As lágrimas teimavam em descer dos meus olhos enquanto eu via a cena do Cody indo pra cima do Tommy – Ele se quer reagiu.

— Me deixa explicar! – escutei Tommy dizer antes de ser atingido por um soco do meu irmão.

Cody tinha derrubado ele no chão e socava seu rosto inúmeras vezes – Tommy não reagia, e eu não entendia o porque.

— PARE CODY! – gritei – PARE, JÁ CHEGA! – gritei entre soluços. A porta do meu quarto se abriu rapidamente e Katie e Jeff saíram de lá, eles me olhavam confusos e preocupados. – Me ajudem! Por favor.

Jeff foi até Cody e começou a tentar separar a briga enquanto Katie tentava me acalmar.

— O que houve?

— Cody descobriu! – as lágrimas insistiam em cair.

— Meninas! Ajudem também! – Jeff pediu.

Ele já havia conseguido tirar meu irmão de cima do Tommy, mas Cody estava descontrolado – Katie ajudava ou tentava ajudar a segurar ele, enquanto eu fui até Tommy e o ajudei a levantar.

— Está bem? Oh meu Deus, você está sangrando!  – falei olhando o ferimento em sua boca, um do seus olhos iria ficar roxo.

— EU PENSEI QUE VOCÊ FOSSE MEU AMIGO, TOMMY! – Cody gritou.

— EU SOU! – Tommy respondeu na mesma altura.

— NÃO, NÃO É! – meu irmão estava totalmente descontrolado – Sempre te disse, não mexe com a minha irmã! Eu até pensei que vocês se odiassem, mas vejo que me enganaram direitinho!

— Você não entende Cody, nós... – fui interrompida.

— Cala a boca Charlie! Acha realmente que ele gosta de você? – riu com desdém – Não seja ridícula em achar que ele se apaixonou por você!

— PORQUE? EU NÃO SOU BOA O SUFICIENTE PARA UM DE SEUS AMIGOS? – gritei.

— Ele que não é bom o suficiente pra você! Eu o conheço melhor do que ninguém, só está brincando com você e quando se cansar vai te descartar como fez com as outras!

— Não vou! Eu gosto da sua irmã, tenta me entender, amigo! – Tommy falou com tanta sinceridade que eu quase deixei escapar um sorriso.

— Acha mesmo que eu vou acreditar nisso? – meu irmão ria com sarcasmo –Você pode enganar a idiota da minha irmã, mas a mim não caralho! – Jeff ainda o segurava apesar dele não apresentar mais sinais de que iria bater no amigo.

— Charlie é melhor eu ir... – Tommy voltou a olhar pra mim. Ele estava com machucados no rosto e aquilo só me fazia ficar pior – Tenta ficar bem! Eu volto pra te ver... – Cody se soltou com tanta facilidade de Jeff e veio até mim me pegando pelo braço com brutalidade.

— Você vai ficar bem longe da minha irmã, entendeu? E não precisa voltar, porque você também não ficará mais na minha casa!

— A casa não é só sua! – falei sentindo raiva.

— Eu já mandei você calar a boca! – Cody me olhou feio.

— Solta o braço dela! – Tommy se aproximou perigosamente – Eu  não revidei, mas se você encostar nela de novo eu vou fazer você se arrepender!

— Vai embora daqui, e eu a solto.  – meu irmão disse – Agora!

Então ele se virou e começou a caminhar, Cody me soltou e eu comecei a chorar silenciosamente – Katie veio até mim e me abraçou.

— Vocês sabiam disso não é?! 

— Eu sabia sim! – Katie disse. – E acredito que eles se gostem de verdade!

— Katie eu não te perguntei nada! –Cody falou deixando transparecer sua raiva, Katie me soltou e foi até ele irritada.

— Continue agindo feito um idiota só porque sua irmã se apaixonou e isso só te afastará dela!

— Não me importo, a única coisa que me interessa é mante-lá bem longe dele! Charlie pode não entender agora, mas depois entenderá que eu só estou protegendo-a.

— Eu não preciso ser protegida! – gritei e entrei no meu quarto, tranquei a porta e me deixei escorregar até o chão chorando.

Como seriam as coisas agora? Tommy ficaria bem? E sua amizade com Cody? E nós dois?

(....)

— Charlie – acordei com batidas na porta, a voz era da minha mãe. Levantei lentamente e fui até a porta abrindo-a. Enquanto ela entrava eu fui em direção a cama novamente e me sentei, minha mãe fazendo o mesmo se sentou de frente para mim. – Como você está?

— Bem... – menti. – Cody já te contou?

— Já! E Katie fez questão de te defender, você tem uma ótima amiga! – minha mãe sorriu doce. – Mas quero saber a sua versão dos fatos.

— Eu me apaixonei mamãe! – engoli em seco, era difícil pra mim também aceitar isso. Admitir que eu havia me apaixonado pelo garoto que eu mais odiei na vida. – Não queria mãe, mas aconteceu...

— Olha querida, eu já havia percebido, confesso! – seu sorriso compreensivo permanecia ali. – Não vou te proibir de viver esse amor mas saiba que você poderá se machucar, está pronta para enfrentar as consequências?

— Eu não sei... – mordi o lábio nervosa. – Ele  parece gostar de mim da mesma forma mãe, sei que é difícil de acreditar porque é o Tommy, mas mãe eu sinto.

— Se é isso que você quer... – falou –Mas saiba que não vou poder proibir o seu irmão de tentar te “proteger”. Ele colocou isso na cabeça dele, nós já conversamos e eu não consegui convence-lo do contrário. Tommy terá que provar não só pra você, mas para todos que realmente está apaixonado por você.

