Regente escrita por Jessy F


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem do capítulo.
Boa leitura.
Roit.



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Aleksei veio até mim tirando a blusa que vestia. Engoli a seco e respirei fundo e por acidente acabei inalando o cheiro amadeirado do seu perfume porque agora ele estava ao meu lado. Meus sentidos me alertavam de que seu olhar estava sobre mim.

–Irina foi uma traidora. – Sua voz era paciente e tranquila.

–Por quê? – Olhei para ele e o vi tirar os sapatos.

–Mentir é considerado uma traição. Irina não recebeu punição apenas por não acatar uma ordem real, isso na realidade poderia ser perdoado, mas ela mentiu em seu álibi.

–O que ela disse? – senti um frio correr pela minha espinha. – E o que aconteceu com ela? – meus olhos não conseguiam desviar de nenhum dos movimentos que ele fazia.

–Ela disse que foi impedida de sair do quarto. – Ele colocou as meias sobre os sapatos e os encostou perto da cama e depois me fitou. – Porém, uma ordem da rainha é como uma ordem dada por mim, ninguém em seu estado normal a desacataria. – Ele passou a mão em seu cabelo. – E quando cheguei ao quarto vi que ela havia bebido um coquetel e tudo naquele quarto cheirava a álcool. Eu a condenei com sentença de morte não por se negar a ir até mim, mas por mentir.

Então a sentença de morte era o que me esperava caso ele descobrisse. Passei a mão no meu pescoço ao pensar no fio de uma lamina cruzando a minha pele me levando a morte. Todos tinham razão. Eu teria de guardar o meu segredo e leva-lo ao tumulo comigo. Caso Aleksei descobrisse, eu não seria a única privilegiada com a morte. Tinha Phill, Monique, Julie e provavelmente muitos outros que viviam nas sombras guardando os seus segredos.

–Quem a matou? – Falei em um sussurro.

–Porque quer saber? – seu olhar que antes parecia tranquilo parecia agora estar em estado de alerta a procura de algum sinal em meu rosto que o levaria a encontrar algo errado.

–Curiosidade. – Dei um pequeno sorriso e abaixei a cabeça.

–Eu me lembro da sua curiosidade. – Ele sorriu. – Ela te fez ler todo o livro da linhagem dos Koening. - Sorri ao lembrar aquela noite. Foi uma das primeiras vezes que consegui sorrir depois de todo desastre que as eleições me fizeram sentir.

–Foi sim. – Tirei os sapatos e repeti o que Aleksei fez. Os coloquei próximo à cama. – Mas acredito que existem coisas as quais não poderei perguntar.

–Algumas coisas as quais se refere são muito complicadas para você. – Ele disse tocando o meu rosto.

O rosto dele foi se aproximando do meu e suas mãos tocaram a minha coxa. Afastei-me. Eu ainda não estava pronta, talvez por medo ou por eu não me sentir segura dos meus sentimentos por Aleksei. Deus havia criado tudo àquilo para ser consumado no casamento, mas apesar de eu estar casada eu não sentia que estava na hora de dar aquele passo, a minha cabeça não entendia o que o meu coração e o meu corpo diziam.

–Desculpe. – Falei abaixando a cabeça.

–Não precisa se desculpar, não fez nada. – Ele deu um beijo no meu rosto e levantou indo até o closet.

–Obrigada por me entender. – Falei em um tom que ele pudesse me ouvir.

Troquei de roupa e deitei encolhida. Meu coração não estava em paz. O medo estava gritando alto dentro de mim. A morte estava próxima. Cochilei e acordei agitada depois de sonhar que estava prestes a ser decapitada.

–Calma. – Aleksei falou tocando o meu rosto. Meu único reflexo foi o abraçar forte. O estranho é que os braços do meu carrasco eram sinônimos de tranquilidade para mim. – Vai ficar tudo bem.

Dormi como uma criança ao saber que estava segura. Na manhã seguinte acordei com o barulho da porta batendo. Abri os olhos e vi um bilhete azul ao meu lado. Em letras tortuosas escritas na cor preta Aleksei me informava que havia ido até a estação de trem a fim de saber se as coisas estavam em ordem para a viagem que iríamos fazer.

Ainda cambaleante fui direto tomar banho e vesti uma calça, uma blusa cinza e botas. Eu não queria ficar dentro daquela casa, principalmente sozinha. Desci as escadas e vi que não havia ninguém além de Phill sentado a mesa.

–Bom dia. – Ele disse cordialmente.

–Bom dia Phill, onde está a Alina?

–Foi visitar os pais. – Ele disse antes de morder um pedaço de maça. – Precisa de algo?

–Quero só sair dessa casa. – falei me aproximando da mesa. Acredito que fiz uma careta ao ver que peças de carne assada cobertas com mel na minha frente.

–Depois que você comer nós podemos caminhar um pouco.

–Não quero comer aqui.

–Por quê?

–Tudo nessa mesa me faz querer vomitar. – Phill olhou assustado para mim. – Eu não como muito durante a manhã. – completei para explicar que o motivo do meu enjoou era mais costume do que qualquer outra coisa.

