? – revirei os olhos, essa garota e sua fixação pelo Tommy me dava tédio.

—  Vim aqui te contar algo muito importante! – ela sorriu, num misto de vitória e superioridade.

—  Não sei se você percebeu mais eu não sou sua amiga, e não estou afim de saber da sua vida!

—  Mas disso você vai querer saber! – ela se aproximou de mim. – Até porque não envolve somente a mim, mas você também!

—  O que? – indaguei.

Eu realmente não queria saber, mas se me envolvesse eu precisava saber.

Ela olhou no relógio que estava em seu pulso.

—  Sabe o Tommy, então... – e como se a porta tivesse sido derrubada com tamanha força que ela se abriu, ele entrou. – Bem na hora! – Lucy sorriu maliciosa. – Oi meu amor.

—  O QUE VOCÊ DISSE A ELA? – Tommy gritou com tanta raiva que parecia que seus olhos saltariam para fora, sua veia do pescoço era visível, eu não estava entendo nada. Mas meu coração disparava, sabia que algo ruim estava por vir. – O QUE VOCÊ DISSE? – Ele gritou entredentes.

— Nada ainda, meu amor! – Lucy sorriu, ela não estava com medo, pelo contrario. – Estava esperando por você!

— Lucy... – ele sibilou.

—  Calma querido! Eu só irei contar o necessário.

—  Do que vocês estão falando? – ele me olhou e desviou o olhar, não me respondendo. – TOMMY! – gritei.

—  Charlie, vamos sair daqui... – me pediu tentando manter a calma.

— Não!  Eu quero saber! – me aproximei dele, Lucy apenas nos observava. – Da pra me contar? – eu estava confusa e com raiva, porque ele me esconderia algo? Porque ele contaria pra ela e não pra mim?

— Não! – Tommy disse. – Vamos sair daqui! – ele segurou em meu braço, mas me livrei do seu aperto.

—  NÃO! ME CONTA AGORA! – exigi.

—  Eu e ele estamos juntos! – Lucy que só nos observava falou.

—  Você está mentindo! – comecei a ri, que garota ridícula. – Você tinha razão, vamos sair daqui! – Tommy não se moveu, ele a encarava, seus olhos transmitiam tanta raiva que ele seria capaz de esganar Lucy.

—  Diz a ela, amor. – Lucy sorriu. – Ou você quer que eu conte em mais detalhes? – ela se aproximou dele, ele a encarava com puro ódio.

—  Tommy? – falei, aquilo estava me assustando muito, não poderia acreditar.

— Tom, não vai querer que eu conte em mais detalhes, ou vai?

—  Isso é verdade? – indaguei incrédula, meus olhos ardiam. – TOMMY! –gritei.

— Sim. – ele sussurrou – É verdade.

Engoli em seco, minha garganta havia fechado, meus olhos ardiam, lágrimas escorriam teimosas pela minha bochecha.

Eu não acreditava naquilo.

Não sabia o que sentir.

No momento uma tristeza enorme e uma decepção gigante tomou conta de mim, eu queria correr dali, mas meus pés não se moviam.

Tommy não me olhará nos olhos, ele apenas havia abaixado a cabeça, Lucy me olhava com o que parecia uma falsa pena.

— Querida, eu te avisei que ele era meu, e que nunca ia querer alguém como você! – ela sorriu. – Olha pra você garota, não vê o quão ridícula é?!

Enfim meus pés se moveram e eu saí correndo dali, não sabia para onde estava indo mas tudo o que eu queria era sumir.

Esbarrei em alguém – o que foi uma surpresa, já que o corredor estava vazio.

— Charlie? – Scott me olhava preocupado. – O que houve?

—  Me tira daqui! – pedi em meio as lágrimas.

Narrado por Tommy

Depois do que Lucy havia contado a Charlie – mais uma grande mentira. – Ela saiu arrasada pela porta. Tudo o que eu queria era ir atrás dela e dizer que aquilo não era verdade, eu havia entendido onde Lucy queria chegar e como ela sabia da aposta tive que confirma que estávamos juntos. – Doeu ver a minha ruivinha daquele jeito. – Meu corpo agiu automaticamente e eu comecei a caminhar para porta.

— Nem pense nisso! – Lucy gritou, sua voz fina me irritava, eu estava com ódio dela, e só não ia soca-lá, porque não sou covarde pra fazer isso. – Se você for atrás dela, eu conto sobre a aposta, não só pra ela mas pra todo mundo! Já imaginou, o sofrimento seria dobrado pra ela!

— Só não vou fazer isso, porque eu realmente gosto da Charlie! – falei causando surpresa nela, e até mesmo em mim. – Diferente de você ela não é só uma transa! Você é uma vadia descartável. – Lucy levantou a mão para me dar um tapa, mas eu segurei seu braço com força. – Você conseguiu me separar dela, está satisfeita?! – apertei mais seu braço. – Mas isso não quer dizer que eu vou ficar com você! Eu nunca vou ficar com alguém como você! – usei a mesma frase que ela disse parar ferir a Charlie. – Agora sai daqui antes que eu perca o pouco controle que tenho. – soltei-a.

— Tommy, só me deixa ficar perto de você... – ela chorava. – Por favor.

— SAI! – gritei socando a mesa. Ela se assustou e saiu.

Eu havia perdido a garota que eu realmente gostei, e o pior era saber o quanto ela estava sofrendo por minha causa.

Ela nunca me perdoaria, nem por essa mentira e nem pela verdade. A pior verdade.