Regente escrita por Jessy F


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/661409/chapter/4

Senti um nó se formar na minha garganta. Qual a relação dos judeus com os radicais? Quais motivos o Eric tinha para fazer uma acusação tão grave quanto essa? Aleksei olhou para o príncipe e tirou uma adaga do coldre que portava na sua perna esquerda. Será que havia chegado hora da minha morte? Olhei para Phill e o vi tirando a sua pistola do coldre. Parecia que tudo estava acontecendo em câmera lenta diante dos meus olhos. Dei um passo à frente e fiquei na frente de Phill. Aleksei levou a lâmina até o pescoço de Eric. A surpresa tomou conta de mim, nada parecia fazer sentido.

–O que sabe?

–Como assim majestade?- Eric disse com uma voz tremula.

–Só quem sabe desse assunto são meus conselheiros mais próximos.

Eu podia ver uma linha vermelha surgindo no pescoço do príncipe. Eu não sentia mais medo por mim, mas por Eric. O príncipe não era uma das pessoas mais preferidas da minha vida, porém desejar a sua morte não me parecia o certo a se fazer.

–Eu ouvi alguns comentários de um dos príncipes da P4.

Aleksei ficou olhando para o rosto aflito de Eric como se estivesse verificando se havia sinceridade nas palavras que o príncipe tinha dito. Respirei fundo. Eu estava prestes a fazer uma loucura, mas era mais forte do que eu. Dei três passos a frente e toquei as costas de Aleksei. Ele virou o rosto e seus olhos azuis gélidos me fitaram.

–Acho que a resposta dele é satisfatória. – disse olhando no fundo dos seus olhos.

Aleksei empurrou Eric e saiu pela a porta em que eu havia entrado.

–Obrigado Hanna. – o príncipe respondeu enquanto passava a mão no pescoço.

Virei o rosto e fui em direção à escada.

–Vamos Phill, preciso falar com você.

Eu e Phill entramos no quarto e trancamos a porta. Estava eufórica como se tivesse corrido quilômetros. Minha cabeça girava e minhas mãos tremiam.

–Você não esta bem. – Meu primo disse sentando ao meu lado.

–Que história é aquela de judeus apoiando radicais?

Phill olhou para a porta e respirou fundo.

–A parte dos judeus é novidade para mim.

–Quem são os radicais? O que eles querem?

–É uma longa história Hanna.

–Pode contar. –olhei para o meu primo e o vi retornar seu foco para mim.

–Você conhece a história da província zero não conhece?

–Não, eu não conheço. – Coloquei os cabelos para trás. – Na verdade eu não conheço mais nada, parece que tudo que aprendi na escola foi apenas a parte de gloriosa de Scident.

–Em parte sim. Fazemos de tudo para que os cidadãos tenham mais alegrias do que tristeza como lembrança. – Ele olhou para baixo e depois olhou para mim. – A província zero era a antiga Moldávia e desde os primórdios dos tempos ela passava por um conflito interno. – Ele respirou fundo. – Havia uma parte dos habitantes que possuíam etnia russa e outra parte não. Havia lutas internas, disputas políticas e tudo o que acontecia naquela época. Quando foi proposto o tratado de criação de Scident, parte dos moldavos concordou e outras não. Os que concordavam saíram do país e se juntaram aos russos enquanto a outra parte ficou no país. Foi quando eles ameaçaram o rei de repetir a noite azul.

–Noite azul?

–É. Os historiadores de Kor chamam assim porque na época diziam que todo nobre possuía sangue azul.

–E o que foi esse dia?

–Na época em que a Rússia possuía uma monarquia havia muitas tragédias acontecendo. Então um grupo de revolucionários criou uma espécie de categoria chamada de bolchevique. E eles queriam que a Rússia fosse uma republica socialista. Era como se tudo fosse de todo mundo compreende?

–Sim.

–O czar Nicolau II, o rei da época tinha uma esposa, quatro filhas e um filho. O nome dele era Aleksei e o pequeno garoto possuía uma doença, chamada hemofilia. Essa doença fazia com que a pessoa sangrasse facilmente. O garoto sofria muito com essa doença e por isso a família recorreu a tudo que estava ao seu alcance para salvar ele, até confiar em uma espécie de curandeiro. Esse foi o pretexto dos bolcheviques para prender o czar e sua família. Eles alegavam que o povo estava perecendo de fome, frio e pela a guerra enquanto ele mantinha um curandeiro louco para salvar o filho deles. O czar cedeu à pressão e acabou se rendendo a eles. A noite azul foi o dia em que os bolcheviques executaram a família real em um quarto dizendo para eles que iriam tirar uma fotografia.

–Que crueldade Phill.

–Existem sempre dois lados de uma mesma história Hanna. – Ele abaixou a cabeça. - Todo o reino perecia com a fome. – Ele levantou a cabeça novamente. – Os moldavos radicais temiam isso e por esse motivo ameaçaram o rei.

–E o que ele fez?

–Ele mandou um recado para todos os moldavos, ordenando que os rendidos fossem para a P7 porque ele iria bombardear a Moldávia. E foi o que ele fez. Os radicais que tanto falamos querem a democracia novamente.

–Porque eles querem a democracia?

–Porque eles acreditam que o mundo será mais feliz se puderem fazer a própria escolha ao selecionar algum governante que os represente ou que eles criem as próprias leis, mas eles também querem vingar a morte dos seus ancestrais.

Abaixei a cabeça. A morte de uns não era a justificativa para outros. Scindet não era perfeita, mas todos viviam em harmonia, sem guerras, sem doenças. Vivíamos em paz, até agora. Senti minha cabeça latejar ao pensar onde Aleksei poderia estar agora. Meu reflexo foi abraçar o meu primo e chorar, simplesmente chorar. Parecia que a paz que eu conhecia havia se tornado uma superfície frágil a qual eu não poderia tocar. Apesar de estar suja eu consegui dormir. Minhas crises de choro sempre terminavam assim. Era como se eu me desse um momento de piedade depois de chorar por horas.

–Hanna. – Ouvi a voz de Aleksei perto de mim. – Precisa de um banho.

Abri os olhos e vi Aleksei sentado perto de onde eu Phill provavelmente me arrumou. Levantei e toquei o rosto dele tentando ver se achava algum arranhão ou coisa parecida.

–Você está bem?

–Estou.

O abracei e o beijei. Era a primeira vez que eu tomava a iniciativa de toca-lo, eu não sabia o que havia dado em mim, mas foi à única forma que consegui de expressar o quanto eu me preocupava e me importava com ele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Regente" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.