–E onde irá comer?

–Vou comer na Mensa. – Phill fez uma careta. - Mensa é uma espécie de cafeteria, digamos que Kor não é a única que possui esse tipo de estabelecimento.

Phill imediatamente se levantou e arrumou o casaco cor vinho em seu corpo. Apesar de estar sem as vestimentas reais ele ainda parecia um conselheiro. Phill era diferente dos demais. Cada conselheiro tinha uma área de atuação que poderia ser na política, na segurança, na publicidade, na ciência, na saúde, na área financeira ou na arquitetura. Phillip era o único conselheiro que abrangia mais de uma área. Meu primo era conselheiro de segurança, o que dava a ele o direito de cuidar da segurança real ou andar armado e sua segunda especialidade era a política, por tal motivo ele tinha uma espécie de carta branca concedida pelo rei para cuidar detratados e qualquer outra coisa relacionada ao mesmo. Meu primo arrumou suas armas em seu coldre e abriu a porta para mim.

Fazia tempo que eu não caminhava por aquelas ruas. Ainda estava cedo para que a minha presença causasse algum tipo de tumulto, mas ainda sim, algumas pessoas me olhavam e vinham falar comigo. Eu e Phill entramos na Mensa e sentamos próxima a porta. O Mensa era um estabelecimento aconchegante, com piso cor petróleo e mesas brancas com poltronas acolchoadas vermelhas. Um rapaz de olhos verdes e de avental amarelo veio até nós com um bloco de anotações.

–Em que posso ajuda-los? – Ele disse enquanto passava as folhas da caderneta que ele segurava.

–Eu quero um chá de limão com biscoitos de trigo. – Falei enquanto batia com a ponta do meu dedo na mesa.

–E o senhor? – ele disse levantando o rosto. Ao olhar para mim a sua feição passou de entediada para eufórica.

–Eu quero o mesmo que ela.

–É pra já majestade. – ele disse sorrindo.

Rapidamente o nosso pedido chegou sobre uma bandeja com a logo da Mensa. Comemos tranquilamente e no fim tivemos que insistir para pagar a conta. Coloquei minhas mãos no bolso traseiro da minha calça e comecei a andar em direção ao bairro em que eu e minha mãe costumávamos ir para nós divertir. Enquanto descíamos a ladeira que nós faria chegar até um campo bastante arborizado vi cinco crianças brincando. Elas batiam palmas e giravam uma ao redor da outra.

“Agradecemos ao Senhor que nos salvou! Agradecemos ao Senhor que nos libertou e nos amou ao entregar o seu filho por nós.”

Elas cantavam e sorriam. Aquilo me contagiou ao ponto de cantar toda aquela cantiga na minha cabeça e quando olhei para Phill percebi que provavelmente ele fazia o mesmo já que brincávamos daquilo sempre. Comecei a bater palmas e elas me puxaram para dentro da roda, mas estava tudo muito tranquilo para ser verdade.

Ouvi barulho de tiros e logo Phill me puxou pelo braço me fazendo entrar junto com ele dentro de uma loja de frutas. Meu coração disparou ao ver pela vitrine que uma das crianças agonizava no chão. Olhei para Phill e o vi com o olhar atento para a rua.

–Se abaixa. – Ele praticamente me ordenou.

Fiz o que ele pediu. Abaixei-me e fiz um sinal com as mãos para que todos que estivam dentro da loja fizessem o mesmo. Fechei os olhos e tampei os ouvidos com as mãos. A cada barulho de tiro lagrimas caiam do meu rosto. Senti coisas caindo sobre mim e logo tudo pareceu estar calmo novamente.

Quando abri meus olhos vi cacos de vidro ao meu redor. A vitrine havia sido quebrada e balas tinham se misturado aos pedaços transparentes de vidro. Olhei para Phill e ele fez um sinal para que eu levantasse. Ao olhar ao redor vi as pessoas que estavam dentro da loja levantar também.

–Eu acho que foi um atentado. – um senhor de cabelos grisalhos falou para um rapaz ruivo que vestia uma espécie de macacão cor caqui.

Desviei meus olhos para a rua e a criancinha ainda estava lá. Meus extintos me fizeram sair da loja e ir até ela. Era uma garotinha de vestido florido com rosas cor mostarda. Seus cabelos eram loiros com cachos grandes e sua pele era pálida. Passei a mão sobre o rosto dela e seus olhos cor de rubi fecharam. Olhei para o furo da bala em seu peito e a abracei fechando os olhos.

–Precisamos sair daqui Hanna. – Phill disse pegando no meu braço.

Abri os olhos e levantei a deitando novamente no chão. Phill me abraçou e seguimos para casa de Eric. Aleksei estava sentado a mesa quando chegamos. Assim que me viu ele se levantou e olhou para Phill.

–O que houve?

–Radicais moldavos majestade. – meu primo respondeu abaixando a cabeça.

–Acredito que os judeus estejam os ajudando majestade. – Eric disse se aproximando de Aleksei.

Eu e Phill nos entreolhamos.


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Notas finais do capítulo

O que acharam ?



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