— Obrigada mãe. – a abracei deixando-a surpresa.

— Por? – ela perguntou afagando meus cabelos.

— Me entender. – ficamos abraçadas por um tempo, até eu quebrar o silêncio mais uma vez. – Mãe? E o Tommy? Cody o expulsou daqui... 

— Eu liguei pra ele... – ela respondeu desfazendo nosso abraço – Ele está bem, pedi para que ele voltasse, eu disse que daria um jeito com seu irmão, mas ele preferiu não.

— Entendo... – falei triste – Mas onde ele está?

— Na casa dele, Molly ainda não voltou mas acredito que não vá demora tanto tempo.

Esperava que ele realmente estivesse bem.  – Apesar de saber que com tudo o que aconteceu, ele provavelmente não estaria tão bem assim.

(...)

Confesso que não gosto muito de segunda-feira, mas é impossível pular para terça.

Fazia apenas um dia desde a briga entre Cody e Tommy, não tive notícias dele o domingo inteiro, e isso me deixou extremamente preocupada. – Será que estava tudo bem? Será que ele havia desistido de mim por causa da sua amizade com Cody? Ou será que Cody estava certo em dizer que ele nunca gostaria de mim?

O caminho para escola foi silencioso, meu irmão fez questão de me levar, não trocamos nenhuma palavra desde o acontecido. – O café da manhã foi tão horrível que parecia mais um velório.

Quando ele parou o carro na frente da casa de Jas, pensei que as coisas melhorariam, até ela me lançar um olhar triste. Obvio que ele havia contado tudo a ela, tudo que eu não contei. – Jas era minha melhor amiga, mas eu não havia tido coragem de lhe contar sobre mim e Tommy. Porque eu sabia que ela de certa forma me julgaria, diferente de Katie. Sei que errei com ela. – E aqui estamos nós três, magoados e tristes um com o outro.

Cody nos levou até nossa sala e nós duas entramos na mesma, eu ainda não havia falado nada. Quando me sentei, Jas quebrou o silêncio entre nós.

— Achei que fosse minha melhor amiga, Charlie.

— Eu sou! Apenas não te contei que... – ela me interrompeu.

— Não me contou que se apaixonou por alguém! Não me contou que na verdade aquilo tudo não era ódio. Você não me contou nada!

— Bom dia, alunos! – a professora entrou na sala e acabou tirando minha oportunidade de falar – Todos  em seus lugares e quietos!

O sinal do intervalo tocou e logo vi Katie entrando em minha sala, assim que Jas a viu, ela saiu.

— O que deu nela? – indagou sem entender.

— Ela já sabe... – revirei os olhos.

— Ah sim...!  – disse – Depois de tudo o que aconteceu... Incluindo a parte que você me trancou no seu quarto com o Jeff,e eu ainda não te perdoei por isso...!  – levantei uma sobrancelha olhando-a com ironia.

— Você tem que me agradecer!

— Não me interrompe! – brincou ela – Pra onde você e Tommy foram em? – ela me olhou com malícia.

— A gente foi pra casa de praia dos pais dele...

— AAAH! – gritou ela – Ele te levou lá? Ele nunca levou nenhuma garota lá, nem a mim! – riu – Mas o que aconteceu? – ela sorriu maliciosa.

— Aconteceu Katie... Bem a gente... Você sabe! – falei sem jeito.

— AAAAAH NÃO ACREDITO! – gritou – Vocês transaram?

— Cala boca! Cody ainda não sabe disso!

— Me conta tudo!! Como foi? Ele tem um pintão né? – bati em sua cabeça e ela riu – Desculpa, sei que ele é seu. Mas que é grande querida, ah se é!

Contei algumas coisas pra ela, sem muitos detalhes o que a fez ficar irritadinha e me perseguir durante o termino das aulas.

Como fiquei o intervalo conversando com Katie, acabei por não ver Tommy, mas tive esperanças de vê-lo na hora da saída.

— Jas? – chamei-a quando faltava alguns minutos para o termino das aulas.

— Hum? – respondeu.

— Olha, quero te pedir desculpas por não ter te contado... Só fiquei com medo que você surtasse e contasse para o Cody... Você viu como ele reagiu!

— Tudo bem, desde que você não me esconda mais nada! – falou e eu sorri, já estava pronta para contar sobre minha primeira vez a ela, quando Jas me jogou um balde de água fria. – E sobre Cody, ele tem razão! 

— O que? – indaguei sem entender.

— Ele só está tentando te proteger! Charlie não seja ingenua, Tommy não vale muita coisa.

— Você não o conhece! – falei irritada.

— E nem você! Cody o conhece perfeitamente bem! E sabe o que está fazendo...

— Meu irmão só pode ter feito uma lavagem cerebral em você!

— Tommy só pode ter feito isso com você. Tente ver a verdade Char, ele vai te fazer sofrer!

— Como você disse, pensei que você fosse minha melhor amiga Jas! Mas você prefere acreditar em algumas coisas que meu irmão te falou, do que no sentimento real que eu tenho pelo Tommy. Quer saber? Fique do lado do seu namorado! Não vou ficar aqui escutando as palavras que Cody enfiou nessa sua cabeça vazia!

O sinal havia tocado e eu sai irritada da sala – Andei tão rápido que esbarrava nas pessoas e elas me olhavam feio, mas isso não importava. – Até que esbarrei em alguém muito mais alto do que eu e muito mais forte. – Ele me segurou pela cintura para que eu não caísse com o impacto da batida e eu o olhei assustada.

— Oi ruivinha!  – Tommy sorriu me fazendo esquece qualquer problema.